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“Temos a certeza que Vilamoura é um activo excepcional”

Juan Gómez-Vega é o CEO da Vilamoura World, a empresa que, juntamente com o fundo norte-americano Lone Star, comprou o resort português em Abril de 2015. O primeiro projecto já está em andamento. Mas o responsável revela os planos para este ano. »Com um investimento de cerca de dez milhões de euros, a fase II… Continue reading “Temos a certeza que Vilamoura é um activo excepcional”

Carina Monteiro
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“Temos a certeza que Vilamoura é um activo excepcional”

Juan Gómez-Vega é o CEO da Vilamoura World, a empresa que, juntamente com o fundo norte-americano Lone Star, comprou o resort português em Abril de 2015. O primeiro projecto já está em andamento. Mas o responsável revela os planos para este ano. »Com um investimento de cerca de dez milhões de euros, a fase II… Continue reading “Temos a certeza que Vilamoura é um activo excepcional”

Carina Monteiro
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Juan Gómez-Vega é o CEO da Vilamoura World, a empresa que, juntamente com o fundo norte-americano Lone Star, comprou o resort português em Abril de 2015. O primeiro projecto já está em andamento. Mas o responsável revela os planos para este ano.
vilamoura world

»Com um investimento de cerca de dez milhões de euros, a fase II do empreendimento L’Orangerie é o primeiro projecto da Vilamoura World e teve início em Novembro de 2016. Em que fase se encontra o projecto? Relativamente à fase II do empreendimento L’Orangerie, 50% está construído e está a vender-se. Em Novembro, contratámos a empresa imobiliária Garvetur para fazer a venda destas unidades e, em Dezembro e Janeiro, venderam-se cinco unidades e nos seis meses anteriores tinha sido vendida uma unidade. O que significa que é um bom arranque, tendo em conta estes dois meses que são tipicamente maus para comercializar propriedades no Algarve. Venderam-se bem e a bons preços. O empreendimento engloba 32 unidades de alojamento, incluindo oito apartamentos de T1 a T3, 18 moradias T2 com jardim privado e pátios interiores e seis villas T3 com piscina privada. A sua conclusão está prevista para o final do primeiro semestre de 2017. No que se refere às unidades já vendidas da Fase II, tratam-se de quatro moradias e dois apartamentos.

»A quem foram vendidas as primeiras casas?
Dois suecos, dois portugueses e dois franceses.

»Para este ano, o que prevêem começar a construir? Estava previsto dar início à construção do Vilamoura Lakes.
O Vilamoura Lakes é um projecto ‘filet mignon’, temos previsto construir 4500 casas, dessas 1200/1500 estão no projecto Lakes. Neste momento, faltam dois passos administrativos: um com a Câmara de Loulé e outro com Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Este ano, vamos trabalhar com a Câmara na engenharia dos lagos artificiais. O foco este ano é na parte do terreno que está mais preparada para construção.

»E além do Vilamoura Lakes?
Vilamoura tem outros dois novos empreendimentos a chegar ao mercado. Na zona noroeste irá surgir o projecto Uptown, com um total de 240 unidades residenciais (47 das quais turísticas), um hotel boutique e cerca de 7.000 m2 de área comercial complementar à zona da marina. Em Janeiro deste ano, foi lançado um concurso internacional de arquitectura, a que responderam quatro empresas (uma portuguesa e três estrangeiras), com o objectivo de definir o novo conceito de desenvolvimento e sustentabilidade deste projecto.
Além disso, a Vilamoura World está a trabalhar com consultores externos para definir a oferta comercial e turística. Fairways é um projecto residencial com uma localização privilegiada no coração de Vilamoura, rodeado pelos campos de golfe Millenium e Laguna. Integra um conjunto de 85 unidades residenciais projectadas segundo os mais elevados standards de qualidade e sustentabilidade. Estes dois novos projectos representam um investimento global de cerca de 90 milhões de euros, além da criação de mais de 1.000 postos e dão sequência à consolidação do masterplan de 400 hectares, que alia arquitectura contemporânea e design de interiores de qualidade num resort com elevado nível de infraestruturas comerciais e de animação, equipamentos de saúde, educacionais e desportivos. Esperamos iniciar a pré-comercialização de Uptown no Verão, e iniciar as obras mais para o final do ano (quarto trimestre). Junto a esse projecto, a Vilamoura World está a negociar com vários operadores de restauração para trazer dois ou três novos restaurantes para que se juntem ao Praia na Villa [restaurante do chef Olivier aberto no Verão de 2016], reforçando assim o hub alternativo à marina.

»Porque Vilamoura é muito mais que imobiliário?
Esse é o desafio. Os accionistas estão satisfeitos com este activo, mas o desafio é sempre pensar que somos um destino. Hoje, em Vilamoura, existem 14/15 mil vivendas, dessas quatro mil/ cinco mil estão ocupadas todo o ano e vivem dez mil habitantes. É quase uma cidade. A primeira coisa que temos de pensar muito bem é na promoção imobiliária. A promoção imobiliária pós-crise mudou na Europa e no mundo. Temos de ver primeiro o que querem as pessoas e depois é que construímos. Para que o projecto Vilamoura seja sustentável, que venda e venham mais pessoas, há que empurrar o destino.

»Como é que vão fazer isso? Que mercados é que vos interessam?
O mercado número um para nós, e por mais que possa parecer estranho, é Portugal. Seria um erro muito grande não nos focarmos no maior mercado e no mais fácil de chegar. Não temos de explicar aos portugueses o que é Vilamoura, simplesmente temos de dar-lhes novos motivos para virem, mostrar-lhes que é um destino renovado, moderno, pujante, aspiracional.
A nossa perspectiva é que o mercado português seja responsável por 40% a 50%, o Reino Unido por 25%, o francês, -um mercado que está muito forte-, responsável por 10% a 15% da procura. Depois irlandeses, alemães e suecos. Dependendo do produto, os mercados dividem-se. Os franceses querem algo de 100 metros quadrados, o português quer algo de 120, 150 metros quadrados, o britânico quer 70 metros quadrados. Um dos segredos, sobretudo quando se tem tanto para desenvolver, é ir fazendo coisas que chamem a atenção aos diferentes mercados.

»Qual é o posicionamento de Vilamoura?
Estamos a trabalhar no plano de acções para este ano. Hoje não podemos apenas enviar um press release. Acabámos de relançar uma associação de parceiros de Vilamoura como o Oceânico Golf, Hilton, Tivoli, estamos em contacto com a Câmara de Loulé e o Turismo do Algarve. Há muitas acções para irmos juntos a feiras, mesmo com a Associação Portuguesa de Resorts, do qual somos associados.

Marina de Vilamoura
»O que está planeado para a requalificação da marina de Vilamoura?
Há dois patamares. Por um lado, a parte mais funcional, que tem a ver com as solicitações do cliente. Estamos a melhorar a funcionalidade da marina. Temos três milhões de visitantes por ano na marina. Estamos a trabalhar em pequenas coisas que ajudam a melhorar a experiência dos visitantes. Melhorámos a segurança, o Wi-Fi, os decks de madeira estão a ser substituídos. Esta é a parte menos glamorosa, mas que faz diferença para os clientes da marina. Em paralelo estamos a trabalhar na criação do novo Yacht Club. Tendo em conta os timings, neste momento, está em standby para ser retomado após o Verão.
Ainda ligado à marina, estamos a tentar uniformizar os apoios de praia de forma a integrá-los cada vez mais na paisagem natural. Estamos a trabalhar com um dos concessionários, e também com um arquitecto paisagista, para dar uma imagem global à Praia da Rocha Baixinha Nascente que seja natural e pouco invasiva, não apenas no que se refere aos apoios de praia, mas também aos caminhos de madeira, às pontes e às zonas de descanso.

»Este projecto é ambicioso para ser desenvolvido em cinco anos. Julgam conseguir cumprir este prazo?
Se o desenvolvêssemos em cinco anos seria muito bom. Se olharmos para a quantidade de casas que temos para desenvolver, para fazê-lo em cinco anos teria de ser a um muito bom ritmo. Estamos a fazer tudo para que isso aconteça. Não vamos fazer tudo sozinhos. Vamos desenvolver algumas coisas mas também vamos trazer parceiros. Estamos a criar condições para isso. A mim não me serve que os parceiros depois não consigam vender os seus apartamentos ou moradias. Pode passar os cinco anos? Pode. Estamos muito optimistas. Creio que nós, os estrangeiros, somos muito mais optimistas que os portugueses.
Portugal tem as suas próprias características. O Algarve não tem tanta construção como uma parte de Espanha. Há cada vez mais pessoas que conhecem o destino. As obras de ampliação do aeroporto de Faro vão terminar este ano. O investimento do Tivoli Marina que vai ampliar o seu centro de conferências, o maior do Sul de Portugal. A Oeste de Vilamoura está a desenvolvido um W Hotel que vai abrir em 2018.

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»A política fiscal em Portugal é atractiva?
A política dos nossos accionistas é que o Governo faça o que tem de fazer. As regras são para todos. O Governo tem de trabalhar. Mas o sistema é muito atractivo, o crescimento do mercado francês acontece porque os incentivos fiscais são bons. No geral, há sempre um pouco de ruído quando a fiscalidade muda.

»O que vos atraiu em Vilamoura?
É um destino que existe, vive muita gente aqui, tem a maior marina de Portugal. Ao nível financeiro, tem uma combinação de activos líquidos e ilíquidos que agrada aos acionistas. E quando se vê um activo que por algum motivo não funcionou durante anos, perguntamos: é um problema do activo ou de gestão? Temos a certeza que Vilamoura é um activo excepcional. Consegue ainda ter uma natureza em estado puro. Uma das mensagens que passámos aos arquitectos do Projecto Uptown foi: toquem o menos possível no que se vê hoje.

»Quais são os desafios do produto Turismo Residencial em Portugal?
Portugal, e o Algarve em particular, tem duas mais-valias: uma que é natural é a comida, as praias, o clima. É um factor único competitivo. Devido aos problemas dos países da bacia do Mediterrâneo, para onde vão as pessoas? Vêm para cá, porque Espanha está saturada. Existem coisas feitas pelo homem muito importantes, acessos e conectividade, nomeadamente através do aeroporto de Faro. Os incentivos fiscais também são positivos. Pode ter havido um certo ruído este ano [inclusão do imposto sobre imóveis no Orçamento de Estado para 2017], mas ao nível dos vistos gold, isso é uma mais-valia. A segurança é também um ponto forte.
Quanto às debilidades, há que continuar a trabalhar nas acessibilidades e na comunicação do destino, comparativamente a outros destinos da Europa muito concorridos.

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Europamundo acredita que tem tudo para crescer em Portugal

O operador turístico de origem espanhola, Europamundo Vacaciones, credita que tem tudo para crescer no mercado português ao abrigo do acordo de parceria com a Soltour Travel Partners. Já estão a entrar as primeiras reservas e um volume de consultas muito elevado.

Carlos González, diretor para o mercado espanhol da Europamundo Vacaciones disse ao Publituris que o operador turístico está muito satisfeito com o acordo de parceria celebrado com a Soltour Travel Partners, em finais do ano passado, no que ao mercado português diz respeito.

“Com esta parceria podemos combinarmos e criar uma sinergia muito importante para aportar mais circuitos à Soltour, uma das marcas líderes em Portugal, muito potente, muito reconhecida e muito bem aceite no mercado português.  Estamos, assim, de mãos dadas com alguém que aposta muito nas agências de viagens independentes e nós temos o máximo de interesse nisso e foi por isso que fizemos essa união”, destacou o diretor da Europamundo.

Referiu que “estamos muito satisfeitos com a parceria, até porque a Soltour tem uma excelente equipa comercial que nos está a ajudar na comercialização dos nossos circuitos em Portugal”.

Neste sentido, Carlos González sublinhou que “temos neste momento tudo para crescer em Portugal e estamos já a ver porque estão a entrar as primeiras reservas e um volume de consultas muito elevado”, isto também porque “temos um tipo de produto que nem toda a gente tem em Portugal, e bastante especializado”.

Concretamente, no nosso país “a equipa comercial da Soltour vai promover os produtos da Europamundo nas agências de viagens e nós, através dos escritórios centrais, encarregaremos de realizar todos os sistemas de reservas, mas sempre em comunicação com essas equipas. Para nós vai ser muito bom porque eles conhecem muito bem as agências de viagens”, defendeu.

Recorde-se que, com o objetivo de oferecer mais produtos às agências de viagens, a Soltour Travel Partners e a Europamundo aliaram-se para promover as viagens em circuitos internacionais.  Desta forma, a Soltour centra-se em viagens experimentais sob a forma de circuitos, um tipo de viagem exigido por um setor mais feminino da população, entre os 50 e 75 anos de idade, com grande interesse cultural, um poder de compra médio e médio-alto, e um interesse em experiências enriquecedoras.

Mais de 142 mil passageiros por ano
A Europamundo, que faz parte do Grupo JTB, fundado no Japão há mais de 110 anos, tem circuitos próprios em todos os continentes, exceto na Antártida, com 1.972 tours diferentes em 2022, 142 mil passageiros por ano (provenientes de 83 países) e 1.200 pontos de venda na Península Ibérica.

O Japão, o Médio Oriente, a Europa e os Estados Unidos são apenas alguns dos destinos onde a Europamundo oferece opções de circuitos com possibilidade de personalização, permitindo aos viajantes descobrir a essência e a cultura de cada lugar de uma forma mais pessoal e exclusiva.

A nova temporada trouxe algumas novidades para os viajantes, tais como as rotas exclusivas em Marrocos, que complementam a oferta consolidada da empresa, e uma grande aposta na Arábia Saudita, com 80 novas rotas concebidas exclusivamente para o efeito.

A empresa conta com 190 profissionais nos escritórios de Madrid, mais de 300 guias e pessoal destacado no Brasil, Argentina, Índia, Tailândia, Peru, Japão e nas principais cidades europeias.

Com um volume de negócios líquido de 101 milhões de euros em 2022, a empresa se caracteriza por oferecer produtos flexíveis com viagens de três a 36 dias, dependendo das preferências de cada viajante, recorrendo à sua própria tecnologia que tem sido remodelada e melhorada ao longo dos anos.

Com uma vasta experiência na Europa, com viagens que vão desde as cidades imperiais à Itália, Alemanha, França e Inglaterra, a empresa oferece às agências uma série de vantagens. A opção de personalização ou a alternativa da Carta de Viagem, através da qual os viajantes podem continuar a sua viagem numa região mais específica depois de completarem a rota, são outros grandes diferenciais da marca Europamundo.

Um mundo de circuitos
“Somos um operador turístico com mais de 30 anos no mercado que vem de outra empresa que se chamava Mundojovem. Dedicada ao tema circuitos, iniciámos com circuitos na Europa e hoje em dia oferecemos circuitos em autocarro que saem de todos os pontos do mundo, em cinco continentes, exceto na Antártida”, começou por referir o diretor do operador turístico para o mercado espanhol.

Trabalhamos exclusivamente com as agências de viagens, não recusamos dar informações ao cliente final, que pode também informar-se de todos os nossos produtos e preços através da nossa página web, aberta ao consumidor final, mas não permitimos a reserva direta

O responsável adiantou que “trabalhamos nesse formato desde sempre, mas em alguns casos incluímos o avião para permitir que os nossos passageiros cheguem ao ponto de partida das viagens. Por exemplo, em Portugal e Espanha somos muito fortes nos circuitos no Japão e nesse caso temos de incluir o aéreo de Lisboa ou do Porto, Madrid ou Barcelona”, explicou.

Apesar de o core business ser os circuitos em autocarro, durante a pandemia, como não se podiam colocar muitos passageiros nos autocarros, “começámos também a realizar circuitos em minibus ou automóveis”, disse, realçando que “também temos muitos circuitos combinados que permitem percorrer várias cidades em diferentes países numa mesma viagem. Temos rotas de todo o tipo”.

O cliente em Portugal que queira fazer um circuito, não tem necessariamente de iniciar em território português, exemplificou Carlos González. Pode ir de avião até ao ponto de partida onde se inicia o circuito, mas também há alguns circuitos que começam em Lisboa e percorrem várias cidades europeias, para terminar na capital portuguesa. “Normalmente não vendemos o avião, mas se o passageiro pede à agência de viagens e este nos solicita, como somos IATA, podemos vender, mas nunca obrigamos a contratar o aéreo”.

O responsável apontou que a empresa dispõe de autocarros em Lisboa e muitos passam por Portugal. Normalmente, por semana, “temos um mínimo entre 10 e 12 autocarros em Portugal porque há um movimento muito forte de turismo”, frisou.

Caraterísticas diferenciadoras
Outra caraterística da Europamundo Vacaciones é que “trabalhamos exclusivamente com as agências de viagens, não recusamos dar informações ao cliente final, que pode também informar-se de todos os nossos produtos e preços através da nossa página web, aberta ao consumidor final, mas não permitimos a reserva direta”.

Embora os picos aconteçam entre abril e outubro, a Europamundo opera circuitos durante todo o ano, incluindo em locais onde no inverno há pouca luz, por exemplo, nas cidades imperiais (Praga, Viena e Budapeste).

O que diferencia também a empresa em relação a outras que estão no mesmo segmento, “é que os nossos passageiros podem ver coisas que normalmente não se encontram quando as viagens são através de autoestradas. Nós vamos sempre por estradas, vemos pequenas aldeias e zonas que de outra forma seria impossível conhecer e que outros operadores não oferecem. São esses pequenos pormenores que atraem cada vez mais os clientes finais”, destacou Carlos Gonzáles, indicando ainda que a maioria (55%) dos seus clientes são mulheres, um pouco mais de 30% são homens e as restantes são crianças.

Sobre os destinos rainhas, o responsável aponta o Japão. “A venda para este destino é muito importante para o mercado em Espanha, já sentimos que também está a acontecer em Portugal, e estamos convencidos que vai ter uma saída fortíssima particularmente este ano”, deu conta, lembrando que a Europamundo incorporou a Arábia Saudita este ano, um destino pouco conhecido porque estava fechado ao turismo. “Com a reabertura do país fizemos um investimento muito importante com 78 diferentes circuitos, grande parte só na Arábia Saudita e outra que são combinados com os Emirados Árabes, com Jordânia ou com Cairo e com Israel, ou seja, dá-nos muitas possibilidades e permite-nos criar pacotes muito interessantes”.

A média de circuitos que faz parte da oferta do operador turístico em Portugal e Espanha é de sete a 10 dias. Mas a empresa comercializa este tipo de viagens desde três dias a 36 dias de duração.

O nosso entrevistado explicou ainda que “os nossos circuitos incluem alojamento e pequeno-almoço em hotéis de quatro estrelas nas cidades, mas nunca no centro porque manejamos com autocarros muito grandes, com 15 metros de cumprimentos e por isso, difíceis de manejar nos centros das cidades. O habitual é que os passageiros possam chegar ao centro da cidade em 15/20 minutos em transporte público desde o hotel, até porque ficamos sempre alojados em sítios onde existem muitos transportes públicos. É esta a nossa filosofia de trabalho, além de estarem incluídas muitas excursões. O que propomos são circuitos culturais e gostamos de mostrar o que há de melhor neste setor aos nossos clientes. Por isso tentamos espremer o tempo o máximo possível para que os clientes saiam satisfeitos e conheçam o mais profundamente o destino”.

“Os nossos circuitos não são os mais baratos no mercado e nem aspiramos a que assim o seja, mas garantimos uma relação qualidade-preço muito boa”, precisou Carlos González,

Concluiu que os principais mercados emissores de produtos da Europamundo são a Argentina e o Brasil, seguidos do México, EUA, Espanha e “pretendemos, dentro de pouco tempo que Portugal faça parte desse ranking, pois tem potencial elevado e acreditamos que é um país que pode conseguir um bom nível de vendas. Não temos pressa. Como vendemos bem no Brasil, todos os nossos produtos são em português, os nossos guias falam o português perfeitamente bem.

 

 

Sobre o autorCarolina Morgado

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Cabo Verde precisa de diversificar o turismo ainda muito baseado no sol e praia e no ‘all inclusive’

O Programa Operacional do Turismo de Cabo Verde (POT 2022-2026), orçado em cerca de 200 milhões de euros e já aprovado pelo governo preconiza nova estratégia: diversificação de produtos e mercados, desconcentração do turismo pelas diferentes ilhas, e melhoria da conectividade, revelou o administrador do Instituto do Turismo de Cabo Verde (ITCV), Francisco Martins.

O turismo em Cabo Verde não foi exceção. A pandemia causou um forte impacto no setor económico mais importante para o país, e que representa mais de 25% do PIB. Em 2019, o seu melhor ano de sempre, o destino acolheu 820 mil visitantes internacionais, mas o Covid-19 viria obrigar a um decréscimo de cerca de 75%.

Em entrevista concedida ao Publituris, o administrador do Instituto do Turismo de Cabo Verde (ITCV), Francisco Martins assegurou que “o governo esteve muito bem porque a retoma dependia muito daquilo que eram as decisões necessárias a tomar para manter a segurança sanitária do país”.

Assim, “conseguimos implementar um plano de vacinação, diria excecional, com uma taxa em algumas ilhas a ultrapassar os 90%, e hoje em dia temos uma taxa das mais altas em África”, avançou.

Tendo dado essa resposta em termos de segurança sanitária, disse ainda, “conseguimos rapidamente que o nosso principal mercado emissor, o Reino Unido, tirasse Cabo Verde da Lista Vermelha, e começámos a ter procura, e agora, com um enorme crescimento não só dos britânicos como do próprio mercado português que no verão teve uma procura altíssima principalmente no último agosto”.

Na opinião de Francisco Martins “a retoma está a correr bem, temos novos mercados a chegarem a Cabo Verde sobretudo da Europa de Leste – Polónia, República Checa e Hungria. Há já um conhecimento no exterior do destino de uma forma positiva. É verdade que continuamos a depender muito do mercado europeu, nomeadamente da Europa Ocidental – Reino Unido, Alemanha, França, Portugal, Espanha, Países Baixos, mas o objetivo agora é aproveitar esta retoma, aproveitar que Cabo Verde consegue garantir segurança não só ao nível da proteção de pessoas e bens, mas também sanitária (indicador que se tornou importante) para aliciar novos mercados e diversificar o turismo que está muito baseado no sol e praia e no sistema all inclusive”.

A retoma está a correr bem, temos novos mercados a chegarem a Cabo Verde sobretudo da Europa de Leste – Polónia, República Checa e Hungria. Há já um conhecimento no exterior do destino de uma forma positiva

Linhas mestras do POT 2022-2026
Estas são, aliás, as linhas mestras que norteiam o Programa Operacional do Turismo de Cabo Verde (POT 2022-2026) aprovado pelo governo e orçado em cerca de 200 milhões de euros. Conforme explicou o administrador do ITCV, nesta primeira fase, que já começou a ser implementada, vão ser investidos cerca de 80 milhões de euros, parte do empréstimo do Banco Mundial e parte do governo através do Fundo do Turismo.

Á luz deste programa “vamos investir muito na requalificação das localidades, na melhoria dos acessos, no desenvolvimento e melhoria da conetividade e focar no turismo ligado à natureza”, apontou, adiantando que “Sal e Boa Vista são destinos já conhecidos e consolidados, mas temos outras ilhas que podem oferecer muito daquilo que é procurado ao nível do trekking, do trailing e caminhadas. Neste caso estou a falar das ilhas de Santo Antão, São Nicolau, Santiago, Fogo e Brava”.

Segundo o responsável, “o desenvolvimento do turismo cultural e de eventos é uma aposta para São Vicente que tem esta vocação natural e que, no fundo, está a conseguir dar resposta com uma procura grande de investidores que querem construir novos hotéis na ilha. Até final deste ano vamos duplicar o número de camas, passando a totalizar mais de 2.500, estamos a construir o Terminal de Cruzeiros em São Vicente que vai ficar concluído dentro de um ano. O governo também já anunciou a construção do aeroporto em Santo Antão, tudo isto para permitir que Cabo Verde possa atrair novos mercados, nomeadamente, na América Latina, América do Norte, na Europa de Leste e no continente africano. Detetámos é que o país pode aproveitar melhor o mercado regional, que está a hora e meia de distância de avião”.

Neste sentido, resumiu Francisco Martins, “a diversificação de produtos e mercados, desconcentração do turismo pelas diferentes ilhas, e melhoria da conectividade para permitir que qualquer pessoa que visita Cabo Verde e em qualquer uma das ilhas pode, rapidamente, se precisar, sair para o seu destino de origem”, são as grandes apostas do POT.

Melhor a conectividade é fundamental
Defendeu que esta questão da conectividade “não é uma publicidade, é um facto e já está a ser implementado. Estamos a trabalhar com várias companhias aéreas europeias para ver se é possível ter voos a custos mais atrativos ou mesmo low cost”. Lembrou que a Vueling ligou Barcelona à ilha do Sal no verão passado, e vai retomar na época alta, e “várias outras empresas aéreas estão alinhadas neste propósito”.

Além disso, garantiu que “estamos a trabalhar para criar condições para que a Cabo Verde Airlines retome os destinos habituais que eram Boston, Brasil e o continente africano. Temos ligações para Lisboa, mas a partir de julho pretendemos retomar Boston e, eventualmente, algumas cidades brasileiras, como é o caso de Fortaleza, que já era uma rota bastante conhecida e que permitia um fluxo da Europa para o Brasil e vice-versa, com stopover em Cabo Verde para uns dias de férias em condições atrativas”.

Pela sua importância no desenvolvimento económico a estratégia do governo de Cabo Verde sustenta no turismo, mas não só. O administrador referiu que devido à própria localização geográfica do país “queremos que seja também uma plataforma de serviços a nível digital, de fornecimento de serviços, e de realização de provas ligadas aos desportos náuticos, pois como se sabe, Cabo Verde tem-se desenvolvido muito ao nível do kitesurf com vários campeões mundiais”.

Estamos a trabalhar com várias companhias aéreas europeias para ver se é possível ter voos a custos mais atrativos ou mesmo as low cost

Cultura como complemento do turismo
No que diz respeito à cultura, Francisco Martins considerou que vai passar “por uma forte aposta no nosso Carnaval de São Vicente, produto já bastante conhecido, e também em outras manifestações culturais”, para lembrar que Cabo Verde “tem grandes escritores, artesanato, teatro, cinema e o seu DNA mais conhecido que é a música, que podem ser complementos ao turismo”.

Igualmente, pretende-se “dinamizar mais um elemento valioso – a Cidade Velha, distinguida pela UNESCO como património mundial da humanidade, portanto são elementos que, trabalhados a nível de valorização do património cultural construído e do imaterial podem levar a que Cabo Verde seja um destino multifacetado”, sustentou.

O Instituto do Turismo de Cabo Verde é responsável pela promoção do destino no exterior, regulação e fiscalização. A área de promoção e captação do investimento é gerida pela Cabo Verde Trade Invest, mas “obviamente é um trabalho que tem de ser feito de uma forma articulada, porque uma coisa leva à outra. Há essa intenção de podermos estar em vários eventos e destinos em simultâneo para criar mais sinergias e potenciar as presenças”.

Balanço positivo da BTL
“O mercado português é muito importante, é o que tem mais força no verão em Cabo Verde e aprecia o destino também pela nossa ligação histórica e cultural”, destacou o nosso entrevistado, que apela também aos cabo-verdianos residentes em Portugal que vejam Cabo Verde não só como destino de férias, mas também de investimento. Nesse sentido, “estamos também muito focados na promoção do nosso país junto da diáspora que é enorme não só em Portugal como em vários países europeus e do mundo”. Este foi também um dos objetivos da presença de Cabo Verde na BTL.

“A nossa presença em feiras será de forma estruturada e bem planeada. É um elemento importante para a promoção, mas a nossa aposta vai ser marketing digital. Com alguns parceiros, inclusivamente com o Turismo de Portugal, fazer um maior investimento no marketing digital para que, a partir de Cabo Verde, e via as plataformas digitais, possamos chegar a todo o mundo”, disse.

Por outro lado, “queremos desenvolver um novo nicho de mercado – nómadas digitais. Lançámos o programa Remote Working Cabo Verde e, está em vias de aprovação o visto de trabalho remoto, o mesmo que muitos países europeus estão a fazer, inclusive Portugal.

Entretanto, de regresso ao seu país, o administrador ITCV, fez um balanço “muito positivo” da participação do destino na Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorreu de 01 a 05 de março.

À imprensa cabo-verdiana, Francisco Martins disse que foi possível dar a conhecer ainda mais o destino Cabo Verde, uma vez que que os próprios turistas que visitaram o ‘stand’ ficavam a questionar sobre as outras ilhas, para além de Sal e Boa Vista, como Santiago, São Vicente, Santo Antão ou Fogo.

“O balanço que fazemos da participação de Cabo Verde na Bolsa de Turismo de Lisboa é muito positivo. Os próprios operadores cabo-verdianos que participaram ficaram muito satisfeitos com os resultados”, afirmou o administrador.

Sobre o autorCarolina Morgado

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“Lisboa é a nova Miami para os brasileiros”

Em entrevista ao Publituris, John Rodgerson, CEO da Azul – Linhas Aéreas Brasileiras, revela que a rota que a companhia aérea opera para Lisboa está com uma elevada procura, uma vez que os turistas brasileiros olham para a capital portuguesa como “a nova Miami” e, por isso, não descarta um reforço da operação no verão.

Inês de Matos

A saída da pandemia tornou a Azul – Linhas Aéreas Brasileiras mais forte, quem o diz é John Rodgerson, CEO da companhia aérea, que revela que a Azul é já a maior transportadora no Brasil e está empenhada em expandir também a sua rede na Europa para equilibrar a operação com os EUA.

Em entrevista ao Publituris, o responsável fala também da importância do mercado português e da rota de Lisboa, onde a Azul conta com dois voos diários, mas que pode ser reforçada no verão, tendo em conta a elevada procura que regista, já que os turistas brasileiros olham para a capital portuguesa como “a nova Miami”, que todos querem visitar.

Mais difícil parece ser o regresso ao Porto, para onde a transportadora voava antes da pandemia, com John Rodgerson a revelar que a Azul está satisfeita com a parceria que mantém com a TAP e que, por isso, prefere concentrar a operação na capital portuguesa.

Nesta conversa, houve ainda tempo para falar dos objetivos da Azul Viagens, o operador turístico da Azul, que quer aumentar a venda de pacotes de viagens para Portugal no Brasil, assim como das inovações tecnológicas e das suas vantagens para a aviação, além do futuro, que John Rodgerson vê com otimismo, estimando mesmo que 2023 possa vir a ser “o ano mais forte” da história da transportadora brasileira.

Depois da pandemia, a Azul parece estar com uma energia renovada e tem lançado várias rotas domésticas e também internacionais. A capacidade pré-pandemia já foi toda recuperada?
É verdade, a Azul mudou com a pandemia, entrámos em vários mercados e que observámos é que a frequência entre duas cidades é menos importante do que voar para um maior número de cidades. Por isso, hoje, estamos em 158 cidades no Brasil, antes da pandemia estávamos em 119.

Hoje, a Azul tem uma malha muito mais distribuída no Brasil e a própria companhia aérea é 30% maior em termos de assentos face aquilo que tínhamos antes. Em 2019, éramos uma empresa bem menor do que aquilo que somos hoje, em que temos, mais ou menos, um terço do mercado no Brasil. Isso mostra que a Azul cresceu muito e mudou, também porque temos outro tipo de aeronave que nos tem permitido uma expansão no Brasil, distribuindo os brasileiros por todos os cantos do país.

Obviamente que também temos novos voos para a Europa, para Lisboa e vamos lançar um voo para Paris-Orly este mês [26 de abril], mas o que temos percebido é que a pandemia mudou a forma como as pessoas trabalham. Por isso, há menos viagens de negócios, muitas pessoas continuam a trabalhar de forma remota, o que também permite que as pessoas façam fins-de-semana mais prolongados e procurem mais o lazer.

É essa maior procura pelo lazer que tem levado a Azul a abrir tantas novas rotas no Brasil?
Sim, a aposta no lazer e a nossa capacidade para voar para várias cidades. Somos a única companhia aérea que, no Brasil, tem aviões ATR, também somos os únicos que têm Embraer no Brasil e isso permite que a Azul possa voar para cidades mais pequenas porque os nossos concorrentes não têm essa capacidade. Isso dá-nos a capacidade de distribuir os passageiros por mais cidades, ajudando muito mais o mercado brasileiro a crescer. Isso é algo que temos percebido e em que nos temos focado.

É isso que explica o lançamento da nova assinatura “O Céu é Azul”, de forma a mostrar essa abrangência da Azul no Brasil?
É verdade. É algo tão simples, mas que faz todo o sentido. Somos uma empresa que tem aeronaves brasileiras a voar nos céus do Brasil e somos quem mais voa dentro do Brasil.

Pensando, por exemplo, no Amazonas, a Azul serve mais de 30 destinos no Amazonas, um estado do Brasil que nunca tinha sido servido antes. Muita gente quer salvar o Amazonas, mas costumo dizer que, primeiro, temos de conectar o Amazonas. Isso é o mais importante porque para salvarmos alguma coisa, temos de saber o que lá está a acontecer. E a Azul faz isso.

Há muito boa conetividade com a TAP e isso levou-nos a perceber que não precisávamos voar para duas cidades diferentes em Portugal

Recentemente, acabou a obrigatoriedade do uso de máscara facial a bordo dos voos da Azul. Essa decisão teve algum impacto na procura?
O Brasil foi um dos últimos países do mundo a tirar a máscara e, em fevereiro, finalmente podemos abolir a máscara a bordo.

Isso fez toda a diferença para a perceção do cliente e, por isso, agora há mais pessoas que se sentem mais confortáveis a voar porque não é divertido voar com máscara. Agora que não é mais preciso usar a máscara, com certeza que a procura aumentou.

No ano passado, também não podíamos servir snacks a bordo e o Brasil é um país grande, agora, imagine um voo de três ou quatro horas sem snacks e com máscara. Obviamente que havia pessoas que não queriam voar por causa disso e, agora, isso mudou.

Rotas internacionais
A Azul está também a abrir várias novas rotas internacionais, para a América Latina, como o Uruguai, mas também EUA e Paris. Qual é a importância destas novas rotas para a Azul?
São rotas importantes porque representam uma receita em dólares e muitos dos custos de uma companhia aérea são em dólares, como o combustível ou aeronaves. O facto de termos mais receita em dólares ajuda e é por isso que temos mais voos para os EUA do que para a Europa.

Voamos para Fort Lauderdale e Orlando de várias cidades no Brasil, como São Paulo, Minas Gerais, Recife, Manaus ou Belém.

Para a Europa, estamos focados em Lisboa, que tem dois voos diários, e agora vamos ter também um voo diário para Paris. Estamos a tentar equilibrar um pouco a operação porque estávamos muito focados, a nível internacional, nos EUA, e queremos equilibrar a operação com a Europa.

Também temos outros destinos regionais, como Montevideu, no Uruguai, mas tenho percebido que Lisboa é a nova Miami para os brasileiros. Antigamente, há 10 ou 15 anos, todos os brasileiros queriam viajar para Miami, mas agora Lisboa, Cascais e também o Porto são as novas Miami. Há muitos brasileiros a viajar e a comprar casa em Portugal porque é um país lindo e isso faz muita diferença nos nossos voos.

No caso de Paris, que é o nosso próximo destino, também temos vários brasileiros que querem voar diretamente. Na nossa lista de destinos, o primeiro em termos de procura sempre foi Lisboa, onde dobrámos e até triplicámos os voos em 2022, e o segundo destino era Paris.

Em Paris, mantemos a parceria com a TAP. A TAP voa para vários destinos no Brasil e nós ajudamos a distribuir os passageiros e vai acontecer a mesma coisa na Europa. Vamos conectar-nos com a TAP também em Paris.

A Azul está a receber novos aviões, já recebeu um A350 e tem mais alguns encomendados. Estes aviões vão ajudar na expansão para a Europa?
Ainda temos poucos desses aviões, mas sim, vamos usá-los nos voos para Orly e temos usado também para Orlando. Mas o nosso principal avião para voos internacionais é o A330 e vai continuar a ser. É a nossa principal frota e a maior parte dos nossos voos vão ser feitos nesses aviões.

Há uma elevada procura de brasileiros. Em todas as cidades onde voamos no Brasil há pessoas que querem visitar Portugal

Mercado português
Qual é, atualmente, a importância do mercado português para a Azul, nomeadamente nas rotas domésticas. O número de passageiros portugueses é significativo?
Pode crescer mais. A TAP serve atualmente 11 cidade no Brasil e somos parceiros em todas essas cidades. Por isso, temos pessoas em todas as 158 cidades para onde voamos no Brasil que querem conhecer Portugal e que estamos a ajudar a distribuir para as cidades para onde a TAP voa. Mas também é verdade que há muitos portugueses a viajar para o Nordeste, via São Paulo, onde se localiza o nosso hub de Viracopos.

Temos dois voos diários para Lisboa e, durante o pico, em janeiro, tivemos três voos diários, mas é verdade que temos mais brasileiros a viajar para visitar a Europa do que portugueses a visitar o Brasil. Esta é a minha perceção, mas com certeza que os portugueses também estão a conhecer mais o Brasil, através dos voos da Azul e da TAP.

Em relação a Lisboa, disse que a capital portuguesa está com uma procura muito elevada, isso poderá levar a um aumento de operação para atender à procura para o verão do hemisfério Norte?

Sim, é possível. Começámos a rota com um voo diário e, depois, fomos para o Porto, mas, assim que pudemos, duplicámos os voos em Lisboa, até porque há muito boa conetividade com a TAP e isso levou-nos a perceber que não precisávamos voar para duas cidades diferentes em Portugal.

Na temporada alta, é sempre mais fácil ter disponibilidade para aumentar os voos e há vários dias em que temos três voos diários entre Campinas, que é o nosso principal hub, e Lisboa. Isto acontece porque há uma elevada procura de brasileiros. Em todas as cidades onde voamos no Brasil há pessoas que querem visitar Portugal.

Como está a ocupação dos voos da Azul entre São Paulo e Lisboa e qual é a previsão para o verão do hemisfério Norte?
Os nossos voos costumam estar sempre acima de 80% de ocupação. É algo que costumamos divulgar mensalmente e, por norma, os voos internacionais estão sempre um pouco acima dessa média doméstica.

Percebi pelas suas palavras que não está nos planos da Azul um regresso tão cedo ao Porto, correto?

Não está porque temos uma boa distribuição com a TAP e, por isso, não é necessário, neste momento, voar diretamente para o Porto.

A TAP tem uma ponte-aérea entre Lisboa e o Porto que distribui os passageiros e isso leva-nos a acreditar que é melhor voar para Lisboa, uma vez que há maior conetividade para a Azul.

Quem sabe no futuro isso pode mudar, mas, por enquanto, estamos apenas focados em Lisboa e acho que um bom parceiro também faz isso. Portanto, voamos para onde o nosso parceiro é forte para ajudar a distribuir os passageiros em ambos os lados.

Azul Viagens em Portugal
E há algum outro destino português que possa interessar à Azul, pelo menos, no futuro?
Aquilo que estamos a pensar é em como vender mais pacotes para Portugal. Temos uma empresa de pacotes de viagens, a Azul Viagens, e queremos vender o Algarve, o Porto, Beja ou Fátima. Este é o nosso foco, não só para vender o voo, mas todo um pacote que inclui o voo, mas também carro e hotel. Acredito que esta venda de pacotes pode ser muito benéfica para a Azul.

O objetivo é afirmar a Azul Viagens, o operador turístico da Azul, também em Portugal?
Já temos algumas lojas em Portugal, mas queremos ter mais porque temos a capacidade de vender esses pacotes no Brasil.

Por exemplo, nos EUA, somos o maior vendedor no Brasil da Disney de Orlando, muitos brasileiros visitam a Disney de Orlando e queremos fazer o mesmo com Portugal. Podemos vender muito mais pacotes para Portugal, mas temos de melhorar esta parte do negócio, isso faria muito sentido e, por isso, estamos a procurar hotéis e outros parceiros em Portugal para ajudar a aumentar as possibilidades de venda.

Aquilo que estamos a pensar é em como vender mais pacotes para Portugal. Temos uma empresa de pacotes de viagens, a Azul Viagens, e queremos vender o Algarve, o Porto, Beja ou Fátima. Este é o nosso foco neste momento

Já há alguma coisa fechada ou as negociações ainda continuam?
Estamos a conversar com muita gente e temos de construir o conteúdo. Isso implica ir ao destino, tirar fotos e, depois, levar os nossos vendedores para Portugal para conhecerem o destino.

Isso acontece porque o Brasil ainda tem muito o conceito de loja física, onde o cliente se senta em frente ao vendedor. Na Europa, há mais o costume de usar o online, o Booking.com e outros, mas o Brasil ainda está alguns anos atrás e o brasileiro ainda gosta de olhar nos olhos do vendedor para comprar pacotes de viagem.

Importância da tecnologia
A Azul lançou, em agosto de 2022, um projeto para criar a primeira ponte aérea biométrica do mundo, entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Como está a correr este projeto e que vantagens oferece a biometria à aviação?
Está a correr muito bem. Fala-se muito em transformação digital e naquilo que se vai fazer para tornar o negócio mais digital, e toda a gente contratou consultores e equipas especializadas, mas a coisa mais importante para a transformação digital foi a pandemia.

Com a pandemia, percebemos que as pessoas não queriam ter contacto com outras pessoas e isso levou a que mais de 75% dos nossos clientes já nem passem pelo balcão de check-in. Com a biometria, as pessoas chegam ao aeroporto e apenas têm de mostrar a sua cara, já não é preciso mostrar o boarding pass ou o passaporte. Tudo passou a ser feito por reconhecimento fácil, uma tecnologia moderna que funciona muito bem.

É uma forma de darmos um salto em frente e sermos uma empresa mais tecnológica. Mudámos o patamar nos últimos anos, somos a companhia aérea mais pontual do mundo, recebemos esse prémio em 2022, e isto tem muito a ver com o uso da tecnologia.

Temos visto, em vários lugares do mundo, o caos aéreo, seja na Europa ou nos EUA, e nós não tivemos essa experiência no Brasil, estamos até mais pontuais hoje do que aquilo que éramos antes da pandemia e muito disso tem a ver com a utilização da tecnologia.

A pontualidade valeu, inclusive, um prémio à Azul. Esses prémios são, de alguma forma, importantes para a imagem da companhia aérea junto dos passageiros?
Sim, é verdade. Recebemos o prémio da CIRIUM como companhia aérea mais pontual do mundo e isso aconteceu depois de termos também recebido um prémio do TripAdvisor, em 2019, para melhor companhia aérea do mundo. Isso faz com que a Azul seja reconhecida como uma empresa de qualidade, que é muito pontual e trata muito bem os clientes. Temos muito orgulho disso.

A coisa mais importante para a transformação digital foi a pandemia

Expectativas para 2023
Quais são as expectativas da Azul para 2023, um ano que está a ser ameaçado pela inflação e perda de poder de compra?
Podemos olhar para os dados e ficar tristes ou olhar para eles com otimismo. Prefiro olhar com otimismo. Por exemplo, há muito tempo que os juros estão altos e há inflação, mas o preço do combustível está quase 20% mais barato do que há um ano. E esse é o nosso principal custo.

Por outro lado, há maior procura. A máscara deixou de ser obrigatória no Brasil há pouco mais de 30 dias. Portanto, o facto da máscara já não ser obrigatória e do preço do combustível estar mais baixo, leva a que mais pessoas queiram viajar, até porque muita gente não pode ver os seus netos nos últimos três anos e muitas pessoas que têm o sonho de conhecer a Europa não tiveram essa oportunidade por causa da pandemia.

Além disso, tanto os brasileiros como os europeus estão quase 100% vacinados, o que também ajuda a que as pessoas queiram viajar e leva a que a procura esteja, neste momento, muito boa. Por isso, estou muito otimista sobre este ano.

No ano passado, vivemos uma situação muito pior porque, de um dia para o outro, o preço do combustível aumentou muito por causa da guerra na Ucrânia. Mas, agora, o preço do combustível está a cair e a procura está alta e estou muito otimista de que vamos ter um ano muito bom, temos visto isso nos números que já temos e só estamos no quarto mês do ano.

No ano passado, foi diferente. Janeiro começou com a Ómicron e, depois, quando a Ómicron passou, começou a guerra na Ucrânia e o preço do combustível disparou 50%.

Este ano, não temos essas situações e, por isso, estou mais otimista. Acredito que vamos ter muito mais pessoas a viajar e o que está a acontecer deixa-nos muito animados para 2023.

2023 pode ser um novo ano de recordes?
Sim, 2023 vai ser um ano de recordes na receita, também deve ser para a rentabilidade e, por isso, estamos muito animados. A pandemia ajudou-nos a ficar mais fortes, somos mais pontuais, mais eficientes e não recebemos nenhuma ajuda governamental. Tivemos de sobreviver sem ajuda do Governo e isso ajudou-nos a sair da pandemia muito mais fortes. Por isso, acredito que 2023 vai ser o ano mais forte da nossa história.

A pandemia também nos ajudou a crescer na logística e, atualmente, por exemplo, levamos manga de todo o Brasil para Portugal. As pessoas que comem manga no sul de França não sabem, mas a verdade é que essas mangas foram transportadas por um avião da Azul. Essa parte desenvolveu-se muito e foi crucial para que as companhias aéreas tenham sobrevivido aos piores momentos da pandemia.

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Edição Digital: dossier Alentejo, SUSTOUR, PNT, Nice e especial rent-a-car

Nesta edição, o Publituris publica um dossier dedicado ao Alentejo, com entrevistas ao atual presidente da ERT, Vítor Silva, o candidato do projeto “Nova Ambição”, José Manuel Santos, presidente da CVRA, Francisco Mateus, além de um artigo com alguns agentes da região. Além disso, destaque para o projeto SUSTOUR, a nova Plataforma Nacional de Turismo, o destino Nice, e um especial sobre o mercado rent-a-car.

Publituris

A próxima edição do Publituris, a primeira do mês de maio, faz capa com um dossier dedicado à região do Alentejo. Abrimos com uma entrevista ao atual presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo e da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPTA), Vítor Silva, que admitiu ao Publituris que o que caracteriza a oferta turística do Alentejo é a “qualidade”.

Ouvidos para este dossier foram, igualmente, sete agentes que operam no Alentejo – Toore de Palma Wine Hotel, Discovey Hotel Management, Sines Sea View Business & Leisure Hotel, Unlock Boutique Hotels, Convento do Espinheiro, Casa das Letras Bed&Books e Vila Galé – que revelaram que a calma e fuga do burburinho das grandes cidades são o cartão de vista tanto para residentes como não residentes.

Em vésperas de eleições para a ERT do Alentejo, o Publituris falou, também, com José Manuel Santos, líder do projeto “Nova Ambição” e que revelou o que irá fazer para transformar [ainda mais] o turismo na região.

Com o segmento do enoturismo a ganhar força e peso na oferta turística, quisemos saber junto do presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus, o que é que está a ser feito para dinamizar o enoturismo na região. Certo é que para o presidente da CVRA, o enoturismo é “uma das âncoras do turismo no Alentejo”.

Na “Distribuição”, entrevistámos Paula Antunes, diretora da APAVT com o pelouro da Sustentabilidade, a propósito do projeto SUSTOUR e ficámos a saber que já há mais de 40 agências de viagens com coordenadores de sustentabilidade formados e 15 que já atingiram o estatuto de “Travelife Partner”.

Em “Destinos”, damos conta da criação da Plataforma Nacional de Turismo (PNT) que junta academia e organizações empresariais para potenciar o setor.

Também em “Destinos”, fomos conhecer a proposta de Nice para atrair os portugueses. Nas palavras de Lauriano Azinheirinha, diretor do gabinete de turismo e congressos de Nice e Cote d’Azur, “o mercado português ainda não conhece o destino Nice”, pelo que o património cultural e histórico, mas também a gastronomia são apontados como os grandes chamarizes.

Nos “Transportes”, damos a conhecer as expectativas do mercado rent-a-car. Depois da pandemia, a procura voltou em força, o que dá boas expectativas às empresas de rent-a-car que atuam em Portugal. As expectativas apontam para um ano melhor que 2022 e que pode até ultrapassar o período pré-pandemia.

Além do Pulse Report, uma parceria com a GuestCentric, esta edição do Publituris publica as opiniões de Jaime Quesado (economista e gestor), António Jorge Costa (IPDT), Luiz S. Marques (consultor), e António Paquete (economista).

Leia a edição aqui.

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Parques temáticos e de diversões retomam normalidade e já crescem acima de 2019

A acalmia na COVID-19 ditou o regresso dos visitantes aos parques temáticos e de diversões que existem em território nacional, muitos dos quais estão já a crescer acima do período pré-pandemia. A recuperação e retoma da normalidade é uma realidade e está mesmo a levar a novas apostas e à apresentação de muitas novidades, apesar do peso que a inflação poderá vir a ter na carteira dos portugueses e estrangeiros que visitam estes parques.

Inês de Matos

As restrições derivadas da pandemia da COVID-19 tiveram um impacto profundo na atividade dos parques temáticos e de diversões nacionais. Estes espaços, habituados a darem asas à animação de miúdos e graúdos, foram obrigados a funcionar de forma limitada por questões sanitárias e, por isso, não admira que, assim que as restrições foram levantadas, se tenha assistido a um regresso em grande escala do público.

“Logo após o término das restrições, e tal como seria de esperar, o número de entradas aumentou”, indica ao Publituris o Jardim Zoológico de Lisboa, explicando que 2022 ainda foi um ano atípico no número de visitantes uma vez que, em parte do ano, os parques temáticos e de diversões ainda funcionaram com as limitações originadas pela pandemia. Ainda assim, o Jardim Zoológico de Lisboa diz que, a meio do ano, quando as restrições foram levantadas, se notou o regresso do público, de tal forma que “o volume mensal de visitantes foi reposto”.

A experiência do Jardim Zoológico de Lisboa foi, aliás, comum à maioria dos parques que existem em território nacional e com os quais o Publituris foi falar, que relatam, quase sem exceção, que “2022 foi um ano de grande recuperação”, como indica Cláudia Correia, diretora de Comunicação & Relações Públicas do Slide&Splash, parque aquático no Algarve, cuja reabertura para a temporada de 2023 decorre este sábado, 1 de abril.

Em 2022, acrescenta a responsável do Slide&Splash, o parque conseguiu “igualar o número de visitantes do ano 2019, ou seja, 340 mil pessoas visitaram o Slide & Splash em 2022”.

2022 foi também o ano do regresso à normalidade no Zoomarine, que alcançou mesmo um novo recorde no que ao número de visitantes diz respeito. “O Zoomarine prosseguiu em 2022 com o plano estratégico de reforço e melhoria contínua da sua oferta de lazer e entretenimento familiar, empenhado em recuperar o intervalo dos anos pandémicos, desafio esse que, podemos já assumir como superado pelo novo recorde de mais de 586 mil visitantes em 2022 – o 5.º melhor ano em número de visitantes”, indica o conhecido parque algarvio.

Com o término das restrições, mantivemos os visitantes portugueses e regressaram os turistas que já nos visitavam antes da pandemia”, Jardim Zoológico de Lisboa

“Foi sem dúvida o ano do regresso à normalidade, do reencontro de sorrisos entre a família e amigos, de voltar a viajar, vivenciar experiências e emoções ímpares”, acrescenta o Zoomarine.

O ano passado foi ainda positivo para o Dino Parque, o parque temático da Lourinhã dedicado aos dinossauros, que recebeu, em 2022, 184 mil visitantes, “ligeiramente acima do que era estimado para o ano de 2022”, segundo Luís Rocha, diretor-geral do Dino Parque, que revela ainda que, no ano passado, o parque da Lourinhã recuperou o número de visitantes que recebia no pré-pandemia, com exceção do “segmento das visitas escolares”, que, segundo o responsável, “cresceu a um ritmo ligeiramente inferior aos restantes”.

O ano de 2022 foi igualmente “um ano bastante positivo” para o Pena Aventura Park, parque dedicado à aventura e que se localiza em Ribeira de Pena, que recebeu cerca de 60 mil visitantes no ano passado e que aproveitou a “pausa” da pandemia para proceder a melhorias, nomeadamente ao nível da “digitalização de alguns processos e a reformulação de algumas áreas com objetivo da melhoria do fluxo de pessoas no parque”. Além de já ter recuperado o número de visitantes pré-pandemia, o Pena Aventura Park conseguiu mesmo “um aumento de cerca de 15% do volume de negócios comparativamente com 2019”.

E também o Monkey Park, cujo conceito remete para a selva e para os animais, faz um balanço positivo, revelando ao Publituris que “2022 foi um ano excelente”, que permitiu continuar a aumentar o número de visitantes no parque de Esposende, que abriu em julho de 2018, e apostar na abertura de um segundo parque, em Braga, e cuja abertura aconteceu em outubro do ano passado. “Temos vindo sempre a aumentar o nosso número de visitantes, o que nos permitiu apostar na abertura do MonkeyPark Braga. No ano de 2022, tivemos aproximadamente 35.000 visitantes”, indica o Monkey Park, revelando que o aumento de visitantes face a 2019 também se deve às ações promocionais levadas a cabo.

São cada vez mais as pessoas que procuram ter um estilo de vida saudável, sendo os parques aventura ideais para uma fuga ao rebuliço do quotidiano da cidade, onde o contacto com a natureza é permanente e de fácil acesso”, Pena Aventura Park

Portugueses e europeus em destaque
A contribuir para que 2022 tenha sido já um ano positivo para os parques temáticos e de diversões esteve o público, que regressou em força a estes espaços, depois de dois anos de pandemia que restringiram fortemente as deslocações e atividades em família.

“Depois de dois anos com tantas restrições, sem dúvida que existia um forte desejo de regressar a uma normalidade anterior a 2020, e de disfrutar de atividades em família”, refere Luís Rocha, diretor-geral do Dino Parque, indicando que “o segmento famílias inclusive cresceu ligeiramente, mesmo apesar do impacto da guerra e da elevada taxa de inflação” e que, para este ano, se espera que também o segmento das famílias internacionais venha a “apresentar crescimento”, nomeadamente “em linha com a recuperação desses mercados a nível nacional”.

No ano passado, assim como durante a época da pandemia, o Dino Parque continuou a ter visitantes provenientes dos mercados espanhol e francês, com Luís Rocha a revelar mesmo que “2022 mostrou um crescimento muito interessante no que respeita a visitantes internacionais, com destaque para o mercado espanhol”, ainda que, acrescenta o responsável, “quase todos os principais mercados emissores de turistas para Portugal” tenham mostrado “uma recuperação comparável aos números pré-pandemia”.

Em vários dos parques ouvidos pelo Publituris, este crescimento nos visitantes internacionais é já uma realidade, a exemplo também do Jardim Zoológico de Lisboa. “Com o término das restrições, mantivemos os visitantes portugueses e regressaram os turistas que já nos visitavam antes da pandemia”, indica o parque dedicado aos animais, destacando que, além dos portugueses, que foram o principal público na pandemia, também os “visitantes espanhóis, franceses e ingleses” já retomaram as visitas ao Jardim Zoológico de Lisboa.

Não sendo esta uma atividade de necessidade prioritária, o grande desafio será continuar a criar condições de excelência de serviço e de produto que continuem a ser apelativas”, Monkey Park

No Zoomarine, o cenário é idêntico e, além dos visitantes nacionais, que representam 61,5% das visitas totais ao Zoomarine, também “o mercado externo retomou a sua procura”, registando-se, atualmente, “um crescimento conjunto dos principais mercados emissores já próximo dos níveis que 2019”, com destaque para mercados como o Reino Unido (19,8%), Espanha (3,9%), Bélgica (2,7%), Holanda (2,3%) e França (1,5%) que, em conjunto, representaram mais de 30% dos visitantes de 2022 no Zoomarine.

No Slide & Splash também não se regista grande variação no que diz respeitos aos principais mercados de onde são originários os visitantes do parque aquático, com Cláudia Correia a revelar que o Slide & Splash “mantém os mesmos mercados, inglês e português maioritariamente, seguidos do francês, holandês, alemão e espanhol”.

Nos restantes parques contactados pelo Publituris, o panorama não se altera substancialmente, uma vez que também o Monkey Park indica que, além dos nacionais, a maior parte dos visitantes são “espanhóis e franceses”, que procuram os parques de Esposende e Braga em “ambiente familiar”, enquanto no Pena Aventura Park a maior parte dos visitantes também é dos mercados português, assim como do espanhol e francês.

Desafios não devem afastar visitantes em 2023
É verdade que a pandemia parece já ter ficado para trás, o que quer dizer que os parques já não vão ter de se preocupar com as regras sanitárias que a COVID-19 impunha. No entanto, há, atualmente, outros desafios que podem afastar o público destes recintos, e o principal é mesmo a inflação galopante que ameaça o poder de compra dos portugueses e europeus. É que, como diz o diretor-geral do Dino Parque, “o aumento das taxas de juro que se está a refletir sobretudo nas prestações à habitação, a inflação e o aumento dos preços não deixarão de criar alguma incerteza”, devido ao impacto no rendimento das famílias.

Luís Rocha acredita que “o setor do lazer, e, em concreto, dos parques temáticos, pode ser um dos mais afetados”, apesar de também defender que este é “um setor resiliente” e que a “experiência memorável, em família, e com uma combinação perfeita entre lazer e conhecimento” que o Dino Parque oferece vai falar mais alto e continuar a atrair visitantes.

Por isso, o responsável declara-se moderadamente otimista e diz acreditar que “as famílias, principalmente as com crianças, sintam a necessidade de se juntar e fazer planos para dias especiais. E o Dino Parque Lourinhã é o local ideal para um passeio em família”, conclui.

E também o Pena Aventura Park diz ter boas expectativas e espera crescer 10% em visitantes, até porque “são cada vez mais as pessoas que procuram ter um estilo de vida saudável, sendo os parques aventura ideais para uma fuga ao rebuliço do quotidiano da cidade, onde o contacto com a natureza é permanente e de fácil acesso”. Apesar disso, o parque receia que o aumento do custo de vida possa ter interferência e “dificultar o acesso de muitas famílias”.

Depois de dois anos com tantas restrições, sem dúvida que existia um forte desejo de regressar a uma normalidade anterior a 2020, e de disfrutar de atividades em família”, Luís Rocha, diretor-geral Dino Parque.

Pela mesma bitola alinha ainda o Monkey Park, que considera que, não sendo esta uma “atividade de necessidade prioritária, o grande desafio será continuar a criar condições de excelência de serviço e de produto que continuem a ser apelativas” para os clientes.

Aos desafios do aumento do custo de vida, o Slide&Splash junta ainda a dificuldade de contratar recursos humanos, ainda que Cláudia Correia considere que 2023 traz também oportunidades, a começar, desde logo, pelo facto do Slide&Splash estar localizado no Algarve. “O parque está localizado numa região privilegiada, o Algarve, zona premium no verão em Portugal e é uma alternativa à praia”, indica a responsável, frisando que também Portugal é “considerado um destino turístico seguro, pacífico e muito atrativo”.

Já o Jardim Zoológico de Lisboa prefere falar nas oportunidades, com destaque para um tema que, no passado, era visto como um desafio mas que, atualmente, funciona como uma oportunidade para atrair visitantes: a biodiversidade e as alterações climáticas.

2022 foi, sem dúvida, o ano do regresso à normalidade, do reencontro de sorrisos entre a família e amigos, de voltar a viajar, vivenciar experiências e emoções ímpares”, Zoomarine

“Os visitantes estão hoje mais conscientes da problemática da perda da biodiversidade e alterações climáticas”, indica o Jardim Zoológico de Lisboa, explicando que, voluntariamente, os visitantes procuram saber o que podem fazer pela conservação das espécies, pelo que “este que era um desafio do passado foi ultrapassado e é agora uma oportunidade do presente”.

No Zoomarine, o “compromisso para a conservação das espécies e educação ambiental e sustentabilidade” também é vista como oportunidade, motivo pelo qual o parque tem investido em “energias renováveis e utilização de produtos e processos amigos do ambiente”.

Neste ponto, acrescenta o Zoomarine, a “vertente educativa” é vista como outra oportunidade, pois, através do entretenimento, estes parques “desempenham um importantíssimo papel informativo junto dos visitantes e comunidade onde se inserem, assente na promoção do conhecimento, preservação e educação ambiental de uma forma divertida e apaixonada”.

O Slide & Splash mantém os mesmos mercados, inglês e português maioritariamente, seguidos do francês, holandês, alemão e espanhol”

Além disso, o Zoomarine considera que também a “aposta na inovação e na digitalização”, assim como a valorização das pessoas são desafios que também se colocam aos parques temáticos e de diversões.

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Turismo nos Municípios: Na promoção é que está o ganho

Ter ou anunciar uma vasta oferta turística, de experiências ou locais não é, hoje em dia, suficiente. A promoção, nos mais diversos canais, é fundamental para chegar ao público-alvo e, por isso, os 11 municípios ouvidos pelo Publituris estão no terreno com várias ações.

Victor Jorge

A promoção eficiente e eficaz é, atualmente, tão ou mais importante que ter (simplesmente) uma oferta turística diversa. Sem campanhas de promoção ou divulgação nos mais diversos mais disponíveis faz com que se crie awarness das propostas apresentadas, onde o digital tem vindo a ganhar cada vez mais relevância, com recursos à tecnologia.

Em Vila Nova de Gaia a estratégia passa por um modelo de dinamização do território composto por quatro polos de desenvolvimento e dez circuitos temáticos transversais (praias, património religioso, artistas, história e cultura, fauna e flora, turismo ativo, expressões populares, mercados e feiras, desporto de competição, meeting industry e turismo industrial).

Deste modo, o polo 1 centra-se na dinamização da história do Vinho do Porto e nos recursos culturais e patrimoniais. O polo 2 promove o produto sol e mar, potenciando toda a qualidade das praias, enquanto o polo 3 tem o rio Douro como âncora, pela sua dinâmica, notoriedade e beleza natural. Por fim, o polo 4 procura potenciar a vertente cultural, sobretudo através do património religioso.

De resto, o município de Gaia preparou, recentemente, um documento estratégico que visa “orientar o desenvolvimento turístico até 2025”, refere o presidente da Câmara Eduardo Vítor Rodrigues. “O plano estratégico apresentado pelo Município de Gaia apresenta a visão para o turismo, desenvolvido pelo IPDT – Turismo e Consultoria, e pretende promover a diversificação da oferta, a preservação dos recursos e das tradições, a sustentabilidade e a geração de valor para todos. Só assim será possível atingir o objetivo: o posicionamento, no mercado nacional e internacional, de ‘Gaia, the Home of Port Wine’”. Pretende-se que o Vinho do Porto seja “o ponto de partida para uma experiência mais alargada” e, portanto, a aposta é clara: “Vila Nova de Gaia deve ser reconhecida como o melhor destino vínico de Portugal, casa do Vinho do Porto, de pessoas genuínas e praias de excelência, palco de paisagens desenhadas pelo Rio Douro, e pela mão de artistas intemporais, território de património único, e de histórias e natureza inexploradas, onde se vive em segurança, se preserva o ambiente e se valoriza a cultura e a sua diversidade”.

Em Coimbra, a estratégia passa pela “valorização dos ativos que nos definem e nos diferenciam enquanto destino turístico, tirando o máximo partido da centralidade geográfica, da qualidade dos acessos, do património histórico, natural e edificado, e da herança cultural e gastronómica que nos torna únicos”. Assim, todo este património é promovido através da oferta e divulgação de material promocional, sendo de assinalar, também, a presença e participação do Município de Coimbra em Feiras de Turismo, seja a nível nacional ou a nível internacional, integrando ações conjuntas de valorização e promoção do território, promovidas pela CIM – Região de Coimbra.

Também na “Cidade dos Estudantes” está a ser delineado um plano estratégico que assenta na promoção e valorização do património cultural, material e imaterial, promovendo uma oferta turística diversificada e integrada, que visa otimizar a relação existente entre o património classificado pela UNESCO e os demais ativos e fatores de atratividade turística. A estratégia está alicerçada em três eixos fundamentais – Património, Eventos e Corporate -, representando a identidade e os recursos turísticos existentes no território e que permitem afirmar e projetar Coimbra a nível nacional e internacional. O plano em questão define as áreas de atuação prioritárias para os próximos três anos, que passam desde logo pelo reforço de sinergias entre os agentes turísticos, comerciais e culturais, e pela melhoria da estratégia de marketing e comunicação, de modo a elevar Coimbra a um polo de atração turística sustentável e inovador.

Aposta digital e muitas feiras
Rui Costa, vereador da Câmara de Alenquer, promove a oferta turística por via de uma estratégia de comunicação global, através do site autárquico e das newsletters institucionais, impulsionada pelas redes sociais do município (Facebook, Instagram e Linkedin), pelos jornais e rádios regionais, através de outdoors, pontualmente em revistas de turismo e/ou de lifestyle, e também através de alguns produtos de comunicação dedicados (como brochuras, flyers, etc.).

“Apostamos ainda na presença em feiras de turismo e enoturismo em Portugal e no estrangeiro, promovendo também a assessoria mediática de informação e ativações de marca em meios de comunicação social nacionais”, diz o vereador. Entre as ações a promover a curto e médio prazo estão a tradição de “Pintar e Cantar dos Reis” – tradição elevada a Património Cultural Imaterial Nacional em 2021 e que o município pretende candidatar ainda este ano [2023] a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. A data do aniversário de Damião de Góis, as Festas do Espírito Santo, “Alma do Vinho” ou as visitas guiadas ao Presépio Monumental são algumas das ações destacadas, além da participação em Feiras de Turismo – como foi o caso da FITUR, em Madrid, e recentemente na BTL, em Lisboa, estando previsto, até ao final do ano de 2023, a participação em pelo menos mais duas feiras.

Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra, indica o desenvolvimento de várias ações de promoção em parceria com outras entidades, designadamente, no âmbito da Área Metropolitana de Lisboa, sobretudo, “através da participação em feiras de turismo internacionais e dos contactos regulares com imprensa nacional e estrangeira”. Assim, o Festival de Sintra, Ópera de Rua, Bailado em Seteais, Música no Centro, Reino do Natal, Corrida Fim da Europa, Sintra Trail Monte da Lua, Rally das Camélias ou Pequenas Rotas de Sintra-Pedestrianismo são promovidas de forma a “ir ao encontro das expectativas de quem vive, trabalha e visita Sintra”.

Tal como Alenquer, também Cascais tem uma forte componente digital nas ações de promoção, evidenciando Bernardo Corrêa de Barros, presidente da Associação de Turismo de Cascais, que o pilar do marketing digital, salientando “a aposta na integração dos vários sites/plataformas numa nova plataforma de venda direta para os associados (Cascais Virtual & Marketplace)”, bem como “a produção de conteúdos em parceria com a revista TimeOut nacional e internacional e da divulgação continua do vídeo dos nómadas digitais que nos tem feito ganhar diversos prémios internacionais”. Além disso, destaque ainda para o apoio a produções cinematográficas na região, bem como de produções de moda; presença em certames e fóruns, “cautelosamente selecionados, que permitam reforçar o posicionamento de Cascais como oferta premium”; desenvolvimento do “Awe&some Cascais – Extraordinary Event Hubs”, promovido pela Turismo de Cascais, numa inovadora abordagem ao mercado M&I, no formato de HUBs; e eventos de cariz internacional, concluindo Corrêa de Barros que, “têm um papel central na dinamização do tecido empresarial local, pelo impacto direto que encerram, e pela capacidade de projeção do destino que a eles está associado”.

As feiras, nacionais e internacionais são tidas no município de Alcochete como “estratégicas para a promoção do território enquanto destino turístico”, diz Fernando Pinto, presidente da Câmara, sendo que a prioridade passa por “consolidar as matérias que compõem os eixos orientadores da gestão estratégica, criando assim uma base que sustente outras ações”.

Em Palmela, a promoção da oferta turística é alavancada na marca territorial “Município Palmela Conquista” que este ano comemora o seu 10.º aniversário, capitalizando a notoriedade conseguida com o título “Palmela, Cidade Europeia do Vinho 2012” ao mesmo tempo que “projeta a imagem do território associada à sua riqueza histórica, ao património natural e cultural, à qualidade dos produtos locais e aos saberes e tradições genuínos”, refere o vereador responsável pelo turismo, Luís Miguel Calha. .

Toda esta dinâmica ganha expressão em canais de comunicação institucionais criados exclusivamente para comunicar este eixo estratégico, tendo sido lançado, recentemente, o novo site VisitPalmela.pt que apresenta ao visitante, numa lógica de navegabilidade intuitiva, um acervo de informação turística, capacitando e convidando o utilizador a conhecer, explorar, saborear e a planear uma visita ao território.

“Apostamos muito no marketing territorial através de diversas campanhas, nos mercados internos e externos, e na relação com universidades e centros de investigação aumentando a nossa atratividade e competitividade”, termina Luís Miguel Calha.

O município de Setúbal, por sua vez, tem cimentado a sua marca e oferta turística ao longo dos últimos anos em diversos canais, e simultaneamente com a presença em feiras de Turismo estratégicas nos mercados de interesse. De igual modo, tem garantido presença em diversas publicações, em suporte papel e digital, bem como na continuada aposta na realização de Press e FAM trips para apresentar os produtos turísticos do destino Setúbal.

“Identidade, sustentabilidade e inclusão são os três principais eixos da estratégia do turismo em Setúbal e o forte relacionamento e interação permanente com os operadores turísticos tem permitido a concertação da estratégia e posicionamento de Setúbal em mercados nacionais e estrangeiros”, disse o departamento de Turismo de Setúbal.

No que diz respeito aos objetivos definidos na estratégia do município de Setúbal para a estão a afirmação do turismo como hub para o desenvolvimento económico, social e ambiental na região de Setúbal, integrado no Plano estratégico nacional para o Turismo 2027, do Turismo de Portugal; posicionar Setúbal como um dos destinos turísticos mais competitivos e sustentáveis da região de Lisboa (AML); reforçar a identidade e autenticidade da região como fator diferencial na oferta nacional e internacional; além de apostar em nichos de mercado para diversificar a oferta e combater a sazonalidade (golfe, vinhos, gastronomia, birdwatching, percursos pedestres).

Dar maior ênfase ao digital também está entre a aposta ao nível da comunicação exterior de Mora, tendo sido com esse propósito que o município lançou, recentemente, o novo site do Turismo do Município (www.visitmora.pt), que pretende dar aos turistas toda a informação necessária ao visitarem o nosso concelho.

A médio prazo, existe o objetivo de ponderar a criação de vários quiosques automáticos, possibilitando que quem visite Mora pela EN2 tenha, posteriormente, um circuito alternativo e que acabe por dar descontos e vantagens no comércio local.

Paralelamente a todas estas atividades, Paula Chuço, presidente da Câmara de Mora, adianta que “existe a procura de iniciar o turismo de massa através da assinatura de vários protocolos com operadores turísticos que garanta estes bilhetes a preços muito vantajosos e que se traduza num acréscimo grande das excursões e visitantes ao Município de mora”.

Ainda no Alentejo, Marcos Aguiar frisa que, além do recurso a diversos meios e canais de comunicação, Aljustrel promove-se “merchandising criado propositadamente para o efeito e à produção de conteúdos didáticos e audiovisuais, como é o caso de vídeos promocionais”. Por isso mesmo, a Câmara Municipal da vila mineira está a preparar “novos conteúdos escritos e audiovisuais para dar a conhecer todo o produto turístico ao nível do turismo industrial e mineiro”.

Finalmente, em Lagos, o presidente da Câmara, Hugo Pereira, salienta as feiras como “um excelente instrumento de promoção do município”, destacando o apoio da Região de Turismo do Algarve como “imprescindível” na promoção “equilibrada de toda a região com várias ações e iniciativas”.

 

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Turismo nos Municípios: Estruturante e de importância inegável

Com o turismo a regressar aos seus “bons tempos”, cada vez mais os 308 municípios de Portugal percebem que o turismo assume um papel importante e estruturante no desenvolvimento do respetivo território. O Publituris foi tentar perceber que importância tem, de facto, o turismo em nove destes municípios e que oferta turística é oferecida, como é promovida e que desafios enfrentam para atrair turistas.

Victor Jorge

Portugal possui, atualmente, 308 municípios, dos quais 278 no Continente, 19 na Região Autónoma dos Açores e 11 na Região Autónoma da Madeira. O papel dos municípios no crescimento do turismo em cada região tem sido apontado por governantes, entidades direta ou indiretamente ligadas ao turismo e próprios munícipes como essencial para a diversificação da oferta que Portugal poderá e terá de oferecer ao mundo, mas, também, como um fator preponderante no desenvolvimento socioeconómico das diversas regiões do nosso país.

Não é por acaso que, tanto a nível nacional como internacional, o destaque é dado cada vez mais, às comunidades locais e como estas, de facto, conseguem oferecer experiências autênticas, diversas, inclusivas e contribuir não só para a criação de riqueza, como para a valorização dos diferentes territórios.

Dos 308 municípios existentes, o Publituris foi tentar perceber em nove o que move o município no que diz respeito ao turismo, que tipo de turistas os visitam, que oferta turística existe e como é promovida, que apoios têm recebido e quais os principais desafios.

De Norte até à capital
Na margem do rio Douro que alberga um dos produtos turísticos mais relevantes para a cidade – as Caves de Vinho do Porto -, “o contributo direto do turismo para o volume de negócios global de Vila Nova de Gaia (VNG) é de, aproximadamente, 4%”, diz-nos o presidente da Câmara Municipal, Eduardo Vítor Rodrigues. Além disso, o turismo é a terceira atividade económica com maior contributo direto para o Valor Acrescentado Bruto Global de Vila Nova de Gaia, com 6,9%, o que leva o autarca a admitir que, perante estes dados, “é inegável que o turismo assuma um papel muito estratégico para esta cidade” e, como tal, são assumidos compromissos que tendem a responder a quatro principais objetivos: “assegurar o crescimento turístico de Gaia de forma sustentada; melhorar continuamente a qualidade da experiência turística; reforçar a notoriedade da cidade e a presença nos mercados nacional e internacional; e contribuir diretamente para o crescimento económico e social de Vila Nova de Gaia”.

É inegável que o turismo assuma um papel muito estratégico para esta cidade”, Eduardo Vítor Rodrigues (Vila Nova de Gaia)

Na cidade dos estudantes, Francisco Veiga, vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, com competências delegadas na área do Turismo, segue a mesma linha ao afirmar que “o turismo possui uma importância estratégica na promoção do nosso território, sendo uma área de atuação fundamental para o desenvolvimento económico e social da nossa cidade e da região envolvente”.

O turismo possui uma importância estratégica na promoção do nosso território”, Francisco Veiga (Coimbra)

Viajando para Sul, Rui Costa, vereador da Câmara Municipal de Alenquer, salienta que, nos últimos anos, o executivo municipal tem vindo a trabalhar, de forma progressiva, o turismo “numa lógica integrada de recuperação do património material e imaterial do concelho, desenvolvendo os principais eixos da sua cultura e identidade com foco na vertente turística, considerando a sua proximidade estratégica da capital”, frisando que, “sob este desígnio podemos afirmar que, à data de hoje, o turismo é, e continua a ser, uma prioridade para este executivo”.

À volta da capital
Chegados à Área Metropolitana de Lisboa (AML), Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra, refere a “atividade fundamental” que o turismo é para Sintra, mas, “pela heterogeneidade de atividades no município e pela dimensão do território”, salienta que esta “não é a principal atividade geradora de receita para este município”.

Reconhecendo, contudo, o “contributo para o crescimento de Sintra”, considera que este crescimento deveu-se, num primeiro momento, “à classificação da Paisagem Cultural de Sintra como Património Mundial, e posteriormente, ao aumento exponencial do turismo na capital, Lisboa, e a localização geográfica de excelência de Sintra relativamente a Lisboa”.

Por maior que seja a importância do turismo em Sintra, nunca poderemos esquecer o indispensável contributo da indústria e dos restantes serviços para o desenvolvimento económico e social do concelho”, Basílio Horta (Sintra)

“Mas por maior que seja a importância do turismo em Sintra nunca poderemos esquecer o indispensável contributo da indústria e dos restantes serviços para o desenvolvimento económico e social do concelho”, destaca Basílio Horta.

A poucos quilómetros de distância, Bernardo Corrêa de Barros, presidente da Associação de Turismo de Cascais., justifica a importância do turismo para o município com números: “18% da atividade económica do município, tendo Cascais recebido, em 2022, 491.241 turistas e um total de 1.181.877 dormidas”, de acordo com os dados mais recentes recolhidos e processados pelo Turismo de Cascais.

Em termos financeiros, Bernardo Corrêa de Barros salienta o crescimento em “18,3% do preço médio por quarto ocupado, nos 133,80 euros, o que representa um incremento de 21% face ao período pré-pandémico, em 2019”, indicando ainda que a receita por quarto disponível (RevPAR) apresentou um “desempenho notável”, atingindo um aumento de 18% comparativamente a 2019, considerado o melhor ano de sempre.

18% da atividade económica do município está no turismo”, Bernardo Corrêa de Barros (Cascais)

Passando para a Margem Sul do Tejo, Fernando Pinto, presidente da Câmara Municipal de Alcochete, não contradiz os colegas autarcas quanto à relevância do turismo, apontando o “peso crescente na atividade económica do município, sendo os seus efeitos mais visíveis diretamente na restauração, no alojamento turístico e no turismo de natureza”.

A caminho de Setúbal, passamos por Palmela, onde Luís Miguel Calha, responsável pelo pelouro do Desenvolvimento Económico e Turismo da Câmara Municipal, admite que o turismo é uma atividade económica “estruturante para o desenvolvimento sustentável do território”, referindo ainda que o turismo “é importante do ponto de vista da criação de emprego e desenvolvimento económico, mas é, igualmente, determinante para o sentimento de pertença, preservação da identidade e auto-estima da comunidade”.

Chegado a Setúbal, o departamento de Turismo refere ao jornal Publituris que esta atividade tem sido “fundamental para o apoio a alguns setores económicos da região, com destaque para o crescimento da restauração e aumento de micro-empresas de animação turística que têm potenciado novos produtos turísticos, contribuindo para um aumento do tempo de estadia do visitante nacional e estrangeiro à nossa região”.

O interior Sul e o Algarve
Vila portuguesa, no distrito de Évora, na região do Alentejo Central, fazendo fronteira com o Ribatejo, Mora, com cerca de 4.000 habitantes, dos quais menos de metade se encontra em idade ativa, “o envelhecimento da população, aliado à migração dos jovens, tem dificultado a instalação de indústrias e/ou outras entidades empregadoras”, refere Paula Chuço, presidente da Câmara Municipal de Mora. Perante esta situação, admite que o turismo “acaba por surgir como a principal fonte de receita dos negócios locais, fomentando o desenvolvimento económico e permitindo a divulgação do território por novos públicos”. Assim, por outras palavras, o turismo “acaba por ser considerado a atividade ‘core’, trazendo a Mora milhares de pessoas anualmente”.

[O turismo] “acaba por surgir como a principal fonte de receita dos negócios locais”, Paula Chuço (Mora)

Mais para Sul e no Baixo Alentejo profundo, fazendo parte da Rota da N2, o turismo ganha “uma importância cada vez mais significativa no concelho de Aljustrel”, diz Marcos Aguiar, do Gabinete do presidente da Câmara Municipal. Por isso, salienta que o município está a trabalhar na “estruturação do produto turístico”, assentando o principal pilar no Turismo Industrial e Mineiro, uma marca considerada “incontornável” deste território. “Somos uma vila mineira, um concelho mineiro, que é marcado pela atividade extrativa ao longo de séculos. Somos detentores de um rico e vasto património histórico e arqueológico, com cerca de 5 mil anos de mineração, mas também geológico”. Assim, Marcos Aguiar considera que existem “condições únicas e marcas distintivas na Faixa Piritosa Ibérica”, considerando mesmo que o município se pode tornar “numa referência a nível nacional e internacional”, juntando outras vertentes, nomeadamente, o turismo de natureza, turismo náutico, enoturismo e a própria Rota da N2. No fundo, frisa, o turismo é “considerado como um fator “determinante para o desenvolvimento económico e social do concelho de Aljustrel”.

Chegados ao Algarve, à semelhança da restante região do Algarve, o setor do turismo “sempre foi uma das componentes de maior relevância na socioeconomia do concelho de Lagos”, diz-nos o presidente da Câmara, Hugo Pereira. “Graças ao nosso excelente clima e condições de mar, mas também valências como o património histórico, cultural e natural, Lagos tem sido escolha de cada vez mais visitantes anuais, pelo que acaba por favorecer os setores da hotelaria e restauração, assim como operadores turísticos do concelho”, diz.

Dos vinhos aos estudantes
Mas o que move os turistas a visitarem estes nove concelhos de Portugal. Em Vila Nova de Gaia, a cidade é visitada por turistas nacionais e estrangeiros, escolhida pela sua “diversidade natural e cultural, pela qualidade de vida, pela excelente localização geográfica”, diz Eduardo Vítor Rodrigues. “Quem nos visita procura produtos locais genuínos, um património vínico, mas também um Património Mundial da UNESCO e um património arquitetónico e histórico”, aponta o edil.

No Centro de Portugal, Francisco Veiga admite que Coimbra é visita por turistas provenientes de todas as partes do mundo, embora indique “uma maior prevalência de turistas oriundos da América do Sul, sobretudo do Brasil, do mercado espanhol e anglo-saxónico”. Notado, nos últimos anos, devido ao crescimento do turismo religioso e aos recentes achados arqueológicos que remetem para vestígios da presença de judeus em Coimbra, “temos também assistido a um aumento da procura por parte de turistas com interesses culturais ligados à comunidade judaica”, salienta o vice-presidente da Câmara de Coimbra.

O principal motivo de atração centra-se, naturalmente, em torno do conjunto arquitetónico Universidade de Coimbra, Alta e Sofia e da relevância cultural deste património de valor universal, classificado Património Mundial. “De uma maneira geral, os turistas que visitam Coimbra procuram conhecer o património histórico, natural e edificado, absorver a identidade da cidade através das sua cultura e tradições, valorizar a experiência e desfrutar da nossa herança gastronómica e património doceiro”, frisa Francisco Veiga.

Já na vertente do Turismo de Negócios, a cidade é procurada, sobretudo, porque Coimbra possui “infraestruturas e equipamentos de excelência que a distinguem e que lhe permitem afirmar-se neste segmento de turismo em particular”, destacando-se, naturalmente, as valências do Convento São Francisco, enquanto Centro Cultural e de Congressos, “que assume uma importância estratégica no crescimento do turismo cultural, onde se inclui a vertente científica e de negócios”, termina o responsável com competências delegadas na área do turismo.

Em Alenquer, a maior parte dos turistas são portugueses e visitam o município para conhecer “o património, museus, quintas produtoras de vinho e a paisagem vinhateira”, refere Rui Costa. No que toca aos visitantes estrangeiros que passam por Alenquer cumprem maioritariamente dois propósitos: “vertente dos casamentos, que ocorrem às várias centenas por ano, nas muitas quintas seculares do concelho; como se deslocam propositadamente a Alenquer para realizar atividades no âmbito do enoturismo, dado conhecerem bem os nossos produtores que, ao contrário da maioria das regiões vitivinícolas, exportam quase a totalidade da sua produção para todos os continentes”, diz o vereador.

O turismo é, e continua a ser, uma prioridade”, Rui Costa (Alenquer)

A história, cultura, mas também vinho
“Sintra tem um papel determinante como âncora do turismo cultural e do turismo de natureza na região de Lisboa”, considera Basílio Horta, frisando que os monumentos e paisagens atraem “um elevado número de visitantes ao centro histórico de Sintra”, indicando que, num momento pós pandemia, em 2022, registaram-se mais de quatro milhões de visitantes nos museus e monumentos de Sintra.

A direção da Associação Turismo de Sintra (ATS), completa estes dados, revelado que, relativamente ao ranking de nacionalidades dos visitantes no Posto de Turismo, entre 2019 e 2022, “no 1.º e 2.º lugar mantiveram-se, Espanha e França, respetivamente, mas o 3.º lugar deixou de ser ocupado pelos EUA para ser ocupado pelo mercado nacional”.

Já em Cascais, os números apontam para o mercado nacional como líder no ranking de visitas, representando em 2022, 40% da procura total, destacando Bernardo Corrêa de Barros, em termos de mercados estrangeiros, o britânico, espanhol, alemão, norte-americano e brasileiro.

Com o turismo interno também a pesar mais que o externo, “representando uma quota importantíssima no município, Fernando Pinto destaca a predominância “de visitantes estrangeiros de nacionalidade francesa e espanhola” e os produtos de Turismo de Natureza – envolvendo as Salinas do Samouco e a Reserva Natural do Estuário do Tejo – e o Turismo Náutico e Gastronómico como principais alvos de visita. Entre os visitantes do município de Alcochete, o presidente da Câmara aponta “os grupos organizados na faixa etária de 65, ou mais, anos”, sendo que os visitantes de faixas etárias mais jovens tendem a ser compostas por casais, “observando-se, ainda, uma expressiva componente familiar”. Como épocas de maior afluência, Fernando Pinto admite que “ainda se verifica uma acentuada sazonalidade, sendo a Primavera e o Verão as épocas de maior expressão”.

Depois de ter sido eleita, em 2012, a primeira Cidade Europeia do Vinho, “distinção que tem constituído uma extraordinária oportunidade para projetar Palmela no País, na Europa e no Mundo”, Luís Miguel Calha salienta que “a antecipação das tendências da procura turística e a criação de novas experiências de visitação, fazem parte de uma cultura de gestão em parceria, que nos garante êxitos nos resultados e a sustentabilidade do destino”.

[O turismo] é importante do ponto de vista da criação de emprego e desenvolvimento económico, mas é, igualmente, determinante para o sentimento de pertença, preservação da identidade e auto-estima da comunidade”, Luís Miguel Calha (Palmela)

Além da procura na vertente enoturística, Palmela tem vindo a conquistar cada vez mais os amantes do Turismo de Natureza, sendo também “muito significativo o número de turistas que se deslocam à região motivados pela prática de Golfe, pelo Património Cultural, pelas Festas Tradicionais ou pelos eventos ligados à música, ao teatro e às artes visuais”.

Quanto aos mercados visitantes, o mercado nacional, os turistas oriundos de Espanha, França, Reino Unido e Brasil e também os provenientes dos EUA têm sido os que mais têm procurado Palmela.

Cidade banhada pelo rio Sado, Setúbal tem sido procurado de uma forma transversal tanto por portugueses como por estrangeiros, sobretudo de países europeus mais próximos como Espanha, França e Países Baixos/Alemanha, tendo-se verificado, mais recentemente, “um reforço de turistas do Brasil e Itália”, refere o departamento de Turismo de Setúbal.

De um modo geral o turista que visita Setúbal viaja em casal e/ou família e amigos, que procuram a região pela “identidade e cultura, a que se junta o Turismo de Natureza, Náutico e Aventura”.

Uma nova atração turística: Não fazer nada
Do Alentejo chega uma “nova atração” turística: “Não fazer nada”. Paulo Chuço refere que “nos últimos anos tem vindo a ser identificada a crescente procura dos alojamentos locais e dos turismos rurais de Mora muito devido à possibilidade de não fazer nada, porque não fazer nada é também uma atração turística”. Por esse motivo, quem procura Mora acaba por ser um turista com uma “maior capacidade económica” que quer “experiências diferenciadoras e que faz com que o município se direcione para um turismo mais segmentado ao invés do turismo de massas”. Ao nível de quem visita Mora, o município é maioritariamente visitado por turistas nacionais, embora no verão já se ouça falar outros idiomas pelas ruas das localidades.

Aljustrel é um “laboratório vivo, em termos geológicos. O turismo especializado e científico é cada vez mais significativo”, Marcos Aguiar (Aljustrel)

Mais a Sul, o concelho de Aljustrel é visitado por “turistas nacionais e estrangeiros e de diferentes faixas etárias, que chegam em passeios organizados ou individualmente”. Sendo Aljustrel considerado um “laboratório vivo, em termos geológicos, o turismo especializado e científico é cada vez mais significativo”, salienta Marcos Aguiar, além de, com o concelho a ser atravessado pela N2, “são já muitos os que procuram este território por percorrer esta rota”.

Chegados ao Algarve, o tipo de visitantes no concelho de Lagos “sempre foi muito heterogéneo ao nível das nacionalidades”, refere Hugo Pereira, frisando que “temos assistido a um crescimento de turistas estrangeiros, não só da Europa, mas América do Norte e Ásia”. Os dados da Pordata, referentes a 2021, revelam que a percentagem de visitantes estrangeiros situava-se nos 64%, a terceira maior do Algarve.

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Turismo em São Tomé e Príncipe está a ser guiado por um plano estratégico até 2025

O diretor-geral do Turismo de São Tomé e Príncipe, Eugénio Neves, traçou um retrato do setor no país e deu a conhecer a forma como o destino perspectiva o futuro à luz de uma estratégia para o Turismo com horizonte temporal até 2025.

O turismo representa em São Tomé e Príncipe uma importante fonte de receitas. O seu diretor-geral do Turismo, Eugénio Neves, revelou que o desenvolvimento do setor está a ser implementado à luz de um plano estratégico que prevê que o destino atinja a marca de 50 mil turistas até 2025, o que pode equivaler a duplicar o impacto do turismo no PIB do país.

De acordo com Eugénio Neves, nomeado recentemente diretor geral do Turismo, em São Tomé e Príncipe “temos uma estratégia de Turismo 2018-2025 que previa, até 2025, atingirmos cerca de 50 mil turistas. Apesar da pandemia nós vamos manter esse desafio e ainda temos esperanças de atingir esse número devido aos resultados de 2022 e início de 2023”.

Portugal mantém-se como principal mercado emissor para o arquipélago, seguido da França, Reino Unido, Alemanha e Espanha, enquanto europeus. Os países africanos vizinhos como Angola, Gabão, Gana e Nigéria são igualmente importantes para o destino, bem como os Estados Unidos da América, tendo a presença de São Tomé e Príncipe, com um stand na BTL, demonstrado a importância que atribui ao mercado português.

O responsável disse que, em 2019, ano pré-pandemia, o país recebeu aproximadamente 36 mil turistas, um número que considerou relevante para a dimensão do arquipélago.

“Então, pensávamos naquela altura que estávamos quase numa velocidade de cruzeiro em termos de turismo, mas a pandemia veio baralhar todas as nossas contas”, apontou.

No ano seguinte, com a pandemia de COVID-19 os números reduziram drasticamente para 11 mil visitantes, tendo subido para 15 mil em 2021. No pós-pandemia, com o retomar das viagens internacionais, o número aumentou e em 2022 já foram 26 mil pessoas que visitaram São Tomé e Príncipe.

Pandemia não fez baixar os braços
“Para nós é uma satisfação porque não cruzámos os braços”, sustentou, para acrescentar que “trabalhámos e fomos resilientes porque sabemos quão o turismo é importante para a nossa economia, mas para melhorar prepararmos, neste momento estamos a adaptar essa estratégia a que chamamos de revisão intermediária”, esclareceu.

Eugénio Neve explicou que “começamos a ver o que é que falhou na estratégia, mas há outros pontos muito positivos. Preparámos um plano muito consistente de formação dos operadores e dos profissionais de turismo, e uma novidade grande é que ainda este mês de março teremos uma escola profissional de turismo e hotelaria em São Tomé”.

Por outro lado, “consolidamos o nosso plano de comunicação. Abrimos um posto de informação turística no centro da cidade e outro no aeroporto. Esses são alguns pontos positivos da estratégia, mas não temos receio em dizer que muitas ações ainda estão por implementar”.

Neste caso, o responsável fez questão de comunicar ao mercado que “estamos neste momento a adaptar essa estratégia, e a preparar-nos para ultrapassar esse desafio do Covid. Queremos conhecer melhor os nossos consumidores, quem escolhe São Tomé e Príncipe, como é que escolhe, como é que ele pensa no destino”. Este foi um dos objetivos da participação daquele destino turístico situado na linha do Equador.

Vamos utilizar mais e melhor as redes sociais para promover a nossa cultura, é o que nós temos e nos diferencia dos outros, as nossas gentes, a nossa história. Portanto, a questão da comunicação vai passar a ser muito mais importante, e vamos tirar o melhor proveito das redes sociais e das novas tecnologias

Chamar atenção para o valor do turismo
“Queremos também chamar a atenção do poder público no sentido de assumir mais e melhor a sua função. Na Direção Geral do Turismo sentimo-nos impotentes porque temos a responsabilidade de implementar políticas, mas muitas vezes não temos os recursos à nossa disposição, então é algo que vamos colocar em cima da mesa: A assunção política do valor do turismo”, defendeu.

Um maior envolvimento do poder autárquico é outro objetivo que o plano estratégico preconiza. “É o modelo de desenvolvimento turístico que queremos implementar, envolver mais as câmaras municipais porque elas são os responsáveis pelos territórios e o turismo faz-se com os territórios. Queremos envolver mais e melhor as comunidades, essa é outra visão do modelo de turismo que queremos implementar, e queremos continuar a trabalhar na consolidação da preservação do meio ambiente e partilhar mais”, indicou o diretor geral do Turismo de São Tomé e Príncipe.

“Vamos utilizar mais e melhor as redes sociais para promover a nossa cultura, é o que nós temos e nos diferencia dos outros, as nossas gentes, a nossa história. Portanto, a questão da comunicação vai passar a ser muito mais importante, e vamos tirar o melhor proveito das redes sociais e das novas tecnologias”, destacou.

Em suma, “esses são em grandes traços daquilo que estamos a prever para melhorar a estratégia no sentido de ultrapassar as dificuldades e conseguir melhorar o nosso rendimento no turismo”, disse Eugénio Neves.

Aposta num turismo positivo
Se outros destinos turísticos utilizam o termo sustentável ou ecológico, o governo de São Tomé e Príncipe adotou a designação “Turismo Positivo”.

O diretor-geral do Turismo explicou: “Estamos apostados em manter um turismo positivo para o Estado são-tomense, para os são-tomenses, para os visitantes, para os operadores, um turismo que seja positivo para todos”, assinalando ainda que “estamos muito abertos a parcerias e disponíveis para abrir São Tomé e Príncipe, mas temos a certeza daquilo que queremos com este turismo positivo, ou seja, que preserve o nosso país”, concluiu.

Riquezas natural e cultural querem ser património mundial

São Tomé e Príncipe acaba de entregar à UNESCO a lista indicativa a património mundial natural e cultural, que inclui os parques naturais Obô de São Tomé e da ilha do Príncipe, bem como as Roças Monte Café e Água Izé, em São Tomé, e a Roça Sundy, na ilha do Príncipe. O processo deverá ser concluído em dois anos.
“Temos muita esperança de que estes dois registos sejam reconhecidos pela comunidade internacional num futuro próximo e se tornem motores não só para o desenvolvimento do turismo, mas também para o desenvolvimento sustentável”, disse recentemente o diretor regional para a África Central da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Paul Coustère, que destacou ainda que esta “é uma oportunidade para todo o planeta e uma questão de credibilidade da comunidade internacional de apoiar os esforços de São Tomé e Príncipe de preservar e valorizar todas estas riquezas”.
São Tomé e Príncipe era o único dos PALOP que ainda não tinha lista indicativa da UNESCO, um trabalho que envolveu uma equipa de cerca de 30 técnicos locais das áreas de ambiente, floresta e património e História.
No património construído optou-se pelas roças, que são realidades singulares no mundo lusófono. Entre estes escolheram-se Água Izé e Monte Café, na ilha de S. Tomé e a Sundy na ilha o Príncipe.
A Roça Sundy destaca-se como o local onde se comprovou a teoria da relatividade de Albert Eisntein, em 1919, enquanto a Roça Água Izé foi o epicentro da cultura do cacau no século XIX e a Roça Monte Café pela cultura do café, no século XVIII.
No que respeita ao património natural foi escolhido o Obô, ou seja, a floresta nativa das duas ilhas, sendo que o Príncipe é Património da Biosfera desde 2012.
Por outro lado, a UNESCO prometeu apoiar da forma mais eficaz possível as autoridades são-tomenses na elaboração da lista indicativa de patrimónios imateriais, que incluirão, o ‘Tchiloli’ (que combina teatro, dança e música) e o Auto de Floripes (teatro popular), bem como as músicas, factos culturais, a gastronomia, entre outras manifestações culturais.

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“Só herdámos problemas na área do turismo”

A mudança política no Brasil ditou também alterações na Embratur –  Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo e na forma como o Brasil se está a promover a nível internacional. Em entrevista ao Publituris, Marcelo Freixo, novo presidente da agência, explica o que está a mudar, com destaque, desde logo, para a recuperação da marca “Brasil”.

Inês de Matos

Foi um novo Brasil que a Embratur – Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo apresentou, recentemente, em Portugal. As recentes mudanças na política brasileira ditaram também alterações na promoção do país, que recuperou a marca “Brasil”, que tinha sido usada até 2019, e que está também apostado em tornar-se num destino sustentável.

Mas, para isso, é preciso que, depois da pandemia, os turistas regressem ao Brasil e descubram o que o destino pode oferecer além do Sol e Praia, produto que continua a ser responsável pela viagem de 50% dos portugueses que visitam o Brasil.

E é aqui que entra também a importância do transporte aéreo, que já recuperou praticamente a dimensão de 2019, estando mesmo a ser estudada a possibilidade de abertura de uma nova rota direta para Florianópolis, que para Marcelo Freixo “seria ideal” que pudesse vir a ser operada pela TAP.

A Embratur está com uma energia renovada. O que é que vai mudar, especificamente, na promoção do Brasil?
O Brasil está com uma energia renovada. Acho que o país mudou e a promoção que se faz é o país que temos para promover.

O Brasil, hoje, é um país com um compromisso com a democracia, é um país que tem responsabilidades com o meio ambiente, que oferece segurança para quem quer investir e para quem quer viajar.

É um outro Brasil. É um país comprometido com o papel das mulheres na política, portanto, é um Brasil que temos esperança que possa trazer de volta a valorização da cultura, das festas e da ciência. Por isso, é um Brasil muito diferente do que vivemos há quatro anos.

É este Brasil que vamos promover, que estamos a divulgar e que as pessoas vão visitar. As pessoas vão, de verdade, visitar um outro Brasil.

Essa mudança é visível, desde logo, pela recuperação da marca Brasil, que foi usada até 2019. Porque decidiu a Embratur recuperar esta marca e qual é a sua importância?
A marca Brasil foi criada em 2005, no projeto Aquarela, que foi pensado para criar uma identidade nacional, que não pertence a um governo, pertence a um país.

Esse projeto identificou diversas cores e cada cor representa uma forma de um estrangeiro olhar para o Brasil, através daquilo que ele identifica de mais valioso, seja a festa, o sol, o mar, a mata, a cultura ou a gastronomia. Tudo o que o Brasil oferece de rico e que faz com que as pessoas visitem o Brasil, foi o que gerou a marca Brasil.

Isso foi, de uma forma muito desastrosa, substituído por uma marca que não tinha nenhum estudo, não tinha nenhum sentido e não dialogava. A marca Brasil dialoga, o Brasil dialoga. Por isso, retomámos imediatamente esta marca, porque ela não pertence a um governo, pertence a um país. E ajuda-nos na promoção do Brasil porque nos ajuda a transmitir a nossa identidade.

Retomámos imediatamente esta marca porque ela não pertence a um governo, ela pertence a um país. E ajuda-nos na promoção do Brasil porque nos ajuda a transmitir a nossa identidade

A nível de produtos turísticos, o Brasil é um destino que continua a ser muito conhecido pelo Sol e Praia, nomeadamente em Portugal, mas o Brasil é muito mais que isso. Que produtos vai o Brasil promover com mais força, nesta nova fase da Embratur?
Sim, o Sol e Praia, no Brasil, é muito forte e isso tem razão de ser. Temos um litoral imenso e diverso, desde as praias de Florianópolis – e nesse momento discute-se a possibilidade de haver um voo direto para Florianópolis -, às praias do Sudeste, ao Rio de Janeiro e o Nordeste inteiro. Por isso, o Sol e Praia é muito forte e compreendo quando o público português procura Sol e Praia no Brasil, 50% dos portugueses que vão ao Brasil procuram Sol e Praia.

Mas o Brasil não é só Sol e Praia, temos cultura de serra, Gramado, a floresta amazónica, o Pantanal, Bonito, as Chapadas que são incríveis, assim como as cachoeiras, que oferecem outra conexão com a natureza.

E o Brasil tem ainda a riqueza dos povos indígenas, que estão dentro de um campo antropológico, também da preservação da floresta – porque quando se fala em preservar a floresta, fala-se também em preservar os povos da floresta -, temos turismo de negócios que é crescente no Brasil e não só em São Paulo, e temos um turismo de eventos que é também muito forte, tivemos os Jogos Olímpicos e o Mundial de Futebol, os eventos desportivos têm muita oferta no Brasil.

Por isso, o Brasil oferece muitos produtos, muitas possibilidades e destinos, que temos de organizar e segmentar para passar uma mensagem correta a quem nos vai visitar.

Falou na preservação das florestas e dos povos indígenas, o que se enquadra na questão da sustentabilidade, que é um fim que também está a ser invocado no turismo. O que é que o Brasil está a fazer para se tornar num destino sustentável?
Isso é decisivo. Depois de Lisboa, vamos para a Alemanha, um país que acabou de reatar com o Brasil o Fundo Amazónico. A Alemanha só fez isso por confiança no Brasil no que diz respeito ao tema ambiental e climático, e isso já indica uma mudança do mundo em relação ao Brasil.

O governo Lula escolheu a ministra Marina Silva para o meio ambiente e vai criar uma autoridade climática. Pela primeira vez, vamos ter uma autoridade destas no Brasil. E criámos também o Ministério dos Povos Tradicionais, que é liderado por uma indígena. Isso mostra que não são só intenções, já podemos falar de ações concretas.

A própria Embratur também criou uma gerência climática e ambiental. Por isso, hoje, a Embratur tem, nos seus quadros, uma gerência que é composta por um professor da Universidade de Brasília e que é um dos grandes especialistas do Brasil na questão ambiental e climática, que será o gerente da Embratur para essas matérias.

Isso acontece, não só para que possamos promover o turismo para áreas em que a visita turística gera renda, crescimento de emprego e conservação, mas também porque temos, hoje, na floresta amazónica, diversas atividades económicas ilegais, que ameaçam a floresta e acreditamos que o turismo pode ser uma atividade económica legal para substituir essas atividades, ao mesmo tempo que contribui para a preservação porque ninguém vai destruir um lugar onde quer voltar.

O turismo também gera conservação.

E para os potenciais turistas, como é que o Brasil está a passar essa mensagem de que se está a tornar um destino sustentável?
Temos algumas iniciativas. Em primeiro lugar, temos uma estratégia de chamar jornalistas para visitarem o Brasil em alguns destinos específicos. Tivemos agora o Carnaval, que foi um sucesso. Este foi o primeiro Carnaval depois da COVID-19 e não houve nenhum incidente de segurança pública, isso mostra que somos um país capaz de receber turistas com segurança. Se o Brasil é capaz de receber turistas com segurança no Carnaval, é capaz de receber turistas com segurança em qualquer época do ano porque o Carnaval leva uma enorme quantidade de pessoas às ruas. E o Brasil demonstrou que é um lugar seguro para se visitar.

Tivemos jornalistas franceses visitando o Brasil durante o Carnaval. Estiveram no Rio de Janeiro, escreveram sobre isso e, hoje, a França começa a olhar para o Brasil de outra maneira.

Agora, estamos também a selecionar jornalistas para visitar Maceió e Alagoas. Certamente, também vamos ter muitos artigos de jornalistas portugueses e queremos fazer isso também para as festas de São João, que são muito tradicionais e importantes no Nordeste.

Portanto, este é um caminho para divulgar este novo Brasil de que estamos a falar, através da imprensa mundial. E há outro, que é através das agências de turismo, com quem temos feito inúmeras reuniões.

Temos muitas agências interessadas em levar o seu púbico ao Brasil e que têm de ser parceiras da Embratur. Esse é um caminho muito concreto.

Depois, temos a promoção nos países que são nossos parceiros e que precisamos organizar de forma mais qualificada para devolver o Brasil aos catálogos e ao circuito imaginário da população que gosta do Brasil.

Nesse momento discute-se a possibilidade de haver um voo direto para Florianópolis

Voltando à segurança, que é algo fundamental para o turismo, há pouco tempo estive num evento do Turismo do Rio de Janeiro, que explicou o trabalho que vem sendo feito na questão da segurança, até criando delegacias especificas para o turismo. Essa poderia ser uma estratégia para expandir ao resto do país?
Sem dúvida, acho que precisamos de falar muito sobre isso porque existe uma ideia de insegurança no Brasil que não corresponde à realidade. 93% dos portugueses que visitaram o Brasil querem voltar e ninguém voltaria se não se tivesse sentido seguro. Acho que um dos maiores dados que comprovam a segurança que o Brasil oferece é quando o turista diz hegemonicamente que quer voltar. Esse é um dado muito real.

Mas as delegacias especializadas são iniciativas importantes e que dão certo no Rio de Janeiro.

Ligações aéreas
Revelou que se estão a estudar voos diretos para Florianópolis, o que é que se está a estudar em concreto?
É um estudo, por enquanto, é só um estudo.

Poderia ser uma rota para a TAP?
Seria ideal que fosse a TAP.

Como está, neste momento, a operação aérea no Brasil e a conetividade para a Europa, já recuperou o nível pré-pandemia?
Recuperou bastante mas ainda não atingiu a normalidade pré-pandemia.

Em 2005, o Brasil recebeu mais de 300 mil portugueses e o ano passado recebemos 150 mil. Portanto, houve uma recuperação mas ainda não ao ponto do nosso melhor momento e isso tem a ver com o preço das passagens.

A Embratur já conversou com a LATAM, com a Azul e com a GOL, as empresas que operam no Brasil, todas são parceiras e querem ampliar os voos para destinos turísticos.  Também conversámos com a American Airlines e com a TAP.

A TAP demonstrou grande interesse no Brasil, diz que o Brasil mora no coração da empresa e de Portugal e que, por isso, quer ampliar a operação.

Mas temos, hoje, um problema concreto, que é o preço do combustível, todas as companhias dizem a mesma coisa, o preço do combustível teve um crescimento de mais de 400%, o que tem a ver com a guerra e com uma série de fatores. Não é algo que caiba à Embratur resolver, mas temos de mediar as facilidades que podem ser feitas num destino importante e que levem as empresas a querer abrir novos voos para o Brasil.

Existe uma ideia de insegurança no Brasil que não corresponde à realidade. 93% dos portugueses que visitaram o Brasil querem voltar e ninguém voltaria se não tivesse se sentido seguro

A TAP revelou que a operação para o Brasil está praticamente nos níveis pré-pandemia. Isso dá-vos boas perspetivas de virem a assistir a um aumento de portugueses já este ano?
Sim, é o que mais queremos. Temos conversados com as mais importantes agências de turismo e queremos facilitar para que os pacotes turísticos sejam oferecidos e possamos ter um número maior de portugueses já este ano.

Também têm tido negociações com operadores turísticos portugueses, que organizam charters?
Sim, claro, temos essa prática já em Maceió e Alagoas. Este é um destino onde os charters já vêm a acontecer e que esperamos que continuem.

Adoraria poder dizer que herdámos um trabalho organizado, com dados, mas não foi nada disso. Só herdámos problemas na área do turismo, não tem nenhuma herança de qualidade e com dados, portanto, estamos partindo do zero

E que perspetivas para este ano, no mercado português, gostaria de avançar?
Não tenho, sei que a imprensa adora números, é normal, mas acho que precisamos primeiro de criar um diagnóstico porque não herdámos nada de bom. Adoraria poder dizer que herdámos um trabalho organizado, com dados, mas não foi nada disso. Só herdámos problemas na área do turismo, não tem nenhuma herança de qualidade e com dados, portanto, estamos partindo do zero.

Montámos uma gestão de big data e produção de informação para que possamos ter um diagnóstico da situação do turismo e, a partir daí, podermos dizer onde queremos chegar. A meta não é um desejo, é um planeamento, vamos fazer X para chegar a Y, mas se não sei onde estou, não vou conseguir saber onde vou chegar.

Mas, certamente, vamos estar num crescente muito imediato de turistas.

 

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Com a Papa-Léguas, aventure-se!

Em 25 anos de existência, a agência de viagens Papa-Léguas já levou muitos portugueses, não só em Portugal como nos vários recantos do mundo, a fazer viagens que lhes permitiram vivenciar experiências únicas no domínio do turismo ativo e de aventura.

O projeto, que está a assinalar os 25 anos de existência, “é diferenciador porque propõe viagens fora do comum”, assegura o co-fundador e diretor da agência de viagens Papa-Léguas, Artur Pegas, em entrevista que concedeu ao Publituris. O responsável conta que não foi a primeira empresa de turismo ativo ou de aventura em Portugal, uma vez que quando ela nasceu, já havia outra, mas “conseguimos desde logo materializar uma oferta mais diversificada em função da filosofia criada na altura, e neste aspeto fomos pioneiros, assumindo que uma viagem ativa pode ser qualquer coisa, desde que estejamos dispostos a fazê-la”.

Portanto, desde 1998 “que temos atividades que vão desde duas a três horas (caminhadas na Serra de Sintra ou na Serra da Arrábida), até expedições nos Himalaias, nos Alpes ou em várias partes do mundo, e o balanço não podia ser mais positivo”, destaca Artur Pegas, lembrando que “o início foi difícil porque não havia mercado, e tem sido nestes anos uma aventura porque foi preciso aliciá-lo, ter feito a empresa crescer e ter feito este caminho”.

25 anos passados, explicou, “este segmento está a crescer e com desafios que não tínhamos anteriormente, no sentido de que temos de informar e aconselhar mais para que as pessoas não incorram no mais barato, e que não estejam tentadas a ir para uma coisa que idealizavam para as suas férias e depois as expectativas sejam defraudadas”.

Artur Pegas alerta que “essas viagens não são para toda a gente, nem sequer é para quem pode, é mesmo para quem quer fazê-las. Há que querer, saber tirar o máximo partido. E em 25 anos, temos feito muitos clientes felizes”.

O diretor da Papa-Léguas recorda que a partir de 2008/2009 começaram a aparecer novos players no mercado nesta área e hoje em dia, o mercado “está em processo de amadurecimento neste tipo de oferta. Já existe uma série de empresas a oferecer este tipo de produtos, bem como, infelizmente, um conjunto de blogs a fazer a mesma coisa, o que acaba por ser uma concorrência desleal às agências de viagens e aos operadores”. No entanto, conforme disse, “o trilhar do nosso caminho foi feito com base numa determinada matriz, e temos mantido essa visão ao longo do tempo”.

Assinala que “durante este período vimos a Papa-Léguas como um ecossistema pois, quem fizesse uma atividade de três horas, podia fazer a seguir um fim de semana, depois uma viagem de oito dias ou de 15 dias”.

Durante um período a empresa teve também uma livraria de viagens, onde as pessoas podiam ir à agência em Lisboa comprar os seus guias e mapas, mas com a massificação da Internet “deixou de fazer sentido e deixámos de ser relevantes. Assim, decidimos descontinuar a projeto”.

Bodas de prata com novo site e novos projetos de viagens
“Chegámos a 2023 em crescimento, atravessámos toda a fase da pandemia, que foi difícil para todos, e estamos prontos para olhar para o futuro por mais 25 anos”, defende o responsável.

A empresa vai assinalar os seus 25 até maio de 2024. As comemorações vão ser acompanhadas com o lançamento de um novo site. Além disso, “temos na manga uma série de atividades que queremos que venham a ver a luz do dia. Durante este período, há uma viagem que tenciono liderar, em fevereiro do próximo ano que é uma expedição à Antártida e, estou convencido que, mesmo tendo em conta o preço, vai haver mercado para tal, pois é uma viagem que se faz uma vez na vida”, revelou Artur Pegas.

Por outro lado, “estamos a lançar uma ação que não é nova, já que a realizamos de dois em dois anos – o Papa-Léguas Meeting – que é um encontro, durante um fim de semana em Portugal, fora da época alta, onde tentamos reunir o máximo do nosso staff com os nossos clientes, para lhes dar conta das nossas propostas de programação. Deverá acontecer lá para o fim de ano. Na última edição, que teve lugar em Arganil, contámos com cerca de 60 pessoas”.

Estas viagens não são para toda a gente, nem sequer é para quem pode, é mesmo para quem quer fazê-las. Há que querer, que saber tirar o máximo partido. E em 25 anos, temos feito muitos clientes felizes

Igualmente, conforme destaca o responsável, “estamos, em colaboração com algumas entidades, a promover festivais de cinema ligados ao turismo ativo, de aventura e aos oceanos. Será para continuar, numa perspectiva comemorativa. Paralelamente, durante período do aniversário, lançámos um desafio ao pessoal da casa para se quiserem, liderarem uma viagem à sua escolha”.

Viagens para todas as idades
A respeito do tipo de cliente que escolhe a Papa-Léguas, o co-fundador da empresa referiu que, “aquilo que as pessoas pensam é que sendo uma agência de viagens vocacionada para viagens de aventura, que é só para jovens. Não é verdade. Também é, e são bem-vindas, mas o que acontece é que, como temos uma taxa de retenção de clientes muito grande, os que na altura do nosso nascimento eram jovens, hoje têm mais de 60 anos. Neste caso, hoje em dia a média de idade dos nossos clientes é de 55 anos”.

Artur Pegas sublinha que a Papa-Léguas está a fazer um esforço, e o novo site vai ter uma linguagem diferente, para comunicar com um público mais jovem. “Vai ter uma segmentação diferente do que temos até agora em termos de produto ou tipo de atividade (trekking, fotografia, montanha…).

O que vai aparecer terá por base uma experiência (conforto, dificuldade) e, dentro desta experiência é que vamos subsegmentar o tipo de viagem, ou seja, a pessoa pode fazer um trekking de luxo com hotéis de cinco estrelas ao final do dia, ou acampar.

Essa segmentação permite cobrir as necessidades dos clientes com 60 anos, e chegar também a pessoas mais jovens”.

De acordo com o responsável, a ideia é reverter a pirâmide de idades. “Como a nossa retenção de clientes é muito elevada, precisamos também de ter gente mais jovem a entrar no fluxo para que possamos diferenciar o produto”.

O mesmo vai acontecer em relação aos vários graus de dificuldade. “Tal como temos classificado até agora, vão de 1 a 4, mais os de montanha. O novo site vai ter também uma nova filosofia neste aspeto. Classificar graus de dificuldade é das coisas mais difíceis que podemos ter, porque é relativo. Então, tivemos de encontrar uma métrica mais palpável para atribuir um grau de dificuldade e uma viagem”.

Gostamos de tirar as pessoas da sua zona de conforto e mostrar-lhes um admirável mundo novo que muitas vezes nem pensavam que poderiam usufruir, isto porque, muitas das nossas viagens, para além da componente física, têm a componente psicológica associada, ou seja, a pessoa tem de estar preparada psicologicamente para a viagem que vai fazer

A partir do lançamento do novo site esta questão vai passar a ser feita em função do número de horas de atividade física que um determinado dia obriga, da altitude que decorre a viagem e do tipo do terreno em que se vai caminhar. “Tudo isso irá contribuir para atribuir uma classificação a uma viagem. Ou seja, aquilo que o novo site vai espelhar é que vamos atribuir um grau de dificuldade a cada dia da viagem, e um grau de conforto. Isto vai refletir melhor a realidade e, no final, vai apresentar uma média, somando os graus ao número de dias da viagem”.

Aconselhar e alertar sempre
O diretor da Papa-Léguas salienta que “a tipologia de viajantes que temos vai ter maior possibilidade de analisar, ler mais detalhadamente os programas e perceber o que mais se adequa ao seu perfil, quer ao nível da dificuldade, quer de conforto”, realçando que também “aconselhamos muito os nossos clientes, sobretudo os que nos procuram pela primeira vez, e muitas vezes aconselhamos ao cliente a não realizar uma determinada viagem quando percebemos a sua condição física, isto porque as nossas viagens pagam-se duas vezes dizemos que não são para toda a gente.

Estamos conscientes que estamos a gerir o tempo e o dinheiro das pessoas”. Artur Pegas aponta também que “gostamos de tirar as pessoas da sua zona de conforto e mostrar-lhes um admirável mundo novo que muitas vezes nem pensavam que poderiam usufruir, isto porque, muitas das nossas viagens, para além da componente física, tem a componente psicológica associada, ou seja, a pessoa tem de estar preparada psicologicamente para a viagem que vai fazer. É isso que dá magia a essas viagens”.

No entanto, há pessoas que as fazem uma vez e não querem repetir, e outras que ficam completamente fascinadas e repetem várias vezes para outros destinos. Igualmente “transmitimos aos nossos clientes a máxima realidade possível do destino, o que leva que a aprendizagem seja diferente de umas férias convencionais compradas em pacote. São experiências absolutamente fantásticas”.

Panóplia de destinos
Em relação a produtos, o co-fundador da Papa-Léguas avança que “temos viagens idealizadas e desenhadas, ou seja, toda a parte logística é feita a partir da agência, e têm normalmente um líder português (os nossos próprios guias). Depois temos viagens com o operador local, ou ainda as que os operadores nos destinos têm em carteira e nós adquirimos. Eles também operacionalizam grupos internacionais em que os viajantes portugueses podem integrar. Não compramos nada a operadores turísticos em Portugal”.

A agência de viagens possui, igualmente, um departamento de incoming (B2B) para os mercados japonês, norte-americano, neozelandês e nórdicos que querem fazer turismo ativo em Portugal (rico nesse segmento), complementando com a parte cultural e gastronómica, de norte a sul, do Douro à Costa Vicentina.

Como a nossa retenção de clientes é muito elevada, precisamos também de ter gente mais jovem a entrar no fluxo para que possamos diferenciar o produto

As viagens promovidas pela Papa-Léguas não precisam de ser em grupo e, quando o são, por definição, não englobam mais de 16 pessoas. O responsável explica que a maior parte é composto por oito/dez pessoas, sendo que há, igualmente grupos privados para destinos que não se encontram na maior parte das agências de viagens. Além disso, “uma pessoa pode inscrever-se sozinha numa viagem de grupo e tentamos, do ponto de vista do alojamento, juntar as do mesmo sexo, por forma a evitar que paguem o suplemento individual”.

“Outra das nossas particularidades é que vendemos os voos em separado porque não somos IATA e nunca o quisemos ser. Os voos não são o nosso negócio e, se alguma vez o fazemos, é porque o cliente às vezes não tem paciência para os procurar. O nosso core são as viagens”, disse.

Ainda no que se refere aos produtos, a empresa tem uma calendarização anual com datas fixas. Paralelamente, há muitas viagens que podem ser realizadas quando os clientes quiserem. “Cada vez mais nos aparecem pedidos especiais de famílias, de amigos ou de empresas”. Há algumas que se fazem apenas uma vez por ano e essas são com líder de viagem português, que muitas das vezes é o guia que vai interpretar a viagem. “Podemos chamar-lhe uma viagem de autor”.

Seguros, assistência em viagem e equipamento
A perceção do risco neste tipo de viagem “é um pouco empolgada”, defende Artur Pegas. Mesmo assim, há duas grandes diferenças em relação aos seguros. “Quando fazemos trekking os nossos seguros não funcionam a partir do momento em que, na montanha, tenham de utilizar aquilo que designamos por meios auxiliares de progressão. Neste caso, as pessoas, além do normal seguro de viagem, têm de fazer um seguro desportivo com custo associado e com valores de coberturas diferentes, e que servem única e exclusivamente para essas situações. Já quando falamos em caminhada, basta um seguro de viagem, pois não há um risco associado”, explicou o nosso entrevistado. O responsável sublinha que “ao termos alguma atenção às idades dos nossos clientes conseguimos que a nossa seguradora aumentasse a idade máxima de seguro para 75 anos, enquanto a maior parte delas faz até aos 70 anos”.

No entanto, “o que mais nos preocupa não é tanto o seguro em si ou o valor que o cliente vai receber, mas a assistência em viagem. Queremos que, para os destinos onde vamos, essencialmente locais remotos, a assistência em viagem funcione”.

Quanto ao equipamento necessário, depende do tipo de viagem. “Nas viagens de montanha há o equipamento comum que é providenciado pela organização, como as tendas, e o pessoal (roupa, calçado, saco-cama), adequado ao que se propõe fazer, que o cliente pode adquirir ou, em alguns destinos, alugar. Para cada viagem aconselhamos o equipamento mais adequado”, concluiu Artur Pegas.

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