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TAP e Avianca anunciam code-share no Brasil

Parceria abrange 50 destinos operados pela Avianca no Brasil e que passam a ter também o código da TAP.

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TAP e Avianca anunciam code-share no Brasil

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A TAP e a Avianca anunciaram um acordo de code-share para 50 destinos no Brasil, parceria que, segundo a imprensa brasileira, entrou em vigor na quinta-feira, 3 de Agosto, abrangendo viagens realizadas a partir de segunda-feira, 7 de Agosto.

De acordo o portal Mercados&Eventos, o code-share prevê que a TAP venda voos da Avianca no Brasil com o seu código “TP”, num acordo que vai aumentar a distribuição da companhia aérea nacional no Brasil.

Aracaju, Belo Horizonte (Confins), Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Foz do Iguaçu, Goiânia, Ilhéus, João Pessoa, Juazeiro do Norte, Maceió, Natal, Navegantes, Petrolina, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro (SDU e GIG), Salvador e São Paulo (CGH e GRU) são os destinos abrangido pelo code-share.

Os membros dos programas Amigo, da Avianca, e Victoria, da TAP, já podem acumular milhas nos voos operados por ambas as companhias aéreas.

 

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Turismo recebe mais de 1.400 queixas entre junho e agosto

Entre as muitas queixas, destaque para problemas relacionados com cobranças indevidas, reembolsos e qualidade da hospedagem ou serviço e burlas.

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Entre os dias 1 junho e 18 de agosto, os portugueses registaram no Portal da Queixa 1.444 reclamações relacionadas com as férias, no âmbito da categoria: Hotéis, Viagens e Turismo. Os dados apontam para um crescimento de 12% no número de queixas, em comparação com o período homólogo, que registou 1.290 ocorrências.

A gerar os principais motivos de reclamação apresentados pelos consumidores estão problemas associados à cobrança indevida, a somar 28,7% das queixas recebidas, com destaque para débito de valores não autorizados ou não reconhecidos pelos consumidores.

Segue-se a dificuldade com o reembolso, que acolheu 18,3% das ocorrências e a motivar 7,2% das reclamações, nestas férias, está a qualidade do serviço ou hospedagem, referente a casos de serviços que divergem dos descritos no momento da contratação do serviço.

A reunir 7% das queixas na categoria “Hotéis, Viagens e Turismo”, foi identificado o tema “cancelamento ou alteração da reserva”. Já 5,9% dos problemas partilhados referem-se ao apoio ao cliente, com os consumidores a relatarem a dificuldade em obter auxílio da entidade para a solução de problemas ou dúvidas.

Também alvo de análise, a categoria “Aluguer de Automóveis” recolheu 212 reclamações no período analisado (1 de junho a 18 de agosto), um aumento de 17,8% das queixas, face a 2023, período em que se observaram 180.

Sobre os alegados esquemas via compras online no setor Turismo, segundo apuraram os dados, entre junho e agosto, o tema burla foi denunciado em 387 reclamações. Entre os motivos apresentados pelos portugueses encontram-se: reembolso não recebido (63,6%); transação não autorizada ou desconhecida (19,7%); phishing (8,5%); a publicidade falsa (4,2%) e a subscrição de serviços (2,7%).

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Hotelaria

Empreendimentos turísticos no Algarve reduzem consumo de água em 14%

Até  julho deste ano, os empreendimentos turísticos do Algarve que aderiram ao selo Save Water registaram uma redução de 14% no consumo global de água e de 18% no consumo específico deste recurso hídrico, ou seja, no consumo por dormida.

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Os valores adiantados em nota de imprensa fazem parte do segundo relatório de monitorização do consumo de água e da aplicação de medidas de eficiência hídrica elaborado pela Agência para Energia (ADENE), no âmbito do Compromisso com a Eficiência Hídrica do Algarve.

Ao todo foram selecionadas mais de 2.300 medidas de eficiência hídrica pelos aderentes a este plano, nas quais estão incluídas ações como  intervenções ao nível dos dispositivos e nos sistemas de rega, melhorias no sistema de gestão e manutenção e nos equipamentos. De acordo com a informação presente no relatório, 53% do total de medidas já foram implementadas.

Cerca de 75% dos aderentes ao selo Save Water concentram-se em quatro concelhos algarvios, nomeadamente Albufeira, Loulé, Portimão e Lagoa, que segundo a Visit Algarve Portugal “são também os que têm maior oferta em número de camas”.

Para André Gomes, presidente da RTA, “estes resultados traduzem o esforço do setor do turismo em combater a escassez de água no Algarve”. Como refere, “os empresários estão muito mobilizados para este desafio: o selo Save Water foi implementado em março e até julho já representava mais de 30% da oferta de camas em empreendimentos turísticos da região”.

No primeiro relatório de monitorização, com dados até maio deste ano, a evolução dos consumos registados na plataforma apontava para uma redução de 12% no consumo global e de 9% no consumo específico de água.

Leia também: Selo Save Water reduziu consumo de água em 12% nos empreendimentos turísticos do Algarve

O Compromisso com a Eficiência Hídrica do Algarve decorre de uma resolução do Conselho de Ministros de fevereiro deste ano e implica a adesão voluntária dos empreendimentos turísticos para a concretização de um plano de ação, visando a implementação de medidas de eficiência hídrica, entre imediatas e estruturantes, a monitorização dos consumos de água e do progresso alcançado na aplicação das medidas.

Aos empreendimentos turísticos aderentes ao compromisso é atribuído o selo Save Water, coordenado pela Região de Turismo do Algarve (RTA), em articulação com o Turismo de Portugal e a ADENE.

A ADENE desenvolveu e gere a Plataforma Compromisso com a Eficiência Hídrica , que permite a monitorização do consumo de água pelos empreendimentos turísticos e o progresso alcançado na aplicação das medidas de eficiência hídrica.

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Aviação

Azores Airlines chega a 1M de passageiros um mês antes de 2023

Este ano, a Azores Airlines atingiu a meta de um milhão de passageiros “cerca de um mês mais cedo do que no ano anterior”, um “marco significativo” que, segundo a companhia aérea, vem “confirmar a trajetória de crescimento” dos últimos anos.

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A Azores Airlines já ultrapassou a marca de um milhão de passageiros transportados num ano, marca simbólica que, segundo a companhia aérea do Grupo SATA, este ano foi registada “cerca de um mês mais cedo do que no ano anterior”.

“Este marco significativo vem confirmar a trajetória de crescimento que a companhia aérea tem apresentado nos últimos anos. A evolução assinalada em 2024, representa um aumento de 21% no número de passageiros transportados, entre janeiro e agosto, face ao mesmo período de 2023”, congratula-se a Azores Airlines, no comunicado divulgado.

A Azores Airlines atribui o crescimento continuo a “um conjunto de iniciativas operacionais, que proporcionaram a oferta de viagens mais confortáveis aos passageiros”, a exemplo da renovação gradual da frota, fidelização e consolidação de mercados e maior aposta nas plataformas de distribuição global, “quer por via de acordos de interline com parceiros aéreos e de iniciativas junto dos operadores que atuam nos principais mercados onde opera”.

“Terá, igualmente, contribuído para o consistente aumento da procura, o reforço da oferta para o verão IATA 2024, que representa um acréscimo de 20% nos lugares oferecidos nas rotas domésticas liberalizadas (Lisboa, Porto, Faro); de 44% nos lugares oferecidos à partida dos EUA (Boston, Nova Iorque, Oakland e Bermuda); de 42% à partida do Canadá (Toronto, Montreal) e um acréscimo de 71% nos lugares oferecidos à partida da Europa e África”, refere ainda a Azores Airlines.

Este comportamento leva a companhia aérea a estimar que “o verão IATA de 2024 volte a confirmar a atratividade das rotas servidas pela Azores Airlines, em particular, o interesse que desperta o Arquipélago dos Açores, destino natural da companhia aérea, para o qual opera, ininterruptamente, ao longo de todo o ano”.

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Turismo foi responsável por quase metade do crescimento do PIB em 2023

O consumo turístico realizado em Portugal “foi determinante” para a expansão da economia portuguesa em 2023, contribuindo para quase metade do crescimento real do PIB, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

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Segundo as contas do INE, o turismo contribuiu com 1,1 pontos percentuais (p.p.) para o crescimento real do PIB em 2023, que foi de 2,3%.

Neste contexto, “estima-se que, em 2023, o consumo turístico tenha tido um contributo total (direto e indireto) de 12,7% (33,8 mil milhões de euros) para o PIB e de 12,4% (28,7 mil milhões de euros) para o VAB [Valor Acrescentado Bruto] da economia nacional”, revela o gabinete de estatísticas português.

A Conta Satélite do Turismo referente ao ano passado indica também que o Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT) e o Consumo do Turismo no Território Económico (CTTE) registaram, respetivamente, aumentos nominais de 16,0% e 15,5%, “revelando um dinamismo superior ao da economia nacional (o VAB e o PIB nacionais cresceram 10,1% e 9,6%, respetivamente)”.

Ambos os indicadores estão em máximos históricos, sendo que o consumo turístico foi equivalente a 16,5% do PIB em 2023 e o VABGT representou 9,1% do VAB nacional em 2023 (8,6% em 2022).

Já o PIB do Turismo “aumentou 15,2% em termos nominais face a 2022 e 33,1% face ao período pré-pandemia (2019)”, ainda que o INE faça a ressalva de que a inflação teve um impacto nos valores: “Há um forte efeito preço neste período, pelo que, em volume, o PIB do Turismo deverá ter-se situado 13,5% acima dos valores de 2019”.

Estes números mostram assim que o setor já recuperou da pandemia, quando houve uma quebra significativa no turismo. “O CTTE e o VABGT registaram já em 2022 valores superiores aos de anos anteriores, que foram novamente superados em 2023, correspondendo a máximos históricos”, nota o INE.

Numa comparação internacional, para a qual ainda só existem dados referentes a 2022, Portugal foi o segundo país que registou maior importância relativa da procura turística no PIB (15,6%), tendo sido apenas superado pela Islândia (17,4%).

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Hotéis de Macau recebem mais de 7,2 milhões de hóspedes no primeiro semestre

Os hotéis de Macau receberam mais de 7,2 milhões de hóspedes no primeiro semestre do ano, uma subida de 20,4% em termos anuais.

Victor Jorge
tagsMacau

No primeiro semestre do ano, “os estabelecimentos hoteleiros hospedaram 7.277.000 indivíduos”, ou mais 20,4%, em termos anuais, e mais 5,3% comparativamente a igual período de 2019, indicou, em comunicado, a Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

O número de hóspedes internacionais (542.000) aumentou 136,6%, destacando-se os visitantes da República da Coreia (149.000), que subiram 270,6%, no período em análise e em termos anuais.

Entre janeiro e junho, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes fixou-se em 84%, ou mais 6,1 pontos percentuais, em termos anuais, de acordo com a mesma nota.

No mês passado, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros foi de 82,7%, menos 1,4 pontos percentuais, relativamente ao mesmo mês de 2023, devido principalmente à maior disponibilidade de quartos de hóspedes.

Em junho, o número de entradas de visitantes que chegaram em excursões a Macau equivaleu a 120.000, mais 52,1%, face ao mesmo mês de 2023.

Daquele número total, 102.000 eram visitantes em excursões provenientes da China e 14.000 eram visitantes internacionais em excursões, numa subida de 40,3% e 189,5%, respetivamente, em termos anuais.

A DSEC destacou que o número de entradas de visitantes em excursões da República da Coreia (5.000) cresceu 254,2% e o da Índia (3.000) ascendeu 700%, em termos anuais.

No final do primeiro semestre do ano, existiam 143 estabelecimentos hoteleiros em Macau, ou mais 12, em termos anuais, disponibilizando um total de 47.000 quartos de hóspedes, mais 9,1%.

A região administrativa especial chinesa recebeu, entre janeiro e junho, mais de 16,7 milhões de visitantes, ou mais 43,6% face ao período homólogo do ano passado.

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Braga é o município convidado da FIA Lisboa

Este ano, a cidade de Braga, rica em história e tradição, é o município convidado da 36ª edição da Feira Internacional de Artesanato (FIA Lisboa) que decorre durante nove dias na FIL – Feira Internacional de Lisboa (Parque das Nações).

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A cidade portuguesa conhecida como cosmopolita e multicultural, traz à FIA Lisboa uma viagem pela sua cultura e saberes. Os visitantes vão ter a oportunidade de participar num diversificado programa turístico-cultural, que oferece uma jornada desde a Pré-História até os dias atuais da cultura minhota.

Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, referiu que “esta é mais uma excelente oportunidade para mostrarmos a riqueza da nossa cultura e do nosso artesanato, assim como para fortalecermos os laços com outras regiões de Portugal e do mundo”. Esta cultura, presente no vasto património da cidade, nos grupos etnográficos, nas festas, feiras e romarias, viaja até Lisboa numa exposição que coloca o artesanato bracarense em destaque, durante nove dias.

No stand de Braga (Pavilhão 2) os visitantes vão ter a oportunidade de contemplar instrumentos musicais típicos da cidade, como o Cavaquinho e a Viola Braguesa, elementos marcantes das festas e romarias portuguesas.

Os Trajes Tradicionais do Baixo Minho, especialmente a capotilha, também vai estar em exposição na FIA Lisboa. Este traje, celebrado em eventos culturais como as Festas de São João, mantém viva a tradição e a herança cultural da região.

Os típicos “Cabeçudos”, conhecidos pelas enormes cabeças de papel machê, também marcam presença na feira e prometem trazer sua alegria habitual e manter viva herança cultural minhota.

O Saber-fazer artesanal de Braga, vai estar representado na cestaria, na cerâmica e nos famosos Lenços de Namorados do Minho. Dos cestos feitos à mão, à cerâmica tradicional, cada peça conta uma história e revela a habilidade e criatividade dos artesãos do nosso país.

Paralelamente, a FIA Lisboa contará com um extenso calendário de atuações e atividades, entre os quais música, workshops, conferências e trabalhos ao vivo.

A área expositiva estará aberta todos os dias a partir das 15h, encerrando 2ª a 5ª e domingos às 23h00 e 6ª feira e sábado às 24h00.

Por sua vez, o pavilhão da gastronomia funcionará a partir do 12h30, encerrando 2ª, 5ª feira e domingos às 23H00 e 6ªfeira e sábado às 24H00 – com entrada gratuita até às 15h.

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Operadores pedem equilíbrio às restrições do turismo nas cidades

As medidas restritivas que estão a ser impostas para conter os fluxos de turistas, principalmente nas cidades europeias, colocam constrangimentos aos operadores turísticos cujo core business são os circuitos culturais e viagens de grupo. Como é que estão a lidar com estas questões, nomeadamente das taxas turísticas, da burocracia, limitação do número de pessoas por guia, aumento constante, e quase sem aviso, do preço das entradas de grupos de turistas em monumentos e atrações turísticas, e a distância em que os autocarros, cada vez mais, são obrigados a ficar dos centros históricos de algumas cidades, foi o que o Publituris pretendeu conhecer, em conversa com diversos profissionais ligados à operação turística.

Alguns destinos turísticos, principalmente europeus, mas não só, estão a explorar novos caminhos para combater o afluxo de visitantes. Os operadores turísticos e agências de viagens em Portugal que programam circuitos e viagens de grupo, entendem que as cidades precisam de respirar, compreendem a questão da sustentabilidade dos locais, mas pedem equilíbrio, até porque o custo deste tipo de férias começa a ser injustificável, sendo que não penaliza apenas a empresa como o cliente.

“Sem dúvida que esse tema constitui uma preocupação para os operadores turísticos cujo core business são os circuitos culturais em grupo, como é o caso da Pinto Lopes Viagens, mas o nosso compromisso com o desenvolvimento de uma sociedade sustentável permite-nos olhar para o problema do overtourism com uma lente de negócio diferente, não puramente financeira”, considerou Rui Pinto Lopes, CEO da Pinto Lopes Viagens.

O gestor lembra que o operador turístico e agência de viagens que dirige “tem um percurso que se iniciou há 50 anos e já vivenciámos muitos desafios colocados ao setor do turismo”, enumerando que, nos últimos anos, “tivemos a pandemia, a instabilidade geopolítica mundial e a inflação. A experiência diz-nos que todos elas vieram dotar os operadores em geral, e a nossa empresa em particular, de uma resiliência e capacidade de reinvenção que também vingará neste caso”.

“É mais fácil estabelecer regras para um todo liderado por um guia, do que para um turista individual que não gasta, mas usa. Este é um ponto que carece de estudo por parte das entidades competentes”, Rui Pinto Lopes, CEO da Pinto Lopes Viagens

Rui Pinto Lopes ressalva que “o turismo e a sustentabilidade têm um papel importantíssimo no futuro. Temos de encontrar um equilíbrio entre a margem e a sustentabilidade económica, o planeta e as pessoas”, para acentuar que “estamos a dotar a empresa de políticas, cultura interna e sensibilidade para o turismo responsável”. Neste sentido, “temos vindo, na medida do possível, a adaptar circuitos a esta nova realidade, com o intuito de causar um menor impacto nos locais e nas comunidades visitadas. Estamos a fazer a nossa parte e certamente a Pinto Lopes Viagens e os seus clientes irão no futuro sentir-se orgulhosos do caminho traçado”, disse.

Das cidades europeias para o mundo
No entanto, as medidas que mencionamos e que tanto tem preocupado os profissionais do turismo, principalmente o organizador, nos destinos onde a Quadrante – Operador Turístico atua “são inexistentes”, de acordo com o seu administrador, Jorge Andrade, mas acredita que “em alguns destinos, não demorará muito até à discussão da implementação de algumas medidas que acabam por penalizar os turistas, mas nada como o que se está a observar na Europa”.

Na opinião de Jorge Andrade, “poderia ter sido interessante, antes de aplicarmos taxas e taxinhas, percebermos o que desejamos para os nossos países e para as nossas cidades”, ou seja, “criarmos um plano para darmos resposta que satisfaça quem nos visita, salvaguardando os direitos de um povo ou de determinada população, principalmente a residencial” e se tivermos isso em conta, “tenho a certeza de que na grande maioria dos casos, poderíamos evitar as taxas turísticas e salvaguardar tudo o que concerne com o bem-estar e conforto de quem nos visita, bem como dos que voluntariamente ou involuntariamente são anfitriões”.

Em relação a Portugal, o administrador da Quadrante avançou: “penso que para isso é necessário debatermos com sinceridade e sem nenhum tipo de partidarismo e radicalismo, o que na verdade desejamos para o nosso país e que futuro vamos planear”. E conclui que “era bom que deixássemos de embirrar com uma das mais importantes fontes de riqueza, o Turismo, e encontrássemos forma de a tornar mais eficiente, mas também respeitadora”.

“Analisamos meticulosamente os conteúdos do nosso portefólio de oferta e concluímos que era possível sacrificar alguns segmentos de alguns produtos, garantindo a mesma qualidade”, Ângelo Grilo, Nortravel Tour & Product Coordinator

Rui Pinto Lopes aprova os exemplos apontados e afirma que “são extremamente pertinentes e refletem bem a imagem do que está a acontecer essencialmente a nível de alguns países europeus. O seu impacto é sobretudo visível no preço do circuito cultural, que se está a tornar, cada vez mais, um produto não acessível a todos os viajantes”.

Circuitos culturais em grupo utilizam menos recursos
O CEO da Pinto Lopes Viagens atenta que ainda há um longo caminho a percorrer nesta matéria com vista ao equilíbrio entre as partes, e sublinha que será sempre bom referir que “os circuitos culturais em grupo deixam uma pegada ecológica menor, pois utilizam menos recursos (por exemplo, as deslocações são efetuadas num único veículo) e acrescem substancialmente mais valor com a sua passagem do que o turista ‘de mochila às costas’”. Por isso, “nós, operadores que atuam nesse segmento, temo-nos adaptado às exigências, com a noção de que, na visita às cidades, os turistas têm de caminhar mais, utilizar transportes ecológicos para aceder aos seus centros históricos, etc.”.

Reforça que “tudo isto faz parte de um processo de adaptação que, colocado em prática de forma paulatina e estruturada, terá maior eficácia e aceitação por parte dos viajantes”. Não obstante, “a nosso ver, as autoridades locais, nacionais e internacionais, em alguns pontos específicos, não tinham outra opção senão aplicar tais medidas mais limitativas, face à dimensão que o problema do overtourism adquiriu nos últimos anos”, frisou.

A Lusanova foi o operador turístico que despoletou esta questão, num encontro recente que Luís Lourenço e Tiago Encarnação, administrador e diretor operacional, respetivamente, tiveram com jornalistas e que o Publituris publicou no seu site. Os dois responsáveis estão de acordo que é preciso estimar os centros das cidades, mas tem de haver um pouco de equilíbrio. Tiago Encarnação considerou que “se as limitações começam a ser tão grandes, vai passar a não ser viável o circuito, e o custo começa a ser injustificável”, apontando que “no futuro é um dos maiores riscos que a Europa vai ter pelas limitações que vai impondo pela sustentabilidade das cidades”. No entanto, o diretor operacional da Lusanova lembrou que, uma vez que as cidades europeias precisam muito do turismo, acredita que vai haver um equilíbrio, “embora continuarão a haver medidas mais radicais numas e menos radicais noutras”.

“Temos de compreender que as pessoas viajam cada vez mais, os monumentos continuam a ser os mesmos e, muitas vezes, os acessos continuam a ser os mesmos”, Miguel Jesus, diretor geral da Image Tours

Contudo, o administrador do operador turístico não está tão convencido, argumentando que “com tanto turismo que as idades têm, podem-se dar ao luxo de introduzir essas limitações e exigências. Não sei é se não irão pagar amanhã por isto, mas nós procuramos sempre arranjar alternativas, que é nossa obrigação, porque não podemos parar e temos de oferecer produto ao cliente e de forma mais cómoda possível”, referiu na ocasião, sobre este tema que tem gerado muita discussão.
Habituada a enfrentar desafios ao longo destes 65 anos de vida nada demove a Lusanova, cujos responsáveis asseguraram que a empresa “vai manter o compromisso de sempre que é entregar uma programação diversificada, segura, com destinos onde somos competitivos e onde damos a segurança que é exigida à nossa marca, na melhor relação qualidade-preço”.

Em relação às taxas de cidade, o administrador da Lusanova disse que estão incluídas na programação, apesar de ser um valor elevado, mas quando aumentam de uma hora para outra “não temos justificação para dar ao cliente, que fica sempre mal impressionado e desconfiado o facto de aumentarmos o preço do pacote à última hora, quando o nosso foco é sempre o cliente”.

Foto: Depositphotos.com

Quanto às entradas em monumentos, ao contrário do que acontecia anteriormente, para alguns locais “obrigam-nos a fazer depósitos de garantia, hoje em dia não sei para onde é que não pagamos antecipadamente e caro”, destacou Luís Lourenço, para realçar que “temos o exemplo de Paris que, por causa dos Jogos Olímpicos, exigiram pagamentos com dois anos de antecedência”.

O empresário assumiu que “está cada vez mais difícil elaborar um pacote cultural, com ingressos, cada vez estamos a ter dificuldades porque não são ágeis e não nos dão deadline e, além disso, limitam o número de entradas, mas esta situação está a verificar-se também em Portugal.

São limitações que temos de arranjar engenhos de maneira a contorná-las”. A somar a isto tudo, o turismo está mais caro, as viagens estão inflacionadas, reconheceram os dois responsáveis do operador turístico, avançando que tudo o que são circuitos europeus subiu uns 5% no total do PVP face ao ano passado, tendo em conta que em 2023 o aumento já tinha sido superior.

Circuitos culturais não estão condenados
Rui Pinto Lopes não acredita que todo o circuito esteja condenado por tais limitações. A maior questão que se coloca, a seu ver “prende-se com a análise da pegada ecológica de um grupo ou de turistas individuais sem regras”, para adiantar que “é mais fácil estabelecer regras para um todo liderado por um guia, do que para um turista individual que não gasta, mas usa. Este é um ponto que carece de estudo por parte das entidades competentes”.

Conforme confirmou, a Pinto Lopes Viagens adotou desde a pandemia um número máximo de participantes por grupo (entre 25 e 35, dependendo do segmento e do tipo de viagem)”, acentuando que “o cliente deste tipo de produto não fica penalizado, pois viaja com um operador que conhece as regras em vigor e estrutura as suas viagens em função dessas mesmas regras”.

Já Ângelo Grilo, Nortravel Tour & Product Coordinator, profissional experiente no acompanhamento de grupos, realçou que “o número de rotas e frequência de voos entre cidades europeias cresceu e o resultado foi uma enorme pressão registada em todos os destinos culturais europeus, trazendo enormes desafios às cidades e seus habitantes. Transportes públicos completamente lotados por turistas que impedem os locais de ir para a escola ou donas de casa irem às compras, estão a pôr os cabelos em pé aos habitantes dos centros históricos. Depois, a pressão do Alojamento Local sobre as partes mais turísticas e interessantes das cidades provoca uma desertificação do tecido social e respetiva malha de serviços que compõem a autenticidade cultural de um povo, de um local. Em muitas cidades os turistas praticamente se cruzam apenas com outros turistas, como se todos estivessem dentro de um parque temático, rodeados de um cenário digno de um filme de Spielberg, sem a alma e carisma subjacente a um destino turístico”.

“Poderia ter sido interessante, antes de aplicarmos taxas e taxinhas, percebermos o que desejamos para os nossos países e para as nossas cidades”, Jorge de Andrade, administrador da Quadrante

Assim, não tem dúvidas de que “as autoridades terão de criar cada vez mais medidas para diminuir os fluxos turísticos”, mas como é mais difícil controlar os fluxos de viajantes individuais, “têm sido impostas medidas restritivas ao turismo organizado: limitar o número de pessoas a circular em grupo nas ruas da cidade (por exemplo em Amsterdão); obrigar ao preenchimento de pedidos online para obter permissão de paragem de autocarros em áreas especificas nas cidades (por exemplo Estrasburgo, Roma ou Paris); criação de slots para visitas dos monumentos culturais, com um máximo de número de pessoas por grupo em praticamente todos os monumentos de maior interesse cultural”.

A Nortravel, como assegurou, tem tratado estas novas medidas burocráticas e operacionais com estratégias organizacionais internas, mas acredita que “para ter sucesso é necessária uma articulação proactiva entre quem programa e gere os produtos, e quem executa no terreno. Esse ajuste de procedimentos por parte dos nossos guias-acompanhantes e motoristas de turismo tem dado resultados encorajadores”.

Não colocar a sustentabilidade em causa
Ninguém põe em causa que a sustentabilidade das cidades é fundamental. O CEO da Pinto Lopes Viagens dá como exemplo a ilha de Capri, que se está a tornar um “dormitório para turistas”, que excedem, em muito, os habitantes locais e prejudicam gravemente a disponibilidade de alojamento e a qualidade de vida destes. Por isso diz ser indiscutível e necessárias “medidas para travar esta tendência, mas igualmente necessário um equilíbrio que não asfixie o turismo e a elevada fonte de receita que este representa”.

As taxas estão incluídas nos pacotes da Pinto Lopes Viagens, mas, de momento, não é esse o fator que mais contribui para o aumento generalizado dos preços das viagens, segundo o CEO da empresa. “São sim os efeitos pós-pandemia e decorrentes dos conflitos na Europa e Médio Oriente, como a escassez de mão-de-obra, a inflação e o consequente aumento do custo médio dos serviços”, considerou.

Uma vez que a oferta da Pinto Lopes Viagens é, quase na sua totalidade, outgoing, a sua atividade não é particularmente condicionada pela situação em Portugal. No entanto, “sabemos que Portugal está a seguir o exemplo das principais cidades europeias, estabelecendo regras que impeçam a descaracterização dos seus locais e protejam a qualidade de vida dos seus habitantes, ainda que de forma mais tímida e lenta”.

A consciência ecológica do grupo Ávoris no qual a Nortravel está integrada contribuiu também, segundo Ângelo Grilo, “para alinhar a nossa empresa com o novo mundo da sustentabilidade”, pois “este é o único caminho possível, e o esforço das autoridades que regulam o setor turístico no mundo inteiro tem de ser apoiado pelo tecido empresarial do qual fazemos parte”.

Reconhece que todos estes incrementos nas várias componentes do produto são naturalmente incorporados no PVP do circuito organizado, “criando naturais dúvidas no cliente final se valerá a pena adquirir um pacote turístico’’, mas “essas variações de preços também se registam nas viagens de individuais, por isso o mercado reage da mesma forma que sempre reagiu, escolhendo a melhor relação entre o trinómio preço/qualidade/conteúdo, seja no mercado português ou internacional”.

Na Nortravel, “olhamos para estes aumentos de uma forma criativa. Analisamos meticulosamente os conteúdos do nosso portefólio de oferta e concluímos que era possível sacrificar alguns segmentos de alguns produtos, garantindo a mesma qualidade hoteleira, serviços e guias-acompanhantes.

Sem retirar interesse global aos mesmos, passamos alguns pacotes de oito dias para sete, daí resultando um travão no preço final do pacote”, esclareceu Ângelo Grilo. Além desta estratégia, “a partir de 2022 lançámos no mercado alguns pacotes de 4 dias, respeitando os paradigmas dos produtos Nortravel, e permitindo aos clientes fazer ‘’escapadinhas’’ culturais por valores substancialmente inferiores a pacotes de 7/8 dias. Estes produtos têm tido uma extraordinária aceitação no mercado e estamos a analisar a procura para ajustar a oferta, bem como criar mais produtos em destinos diferentes”, realçou.

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O profissional da Nortravel apontou que, registamos, no entanto, alguma contradição entre o desenvolvimento social e intelectual que resulta do conceito abrangente “inclusão’’ nas sociedades modernas, e a penalização ao movimento de viajantes mais frágeis, mais idosos e com menos mobilidade. Neste sentido, o operador “tem optado, nos últimos anos, por comunicar ao mercado de forma clara, que alguns percursos a pé não são aconselháveis para viajantes com dificuldades de locomoção, e esperamos sempre que o bom senso prevaleça na hora de escolher um itinerário”.

Por outro lado, “assistimos ao incremento das taxas de cidade pagas nas estadias em hotéis, no crescimento dos preços nas entradas dos monumentos, bem como nas autorizações de entrada dos autocarros nos centros das cidades, ou aumento de zonas pedonais nas cidades”. É, como disse, a lei da oferta e da procura, se um produto é apetecível “o seu preço é naturalmente inflacionado”.

Esse aumento de receitas permite entre outros: “pagar para limpar a pegada deixada por milhões de turistas como por exemplo em Veneza, onde segundo a Reuters entraram 20 milhões de turistas em 2023, melhorar a capacidade de exposição dos monumentos, oferecer melhores condições logísticas aos visitantes, regular e pagar o controlo do trânsito em determinados bairros da cidade, como por exemplo no Porto ou Lisboa”.

Uns destinos mais, outros menos
Miguel Jesus, diretor geral da Image Tours conta-nos que no caso concreto do operador turístico que lidera e tendo em conta a sua programação, baseada em destinos do Médio e do Extremo Oriente, “ainda não temos essas dificuldades nem sentimos esse tipo de problema de uma forma tão acentuada”, mas em alguns destinos “o nosso cliente é deixado cada vez mais longe do local que vai visitar, porque cada vez mais se controla as zonas de restrição, o tráfego e tenta-se afastar os turistas um pouco mais”.

E dá o exemplo do Egito “Quando eu comecei a trabalhar com o Egito, os autocarros paravam coladas às Pirâmides, e agora já não acontece, as coisas estão mais controladas, são deixadas em parques de estacionamento com alguma distância e há controlo de segurança, e de entradas bastante rigoroso. Mas digamos que a visita e o itinerário, o programa em si sofre muito poucas alterações”.

Outros destinos da Image Tours, como a Jordânia, Turquia e Índia, “esses problemas ainda não se verificam”, mas Miguel Jesus acentua a questão da subida dos preços das entradas nos monumentos e atrações turísticas, e o grande número de turistas que se concentra muitas vezes ao mesmo tempo no mesmo local, o que tem vindo a aumentar ao longo dos anos. No entanto, refere que “temos de compreender que as pessoas viajam cada vez mais, os monumentos continuam a ser os mesmos e, muitas vezes, os acessos continuam a ser os mesmos, e a visita que durava, se calhar, uma hora, passa a durar uma hora e meia e há mais controlo”.

As concentrações de turistas nos principais monumentos obrigam, obviamente, o operador turístico a fazer uma maior gestão da viagem. O diretor-geral da Image Tours dá outra vez o Egito como exemplo, onde esta situação acontece com bastante frequência. “Nas alturas de época alta ou de grandes concentrações, como são o verão e a Semana Santa, em que se viaja bastante para o Egito, nós próprios, em conjunto com o nosso staff local (temos empresa no Egito), e pela experiência e conhecimento que temos do destino, coordenamos melhor as visitas. O que fazemos é sairmos mais cedo do hotel ou do barco para seremos os primeiros grupos a chegar, ou então a uma hora em que sabemos que o movimento é menor. Isto acontece, nomeadamente, em Luxor, no Templo de Karnak, e no Vale dos Reis, locais com excesso de turistas que, acabam por não tirar partido de toda a riqueza cultural e histórica que esses locais oferecem”.

Quanto aos preços das entradas e, consequentemente das próprias viagens, alterações que, segundo Miguel Jesus, aconteceram no pós-pandemia. Neste caso lembra a inflação que se tem verificado na Turquia, mas também no Egito, que após quase dois anos sem receber turistas, aproveitaram o pós-pandemia para fazer disparar os preços, quer ao nível das visitas, quer da hotelaria. “Nós, logicamente, temos de temos que refletir todos estes valores no preço que apresentamos ao cliente. Não há forma, não há volta a dar”, salientou, para adiantar que as taxas turísticas são os clientes que também pagam. “É uma realidade dos nossos tempos que as pessoas acabam por entender. Também tem muito a ver com os valores que, por enquanto, ainda não afetem muito e as pessoas acabam por compreender”.

Todos querem mais turismo, mas ninguém quer encontrar turistas
Paulo César, responsável pelo Departamento de Grupos da LuxTours, conclui a nossa ronda de contactos com operadores e agências de viagens que organizam circuitos culturais e viagens de grupo. Embora, nos últimos tempos, não tem levado grupos a Veneza ou algumas cidades do Japão onde as recentes restrições ao turismo têm sido muito severas, Paulo César compreende que “é difícil dar a volta a isso, porque cada vez há mais turismo, cada vez há mais turistas”. O paradoxo é que “queremos mais turistas, mas depois não queremos encontrar turistas para os sítios onde vamos, é impossível”, aponta.

O responsável da LuxTours indica que, por exemplo, a ilha grega de Santorini é um sítio que há muito tempo já deviam ter colocado algumas restrições. “É uma ilha lindíssima, a maior parte das pessoas que lá vai, vem a detestar a viagem. Os próprios turistas que lá estão a fazer estadia, ficam a detestar os outros turistas que chegam, que são os dos cruzeiros. Santorini em hora de cruzeiro é um autêntico Metro em hora de ponta, ninguém desfruta de nada, é tudo ao monte”, explicou, avançando que “se calhar as taxas são uma forma de conter esse fluxo, isto fazendo eu papel de advogado do diabo. Vemos também isso em Lisboa e em que há muita gente a não achar muita graça. Há certos sítios que vamos e não encontramos um português. Está tudo completamente desfasado, não tem nada a ver com Lisboa”.

“Não deixámos de vender, os grupos estão cheios, mas não somos nós agentes de viagens que estamos a ganhar mais, os aviões, os hotéis e os serviços é que estão mais caros, a acrescentar às taxas e mais taxas que aparecem cada vez mais. A verdade é que as pessoas têm estado dispostas a pagar, têm pago e não temos razão de queixa”, Paulo César – responsável pelo Departamento de Grupos e Incentivo da LuxTours

Autocarros estacionados longe dos centros. Paulo César exemplifica Roma. “Os autocarros de turismo quase que já não circulam em Roma, tudo o resto temos de fazer a pé. Vou com um grupo agora a Roma, tenho um guia local, mas vamos fazer as deslocações em toda a cidade entre o Metro e a pé, não há outra forma de as fazer. Cria alguns problemas, claro, mas são inultrapassáveis. Enquanto havia pouca gente em Roma, era fácil, mas hoje, se os autocarros forem todos para dentro de Roma, o trânsito não mexe”, reconhece.

Taxas mais altas nos hotéis, foi outro assunto que abordámos com Paulo César: “Em Roma começam nos hotéis de 2 e 3 estrelas com o custo de 6 euros a diária, e vão por ali acima. Isto sai do bolso do cliente, mesmo que estejamos nós a pagar, o cliente já pagou antes, o que torna, sem dúvida, a viagem está mais cara”.

No entanto, muitas vezes a agência de viagens é apanhada de surpresa. “Tenho clientes que vão à Namíbia, o visto que era concedido à entrada era grátis, e a partir de 1 de junho passa a custar 30 dólares, mas quando vendi o produto, no preço da viagem não constava esse montante, e na verdade o cliente quando chegar vai ter de pagar esse valor”, enfatizou, indicando que situações destas acontecem em variadíssimos destinos.

“Subiram todas as entradas em monumentos, e se formos pedir direito de fotografia de filmar, então é mais outra taxa”. Querendo ou não, isto tudo tem impacto no preço da viagem. “Não me lembro das viagens terem atingido valores tão elevados como este ano, mas também porque há muita procura, e as previsões é que sejam ainda mais altas em 2025. Fiz um cruzeiro o ano passado em Miami, este ano fiz outro, na mesma data, exatamente no mesmo navio, da mesma companhia, custou agora mais cerca de 450 euros. É a lei da oferta e da procura”, precisou.

“Não há lugares vazios. Um suplemento de classe executiva, e temos um grupo para o próximo ano a fazer a Austrália e Nova Zelândia em janeiro, a diferença são 7 mil euros, quando antigamente seria de 3 a 4 mil euros. Quem quer compra, quem não quer vai a económica, mas é um exagero”, ressalvou Paulo César, indicando que “não deixámos de vender, os grupos estão cheios, mas não somos nós agentes de viagens que estamos a ganhar mais, os aviões, os hotéis e os serviços é que estão mais caros, a acrescentar às taxas e mais taxas que aparecem cada vez mais. A verdade é que as pessoas têm estado dispostas a pagar, têm pago e não temos razão de queixa”.

Filas e filas, horas de espera que visitar um monumento. O responsável de grupos da LuxTours diz que “as coisas são organizadas antes da partida e há sempre formas alternativas de entrar, ou seja, compramos antecipadamente e vamos para as filas de entrada prioritária que são muito mais pequenas e com hora marcada. Paga-se é mais”, concluiu.

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“Quem vem ao Alentejo vem à procura de qualidade”

Anunciada que foi como “Região de Turismo Convidada” da BTL 2025, recordamos a entrevista a José Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo.

Victor Jorge

Tomou posse a 19 de julho de 2023, depois da lista [única] que encabeçou ter ganho com o lema “Nova Ambição para o Turismo do Alentejo e Ribatejo”, admitindo na altura que um dos primeiros objetivos passava por “manter a atractividade do destino turístico”.

No início do ano soube-se que o Alentejo fora a região que, em 2023, mais cresceu na procura interna, com os números do INE a indicar um crescimento de 7,8%, enquanto a média nacional se ficou pelos 2,1%.

Antes da temporada de verão, o Publituris esteve à conversa com José Santos, presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo, para saber o que vai ser feito para aumentar este registo. A resposta foi: “Consolidar o Alentejo e ter mais promoção do Ribatejo”.

No plano político, no entanto, pede “um Estado mais inteligente”.

Está há menos de um ano à frente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo. Como é que caracterizaria estes primeiros meses de presidência?
Eu caracterizaria a mesma em três dimensões. A primeira recuperar um espaço de influência institucional da ERT que estava perdido naquilo que são as opções de desenvolvimento na região. Quando digo influência institucional, não é uma influência no sentido corporativo da entidade, no sentido menos positivo, é influência no e do turismo na definição de políticas, na presença em alguns órgãos de acompanhamento, que têm depois impacto em decisões que afetam o turismo.

Por exemplo, o Turismo do Alentejo não estava no Conselho Regional de Inovação, que é uma plataforma que tem importância na definição das políticas de inovação e dos fundos europeus, com impacto no turismo.

Mas não tinha porquê?
Não tinha porque não foi convidado. Mas estava o Turismo de Portugal. Passamos a vida a falar em descentralização, temos de aplicar o princípio da subsidiariedade. E dissemos, temos de estar no Conselho Regional de Inovação. E a CCDR convidou-nos e estamos. O Ribatejo também beneficiará dessa dinâmica.

Outro exemplo, há hoje um novo fundo da União Europeia, que é o Fundo da Transição Justa, que tem uma aplicação nos territórios que estão em processos de substituição de centrais termoelétricas, como é o caso, por exemplo, do Alentejo Litoral.

E no caso do Litoral do Alentejo, na Refinaria de Sines, há um fundo que, aliás, tem avisos específicos para os sistemas de incentivos para as Pequenas e Médias Empresas para a área do turismo, e foi criado um observatório para monitorizar esse processo de transição. Sendo esse fundo muito dirigido ao turismo, porque muita daquela transição será para um reforço da dinâmica turística, como é que o turismo não estava lá? Bem, dissemos, temos de estar, e hoje estamos, inclusive na Comissão Permanente desse observatório.

ERT mais interventiva
Portanto, a representatividade da ERT agora é diferente?
É. Mas dou-lhe outro exemplo. Estações Náuticas, ao nível do produto turístico. O Turismo Portugal pedia-nos relatórios sobre a governança deste produto e não tínhamos, porque estávamos afastados da gestão das Estações Náuticas. Hoje estamos já no centro do processo de desenvolvimento desse produto. Portanto, foi preciso investir muito tempo e fazer ver que o turismo não podia estar afastado desses processos. Portanto, primeira dimensão, recuperação e influência institucional.

Num segundo ponto, tivemos de abrir um novo ciclo de planeamento. Ainda que o quadro comunitário esteja com um arranque muito tímido, tivemos de nos posicionar e abrir novas frentes de trabalho. Hoje temos, por exemplo, 3,3 milhões de euros de candidaturas apresentadas. Só temos 20% de aprovações, o que é normal, mas já temos uma mobilização de fundos europeus e nacionais que estão agora a ser analisadas, até porque muitas delas são candidaturas ainda ao nível de pré-qualificação de estratégias.

Portanto, nestes oito meses foi necessário fazer aqui uma maratona para poder apresentar muitos projetos e alguns deles em rede, ou seja, candidaturas que nós coordenamos. Coordenamos com a Região do Turismo do Algarve, com câmaras municipais, com a Agência Regional de Promoção Turística, e em que nós assumimos a gestão e a liderança dessas candidaturas.

Há uma relação muito afetuosa entre os portugueses e o Alentejo, que se tem vindo a construir e a reforçar nos últimos 10 anos

Como é que se concilia o Alentejo com o Ribatejo, porque queiramos quer não, são territórios distintos?
Sem dúvida. De facto, não é um desafio fácil porque, como diz e bem, estamos a falar de territórios diferentes e também diferentes do ponto de vista do processo de afirmação e desenvolvimento turístico.

Na Lezíria do Tejo temos três hotéis de quatro estrelas. Temos 230 mil dormidas por ano. É 7% do total da NUT. Sendo que agora há um outro complicador, desde o 1 de janeiro que a Lezíria do Tejo já está numa nova NUT – Oeste e Vale do Tejo. Hoje gerimos uma área promocional Alentejo e Lezíria do Tejo, mas a NUT, administrativamente, só tem o Alentejo.

O princípio, de certa forma, vinha a ser trilhado já anteriormente, mas o que consolidámos é dizer claramente que são dois territórios diferentes, dois destinos diferentes, por isso há que autonomizar o marketing turístico do Ribatejo. Posso ter, conjunturalmente, algumas iniciativas transversais, e temos-las, mas a comunicação e o marketing têm de ser diferentes. Isso implica que tenho dois orçamentos: um para o Alentejo e outro para o Ribatejo. E não aplico proporcionalmente ao Ribatejo o valor de investimento para projetos e campanhas pelo seu peso, porque senão só aplicaria 7%, e aplico muito mais, porque obviamente estamos a falar de um território que precisa de ser mais apoiado. O Ribatejo estará como o Alentejo estava há 20 anos.

Alentejo para dentro e fora
Relativamente ao Alentejo, segundo os dados do INE, a região foi a que, em 2023, mais cresceu na procura interna. Os números indicam um crescimento de 7,8%, enquanto a média nacional se ficou pelos 2,1%. A que se deve esta performance do Alentejo?
Diria que há uma relação muito afetuosa entre os portugueses e o Alentejo, que se tem vindo a construir e a reforçar nos últimos 10 anos, em que, de facto, e talvez isso tenha sido ainda acelerado depois da pandemia, os portugueses olham muito para o Alentejo como um destino que é quase como um regresso às suas próprias raízes.

É uma região onde se consegue repensar aquilo que é a vida, definir os objetivos e os sonhos para o futuro, uma ligação à natureza. E aquilo que o marketing turístico do Alentejo tem de fazer é pôr esses valores em evidência. Diríamos que é amplificar essa perceção que os portugueses têm em termos da proposta de valor do destino.

Às vezes os hoteleiros dizem-nos, e com razão, não compliquem muito o marketing, porque o Alentejo tem uma imagem tão forte, tão consolidada, que aquilo que têm de fazer é apenas afirmá-la. Os portugueses sabem que existe um destino que é o Alentejo. Não têm de estar sempre a dizer que ele existe. De vez em quando, convém relembrar e afirmar.

A segunda razão é, obviamente, o trabalho, a melhoria da nossa oferta. A oferta turística tem crescido, tem-se qualificado. Desejaria que tivesse acelerado mais em alguns aspetos, por exemplo, naquilo que é o segmento Plus de 5 estrelas, em que nós, em 12 anos, passámos apenas de 4 unidades de 5 estrelas para 7, mas globalmente, hoje há um predomínio dos hotéis de 4 estrelas, alojamentos temáticos.

Mas acredita que quem vem para o Alentejo vem à procura dessas unidades de 5 estrelas, ou vem mais à procura daqueles espaços mais autênticos, mais genuínos?
Quem vem ao Alentejo vem à procura de qualidade. E posso encontrar a qualidade nos vários segmentos. Preciso é qualificar mais a oferta turística, é preciso reforçar mais a categoria Plus, ainda que saibamos hoje que encontramos em alguns turismos rurais ou em alojamentos locais, unidades que funcionam quase como hotel e que têm um nível de serviço de 5 estrelas ou superior.

Contudo, temos de, obviamente, garantir que, ao longo de toda a cadeia de oferta, há mais propostas diversificadas e temáticas. E a região tem conseguido isso. E também é com muita satisfação que eu vejo a entrada de novos players, alguns deles até nacionais. Para além de toda a nossa hotelaria independente, é bom ganharmos aqui algum músculo empresarial e escala. A renovação e a requalificação da nossa oferta têm sido também importantes para atrair novos públicos nacionais e internacionais. Isso ajudou aos 7,8% de crescimento, mas também temos crescido 18% na procura internacional e temos conseguido recuperar o número de hóspedes. Tivemos mais de 0,9% de hóspedes estrangeiros em 2023, comparado com 2019.

Mas os números do INE também indicam que estes primeiros meses de 2024 estão um pouco abaixo do que foi 2023. Isto, de alguma forma, confirma aquele velho problema da sazonalidade de certas e determinadas regiões?
Sim, ainda que estejamos a melhorar nesse indicador. A taxa de sazonalidade do Alentejo em 2023 foi de 38%, tinha sido, em 2022, de 40%. É verdade que ainda estamos um pouco distantes da média nacional, e se olharmos para destinos como o Centro ou o Norte, que têm taxa de sazonalidade na casa dos 36% e 35%, esse é um dos nossos objetivos. Isso implica termos mais turistas internacionais, porque, obviamente, a sazonalidade é muito afetada.

A procura de portugueses vale mais de dois terços no total da procura. Até tivemos uma ligeira redução do peso dos hóspedes. Os hóspedes estrangeiros, em 2023, representaram cerca de 32,5%. Temos um objetivo para 2027, de chegar aos 40%. É fundamental aumentarmos o índice de internalização do destino. Penso que esta redução da sazonalidade, de 40% para 38%, tem muito a ver com o aumento do mercado norte-americano. Ainda que seja um mercado que se concentra, também, mais na zona do litoral, que se estende muito ao longo do ano, mas o mercado norte-americano já foi, em 2023, o segundo mercado do Alentejo.

Penso que a Agenda do Turismo do Interior, à qual nos associámos através da nossa campanha, também criou um pouco este laço junto do público português.

A renovação e a requalificação da nossa oferta têm sido também importantes para atrair novos públicos nacionais e internacionais

Mas isso passa por ter mais eventos ou ter mais oferta? Mais oferta pode descaracterizar um pouco o destino?
Sim. Mais oferta alinhada com aquilo que é, como nós sabemos hoje, e acho que os empresários turísticos já perceberam isso, até ao nível dos próprios apoios. Não me refiro só aos apoios dos fundos, das políticas públicas, dos apoios da banca comercial. Há cada vez menos predisposição para emprestar dinheiro a projetos que não são sustentáveis, que não são responsáveis ambientalmente. Portanto, creio que o Alentejo Litoral tem muitos projetos que já foram aprovados há 10 ou 12 anos e que estão agora na sua fase de implementação.

Mas é preciso mais oferta, mais oferta ao longo do ano, mas também oferta ao nível de atividades e nós podemos ter, num prazo de 3 a 5 anos, um bom destino de golfe no Alentejo Litoral.

Mas falou que os EUA se tornaram o segundo mercado externo. Qual é o primeiro?
O primeiro é o mercado espanhol. Nós tivemos 99 mil hóspedes espanhóis nos nossos alojamentos turísticos, em 2023, em mais de 200 mil dormidas. Portanto, o mercado espanhol tem-se consolidado.

Já não é, como dizem os nossos colegas da Agência Regional de Promoção Turística, necessário explicar onde é que é o Alentejo, mas ainda há muito trabalho para fazer.

A Espanha é muito grande, a Agência tem, obviamente, também os seus meios limitados, mas vamos ter um plano de promoção, que foi preparado com a delegação do Turismo de Portugal em Madrid, só para aqueles territórios, porque temos a noção que ainda há muito potencial de clientes para o Alentejo.

Em 2025, vamos ter uma linha ferroviária que vai ligar, não só um comboio de mercadorias, mas um comboio de passageiros, Sines, Évora, Caia, Madrid. Há poucos meses, estava numa reunião com operadores marítimo turísticos, em Porto Covo, e um desses operadores dizia-me que tem clientes em Badajoz que são fiéis ao destino de Porto Covo, e que a partir da entrada em operação do comboio, virão mais vezes durante o ano ao Alentejo. Portanto, é uma oportunidade à qual nós temos de estar atentos.

Portanto, não é só a conectividade aérea, também é a ferroviária?
Esquecemo-nos dos comboios. O transporte ferroviário foi algo que desapareceu do nosso mindset, mesmo para o turismo. Hoje temos algumas franjas de mercado que olham para o comboio como um meio mais interessante devido às questões da sustentabilidade, principalmente nas gerações mais jovens.

Mas, falou dos mercados externos relativamente ao Alentejo. A região do Ribatejo é muito diferente das nacionalidades internacionais visitantes?
Não é muito diferente. O mercado espanhol é também um mercado prioritário. Ainda não temos os dados por mercado ou por nacionalidade de 2023, mas aquilo que sabemos do histórico é que existe um domínio do mercado espanhol. Há mais brasileiros do que norte-americanos que terá a ver com o facto de Pedro Álvares Cabral estar sepultado numa igreja em Santarém, recurso esse que não está suficientemente trabalhado e capitalizado e vamos procurar fazê-lo.

Portanto, a nossa ideia é ter mais promoção do Ribatejo na promoção do Alentejo.

Há muitos clientes do Ribatejo que vêm da Extremadura espanhola e, por isso, vamos ter uma promoção mais agressiva. Vamos ter parcerias com alguns periódicos da Extremadura para termos semanalmente cadernos/suplemento com a restauração do Alentejo, mas também vamos ter um suplemento para o Ribatejo.

No início de março, a ERT do Alentejo e Ribatejo lançou o portal Alentejo e Ribatejo Outdoor, com um calendário anual de eventos bastante preenchida. É através destas iniciativas que pretendem captar mais visitantes?
Há um desafio que é como transformar produto turístico potencial em produto turístico real, ou produto turístico territorial em produto turístico comercial. Nós temos desenvolvido muito trabalho na ERT, construindo infraestruturas como a rede de centros de cycling, que está no portal, uma rede de percursos pedestres, uma rede de áreas de serviço para autocaravanas, os Caminhos de Santiago, os Caminhos da Raia, para criar uma linha de descoberta do Alentejo junto à fronteira. Este ano vamos também dinamizar a Via Atlântico, uma ramificação dos Caminhos de Santiago até Porto Covo.

Criamos estas infraestruturas de produto, mas depois não conseguimos atrair negócio, não conseguimos atrair programas, DMC, operadores.

Falta a parte comercial?
Exatamente. E isso é muito importante para esbater a taxa de sazonalidade. No Alentejo tudo é muito longe e o próprio turismo, é um turismo às vezes de baixa densidade, não é fácil estabelecer laços comerciais entre a hotelaria e a animação.

Estamos muito apostados, e aliás, estamos já, em termos exploratórios, a trabalhar com a APAVT, no sentido de definimos um protocolo entre entidades de Enoturismo e a APAVT para trabalhar isso.

Hoje temos algumas franjas de mercado que olham para o comboio como um meio mais interessante devido às questões da sustentabilidade, principalmente nas gerações mais jovens

Um perdurar “cativante”
Quando foi apresentado o Relatório de Atividades da Região do Alentejo e Ribatejo admitia que “não obstante as dificuldades que nos têm sido colocadas, como as cativações decretadas este ano às verbas de investimento do nosso orçamento”, situação que dizia “não poder aceitar”, assinalava “continuarem firmes e empenhados no cumprimento da nossa missão e programa de ação”. As cativações perduram. O que é que elas impossibilitam de ser feito?
Começo por dizer que as cativações são uma ferramenta enraizada no processo orçamental português há muitos anos. Há governos que utilizam mais e outros menos. É, de certa forma, estrutural. E basicamente são um pouco cegas. Têm uma grande vantagem, é que não atingem os fundos europeus. Os fundos europeus são da Europa, não são do país.

Mas as cativações são um pouco cegas e atingem quer aquilo que é o nosso funcionamento, quer os nossos investimentos, investimentos esses financiados pelo Orçamento de Estado e receitas do Turismo de Portugal.

Percebo a utilidade da ferramenta das cativações para o funcionamento ao nível da despesa corrente. Agora para investimentos?

O Estado português tem de ser mais inteligente, mais racional. Isto não tem nada a ver com falta de escrutínio ou não conduzir bem a execução financeira ou orçamental de uma organização pública. Nós reportamos a nossa gestão orçamental ao Tribunal de Contas, Turismo de Portugal, Direção-Geral do Orçamento, Unileo. O que não posso aceitar é, eu ainda não ter contratualizado com o Turismo de Portugal um projeto que me iria dar 619 mil euros e ter 45% desse projeto cativo, que são investimentos, não é despesa corrente.

Portanto, creio e tenho sempre a esperança de estes processos orçamentais serem melhorados, aprimorados, flexibilizados, pelo menos para aquilo que são transferências de investimentos em promoção e animação de projetos contratualizados com o Turismo de Portugal, que as cativações não incidam nesses projetos. Senão, não somos um Estado inteligente.

Há uma posição concertada dos presidentes das ERT em relação a esta matéria?
Sim, creio que sim. O bolo orçamental afeto às ERT, os 16,5 milhões, já é o mesmo há alguns anos, alguns dos meus colegas entendem que esse valor deve ser reforçado, e eu admito que sim, mas eu coloco muito o ênfase na questão dos cativos. Se tiver a certeza que no dia 1 de janeiro vou gastar as verbas que estão no Orçamento de Estado aprovado para investimentos, isso dá uma estabilidade enorme, em termos de planeamento daquilo que pode ser o meu trabalho.

Agora, estamos em abril e ainda não sei exatamente com que dinheiro é que vou contar em termos do meu orçamento. Flexibilização nas autorizações prévias.

Utilizando aqui um termo muito conhecido, um Simplex para o turismo.
Sim, um Simplex inteligente. Senão, todas estas palavras que utilizamos, a inteligência, a subsidiariedade, a descentralização, a flexibilidade são palavras vãs.

No início do ano referia que faltava concretizar o arranque do novo PT 2030.
É verdade. Essa é outra pecha que está também em falta. É verdade que as transições dos quadros comunitários são sempre lentas. Mas creio que este está um pouco mais atrasado. Admito que o PRR colocou ainda mais pressão nas estruturas organizacionais dos serviços públicos, dos ministérios, não é fácil. Ainda assim, temos de ser objetivos.

Há um desafio que é como transformar produto turístico potencial em produto turístico real, ou produto turístico territorial em produto turístico comercial

Quando o Publituris fez um balanço de 2023 e pediu uma análise sobre o que poderia vir a ser 2024, indicava ou pedia que o turismo continuasse a ser uma prioridade política, económica do país. Olhando para o atual panorama, acredita que essa importância será dada?
Acredito sim. Repare, costumo dizer que, se noutras áreas do desenvolvimento económico e social do nosso país, como é a educação, a saúde, tivéssemos sido tão consistentes como temos sido no turismo, sem grandes alterações das políticas, teríamos um país diferente, para melhor.

Creio que, relativamente à política direta do turismo, essa prioridade se vai manter, até porque, a dependência do país do turismo é tão grande que os governantes não têm grandes opções e alternativas.

Aeroporto: Beja, Vendas Novas, Santarém
Como é que um presidente de uma ERT, que tem o Alentejo e o Ribatejo, havendo as hipótese de Beja e Santarém, jogou neste tabuleiro?
Joguei muito bem, joguei de uma forma muito discreta. Sabe que estava a aguardar pelo relatório da Comissão Técnica Independente, que clarificasse aquilo que era claro para mim, que obviamente o aeroporto de Beja nunca poderia ser o aeroporto que iria agora completar ou fechar o sistema aeroportuário nacional, pela questão da distância das acessibilidades. Sou muito pragmático nas minhas análises. O que não quer dizer que o aeroporto de Beja não possa ter um papel no turismo da região.

E é por isso que agora represento o Turismo do Alentejo no Conselho Consultivo do Aeroporto de Beja. Vamos realizar um pequeno estudo, com a gestão do aeroporto (VINCI). O aeroporto de Beja pode estar muito distante, mas pode e deve ser muito importante no segmento da aviação executiva.

Faz sentido olharmos para o aeroporto de Beja, porque só um destino pouco inteligente é que não olha para aquela infraestrutura e tenta perceber como é que pode ajudar no processo de aumentar visitas para a região.

Aproximamos da época de verão e um dos grandes problemas que o setor do turismo tem atravessado prende-se com os recursos humanos. Como dar a volta a esta dificuldade?
Creio que hoje o problema já não se coloca de uma forma tão aguda como se colocava imediatamente a seguir à pandemia. E, fundamentalmente, porque algumas medidas foram tomadas em termos de liberalização da imigração.

Coorganizámos, no dia 20 de fevereiro, em Évora, a primeira Bolsa de Empregabilidade do Turismo do Alentejo, e houve contactos muito estruturantes, muito interessante com as empresas. E percebemos que certos grupos hoteleiros já não estiveram lá, porque têm os seus problemas de recrutamento para o verão já resolvidos.

Claro que a importância da mão de obra estrangeira tem sido muito relevante. Diria que o problema já não é tão agudo.

Queremos realizar uma Bolsa de Empregabilidade específica para o Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, uma parceria que vamos propor ao Alto Comissariado para as Migrações para tentar integrar melhor os migrantes naquilo que são as estruturas turísticas e queremos desenvolver um programa de atração do talento para o Alentejo.

O aeroporto de Beja pode estar muito distante, mas pode e deve ser muito importante no segmento da aviação executiva

No Alentejo e Ribatejo há segmentos turísticos que está a destacar-se: o Enoturismo e o Turismo Industrial. Há novas abordagens a serem feitas?
A Comissão de Turismo Industrial, aliás, é uma excelente iniciativa do Turismo Portugal, e criou uma rede nacional que tem constituído uma boa plataforma para a troca de experiências e de boas práticas dentro dos vários territórios.

Tenho falado com alguns operadores turísticos e DMC, e a operação turística vê esta oferta do Turismo Industrial como algo interessante para enriquecer e diversificar alguns programas que têm.

No caso do Enoturismo, se não fosse este universo do vinho, não conseguiria levar aquelas zonas de baixa densidade turistas australianos, neozelandeses ou norte-americanos.

Há 25 ou 20 anos, o peso da componente de visitação turística nas adegas era inócuo, zero. Hoje começa a ter um peso e o Enoturismo é, talvez, a grande porta de entrada de turistas internacionais na região. E tem um potencial de crescimento muito significativo.

Não é por acaso que apresentámos uma grande candidatura, um valor de investimento público e privado superior a 40 milhões de euros, aos fundos europeus, para transformar o Alentejo e o Ribatejo num grande destino turístico internacional de Enoturismo.

Propusemos à Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo avançar com a candidatura do Baixo Alentejo à Cidade Europeia do Vinho. E estamos empenhados em promover a capital do vinho no Ribatejo.

Quais são, efetivamente, as prioridades a curto e médio prazo deste seu mandato?
Claramente, aumentar o peso do turismo do Alentejo no total do país. As nossas dormidas ainda valem 4,2% no total nacional. Ainda somos um destino pouco expressivo. Nós queremos chegar, em 2027, aos 5,1%. Isto significa termos mais oferta, o apoio a projetos qualificadores e diferenciadores de novo alojamento turístico na região e, obviamente, trabalhar bem, de uma forma cada vez mais profissional e otimizada, o marketing e a produção.

Além disso, aumentar o peso dos proveitos totais do turismo da região no total nacional. Esses proveitos valem 4,1%. Nós queremos que esse ratio seja de 5,2%, em 2027.

Queremos reforçar a proporção de hóspedes estrangeiros no total do turismo da região. Como disse, esse valor está agora em 32%. Em 2019 estava em 34%. Queremos chegar a 40%, em 2027.

Outro grande objetivo é reforçar o peso da procura externa na região, trabalhar melhor a procura turística fora da época alta. É verdade que hoje, às vezes, é um pouco contraproducente falar em época alta. Temos uma taxa de sazonalidade de 38%. Queremos reduzir para 34% até 2027.

O turismo no Alentejo tem de viver em todo o território. Ou pelo menos poderá viver em todo, porque há outras atividades económicas e obviamente o ordenamento do território tem de fazer a compatibilização entre os vários usos.

Agora, o que eu não posso aceitar é que o Estado que ative, atraia, apoie, incentive empresários a investirem as suas poupanças, os seus dividendos, e o próprio e depois o mesmo Estado aprove, licencie projetos contraproducentes de outras áreas económicas que vão limitar, estragar, condicionar, destruir a atratividade paisagística, ambiental e turística desse território. E neste momento há riscos que se colocam ao Alentejo.

Centrais solares, centrais fotovoltaicas, projetos de agricultura intensiva que não estou a dizer que o Alentejo não os deva receber. Mas há que compatibilizar uma coisa com a outra.

Dou-lhe um exemplo. Há um projeto de central fotovoltaica no concelho de Évora que, aliás, há um parecer negativo e inequívoco do Turismo de Portugal, e que vai pôr em causa a atratividade turística, paisagística e ambiental de forma irreversível, de empreendimentos turísticos, de adegas, localizados naquela zona.

Foi o que referi anteriormente, o Estado tem de ser inteligente. O Estado não pode dizer aos empresários turistas apostem aqui e depois licenciar ao lado grandes projetos de agricultura intensiva, que não têm nada a ver com aquilo que é a produção autónoma daquele território e que vão condicionar a atratividade turística daqueles territórios.

O ordenamento do território é a palavra-chave para os próximos anos. A região tem de conseguir conciliar vários usos e, claro, tem de haver lugar para a agricultura, caminhos para a transição energética. Mas essa transição energética não pode ser feita a qualquer custo. E não se pode fazer destruindo o turismo. E eu, enquanto presidente da Entidade Regional de Turismo, estou muito atento a isso, porque me preocupa.

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Lisboa e Funchal entre os destinos mais populares neste verão

Embora com registos diferentes, Lisboa e Funchal estão entre as cidades mais populares para o verão de 2024. Lisboa desce 0,3 pontos percentuais (p.p.), enquanto o Funchal sobe 0,14 p.p..

Victor Jorge

Entre as cidades mais populares para este verão de 2024 (pesquisa de voos para os meses de julho e agosto), segundo análise da ForwardKeys, contam-se Lisboa e Funchal.

Lisboa, com uma quota de 2%, cai, contudo, quando comparado o período em análise de 2024 com os mesmos meses de 2023, registando uma quebra de 0,3 pontos percentuais (p.p.). Já o Funchal está entre as cidades que mais crescem, quando analisado o aumento de popularidade, com um crescimento de 0,14 p.p. face a igual período do ano passado.

Se no primeiro caso, o ranking das cidades mais pesquisadas é liderado por Londres, com um aumento de 1,9 p.p., a restante listagem revela comportamentos díspares. Paris, em 2.º lugar, cresce 0,5 p.p. face aos meses de julho e agosto de 2023, mantendo-se Barcelona, em 3.º lugar, com registo igual. O Top 10 é composto ainda por Istambul, Roma, Atenas, Lisboa, Madrid, Milão e Palma de Maiorca.

No ranking das cidades com aumento de pesquisa para julho e agosto de 2024 a liderança pertence a Tenerife (+0,41 p.p.), seguida de Izmir (+0,25 p.p.) e Reiquiavique (+0,21 p.p.). Funchal surge em 5.º lugar, com +0,14 p.p., depois de Munique (+0,15 p.p.), mas antes de Tbilissi (+0,09 p.p.), Malta e Tirana (+0,07 p.p.), Nice (+0,06 p.p) e Yerevan (+0,03 p.p).

A análise dos dados de emissão de bilhetes para viagens para destinos urbanos europeus em julho e agosto de 2024 revela uma mudança nas preferências dos consumidores para destinos naturais (+19%) e urbanos (+14%) em detrimento dos tradicionais destinos de sol e praia (+8%). Esta situação reflete-se a nível sub-regional, uma vez que o crescimento anual das chegadas internacionais à Europa Central e Oriental (+25%), à Europa Ocidental (+15%) e à Europa do Norte (+13%) ultrapassa o dos destinos do Sul da Europa (+11%).

Já as viagens de saída da Europa também estão a revelar tendências claras, com um crescimento anual nas viagens intra-europeias (+14%) e de longo curso para uma gama diversificada de mercados asiáticos (+16%). Os dados relativos aos bilhetes para julho e agosto indicam que os viajantes europeus estão a optar cada vez mais por se aventurar mais longe para explorar as paisagens e culturas de Pequim (+132%) em particular, bem como Osaka (+66%), Banguecoque (+21%), Colombo (+21%) e Kuala Lumpur (+14%). Estes destinos beneficiam, segundo a ForwardKeys, de vários fatores, incluindo a melhoria da conectividade, a isenção de vistos para os europeus que entram na China e a taxa de câmbio favorável entre o euro e o iene. O crescimento moderado da procura nos mercados americanos de Chicago (+14%) e Miami (+9%) também é notável.

Olivier Ponti, diretor de Informações e Marketing da ForwardKeys, admite que, de um modo geral, “o panorama é positivo para os destinos de todo o mundo que pretendem atrair o lucrativo turismo europeu nos próximos anos. Com a perturbação da procura e das reservas causada pela pandemia de COVID-19 já pertencente ao passado, a época de verão de 2024 parece suscetível de estabelecer uma nova referência para as viagens europeias, tanto na região como fora dela”.

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“Não podemos ir atrás do preço, mas sim da qualidade”

O almoço com o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, decorreu no Hotel NH Sintra Centro. A finalizar o segundo e último mandato, o presidente da vila histórica admite que “o turismo tem duas vertentes indissociáveis: a económica e a cultural”. Em qualquer uma, segundo Basílio Horta, “só poderá haver um vencedor: Portugal”.

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A história política de Basílio Horta começa bem antes de ter dado entrada no Largo Dr. Virgílio Horta, morada oficial da Câmara Municipal de Sintra. Nestas “Conversas com o Presidente” do jornal Publituris, o objetivo não era, contudo, recuar tanto no tempo, mas focar a conversa agradável durante o almoço no tema do Turismo e como este é visto por quem lidera os destinos da Câmara Municipal de Sintra, vila que, com os seus quase 400.000 habitantes, segundo o últimos Censos (2022), representando 13,37% do total metropolitano e 19,82% do total da Grande Lisboa, se espalha por perto de 320 quilómetros quadrados, e é um dos pontos obrigatórios de visita a residentes e não residentes de e em Portugal.

E o tema Turismo começou por ser, desde logo, visto por dois prismas – o económico e o cultural – ambos considerados de “vital importância”, mas que terão de ter um denominador comum: Portugal.

“O turismo é, desde sempre, caracterizado por um enorme dinamismo e força agregadora”, refere Basílio Horta, salientando que “são várias as atividades económicas que estão associadas ao turismo”. Por isso, frisa, “só por este lado, o setor do turismo tem um papel importantíssimo no desenvolvimento económico da localidade, da região e do país”.

Mas, ao mesmo tempo, em concelhos como o de Sintra, e em outros também, a dimensão cultural é “enorme”. “Sintra tem uma oferta cultural muito grande e de altíssima qualidade histórica. Basta a sua serra, que é realmente um património da humanidade, à qual juntamos a tradição, a história, os palácios, os monumentos, as quintas, as praias maravilhosas, para Sintra ter uma oferta muito diversificada e de alta qualidade”. No fundo, segundo Basílio Horta, “uma oferta turística que interessa ao país e que responde, cada vez mais, ao objetivo de captar o turismo de valor acrescentado”.

O turismo é, desde sempre, caracterizado por um enorme dinamismo e força agregadora

E quem passa por Sintra, admite, “é um turista muito desenvolvido culturalmente e isso, por norma, significa visitantes com rendimento mais elevado e com maior capacidade para gastar no local, que sabe muito bem o que quer e gosta. E aqui em Sintra encontra, de facto, algo que não encontra noutros sítios”.

Um problema chamado mobilidade
Para o presidente da Câmara, além das praias, onde apesar da água mais fria, “o turista gosta de estar em contacto com o Atlântico, de estar à vontade na praia, mas ao mesmo tempo gosta de visitar museus e palácios únicos como o Palácio da Pena ou a Regaleira. Ou seja, é um turismo que não é de massas”.

Apesar de caracterizar o turismo em Sintra como não sendo de massas, há, no entanto, a questão de saber como é que os próprios locais encaram este fenómeno. Aí Basílio Horta divide a população de Sintra entre a que vive nas zonas históricas e a restantes, já que se trata, efetivamente, de um concelho enorme. Nas zonas históricas, admite que o turismo é acolhido com “alguma preocupação óbvia”, uma vez que, quem mora em Sintra, escolheu Sintra “por razões específicas de alguma intimidade, de alguma qualidade”, fazendo referência, por exemplo à Regaleira que, em 2023, teve mais de um milhão de visitantes.

Mas Sintra foi visitada por mais de cinco milhões de pessoas no ano passado, o que é “um número considerável”, embora saliente que os números pré-Covid ainda não foram atingidos.

Neste aspeto, a mobilidade, principalmente, na vila histórica é “um dos problemas a considerar e que dificulta demasiado a vida a quem vive e quem quer visitar Sintra. É uma questão, por mais que queremos resolver, não é fácil e terá sempre impactos indesejáveis, dependente de quem analisa a situação”. Contudo, sabendo que não será no mandato que termina em 2025 que esta situação se resolverá, Basílio Horta considera que este “este ordenamento terá de ser feito, mas de forma planeada, uma vez que poder-se-á tomar decisões irreversíveis e que prejudicarão todos”.

“Chegar a Sintra é fácil, com as atuais vias de acesso. O problema começa quando nos queremos mover dentro da vila”, frisando o presidente da Câmara que, “para os autocarros turísticos esta é uma grande dor de cabeça”.

Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra
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Para alojar os milhões de turistas que passam anualmente por Sintra é preciso, também, existir uma oferta hoteleira que, por altura da tomada de posse de Basílio Horta, em 2013, não era inaugurado um novo hotel há cerca de 30 anos. “Sintra era, de facto, visto como um local de passagem, algo que mudou drasticamente nos últimos tempos. Agora, é um local para se ficar. Há uma maior e melhor oferta hoteleira e com o fenómeno do Alojamento Local verificou-se, de facto, uma maior apetência por parte dos visitantes em ficar em Sintra”, refere Basílio Horta, admitindo que “passou a haver uma forma diferente de fazer oferta turística”.

Sintra tem uma oferta turística que interessa ao país e que responde, cada vez mais, ao objetivo de captar o turismo de valor acrescentado

O presidente da Câmara não se foca, contudo, somente em Sintra, já que “à volta, nas outras freguesias, existe uma oferta muito variada e desconhecida, embora reconheça que existe alguma ‘timidez’ em visitar certos e determinados locais”.

Outro dos pontos destacados por Basílio Horta é o facto do concelho ser um dos maiores em número de licenciamentos de moradias, salientando que “continua a haver um crescimento enorme de licenciamentos, o que demonstra que, quem vem visita Sintra, também pretende morar aqui”, contrariando, um pouco, a história de habitação massiva. “Em 70 quilómetros quadrados, temos 300 mil pessoas. Hoje, não é esse modelo de desenvolvimento que queremos para Sintra”.

Empresas não trazem só negócio
Mas não é somente a parte populacional e habitacional que Basílio Horte destaca. “Há também um grande desenvolvimento empresarial. Nós na Derrama [taxa que incide sobre o lucro tributável das pessoas coletivas, sendo fixada anualmente, pelos municípios, no valor máximo de 1,5%] tivemos um aumento enorme desde 2013. Passámos de pouco mais de três milhões de euros, em 2013, para 14 milhões nos dias de hoje”, revela o presidente da Câmara. “Isto é um reflexo da implantação de muitas empresas no concelho, o que leva a mais alojamento, mais hotelaria, mais serviços”.

Outros dos aspetos no qual Sintra tem registado uma forte evolução é no ensino universitário, com vários pólos a instalarem-se no concelho, casos do ISCTE e da Faculdade de Medicina, bem como a Base Aérea N.º 1, localizada na Granja do Marquês, próximo da Serra de Sintra. “Tudo isto traz valor a Sintra e é visível uma mudança qualitativa muito grande no concelho”, admitindo Basílio Horta que “esta mudança vai aprofundar-se no futuro”.

Qualidade, qualidade, qualidade
Regressando ao turismo, as visitas a Sintra têm no mercado nacional uma forte componente, crescente desde a pandemia, mas é no mercado internacional, com maior poder de compra e gasto, que Basílio Horta incide o destaque. “Cada vez mais espanhóis, brasileiros, árabes, ingleses, bem como norte-americanos, mercado de grande importância, nos visitam, mas também o mercado asiático, embora ainda se mantenha muito fechado, estão a procurar os encantos de Sintra e isso reflete-se na ocupação dos hotéis que tem vindo a crescer”.

Daí coloca-se a questão: e que desafios são colocados ao turismo em Sintra para o futuro? A resposta sai rápida e assertiva: “não só manter, mas aumentar a qualidade da nossa oferta. Não podemos ir atrás do preço, mas sim da qualidade. Só isso nos poderá diferenciar”, frisando que essa qualidade não pode ser limitada à oferta hoteleira, mas, também, “à manutenção dos nossos monumentos”. “E o turismo não pode ser de tal maneira intenso que acabe por deteriorar a oferta turística, porque isso seria gravíssimo e prejudicial a todos”, considera.

Além dos monumentos, Basílio Horta refere, igualmente, a importância da Parques de Sintra que “está sempre entre os melhores do mundo no que diz respeito à conservação”, frisando que a Parques de Sintra – Monte da Lua “é um parceiro indispensável da Câmara”.

Foto: Frame It

O “eu” Basílio
A nível pessoal, se houve algo que nunca passou pela cabeça de Basílio Horta foi ser presidente da Câmara de Sintra. “Fui praticamente tudo o que um político pode ser: deputado, ministro, embaixador, magistrado do Ministério Público, diretor-geral da Confederação da Indústria Portuguesa, presidente da AICEP, professor, mas presidente de Câmara foi algo que nunca me passou pela cabeça vir a ser”, admitindo, contudo, que “não queria acabar a minha carreira política sem ter uma experiência de autarca”.

Sou viajante que gosta de bons hotéis, bons restaurantes e bons museus. Deem-me estas três componente e sou um turista feliz

Passando do autarca para o turista, Basílio Horta identifica-se como um “viajante que gosta de bons hotéis, bons restaurantes e bons museus. Deem-me estas três componente e sou um turista feliz”.

Daí impor-se a pergunta, qual o melhor hotel, restaurante e museu que visitou? Nos hotéis, o destaque vai para o Hotel Hassler, em Roma; nos restaurantes a Casa Nicolasa, em San Sebastian; enquanto nos museus a resposta é tripartida: Hermitage, em São Petersburgo; Louvre, em Paris; e Prado, em Madrid.

Para finalizar a conversa realizada no Hotel NH Sintra Centro, a viagem que falta fazer: Antártida, considerado um “destino ímpar, de difícil realização, mas que poderá ainda acontecer”.

Quanto a conselhos, não o de Sintra, mas ao sucessor que sairá das eleições autárquicas de setembro/outubro de 2025, Basílio Horta é lacónico: “O meu sucessor não precisa dos meus conselhos e, seguramente, fará melhor do que eu”.

Um olhar para Sintra

O almoço com o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, realizou-se no NH Sintra Centro. Localizado no centro de Sintra, o hotel de quatro estrelas NH Sintra Centro, anteriormente Tivoli Sintra, fica a apenas a uma curta distância dos mais famosos monumentos e palácios históricos de Sintra. Situado no centro da vila, junto ao Palácio Nacional de Sintra, e localizado entre a Serra de Sintra e o mar, o hotel não poderia ter uma melhor localização para explorar a cidade considerada património mundial da UNESCO.

Entre as atrações mais próximas, é possível visitar o Palácio da Pena e o Palácio de Monserrate. A partir da varanda do lobby do hotel, é possível avistar o Castelo dos Mouros, a Quinta da Regaleira e, num dia de sol, consegue-se até ver o mar.

Com 77 espaçosos quartos, espalhados por oito andares, todos os quartos foram renovados em 2023, dispondo de varandas ou de terraços com vistas deslumbrantes. Estão disponíveis quartos comunicantes, quartos adaptados e suites.

A ementa do almoço oferecido pelo Hotel NH Sintra Centro:
Entradas: Carro de acepipes
Prato principal: Arroz de peixes da nossa costa
Sobremesa: Pêra bêbeda e Arroz-doce
Vinho: Esporão Reserva Branco 2022

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