Edição Impressa

Nova edição: Entrevista a Nuno Mateus e nomeados dos Publituris Trade Awards 2019

A edição desta semana faz capa com a entrevista a Nuno Mateus, diretor geral da Solférias. O responsável do operador turístico faz uma análise ao setor da distribuição, desde as agências de viagens aos constrangimentos da atividade, com destaque para o aeroporto de Lisboa.

Nesta edição são revelados os mais de 90 nomeados para os prémios Publituris Portugal Trade Awards 2019, que serão conhecidos no dia 21 de março no Pavilhão de Portugal. Marque já a sua presença. A votação começa dia 4 de março.

O Dino Parque Lourinhã completa o seu primeiro aniversário e faz um balanço positivo deste período, de tal maneira, que vai avançar com um projeto de expansão.

A funcionar desde 2000, a DMC e PCO Forum d’Ideias especializou-se em congressos associativos e eventos corporativos. Ao Publituris, Marjolaine Diogo da Silva, fala sobre o setor da Meeting Industry que mudou muito nos últimos anos.

O dossier desta edição é o sobre o Turismo Religioso, um produto turístico que tem ganho cada vez mais relevo na estratégia de posicionamento de Portugal.

Os artigos de opinião são assinados por Mário Almeida, membro da comissão executiva do grupo Newtour com a responsabilidade da Aviação, Isabel Augusto, diretora geral da Green Media,e Carla Borges Ferreira, diretora do jornal Meios&Publicidade.

Carina Monteiro
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A edição desta semana faz capa com a entrevista a Nuno Mateus, diretor geral da Solférias. O responsável do operador turístico faz uma análise ao setor da distribuição, desde as agências de viagens aos constrangimentos da atividade, com destaque para o aeroporto de Lisboa.

Nesta edição são revelados os mais de 90 nomeados para os prémios Publituris Portugal Trade Awards 2019, que serão conhecidos no dia 21 de março no Pavilhão de Portugal. Marque já a sua presença. A votação começa dia 4 de março.

O Dino Parque Lourinhã completa o seu primeiro aniversário e faz um balanço positivo deste período, de tal maneira, que vai avançar com um projeto de expansão.

A funcionar desde 2000, a DMC e PCO Forum d’Ideias especializou-se em congressos associativos e eventos corporativos. Ao Publituris, Marjolaine Diogo da Silva, fala sobre o setor da Meeting Industry que mudou muito nos últimos anos.

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A edição desta semana faz capa com a entrevista a Nuno Mateus, diretor geral da Solférias. O responsável do operador turístico faz uma análise ao setor da distribuição, desde as agências de viagens aos constrangimentos da atividade, com destaque para o aeroporto de Lisboa.

Nesta edição são revelados os mais de 90 nomeados para os prémios Publituris Portugal Trade Awards 2019, que serão conhecidos no dia 21 de março no Pavilhão de Portugal. Marque já a sua presença para geral@publituris.pt. A votação começa dia 4 de março.

O Dino Parque Lourinhã completa o seu primeiro aniversário e faz um balanço positivo deste período, de tal maneira, que vai avançar com um projeto de expansão.

A funcionar desde 2000, a DMC e PCO Forum d’Ideias especializou-se em congressos associativos e eventos corporativos. Ao Publituris, Marjolaine Diogo da Silva, fala sobre o setor da Meeting Industry que mudou muito nos últimos anos.

O dossier desta edição é o sobre o Turismo Religioso, um produto turístico que tem ganho cada vez mais relevo na estratégia de posicionamento de Portugal.

Os artigos de opinião são assinados por Mário Almeida, membro da comissão executiva do grupo Newtour com a responsabilidade da Aviação, Isabel Augusto, diretora geral da Green Media,e Carla Borges Ferreira, diretora do jornal Meios&Publicidade.

Aceda aqui à edição 1387 do Publituris.

Sobre o autorCarina Monteiro

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Miguel Martins, presidente da Associação Ibérica de Turismo Interior (AITI)
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“Apostar no turismo interior é investir no futuro destas regiões”

A conversa com Miguel Martins, presidente da Associação Ibérica de Turismo Interior (AITI), decorreu após a realização do I Congresso Mundial de Turismo Interior e depois de ouvir a análise e opiniões de diversos agentes do turismo, especialistas e académicos. Uma coisa é certa, seja visto de dentro ou por fora, “Portugal tem todas as condições para fazer do interior um polo turístico forte e sustentável”.

Victor Jorge

A conversa com Miguel Martins, presidente da Associação Ibérica de Turismo Interior (AITI), decorreu após a realização do I Congresso Mundial de Turismo Interior e depois de ouvir a análise e opiniões de diversos agentes do turismo, especialistas e académicos. Uma coisa é certa, seja visto de dentro ou por fora, “Portugal tem todas as condições para fazer do interior um polo turístico forte e sustentável”.

 

O interior do país entrou definitivamente na estratégia do turismo em Portugal. A pandemia trouxe uma nova visão relativamente a estes territórios e, fundamentalmente, ao que estes são capazes de proporcionar aos visitantes. Contudo, antes de olhar para quem visita estes territórios, torna-se fulcral olhar para quem neles vive (ou quer viver), trabalha, estuda ou tem uma qualquer atividade. Por isso, Miguel Martins presidente da AITI, diz que “o turismo no interior está a abrir portas para a inovação e o empreendedorismo”. E destaca: “O interior do país representa um conjunto de recursos com grande potencial, mas que ainda carecem de maior organização, promoção e investimento”.

Que importância possui o Turismo Interior como motor de desenvolvimento económico, social e cultural para Portugal e especialmente em regiões menos visitadas?
O turismo no interior de Portugal tem de ser uma grande aposta para impulsionar o desenvolvimento económico, social e cultural do país, especialmente nas regiões menos visitadas. Além de criar empregos e novas oportunidades de negócio, ajuda a fixar a população em zonas rurais, combatendo a desertificação e dando uma nova vida a estas localidades. Os visitantes trazem dinamismo à economia local, consumindo produtos regionais, gastronomia típica e artesanato, o que fortalece os pequenos negócios e incentiva a produção local.

Outro ponto forte do Turismo Interior é a valorização do património e das tradições. Com mais visitantes interessados, há um maior cuidado com a preservação de monumentos, aldeias históricas e festividades típicas, não se perdendo tradições que em muitos destes sítios, sem o turismo, vão acabar por se perder.

Além disso, distribuir melhor o fluxo turístico ajuda a aliviar a pressão sobre cidades como Lisboa e Porto, garantindo um turismo mais sustentável e equilibrado. Em vez de sobrecarregar os destinos mais procurados, podem descobrir lugares menos explorados, mas igualmente encantadores, melhorando a experiência para todos e reduzindo impactos ambientais.

O turismo no interior está a abrir portas para a inovação e o empreendedorismo, com novos negócios a surgir, como alojamentos rurais, experiências gastronómicas diferenciadas e atividades de aventura. Com a ajuda da tecnologia, estas regiões podem ganhar mais visibilidade e atrair um público cada vez mais interessado em descobrir novos destinos.

No fundo, apostar no turismo no interior é investir no futuro destas regiões, garantindo desenvolvimento económico, preservação cultural e um turismo mais sustentável. Com boas estratégias e promoção.

Pode afirmar-se que Portugal possui um Turismo Interior consolidado ou em consolidação?
Portugal tem um Turismo Interior em consolidação, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que se torne um destino verdadeiramente estruturado e competitivo. Neste momento, mais do que um destino consolidado, o interior do país representa um conjunto de recursos com grande potencial, mas que ainda carecem de maior organização, promoção e investimento.

Mas houve avanços nessa consolidação?
Nos últimos anos, houve avanços significativos, com a valorização do património histórico, da gastronomia, do enoturismo e do turismo de natureza. Regiões como o Douro, Alentejo, Serra da Estrela e Trás-os-Montes e Centro de Portugal começam a atrair mais visitantes, mas muitas zonas do interior continuam pouco exploradas e com dificuldades em se afirmar como destinos turísticos sólidos.

Então, onde residem as dificuldades ou desafios?
O grande desafio está na transformação destes recursos dispersos numa oferta turística estruturada e coesa. É necessário melhorar infraestruturas, aumentar a capacidade de alojamento, criar experiências diversificadas e, sobretudo, promover estas regiões de forma mais eficaz. O interior de Portugal ainda sofre com a falta de acessibilidade e transportes, o que limita a sua atratividade para turistas nacionais e internacionais.
Projetos como o “Revive”, que aposta na recuperação de património histórico, e o crescimento do turismo rural e de aventura mostram que há um esforço para consolidar este setor.

No entanto, sem uma estratégia clara e contínua para transformar o potencial em realidade, o Turismo Interior continuará a ser um conjunto de oportunidades por explorar, em vez de um verdadeiro destino turístico.

Portugal tem todas as condições para fazer do interior um polo turístico forte e sustentável, mas ainda há muito trabalho a fazer para que este deixe de ser apenas um conjunto de recursos e se torne uma escolha clara para os turistas.

A(s) estratégia(s) necessária(s)

Que estratégias ou ações considera prioritárias para dinamizar o Turismo Interior em Portugal?
Para que o interior de Portugal se torne um destino turístico verdadeiramente atrativo e competitivo, é essencial adotar uma estratégia estruturada que vá além de medidas pontuais. No entanto, mais do que infraestruturas e investimentos, o fator decisivo para o sucesso do turismo nestas regiões são as pessoas que vivem nos territórios. São elas que guardam a identidade, a cultura e as tradições, tornando cada local único. Mais do que apenas o passado destas terras, os seus habitantes são também o futuro, e sem o seu envolvimento e valorização, o Turismo Interior dificilmente se consolidará.

A hospitalidade genuína, o conhecimento das histórias locais e a paixão pelo território são elementos que nenhum investimento pode substituir. As pessoas são as verdadeiras embaixadoras dos seus destinos e é a sua capacidade de bem receber que faz a diferença na experiência do visitante.

Por isso, é fundamental capacitar e envolver as comunidades locais no desenvolvimento turístico, oferecendo formação em hospitalidade, empreendedorismo e inovação. Quando os habitantes sentem que fazem parte da transformação da sua região, tornam-se agentes ativos na criação de um turismo sustentável e autêntico.

Além disso, para tornar o interior mais atrativo, é essencial melhorar as infraestruturas e acessibilidades, garantindo boas ligações rodoviárias e transportes públicos eficientes, pois sem criar oportunidades para que os habitantes possam vender os seus produtos, contar as suas histórias e partilhar o seu modo de vida, é o que realmente diferencia o Turismo Interior do turismo massificado das grandes cidades.

A digitalização e a inovação são igualmente essenciais para colocar o interior no mapa turístico, mas esta modernização só terá impacto se for integrada com o saber das populações locais. A criação de roteiros interativos, visitas guiadas digitais e experiências imersivas deve ser feita com a participação de quem conhece o território melhor do que ninguém. Ou seja, os próprios habitantes.

Por fim, é essencial que exista um trabalho coordenado entre municípios, empresas e comunidades locais, garantindo que o Turismo Interior não seja apenas uma soma de recursos dispersos, mas sim um destino consolidado, coeso e atrativo. Se as pessoas forem colocadas no centro do desenvolvimento turístico, o interior de Portugal tem todas as condições para se tornar um verdadeiro motor de crescimento económico, social e cultural. Afinal, são as pessoas que dão alma a um destino e que, no momento da receção, fazem toda a diferença na experiência do visitante.

Há, então, a necessidade de uma maior promoção e investimento na valorização do património cultural, natural e gastronómico no interior? Quem deve conduzir essa promoção e investimento?
A promoção e o investimento na valorização do património cultural, natural e gastronómico do interior de Portugal são extremamente necessários e devem ser conduzidos de forma assertiva e direcionada. O património dessas regiões é um recurso valioso que, se bem explorado, pode atrair turistas, revitalizar a economia local e reforçar a identidade das comunidades.

Para garantir que a valorização do património seja eficaz, é fundamental que a responsabilidade pela promoção e investimento recaia sobre as respetivas regiões de turismo em colaboração estreita com o setor privado. Esta parceria pode maximizar o impacto das iniciativas e assegurar que os investimentos sejam direcionados para áreas que realmente atendam às necessidades e potencialidades de cada região.

No que diz respeito ao financiamento, deveria haver um papel ativo do Turismo de Portugal na coordenação de esforços e no suporte a projetos que valorizem o património local. Esta entidade tem a capacidade de promover políticas e programas que ajudem a fortalecer o setor do turismo e a preservar a riqueza cultural e gastronómica do interior.

Além disso, as câmaras municipais e as organizações locais devem estar envolvidas na identificação de oportunidades e na implementação de iniciativas que realmente refletem a essência de cada comunidade. A participação da população local é crucial para garantir que as propostas sejam relevantes e sustentáveis.

As novas tecnologias podem contribuir para a promoção e valorização destas regiões?
As novas tecnologias são essenciais para a promoção das regiões do interior de Portugal, oferecendo uma série de vantagens para o desenvolvimento económico e turístico. No entanto, muitas dessas áreas ainda enfrentam desafios significativos relacionados com a falta de cobertura de redes, como Internet de fibra e ligações móveis, o que pode limitar a eficácia dessas ferramentas.

Embora a utilização de redes sociais e plataformas de marketing digital possa aumentar a visibilidade das regiões, permitindo a divulgação do seu património cultural, natural e gastronómico de forma atrativa, a falta de infraestrutura adequada torna essa promoção ineficaz. Para que as novas tecnologias possam ser úteis, é fundamental garantir que as infraestruturas necessárias estejam disponíveis, caso contrário, o investimento nessas ferramentas não trará os resultados desejados. Além disso, muitas aplicações e soluções tecnológicas são desenvolvidas sem um conhecimento profundo das realidades locais, o que pode levar à disseminação de informações incorretas ou inadequadas. Quando os turistas recebem informações sobre pontos de interesse, eventos ou ofertas gastronómicas que estão desatualizadas ou erradas, isso pode resultar em frustrações e desconfiança.

Para que as novas tecnologias contribuam verdadeiramente para a promoção das regiões do interior, é crucial que haja uma colaboração estreita entre as regiões de turismo, as associações locais e o setor privado. Esses atores devem esforçar-se para compreender as especificidades de cada território e investir em infraestrutura de redes, assegurando que as soluções tecnológicas sejam adaptadas às necessidades e realidades locais.

Assim, as novas tecnologias têm um potencial enorme para promover as regiões do interior de Portugal, mas é vital que sejam acompanhadas por investimentos em infraestrutura e um conhecimento profundo dos territórios. Apenas assim se poderá garantir que a promoção seja eficaz e que os visitantes tenham uma experiência autêntica e satisfatória.

PPP para o interior

Que papel podem e/ou devem desempenhar as políticas públicas e as autarquias no desenvolvimento de um turismo mais estruturado e atrativo no interior?
Para o desenvolvimento de um turismo estruturado e atrativo no interior de Portugal é crucial implementar um conjunto de políticas públicas que abordem de forma integrada as necessidades das comunidades locais e as potencialidades turísticas da região. Estas políticas devem ser orientadas para a criação de um ambiente favorável ao crescimento do turismo, incentivando a economia local e promovendo a sustentabilidade.

Em primeiro lugar, deve haver um investimento significativo em infraestrutura. A melhoria das acessibilidades, como estradas, transporte público e sinalização, é fundamental para assegurar que os visitantes consigam aceder facilmente às zonas turísticas. Além disso, a criação de boas condições de alojamento, que vão desde pequenas casas de turismo rural a hotéis, é essencial para acomodar os turistas que visitam a região.

A promoção do património cultural, natural e gastronómico é outra componente vital. As políticas públicas devem promover a preservação do património histórico e cultural, bem como incentivar iniciativas que celebrem as tradições locais. Isso inclui a organização de eventos, festivais e feiras que destaquem a gastronomia típica, artesanato e as práticas culturais da região, atraindo tanto visitantes como participantes da própria comunidade.

A formação e capacitação de recursos humanos são igualmente importantes. Investir na formação de profissionais do setor turístico garante que os visitantes tenham acesso a serviços de qualidade, enriquecendo a sua experiência. Programas de formação podem abordar áreas como atendimento ao cliente, gestão de hotelaria e promoção do património local.

Além disso, é essencial que haja um enfoque na sustentabilidade ambiental. Políticas que promovam o turismo sustentável, respeitando o meio ambiente e as comunidades locais, são fundamentais para garantir que as riquezas naturais e culturais sejam preservadas. Isso pode incluir iniciativas de ecoturismo, promoção de práticas de turismo responsável e sensibilização de turistas e residentes sobre a importância da conservação ambiental.

Por fim, a colaboração entre diferentes entidades, como Turismo de Portugal, regiões de turismo e autarquias, deve ser incentivada. Essa articulação permite a criação de uma estratégia unificada que maximize a promoção das regiões e fortaleça a identidade turística do interior como um todo. Ou seja, o desenvolvimento de um turismo estruturado e atrativo no interior de Portugal requer políticas públicas que invistam em infraestrutura, promoção dos territórios, formação profissional, sustentabilidade ambiental e colaboração estratégica. Desta forma, é possível criar um ecossistema turístico que beneficie tanto os visitantes como as comunidades locais.

Quais são, na sua perspectiva, os maiores desafios que o Turismo Interior enfrenta atualmente e como é que estes podem ser ultrapassados?
São vários. Desde logo, a falta de infraestruturas, uma vez que muitas regiões do interior carecem de boas estradas, transporte público adequado e sinalização apropriada, dificultando o acesso dos turistas. Ao nível da promoção e visibilidade do património cultural e natural dessas regiões muitas vezes é fragmentada e pouco coordenada, resultando em baixa visibilidade e conhecimento entre os potenciais visitantes.

No que toca à sazonalidade, o Turismo Interior, frequentemente, enfrenta picos de visitantes apenas em determinadas épocas do ano, o que pode levar a uma gestão ineficaz das ofertas turísticas e à sazonalidade dos negócios. Também a falta de
formação e capacitação de profissionais do setor turístico pode afetar a qualidade dos serviços prestados, impactando negativamente a experiência do visitante.

Depois, na sustentabilidade ambiental, o crescimento do turismo deve ser feito de forma sustentável, preservando os recursos naturais e culturais, o que representa um desafio em muitas regiões que ainda não têm políticas claras nesse sentido.

Outro ponto importante é que o interior de Portugal enfrenta problemas de despovoamento e envelhecimento da população, o que pode afetar a oferta de mão-de-obra e a dinamização das comunidades, além de enfrentar concorrência de destinos urbanos e litorais que têm uma maior visibilidade e infraestruturas mais desenvolvidas, tornando difícil atrair visitantes.

Como já referi, a baixa cobertura de redes de internet e telecomunicações em algumas áreas limita a capacidade de utilizar tecnologias de promoção e informação, dificultando a conexão com turistas em potencial.

E quanto à oferta, muitas regiões do interior apresentam uma oferta limitada de alojamento, restauração e empresas de animação turística, o que pode desencorajar visitantes que buscam experiências completas e variadas.

Finalmente, a falta de coordenação entre a oferta de territórios vizinhos é um desafio significativo. Uma abordagem colaborativa entre diferentes municípios e regiões pode potenciar a promoção conjunta de itinerários turísticos e experiências, atraindo mais visitantes e facilitando a criação de pacotes turísticos que valorizem a diversidade da oferta.

Para abordar esses desafios, e repetindo-me, é crucial uma abordagem coordenada entre o Governo, autarquias, setor privado e comunidades locais, que permita criar soluções sustentáveis e efetivas que melhorem a oferta e a experiência turística no interior de Portugal.

Despovoamento, falta de infraestruturas, escassez de investimento. São estes os principais desafios que o Interior enfrenta?
O interior de Portugal enfrenta desafios significativos que vão além do despovoamento, da falta de infraestruturas e da escassez de investimento. Embora estas questões sejam cruciais, é importante salientar que o verdadeiro problema pode não estar apenas na quantidade de investimento, mas na forma como esse investimento é direcionado e aplicado.

É verdade que chegam milhões de euros destinados ao desenvolvimento do interior, mas muitas vezes esses recursos são aplicados de maneira inadequada, sem atender às reais necessidades das comunidades e das iniciativas turísticas locais. Por isso, é fundamental repensar as estratégias de investimento, priorizando ações que realmente favoreçam a dinamização do turismo a médio e longo prazo.

Uma abordagem mais eficaz seria colocar maior investimento e decisão nas mãos de quem realmente trabalha o turismo, ou seja, os atores privados e quem conhece profundamente as especificidades e potencialidades das regiões.

Ao descentralizar a gestão dos recursos e permitir que os empresários e associações ligadas ao turismo tenham voz ativa na definição de projetos e iniciativas, será mais fácil alavancar o potencial turístico do interior.

Além disso, outros desafios que merecem ser destacados incluem a promoção limitada do património cultural, a sazonalidade turística, a falta de formação e capacitação de recursos humanos, e a necessidade de uma melhor coordenação entre os diferentes territórios para criar uma oferta turística coerente e diversificada.

A escassez de alojamento, restauração e empresas de animação turística em muitos destes territórios também contribui para uma menor apetência destes territórios para quem os visita.

A falta de mobilidade e acessos são frequentemente referidos como um dos maiores entraves ao desenvolvimento do interior. Como pode esta questão ser resolvida?
Quando abordamos o tema do turismo no interior de Portugal, é fundamental identificar claramente a região em questão, uma vez que as especificidades e desafios enfrentados por cada território podem ser bastante distintos. Por exemplo, Viseu, como um território de interior, possui características e oferta que não se podem comparar de forma direta às de localidades como Idanha-a-Nova ou Penamacor, as quais têm realidades diferentes em termos de oferta turística, mobilidade e recursos disponíveis.

A estratégia de desenvolvimento para os territórios de interior deve ser orientada pelas singularidades de cada região, incluindo a sua localização geográfica e a diversidade de produtos turísticos que oferecem. Um dos principais desafios que muitas destas áreas enfrentam reside na mobilidade. A criação de uma rede de transportes eficaz é essencial para garantir que os turistas possam aceder facilmente aos pontos de interesse, promovendo assim uma maior afluência ao interior, e ao mesmo tempo essa mesma rede facilita as comunidades residentes nesses territórios. Um exemplo positivo deste tipo de articulação é o trabalho que a AITI está a realizar em colaboração com a Flixbus, com o intuito de estabelecer ligações entre Castelo Branco, Termas de Monfortinho, Cáceres, Mérida, Badajoz, Portalegre, e novamente Castelo Branco. Iniciativas como esta não apenas facilitam a mobilidade, mas também promovem a interligação entre cidades e pontos turísticos, potencializando a visita a estes territórios.

Além disso, é crucial que se estabeleçam parcerias com empresas de transporte que operem nos territórios em questão, para que as soluções sejam verdadeiramente eficazes e sustentáveis. Caso se justifique, a implementação de subsídios nestas empresas, especialmente numa fase inicial, pode ser um investimento estratégico vital para assegurar a conectividade entre as diversas regiões do interior.

Em suma, a abordagem ao desenvolvimento do turismo no interior de Portugal deve ser multifacetada, considerando as especificidades de cada região e investindo em soluções de mobilidade eficazes. A articulação entre entidades públicas e privadas, bem como a promoção de iniciativas que melhorem as ligações de transporte, são passos essenciais para fomentar a valorização e o crescimento do turismo nas áreas interiores do país.

Olá vizinhos

A proximidade com territórios fronteiriços, especialmente com Espanha, é uma oportunidade para o Turismo Interior?

A proximidade com territórios fronteiriços, especialmente com Espanha, é, sem dúvida, uma oportunidade significativa para o Turismo Interior de Portugal. Embora nem todos os territórios consigam aproveitar essa proximidade da mesma forma, é vital para o desenvolvimento dos territórios de fronteira e mesmo para aqueles que estão mais afastados.

Um exemplo concreto é a área da fronteira de Monfortinho. Se olharmos para o lado espanhol, numa meia circunferência de cerca de 100 km, podemos encontrar cerca de 600.000 pessoas a residir nessa região. Em contrapartida, do lado português, a população é muito mais diminuta, rondando os 45.000 habitantes. Este contraste demográfico destaca a enorme oportunidade que existe para o turismo.

A diferença significativa no número de potenciais visitantes evidencia onde se encontra o nosso mercado. Portanto, é crucial desenvolver estratégias que captem esse público proveniente de Espanha e incentivem a sua visita ao interior português.

Além disso, a criação de uma infraestrutura de transporte acessível e eficaz entre os dois países é fundamental. As ligações devem ser facilitadas para que os turistas possam deslocar-se facilmente entre os destinos em Portugal e Espanha, ampliando assim o alcance das ofertas turísticas disponíveis.

Por isso, a proximidade com a fronteira espanhola apresenta uma oportunidade substancial para o turismo no interior, tanto para as regiões fronteiriças quanto para as áreas mais afastadas. É essencial aproveitar esta vantagem demográfica, desenvolvendo estratégias que promovam o interior português como um destino atrativo e acessível, capaz de captar o interesse dos potenciais visitantes que habitam nas proximidades, criando, inclusive, estratégias comuns entre os dois países de promoção e de produto integrado.

Existe já algum exemplo de cooperação transfronteiriça bem-sucedida que possa referir?
Um exemplo concreto dessa colaboração entre Portugal e Espanha no desenvolvimento de um produto turístico é a criação do “Land of Dragons”. Este projeto, promovido pela AITI, estabelece uma conexão entre várias localidades dos dois lados da fronteira que incluem Monsanto, Malpartida de Cáceres, Trujillo e Cáceres. O principal objetivo deste produto turístico é potenciar estes territórios ibéricos através da série de renome mundial “House of Dragons”. Através do projeto, busca-se não apenas revitalizar a oferta turística, mas também aumentar o número de noites de estadia nas regiões envolvidas. Este produto integra atrações culturais, património histórico e experiências únicas que refletem a identidade e a autenticidade de cada local. A interligação entre as localidades possibilita que os visitantes explorem um itinerário completo que abrange as tradições e a riqueza cultural dos dois lados da fronteira.

Esta iniciativa é um excelente exemplo de como a colaboração entre os dois países pode resultar em benefícios mútuos, promovendo as especificidades de cada região e criar sinergias que atraem turistas. Ao unir esforços e recursos, é possível expandir a visibilidade e a atratividade dos destinos envolvidos, contribuindo para um turismo sustentável e integrado que favorece o desenvolvimento socioeconómico de ambos os lados da fronteira.

Este produto, “Land of Dragons”, é um modelo a ser seguido, demonstrando como a cooperação transfronteiriça pode criar oportunidades significativas para o turismo no interior, ao mesmo tempo que promove um legado cultural rico e diversificado na península ibérica.

O desenvolvimento do turismo pode ser um fator crucial para fixar pessoas e negócios no interior. Como é que o turismo pode criar um ciclo positivo que beneficie a economia local e traga novas oportunidades de emprego?
O turismo pode criar um ciclo positivo que beneficia a economia local e traz novas oportunidades de emprego de várias maneiras. Primeiramente, a chegada de turistas gera uma maior procura por serviços e produtos locais, como restaurantes, alojamento, transporte e atividades de lazer. Essa demanda adicional incentiva o crescimento das empresas existentes e a criação de novas.

Com a expansão do turismo, surgem novas oportunidades de emprego em diversas áreas, como hotelaria, restauração, guias turísticos, transportes e comércio. Essas novas vagas ajudam a reduzir a taxa de desemprego na comunidade local e oferecem oportunidades de trabalho para diversos grupos, incluindo jovens e pessoas requalificadas.

Além disso, o aumento da atividade turística pode atrair investimentos para a região, tanto públicos quanto privados. Estes investimentos podem ser direcionados para a melhoria de infraestruturas, como estradas e transportes, bem como para o desenvolvimento de novos projetos turísticos, gerando mais empregos.

Recentemente realizou-se o primeiro Congresso Mundial de Turismo Interior, organizado pela AITI. Que conclusões ou linhas de ação foi possível retirar do congresso?
As conclusões do nosso congresso refletem a importância da colaboração entre Portugal e Espanha, bem como a necessidade de estabelecer estratégias conjuntas que potenciem o desenvolvimento de ambas as regiões.

Algumas das conclusões e linhas orientadoras que emergiram deste evento passam pelo fortalecimento da colaboração transfronteiriça; desenvolvimento de produtos turísticos comuns; promoção da mobilidade e acessibilidade; fortalecimento da identidade regional; capacitação e formação; inovação e sustentabilidade; estímulos e incentivos fiscais; e a importância da comunicação eficaz.

Em suma, as conclusões do congresso sublinham a necessidade de uma abordagem colaborativa e integrada para o desenvolvimento do turismo entre Portugal e Espanha. As linhas orientadoras estabelecidas contribuirão para guiar as ações futuras da nossa associação e dos profissionais do setor, assegurando que continuemos a fortalecer os laços entre os dois países e a maximizar as oportunidades de crescimento e desenvolvimento em ambas as regiões.

Olhando para o futuro, como vê o Turismo Interior em Portugal dentro de cinco ou 10 anos?
Sou um otimista por natureza, mas, infelizmente, a realidade que observo é alarmante. Existe uma enorme falta de vontade e determinação para implementar soluções eficazes no turismo do interior de Portugal. As dificuldades que o interior já enfrenta são consideráveis, e cada vez mais, quem detém o poder de decisão parece agir em contraciclo, realizando iniciativas que não apenas desconsideram as reais necessidades das regiões, mas que podem até agravar a situação.

A aproximação a Espanha é absolutamente fundamental para o crescimento do Turismo Interior. Na Extremadura espanhola, o número de turistas e residentes ronda os cinco milhões, representando uma oportunidade crucial que não podemos ignorar.

No entanto, é desanimador ver regiões portuguesas a gastar recursos em promoção para mercados tão distantes como os Estados Unidos e outros destinos que, na prática, não fazem sentido para muitos dos nossos territórios de interior. Essa priorização de mercados irrelevantes é um erro estratégico grave. Precisamos, urgentemente, de focar a nossa atenção nas necessidades e características específicas das regiões interiores. É frustrante observar que são investidos milhões em iniciativas que, na maioria das vezes, não têm um impacto positivo.

Com todos os problemas que enfrentamos, é vital que se utilize o dinheiro público de maneira responsável e com uma visão clara. A forma mais fácil parece ser a contratação de consultores externos, que, sem qualquer conhecimento profundo sobre a realidade do interior, acabam por propor soluções inadequadas e desconectadas da verdadeira situação dos nossos territórios.

O futuro do turismo no interior depende da nossa capacidade de estabelecer um plano de desenvolvimento estruturado e eficaz. Precisamos urgentemente deixar de lado esta visão limitada da fronteira e trabalhar em conjunto, sempre que possível, em termos geográficos. A ausência de colaboração entre os diversos atores locais, regionais e nacionais impede que se crie uma estratégia integrada capaz de valorizar as potencialidades do interior.

Sobre o autorVictor Jorge

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Cante alentejano ganha notoriedade e vai dar origem a nova rota turística

Há 10 anos reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, o Cante Alentejano tem vindo a afirmar-se como um “grande embaixador” do Alentejo e vai, em breve, ganhar uma rota turística, disse ao Publituris José Manuel Santos, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo.

Inês de Matos

Há 10 anos reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, o Cante Alentejano tem vindo a afirmar-se como um “grande embaixador” do Alentejo e vai, em breve, ganhar uma rota turística, disse ao Publituris José Manuel Santos, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo.

A integração do Cante Alentejano na Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, que aconteceu há 10 anos, foi, segundo José Manuel Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, “um momento da maior importância para o Cante e para a região”, que contribuiu para o “reconhecimento externo” desta manifestação “identitária para o Alentejo”. “Foi o culminar de um processo, que acabou por ter um muito bom resultado, refira-se que o Comité da UNESCO aprovou esta candidatura por unanimidade, tendo-a destacado como uma candidatura exemplar”, lembra o responsável, em declarações ao Publituris.

Mas, para José Manuel Santos, tão importante como o reconhecimento externo é o facto da candidatura do Cante Alentejano a Património Cultural Imaterial da UNESCO ter levado a “uma grande entrega dos grupos corais na defesa e valorizações desta manifestação”, ao mesmo tempo que contribuiu para que a percepção do resto do país face à região também se alterasse.

O Cante Alentejano é, segundo o responsável, o “elemento identitário mais reconhecido da cultura do Alentejo” e o “grande embaixador” da região, motivo pelo qual o Turismo do Alentejo e Ribatejo tem vindo a divulgá-lo, passando ainda a usar esta manifestação na promoção da região. “O Cante Alentejano está frequentemente presente nas nossas iniciativas de divulgação e promoção do território, é um dos nossos cartões de visita”, defende o responsável, explicando que foi também, por isso, que a ERT decidiu associar-se aos vários municípios alentejanos nas comemorações do 10.º aniversário do reconhecimento do Cante Alentejano pela UNESCO, criando uma “agenda que tornasse as diferentes comemorações avulsas mais visíveis”.

No âmbito destas comemorações, que decorreram até ao início de dezembro, houve vários “espetáculos comemorativos” promovidos por diversos municípios alentejanos, alguns dos quais contaram até com a participação de músicos convidados que se juntaram aos grupos de Cante Alentejano de todo o Alentejo, num calendário de eventos que teve como ponto alto uma “missa cantada com os cânticos tradicionais associados às manifestações religiosas”, na Sé de Beja.

Manifestação única que ajuda o turismo

O facto do Cante Alentejano se ter tornado numa manifestação mais reconhecida com a elevação a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO também tem vantagens para o turismo, uma vez que, como explica José Manuel Santos, o Cante Alentejano é “a expressão de uma comunidade, que lhe confere identidade, e enquanto for uma manifestação viva, na qual os alentejanos se reveem e a praticam, é um elemento que confere autenticidade ao território, tornando-o distinto”. “Este é o contributo que o Cante aporta ao turismo”, acrescenta, indicando que a ERT tem conhecimento de que, cada vez mais, há pessoas que visitam o Alentejo e que perguntam “onde e como se pode ouvir cante”, ainda isso não signifique que o Cante Alentejano seja o principal motivo de visita à região.

Por outro lado, o Turismo do Alentejo e Ribatejo sabe que o Cante Alentejano tem vindo a integrar “alguns programas de visita”, uma vez que que “há operadores que promovem programas em que um dos dias é dedicado a conhecer o cante com uma visita ao Museu do Cante Alentejano, e posteriormente a participação num ensaio de um grupo coral (onde o visitante tem a possibilidade de conviver com o grupo)”, assim como unidades hoteleiras que “frequentemente solicitam a participação dos grupos corais nos seus eventos”. “Os turistas, num mundo cada vez mais globalizado e igual, procuram encontrar nos destinos que visitam aquilo que os individualiza e distingue, e as experiências com singularidades culturais são um dos atrativos, o cante enquanto Património Cultural Imaterial reconhecido pela UNESCO torna-se um importante ativo para a afirmação de um destino singular”, acredita o responsável.

Por isso, José Manuel Santos revela que o Turismo do Alentejo e Ribatejo está, atualmente, a “trabalhar para a criação de uma rota turística do cante”, que permita dar a conhecer o cante aos visitantes do Alentejo e na qual os grupos corais vão ser “os anfitriões que darão a conhecer o cante aos turistas”.

UNESCO ditou maior reconhecimento

Mas a elevação como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO está ainda a levar a alterações mais profundas e a ditar o “rejuvenescimento” do próprio Cante Alentejano, com José Manuel Santos a considerar que esse reconhecimento “não é alheio” a esta “fase importante de transformação” que este estilo musical está a viver.
“O rejuvenescimento do Cante, com o aparecimento de mais jovens a cantar frequentemente em grupos mais pequenos, tem permitido a sua semiprofissionalização. Também o interesse que alguns artistas de outras áreas têm demonstrado, criando projetos onde integram momentos de Cante, e por vezes a participação dos grupos
corais nos seus espetáculos, tem contribuído para uma maior notoriedade” desta manifestação, defende o presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, considerando que, “o Cante, hoje, é mais apreciado do que antes da inscrição, e sobretudo é mais
conhecido fora do Alentejo”.

E, visto que o Cante Alentejo é um embaixador do Alentejo, José Manuel Santos considera que “quanto mais notoriedade ele tiver, melhor é para o destino turístico”.

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“A União Europeia desafiou-nos a montar um processo que preparasse a ilha do Maio para o turismo”

Com mais de 45 anos de existência, a APDM – Associação de Defesa do Património de Mértola tem vindo a ajudar ao desenvolvimento de muitos territórios, incluindo além-fronteiras. Cabo Verde é um desses exemplos e, depois de levar o Turismo de Natureza para Santo Antão, a associação está agora a trabalhar na ilha do Maio, para preparar o destino para um turismo sustentável, num projeto da União Europeia, segundo Jorge Revez, presidente da APDM.

Inês de Matos

Com mais de 45 anos de existência, a APDM – Associação de Defesa do Património de Mértola tem vindo a ajudar ao desenvolvimento de muitos territórios, incluindo além-fronteiras. Cabo Verde é um desses exemplos e, depois de levar o Turismo de Natureza para Santo Antão, a associação está agora a trabalhar na ilha do Maio, para preparar o destino para um turismo sustentável, num projeto da União Europeia, segundo Jorge Revez, presidente da APDM.

Jorge Revez, presidente APDM

 

Nascida no pós-25 de Abril, a APDM – Associação de Defesa do Património de Mértola tem vindo a criar “um histórico de desenvolver projetos em territórios necessitados” que há muito ultrapassou as fronteiras nacionais. Segundo Jorge Revez, presidente da APDM, a associação foi pioneira no trabalho de desenvolvimento em Mértola, casa-mãe da APDM, o que lhe conferiu uma “grande amálgama de currículo e experiência” e ditou a sua internacionalização.

Do Alentejo, a APDM passou para Marrocos e, mais tarde, chegou também a Moçambique e a Cabo Verde, onde vai já no segundo projeto de desenvolvimento turístico, agora focado na ilha do Maio. “A nossa atuação em cada país depende das suas realidades”, indicou o responsável ao Publituris, explicando que, apesar das diferenças de cada país, a APDM dedica-se a projetos que tenham como objetivo a “criação de emprego, criação de mais riqueza para as famílias e a fixação das pessoas nos territórios”.

Em Cabo Verde, o “turismo sustentável, a agricultura e a educação” são, segundo Jorge Revez, as áreas fundamentais a que a APDM se dedica, num trabalho que nasceu em Santo Antão e que, entretanto, já evoluiu também para a ilha do Maio.

A chegada da APDM ao país, revelou o responsável, aconteceu até de forma inesperada, uma vez que a associação foi convidada a participar numa missão empresarial promovida pelo Instituto Politécnico de Beja a Cabo Verde. “Foi assim que conhecemos a ilha de Santo Antão e ficámos logo a pensar como podíamos fazer alguma coisa e colaborar com a autarquia”, indicou Jorge Revez.

Depois desse primeiro contacto, a APDM começou a desenvolver “pequenos projetos em Santo Antão, com as associações de desenvolvimento e com a Câmara Municipal, e com o próprio Ministério da Agricultura”, de forma a “preparar a ilha para o turismo”.

Agora, vários anos depois, a APDM está também a trabalhar para preparar a ilha do Maio para o turismo, numa oportunidade que surgiu a convite da União Europeia (UE) e que visa preparar o destino para um tipo de turismo sustentável, que traga benefícios também para a comunidade local.

Colocar turismo de natureza na agenda

Em Santo Antão, a APDM trabalhou ao longo de quase duas décadas com o objetivo de “apostar no turismo de natureza”. Segundo Jorge Revez, esta ilha cabo-verdiana “é espetacular, é uma ilha de montanha que tem uma história de muita resiliência e que tinha muito potencial para, no futuro, apostar no turismo”.

O presidente da APDM diz que, há 15 ou 20 anos, já se percebia o potencial de Santo Antão, ainda que fosse necessário “trabalhar a educação, preparar muito a comunidade para aquilo que mais tarde poderia ser muito interessante, que era o turismo de natureza”.

O trabalho da associação passou pela promoção de formação e capacitação da comunidade local, de forma a que, quando a oportunidade chegasse, “a ilha estivesse minimamente preparada para o turismo”. “Aproveitámos para pôr na agenda de Cabo Verde o Turismo de Natureza porque Cabo Verde vive do turismo, mas é do turismo do Sal e da Boavista”, acrescentou, sublinhando que a procura pelas outras ilhas cabo-verdianas tem sido “residual em termos de turismo, apesar das suas potencialidades enormes”.

Jorge Revez explicou ainda que, para que essa aposta acontecesse, foi também preciso ultrapassar alguns obstáculos, a exemplo da ideia pré-concebida de que quem procura turismo de natureza “é pobre, porque vai de ténis e de mochila às costas”. “Quando fizemos o primeiro perfil do turista que já visitava Santo Antão, fez-se luz em Cabo Verde, até porque o orçamento do turista que visita Santo Antão é de quatro mil euros, enquanto do turista que visita a ilha do Sal é de dois mil, ou seja, é metade. No entanto, estes turistas não gastavam dinheiro no destino porque não havia onde gastar, não havia artesanato, não havia cultura ou restauração”, explicou o responsável, revelando que, a partir daí, “fez-se luz em muitos aspetos, incluindo para os autarcas, e percebeu-se que era necessário organizar o artesanato, atividades culturais e uma série de outras coisas”.

Jorge Revez nota que havia também diversas necessidades ao nível da formação e que, apesar de Cabo Verde ser um país que vive do Turismo, não havia “um único doutorado em turismo” no arquipélago, o que acabava por ter implicações ao nível das políticas públicas, já que não havia “pessoas com um conhecimento técnico e científico superior em turismo”. Por isso, a Universidade de Cabo Verde abriu, em parceria com a Universidade do Algarve, um doutoramento em Turismo e outro em Ciências Economico-Empresariais que permitiram colmatar esta lacuna.

O trabalho na ilha de Santo Antão, acrescentou o responsável, ainda não está concluído e, atualmente, está em fase de criação de uma “organização de gestão de destino” que, à semelhança das regiões de turismo portuguesas, ajude a que exista uma “organização mais profissional” e à consolidação do trabalho realizado, o que deverá passar também pela criação de Gabinetes de Turismo nas Câmaras Municipais. “Cabo Verde está numa fase de consolidar este trabalho e as autoridades têm ajudado à visão de que o turismo de natureza e montanha em Cabo Verde é uma potencialidade enorme”, congratulou-se o responsável.

Mesmo raciocínio mas visão diferente para o Maio

O presidente da APDM não tem dúvidas de que foi o sucesso deste primeiro projeto em Cabo Verde que levou a União Europeia a convidar a associação para “montar um processo que preparasse a ilha do Maio para o turismo”.

Nesta ilha, localizada a apenas sete minutos de avião da Cidade da Praia, capital de Cabo Verde, e a uma hora e meia de barco, o trabalho da APDM segue o mesmo raciocínio que esteve subjacente ao projeto de Santo Antão, ainda que a visão para a ilha seja “um pouco diferente”. “A ilha do Maio é como o Sal e a Boavista, ou seja, é uma ilha plana, que oferece extensas praias, com quilómetros e quilómetros de areia branca e água azul-turquesa. Mas, ao contrário do Sal e da Boavista, nunca deu o salto e continua à espera do turismo”, indicou Jorge Revez, defendendo que esta ilha tem “um potencial brutal”, uma vez que tem também “uma reserva da biosfera e oferece uma tranquilidade imensa”.

A reserva da biosfera, acrescentou o presidente da APDM, obriga a alguns cuidados, motivo pelo qual a aposta deve passar pelo “turismo de sol e praia, mas numa perspectiva diferente, mais virado para uma gama média-alta e de forma sustentável”. “Ou seja, um turismo de sol e praia de qualidade, em que o turista paga mais do que se for para o Sal ou para a Boavista mas onde as pessoas querem tranquilidade, segurança, e uma ilha que está praticamente intocada há 20 anos”, resumiu Jorge Revez, explicando que “a ideia é formar um turismo que permita à ilha ganhar o mesmo mas com muito menos turistas”.

Com o apoio da União Europeia, com quem Cabo Verde tem um acordo especial, apesar de não ser um estado-membro, o projeto começou em 2021 para preparar “a ilha e a sociedade civil para o turismo”, à semelhança do que a associação já tinha feito em Santo Antão. E, apesar deste trabalho no Maio estar ainda numa fase recente, já foram realizados “estudos de enquadramento e planos para o futuro”. “Já fizemos estudos de planeamento do território, do tipo de turismo que vai acontecer no território, algum planeamento também urbanístico e de construção”, indicou o responsável, que considera, contudo, que o principal entrave ao desenvolvimento do Maio e de outras ilhas cabo-verdianas está, atualmente, na falta de transporte aéreo interilhas. “As agências de viagem não vendem pacotes para estas ilhas enquanto os transportes não estiverem bem”, lamentou, considerando que sem transportes “é difícil dar o passo seguinte” e atrair mais turistas para a ilha do Maio.

Infraestruturas, sinalética e outros instrumentos

Para que o Maio possa receber mais turistas, importante é também desenvolver as infraestruturas e é nesse sentido que a APDM tem vindo a trabalhar.

O porto da ilha é uma dessas infraestruturas e, segundo Jorge Revez, já foi renovado com fundos provenientes da União Europeia, permitindo agora “a acostagem de barcos maiores”, enquanto a cooperação portuguesa permitiu que se iniciasse a construção “de uma grande estação de tratamento de resíduos sólidos, já pensada numa dimensão para este tipo de turismo que irá acontecer”.

Entretanto, a ilha ganhou também um centro da juventude e um posto de turismo, estando ainda a decorrer a colocação de “sinalética e painéis informativos”. Ao mesmo tempo, está a ser preparado o “plano de ação da reserva da biosfera”, para preparar “aquilo que é possível para que os turistas comecem a aparecer”.

“Neste momento, está, por exemplo, a decorrer uma formação com os agentes da polícia que vieram de outras ilhas, organizada por nós, precisamente para preparar a polícia para um tipo de policiamento que é necessário quando começam a existir turistas de outros países”, revelou ainda Jorge Revez.

Para uma fase posterior ficam temas relacionados com a sustentabilidade turística, a exemplo de cargas turísticas e definição de zonas com limitação de visitas, com o presidente da APDM a explicar que “essas indicações e esse planeamento está feito mas não estão ainda calculadas cargas turísticas, ainda é cedo para isso”. “Sabemos claramente até onde se pode ir para garantir a sustentabilidade, que zonas da ilha se poderão visitar sem colocar em causa essa sustentabilidade porque a reserva da biosfera não abrange a ilha toda e, por isso, há zonas mais sensíveis que têm de se salvaguardar”, explicou, defendendo que o “fundamental é que a Câmara Municipal tenha isso em conta e tenha planos que incluam a visão dos estudos urbanísticos e de planeamento que foram feitos”.

E a autarquia do Maio tem todas as ferramentas para acautelar esse problema, com Jorge Revez a destacar que “um desses instrumentos é um gabinete de desenvolvimento da Câmara do Maio, que está muito focado nestas questões”.

Quanto à hotelaria e apesar de existirem alguns alojamentos no destino, Jorge Revez admite que é apenas a infraestrutura “necessária para os turistas que a ilha recebe atualmente”, pelo que com o crescimento que se espera, será necessário “crescer muito mais em termos de hotelaria”. E, de preferência, que esse crescimento conte com unidades sustentáveis, ao contrário do que já está previsto no projeto Little Africa, que prevê um investimento de 500 milhões de euros e a construção de vários hotéis e edifícios de imobiliário residencial para a ilha do Maio. “Esse projeto tem vindo a ser atrasado e tem sido combatido, entretanto, já está muito mais pequeno e estou convencido que nunca vai avançar”, defendeu Jorge Revez.

Próximo objetivo: provar que áreas protegidas tem grande potencial

O projeto desenvolvido pela APDM para a ilha do Maio, que contou com um financiamento de três milhões de euros para quatro anos, não deverá, contudo, representar o fim do trabalho da associação em Cabo Verde, uma vez que, segundo o responsável, há ainda muito para desenvolver no país, a exemplo das áreas protegidas, que constituem o novo projeto da APDM no país.

“Iniciámos uma fase de tentar que as áreas protegidas venham para a ordem do dia em termos de turismo e de conservação. Começámos agora um projeto para Santo Antão, que tem cinco áreas protegidas, e São Nicolau, que tem um parque natural. O projeto é financiado pela União Europeia, vai decorrer também durante três anos e está no primeiro ano”, explicou o responsável.

O presidente da APDM indica que este projeto visa “demonstrar que as áreas protegidas são uma potencialidade enorme”. “Cabo Verde tem muitas áreas protegidas, mas elas estão como estavam os nossos parques há 20 anos, ou seja, têm muito pouco relevo para o turismo”, defendeu.

Por isso, é natural que a APDM continue a trabalhar em Cabo Verde ao longo dos próximos anos, até porque, acrescentou Jorge Revez, também o projeto de criação de uma organização de gestão do destino continua por concluir, o que poderia dar outro impulso à procura turística em Cabo Verde: “Santo Antão, São Nicolau e São Vicente são três ilhas que estão mais ou menos perto e que permitem que se possa criar um destino turístico, combinado as três ilhas”, exemplificou, defendendo que “a criação de um pacote e de uma organização distinta para estas três ilhas ajudará a que seja dado um salto muito grande”, tal como aconteceu em Portugal quando foram criadas as regiões turísticas.

“No fundo, agora temos estes dois grandes desafios, a organização de gestão do destino e a questão das áreas protegidas”, concluiu Jorge Revez, que viu recentemente o trabalho da APDM distinguido com um galardão nos Prémio AGIR, em reconhecimento pelo trabalho com a Comunidade e Inovação Social.

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Publituris Hoje: “Da crise ao sucesso”

A edição desta semana do Publituris faz capa com uma entrevista a Margarida Almeida, fundadora e CEO da Amazing Evolution Management, empresa responsável por gerar rentabilidade nos projectos hoteleiros insolventes, tornando-os apetecíveis ao mercado.

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A edição desta semana do Publituris faz capa com uma entrevista a Margarida Almeida, fundadora e CEO da Amazing Evolution Management, empresa responsável por gerar rentabilidade nos projectos hoteleiros insolventes, tornando-os apetecíveis ao mercado. Conheça o modelo de gestão implementado pela empresa e quais os actuais activos.

Na secção de Destinos, o Publituris contactou algumas entidades que definiram quais são os dossiers prioritários que devem fazer parte da agenda política do novo secretário de Estado do Turismo.

Em Hotelaria, conheça o novo hostel Hub Old Lisbon, o maior hostel de Lisboa com 162 camas e o primeiro da marca Hostels Hub, cujo plano de expansão prevê chegar às 2500 camas nos próximos dez anos.

O Publituris conta ainda com um dossier sobre a indústria de cruzeiros, que continua a revelar sinais de crescimento. Veja quais as novidades das companhias de cruzeiros para a próxima temporada.

Por último, a secção de Transportes apresenta uma entrevista ao director comercial do Avis Budget Group para a Península Ibérica, Ramon Biarnes, que fala sobre a reestruturação da empresa.

Leia ainda as opiniões dos nossos colaboradores residentes Vítor Neto, Humberto Ferreira e dos convidados Rodrigo Pinto Barros da APHORT e Nuno Abranja (Universidade Lusófona).

Conheça ainda alguns dos trâmites das candidaturas ao Portugal 2020 pela mão de António Paquete.

Link e-paper: https://flipflashpages.uniflip.com/2/7856/358365/pub/html5.html
Código de acesso: 13PUB03lituris

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Distribuição do Jornal Publituris

O Jornal Publituris mudou o seu sistema de distribuição aos assinantes. Como resultado desta mudança detectámos que, pontualmente, há leitores que não receberam o seu exemplar semanal. De forma a […]

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O Jornal Publituris mudou o seu sistema de distribuição aos assinantes. Como resultado desta mudança detectámos que, pontualmente, há leitores que não receberam o seu exemplar semanal. De forma a detectarmos qualquer anomalia na distribuição e a podermos resolver com celeridade solicitamos que nos envie um e-mail para cdavid@publituris.workmedia.pt indicando o nome, nome da empresa e respectiva morada. Contamos com a sua ajuda e apelamos à sua compreensão. Obrigado!

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A BTL e a ternura da vaquinha roxa

Na mega-edição especial do Publituris na BTL fizemos capa com uma polémica entrevista de Ilídio Gouveia, da Mundiclasse. No cumprimento escrupuloso dos mandamentos do jornalismo ouvimos, nesta edição, a outra parte

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A BTL chegou ao fim com um balanço francamente positivo. Para nós, jornalistas, são três dias que mais parecem três semanas, tal a quantidade e diversidade de iniciativas que aí decorreram. Numa feira que até São Pedro parece ter dado uma ajudinha, ficou provado que a mudança de data acabou por beneficiar todo o sector do Turismo. As empresas tiveram mais tempo para preparar trabalho de casa, ao invés de entrar no ano de forma atabalhoada a “desenrascar a BTL”. Ainda assim, como já defendi publicamente, parece-me que esta é uma feira de transição entre uma má data e a data ideal. Sempre mantendo a sua vertente profissional, o adiamento da BTL para Março, posterior à ITB e antes das férias da Páscoa, iria certamente alavancar as vendas ao público de muitos dos players presentes na feira. Também o sucesso manifesto dos Publituris Portugal Travel Awards 2011, que decorreram na primeira noite da BTL (ver reportagem no interior), serviram para emprestar mais algum brilho a feira Internacional de Turismo. E mesmo com uma crise que nos desmoraliza, os portugueses mostraram que podem-lhes tirar tudo menos a capacidade de sonhar em viagens. A prová-lo está o crescimento no número de visitantes na ordem dos 12%.

Na mega-edição especial do Publituris na BTL fizemos capa com uma polémica entrevista de Ilídio Gouveia, da Mundiclasse. No cumprimento escrupuloso dos mandamentos do jornalismo ouvimos, nesta edição, a outra parte. Pode-se concordar ou discordar com a capa escolhida, estando eu certo que foi certamente a mais lida do trade nos últimos tempos. Mas não me parece correcto é que a jornalista que conduziu a entrevista seja abordada por pessoas com grande responsabilidade no sector utilizando um linguarejo que é mais próximo de uma taberna do que de uma relação civilizada entre instituições. E na semana em que a Milka revelou o seu Relatório de Ternura e que dá conta que Portugal é o país mais doce da Europa e que “um em cada dois portugueses revela partilhar um momento de ternura várias vezes ao dia”. Fica aqui o meu conselho: coma mais chocolates que isso passa!

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Estatísticas à algarvia

Se há algo que sempre me intrigou foi a estatística. As definições mais académicas referem que “a estatística é uma ciência que se dedica à recolha, análise e interpretação de dados.

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Se há algo que sempre me intrigou foi a estatística. As definições mais académicas referem que “a estatística é uma ciência que se dedica à recolha, análise e interpretação de dados. Preocupa-se com os métodos de recolha, organização, resumo, apresentação e interpretação dos dados, assim como tirar conclusões sobre as características das fontes donde estes foram retirados, para melhor compreender as situações”.

A semana passada demos conta de dados estatísticos da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) e da Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA), referentes à hotelaria na região no mês de Maio. Invariavelmente, quando duas entidades divulgam dados estatísticos sobre uma mesma coisa e um mesmo período raramente a bota bate com a perdigota. No caso, a diferença era gritante. De um lado a ERTA, sustentada pelos dados do INE, divulgou um crescimento nas receitas da hotelaria em Maio na ordem dos 11,9%. No outro a AHETA fala em decréscimo de 9,5%. Não é preciso ser adivinho para saber qual o número que mais se aproxima da realidade. Basta falar com os directores de hotéis, com os proprietários dos empreendimentos turísticos, com os responsáveis pelos operadores de incoming da região para perceber que os números do INE passaram pelo detergente OMO, o tal do lava mais branco.

Há sempre um argumento curioso nesta questão de estatísticas, argumento recorrente de quem as faz: “É tudo uma questão de metodologia!”. Pois neste caso, não há método que justifique crescimentos de dois dígitos em Maio no Algarve. Foi este o ponto de partida para um artigo que trazemos à estampa nesta edição e em que contamos toda a história (possível) destes números. Na prática ficamos na mesma, mas com a certeza que as estatísticas são como os biquinis, “o que revelam é sugestivo, mas o que elas escondem é essencial”.

Aliás, falar em crescimento da receita hoteleira no Algarve em Maio relembra-me uma piada… estatística: “Se um pedaço de queijo suíço tem muitos buracos, logo quanto mais queijo, mais buracos. Se cada buraco ocupa o lugar do queijo, logo quanto mais buracos, menos queijo.

Se quanto mais queijo, mais buracos e quanto mais buracos, menos queijo, logo, quanto mais queijo, menos queijo!”. Deve ter sido este o método utilizado para se falar em crescimento…

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1º Congresso de Turismo do Alentejo

ALENTEJO, TURISMO, EMPRESAS, APOIOS QREN E PROTOCOLO TP / BANCA

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ALENTEJO, TURISMO, EMPRESAS, APOIOS QREN E PROTOCOLO TP / BANCA

Nos dias 26 e 27 vai realizar-se o 1º Congresso de Turismo do Alentejo. Como bom alentejano, lá estaremos……. .

Entretanto, no Publituris de 15 JAN 2010 e de 29 JAN 2010 , tivemos ocasião de fazer o ponto de situação dos Apoios do QREN e do PROTOCOLO TP/BANCA, referidos a 31 de Dezembro de 2009, incluindo a respectiva distribuição por Regiões : Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve.

Atendendo às circunstâncias, o Alentejo até nem ficou mal posicionado no QREN, com 31 (21,4% do total), candidaturas “Aprovadas”e Incentivo da ordem dos 46,7 milhões de euros (27,4%), contudo, ao desagregar a Região Alentejo por Distritos e Concelhos …..surgem algumas surpresas…..fruto das “regras do QREN” ….. .

No PROTOCOLO TP / BANCA, a posição do Alentejo, aí sim, é bem modesta.

Sem nos repetirmos, vamos apenas reproduzir, em formato reduzido, os dois MAPAS de PORTUGAL, com a distribuição por Distritos, do QREN e do PROTOCOLO TP / BANCA (a quem o solicitar, enviaremos os dois artigos tal como publicados no Publituris).

I. QREN / ALENTEJO

Como já referido, a Região Alentejo teve 31 Candidaturas “Aprovadas”, com Incentivo de cerca de 46,7 milhões de euros, contudo, ao fazer-se a desagregação “à antiga portuguesa”, ou seja por Distritos, a surpresa surge para quem ande desatento no que concerne ás “regras do QREN”.

Com efeito, a REGIÃO ALENTEJO, viu as suas 31 Candidaturas “Aprovadas”, distribuídas por 6 Distritos.

— Évora

— Beja

— Portalegre

— Setúbal (Concelhos de Alcácer do Sal, Santiago do Cacém e Grândola – 2)

— Santarém (Benavente, Rio Maior e Cartaxo – 2)

— Lisboa (Azambuja – 3).

I.1 QREN / ALENTEJO / EMPRESAS

Porque o QREN divulga mensalmente o nome dos Promotores a quem foram concedidos Incentivos, segue-se a indicação dos contemplados com mais de 3 milhões de euros, bem como localização dos Projectos, por Concelhos:

• 6,2 Ma Grândola Fundação Frederic Velge

• 6,1 Ma Vila Viçosa Vicetur -Investimentos Hoteleiros e Turísticos SA

• 5,1 Ma Ponte de Sor Solago – Investimentos Turísticos, LDA

• 5,0 Ma Benavente Imobaleia II – Villas e Spa Boutique Hotel SA

• 4,3 Ma Montemor-o-Novo Sousa Cunhal – Turismo SA

• 4,2 Ma Vila Viçosa Jardimajestic, LDA

• 3,0 Ma Cartaxo Quatro Ancoras Investimentos Turísticos e Agrícolas, LDA

I.2 QREN / ALENTEJO / 2010

Nas actuais Listas do QREN, já em 2010, foi incluído Projecto localizado no Concelho de Reguengos de Monsaraz, a quem foi concedido Incentivo de 19.861.556 Euros, sendo o Promotor a Empresa SAIP TURISMO – SOC. ALENTEJANA DE INVESTIMENTO E PROMOÇÃO, SA.

II. PROTOCOLO TP / BANCA

Em relação ao actual PROTOCOLO TP / BANCA, dos 41 Projectos “Aprovados”, o Alentejo teve apenas 5 (12,2%), com a seguinte distribuição por Distritos: Évora (3), Beja (2) e Portalegre (0).

No que concerne ao Financiamento, dos cerca de 71,9 milhões de euros, o Alentejo foi contemplado com cerca de 9,3 milhões de euros (12,9 %), invertendo-se aqui a ordem dos Distritos: Beja (7,4 Ma), Évora (1,9 Ma) e Portalegre (0).

Em 31 de Dezembro, da Dotação Orçamental do TP (60 milhões de euros), ainda estavam disponíveis cerca de 50% (30 Ma), sendo a taxa de juro máxima do Empréstimo Total, da ordem de 1,4 %.

III. RECONVERSÃO DO ALOJAMENTO TURÍSTICO

De acordo com a legislação em vigor, a reconversão para as novas categorias deve concretizar-se até 31 de Dezembro.

Por pertinente, reproduz-se seguidamente Comunicado à Imprensa, oriundo do Ministério da Economia:

“Governo cria linha de crédito para reconversão do alojamento turístico

O Secretário de Estado do Turismo aprovou a criação de uma linha de crédito específica com uma dotação de 10 milhões de euros, no âmbito do protocolo bancário celebrado entre o Turismo de Portugal e várias instituições de crédito, destinada à reconversão do alojamento turístico.Com esta linha de crédito pretende-se criar melhores condições para que as unidades de alojamento existentes que não encontrem enquadramento legal nas tipologias definidas pelo novo Regime Jurídico dos Empreendimentos Turísticos (pensões, motéis, estalagens, etc.) possam, através da realização de obras, requalificar-se e reconverter-se numa das tipologias previstas nesse diploma legal.”

Este instrumento financeiro prevê que 75% do financiamento seja assumido pelo Turismo de Portugal sem qualquer taxa de juro associada e que 25% do montante de financiamento seja transformado em incentivo não reembolsável, desde que verificado o cumprimento dos prazos e requisitos de pedido de financiamento, até ao final de 2010, e de conclusão do investimento na reconversão e requalificação, até ao final de 2011”.

Aguarda-se a apresentação pública desta nova linha de crédito.

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MSC Cruzeiros na estrada para apresentar transoceânicos

Depois da apresentação ao trade do mais recente navio da companhia, o Magnifica, a MSC vai fazer-se à estrada, até ao dia 8 de Abril, para apresentar a nova brochura, de oito páginas, dedicada aos transatlânticos Portugal/Brasil e Portugal/EUA.

Susana Leitão

Depois da apresentação ao trade do mais recente navio da companhia, o Magnifica, a MSC vai fazer-se à estrada, até ao dia 8 de Abril, para apresentar a nova brochura, de oito páginas, dedicada aos transatlânticos Portugal/Brasil e Portugal/EUA. O Road Show, que começou na quarta-feira, vai andar por 11 cidades de Norte a Sul do País, incluindo ilhas (começou em Braga e termina em Ponta Delgada). A brochura Transoceânicos 2010/11 inclui nove itinerários, três dos quais entre Portugal e Brasil e os restantes para os EUA. A grande novidade são os pacotes especiais que incluem uma parceria com a TAP, responsável pela ligação aérea entre Brasil e Lisboa ou Porto a preços “bastante competitivos”, frisou ao Publituris Eduardo Cabrita. “Este roadshow vai servir essencialmente para dar a conhecer a MSC aos agentes de viagens uma vez que trabalhamos exclusivamente com eles. A MSC é uma companhia diferente das outras e é essa diferença que queremos explicar e dar a conhecer”, disse o director-geral da MSC para Portugal. O responsável adiantou ainda que espera a presença de 700 a mil agentes de viagens: “De nós podem esperar flexibilidade, cooperação e dinamismo”, isto porque, “como somos uma empresa familiar não cotada em bolsa não temos certas obrigações nem estamos condicionados como outras empresas que têm de apresentar resultados aos accionistas. Nós conseguimos adaptar-nos mais facilmente ao mercado”.

NOVOS DESTINOS, NOVAS APOSTAS

A MSC Portugal acredita que existe uma boa fatia do mercado que possa ter uma boa apetência para os mercados do Brasil e EUA. Para o Brasil estão previstos três cruzeiros. O primeiro sai do Funchal, no dia 27 de Setembro e tem como destino o Rio de Janeiro e Santos. Os preços vão desde os 1209 euros (mais 160 euros de taxa portuárias), sendo que a segunda pessoa não paga e jovens até aos 18 anos não pagam caso dividam a cabine com os pais. O voo de regresso (avião, taxas e transferes) é 550 euros/pessoa. Para 7 de Novembro está marcada outra viagem de 12c dias, a bordo do navio Música. Esta tem como destino a cidade do Rio de Janeiro. Os preços vão desde os 1340 euros. No dia 14 de Novembro sai do Porto de Lisboa com destino a Santos outros cruzeiros, subordinado ao tema da dança. São 14 dias de viagem em alto mar, passando por Marrocos, Canárias, Rio de Janeiro e Santos. Os preços vão desde os 1200 euros. Em todos os itinerários é possível optar por viagem de regresso.

Já para os EUA a primeira partida de Lisboa tem data marcada para 17 – com possibilidade de embarque em Ponta Delgada a 19 de Setembro – e chegada a Nova Iorque a 28. As tarifas vão desde 800 euros por pessoa e o tema escolhido é o poker. “Nestes cruzeiros optámos por não incluir voos de regresso. Deixámos essa parte com as agências de viagem”, explicou Eduardo Cabrita. Para 2011, estão previstos para Abril, Março e Maio vários cruzeiros entre Miami e Madeira e Brasil e Lisboa.

Novas datas desde LISBOA

Além das quatro partidas que a MSC vai fazer este ano a partir do porto de Lisboa – dias 12, 20, 28 de Setembro e 8 de Outubro, a bordo do Orchestra, no Mediterrâneo (Lisboa/Gibraltar, Alicante, Barcelona, Génova, Málaga e Cadiz) – , estão ainda a ser fechadas quatro novas datas – dias 14, 22 e 30 de Outubro e 7 de Novembro. Sobre as datas “fora de época” Eduardo Cabrita explicou ser “nestas datas que há potencial para crescer”, adiantando que “os meses altos estão cheios, não há possibilidade de colocar mais navios porque corremos o risco da oferta ser maior que a procura. O Outono e os finais da Primavera são alturas em que mais se consegue crescer, isto porque nos meses de Setembro, Outubro e Novembro há menos navios no Mediterrâneo por isso há mais oportunidades para aproveitar os muitos cruzeiristas que preferem tirar férias nessa altura. E cada vez há mais pessoas a optarem por fugir às épocas altas. É uma estratégia que acredito que dará frutos”, disse ainda o responsável.

Datas do Road Show

– 24 de Março – Coimbra – 09.00 às 12.00- Hotel Tivoli

– 24 de Março – Leiria – 14.30 às 17.30 – Hotel Eurosol

– 25 de Março – Lisboa – 09.00 às 12.00 – Hotel Fénix

– 25 de Março – Lisboa – 14.30 às 17.30 – Hotel Fénix

– 29 de Março – Funchal – 09.00 às 12.00 – Hotel Tivoli

– 30 de Março – Setúbal – 14.30 às 17.30 – Novo Hotel

– 31 de Março – Faro – 14.30 às 17.30 -Hotel Eva

– 08 de Abril – Ponta Delgada – 14.30 às 17.30 -Hotel The Lince

Em Lisboa

Novo coqueluche apresentado ao trade

O MSC Magnifica foi apresentado esta semana ao trade. A cerimónia de boas vindas contou com a presença oficial do Porto de Lisboa, Autoridade Marítima, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Alfândega de Lisboa . “O Magnifica é sem dúvida um cartão de visita para a MSC Cruzeiros”, frisou Eduardo Cabrita. A nova jóia da empresa tem cerca de 22 mil metros quadrados de áreas públicas e capacidade para 3010 passageiros, e “combina a intimidade dos três navios irmãos da Classe Musica, com o conforto e modernidade das instalações dos maiores navios da companhia o Splendida e o Fantasia”.

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Air France em joint venture com Alitalia para Portugal

A Air France, detentora de 25% da Alitalia, vai desenvolver uma parceria comercial com a companhia italiana para o mercado português. Até agora a parceria restringia-se apenas a voos entre Itália e França.

Susana Leitão

A Air France, detentora de 25% da Alitalia, vai desenvolver uma parceria comercial com a companhia italiana para o mercado português. Até agora a parceria restringia-se apenas a voos entre Itália e França. “Vamos passar a representar em Portugal os interesses da Alitália. Temos 25% do capital da companhia, estamos a desenvolver uma joint venture em relação ao que são as rotas entre Itália e França e pensamos desenvolver o negócio também em Portugal apesar de nesta fase estarmos ainda a delinear o projecto e o plano de negócios”, adiantou ao Publituris Fernando Bessa. O director-geral do grupo Air France-KLM em Portugal explicou que o projecto está “neste momento em fase de desenvolvimento daquilo que são as parcerias comerciais, portanto podemos estar a falar de representação, da área das compras, da área de apoio nos aeroportos e, em última análise, de redução de custos e optimização de recursos de ambas as companhias nas mais diversas áreas. Não só no contexto da parceria como no contexto da Skyteam. Este é o nosso objectivo durante o próximo ano”. Para já, o resultado da parceria será a abertura de uma nova rota, em Maio, entre Paris e Bari.

Apesar dos resultados do ano fiscal só saírem em Maio, Fernando Bessa está optimista. “O ano de 2009 foi complicado para todos mas face à crise económica mundial correu melhor do que esperávamos. No último trimestre a receita líquida melhorou em cerca de 42%”, avançou. Sobre o mercado português, o responsável frisa que a companhia manteve a quota de mercado apesar das dificuldades: “Vemos que a procura está a aumentar. Conseguimos manter a quota de mercado mas com muito trabalho e invenção. Pensamos que estamos a chegar ao momento em que vamos ter não só uma subida da quota do mercado como também das próprias receitas. Esperamos para o ano de 2010/11 um crescimento na ordem dos 5% apesar do budget não estar ainda fechado”.

O mercado português já mostra sinais de retoma: “Posso dizer que em Abril/Março conseguimos manter o share no entanto ainda com perda de receitas. Provavelmente chegaremos ao final do ano fiscal com menos 8% do que nos tínhamos proposto mas apesar de tudo mantivemos o share e em alguns meses conseguimos mesmo subir – em Janeiro mantivemos e em Fevereiro aumentámos 3,18%. Os indicadores que temos até Junho são positivos. Estamos no bom caminho”. No que respeitas a vendas, as agências de viagem desempenham um papel “muitíssimo importante” no mercado português, já que representam 85% das vendas: “Vendemos directamente ao público através do nosso site e do balcão no aeroporto mas as agências de viagens são os nossos grandes distribuidores”, frisa o director-geral.

RACIONALIZAÇÃO DE CUSTOS E RECURSOS

Por outro lado, salvaguarda, o decréscimo de custos tem vindo a melhorar o resultado final. “Pensamos que esta recuperação se vai manter até finais de Março. Há uma tendência crescente. Segundo as estimativas estamos dentro do equilíbrio operacional (para 2010/2011) desde que retiremos os compromissos com o hedging”, acrescenta ainda.

Numa tentativa de melhorar o seu produto e ao mesmo tempo racionalizar custos a Air France reduziu em 4% a oferta nas rotas de médio curso e aumentou em 0,8% as de longo curso. “Tem havido algumas rotas de alta densidade em que reduzimos alguns voos”, confirma Fernando Bessa. A estratégia para o Verão é simples, melhorar os serviços premium. “Para a oferta europeia fizemos uma reflexão e concluímos que todos os consumidores em geral têm uma ideia muito clara do que querem que seja a Air France. Perante isso, abandonamos qualquer ideia de pagamento por serviços. A Air France tem de ter tudo incluído”, explicou.

Já a redução da oferta é explicada pela introdução de duas novas classes nos aviões, à excepção do novo A380. “Adicionámos as classes Premium Voyageur que retiram capacidade aos voos. Estas são destinadas aos passageiros mais conscientes quanto aos preços mas que pretendem mais conforto que na classe económica e aos que querem a sua privacidade e todo o conforto. Estas alterações retiram capacidade aos voos” lembra.

NOVAS CABINES E FLEXIBILIDADE

“Na parte de trás da cortina, a que chamamos de Voyageur, a grelha tarifária reduziu, e vai permitir alterar as reservas por 50 euros. Vamos alterar também a política de bagagens. Actualmente permitimos 20 quilos, vamos passar a permitir 23, para toda a parte de trás da cabine. Na parte da frente do avião, nas classes premium, vão ser permitidas duas a três malas por passageiro”, anunciou. Quanto à reestruturação dos aviões da Air France, Fernando Bessa explica a introdução de novas classes: A parte da frente da cabine vai ter os lugares Premium, com duas componentes, em que o princípio base é tudo ser flexível. Quanto às tarifas, a companhia vai baixar em cerca de 20% em relação à cabine intermédia anterior. Estas alterações são direccionadas a dois públicos alvo: os que pretendem flexibilidade – lugares Premium Voyageur-, e os que querem privacidade e conforto máximo – lugares Premium Affairs. “Pensámos desta forma resolver o problema de custos já que racionalizamos toda a oferta que temos na rede de médio curso e ao mesmo tempo mantivemos um serviço adequado para aquilo que são os passageiros que não pretendem pagar muito mais mas que têm a ideia do que é viajar na Air France e os passageiros da business de médio e longo curso que pretendem um serviço diferente, mais exclusivo”, frisou o responsável. Até ao final do Verão toda a frota da Air France, à excepção do ovo A380, estará equipada com as novas cabines.

A compra do novo gigante (A380) faz parte da política de sustentabilidade e redução de custos da empresa francesa. Exemplos disso são os voos para Joanesburgo. “Tínhamos dois voos (de Paris) por dia com horários muito semelhantes. O que fizemos foi reduzir a operação a um único voo utilizando o A380, permitindo-nos assim uma redução nos custos unitários e de combustível”, enuncia o director.

O próximo A380 chega em Abril e vai operar em Tóquio vai para a linha de Tóquio.

KLM

Regressa a Bali e mantém Europa

A KLM, cujo conceito é ligeiramente diferente, não fez modificações ao que é o produto europeu, pois visto já o tinha feito há uns anos. “Tem apenas duas classes”, explica Fernando Bessa. A parte holandesa do grupo vai aumentar em 2% a capacidade para a Ásia e para o Médio Oriente. A grande novidade é o regresso a Bali. “É uma extensão do voo de Singapura, quatro vezes por semana, e que tem muita procura no mercado português”, explicou Fernando Bessa, director-geral do grupo Air France/KLM em Portugal.

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