“O Turismo tem poder e como tem poder vai exercê-lo”
Em entrevista, o presidente da CTP, Francisco Calheiros, afirma que o Turismo é, actualmente, um exemplo para os outros sectores de actividade na medida em que gera emprego e atrai investimento estrangeiro. Os resultados do Turismo estão a crescer desde 2014 e, ao que tudo indica, este será um ano recorde. O que lhe pergunto… Continue reading “O Turismo tem poder e como tem poder vai exercê-lo”
Carina Monteiro
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Em entrevista, o presidente da CTP, Francisco Calheiros, afirma que o Turismo é, actualmente, um exemplo para os outros sectores de actividade na medida em que gera emprego e atrai investimento estrangeiro.
Os resultados do Turismo estão a crescer desde 2014 e, ao que tudo indica, este será um ano recorde. O que lhe pergunto é: face a estes resultados, qual é a situação financeira das empresas do Turismo?
Há de tudo. Os óptimos resultados que o Turismo está a ter não estão a chegar às empresas. Os grupos novos que surgiram pós-25 de Abril nasceram muito alavancados em dívida. Quando as empresas não têm situações patrimoniais muito sólidas e apanham uma crise como aquela que aconteceu em 2008, é evidente que muitas ficam pelo caminho.
O que nós precisamos é de mais anos destes. Há dois anos disse o mesmo, ou seja, que tínhamos o grande desafio do aumento dos preços. Esse desafio foi ganho. E não é 1 ou 2%, são valores mais elevados que se vêem. Continuamos com um preço muito competitivo a nível europeu, mas, realmente, começamos a ter essa situação a modificar-se drasticamente.
Não podemos esquecer uma coisa, quando falamos em Turismo, muitas vezes, falamos no Grupo Pestana, na Springwater ou na Europcar, para dar três exemplos, mas no tecido empresarial português, nomeadamente no Turismo, 95% das empresas tem menos de 10 funcionários. É ver o que aconteceu na restauração com a subida do IVA. Fecharam muitas empresas, mas as grandes continuaram abertas.
Neste momento, a situação financeira das empresas não é boa, mas é melhor do que era há dois anos e muito melhor do que era há quatro. O desafio do preço, que, no caso da hotelaria, se materializa no RevPar, está a acontecer: os preços estão a aumentar e as empresas estão a ficar mais sólidas do ponto de vista patrimonial.
Algo que é fundamental é que haja procura. Se está a haver procura, o que é preciso fazer para que as empresas recuperem a sua saúde financeira?
Não é num ano que recuperamos o prejuízo que tivemos em quatro ou cinco. O que precisamos é continuar nesta senda: a aumentar os preços e a acontecer o que tem acontecido, pelo menos nos últimos dois anos, em que a procura tem sido maior que a oferta. Quando assim acontece dá lugar ao aumento do preço. Há uma coisa que não me canso de enaltecer, um dos grandes segredos do sucesso que o Turismo em Portugal tem tido são os seus empresários. Os empresários do Turismo são de uma resiliência e de uma combatividade tal que, em momento algum, baixaram os braços, e foi, diria, o primeiro sector que rapidamente começou a sair da crise. Estamos a dar volta e vamos continuar, se mantivermos o clima de 2016, 2015 e 2014.
Na última entrevista que deu ao Publituris pediu que não se dificultasse a vida às empresas, referindo-se à fiscalidade. Nesse aspecto, a vida das empresas está mais facilitada?
A vida das empresas está mais facilitada, mas está longe de estar idealizada. O que pretendo dizer com isso? Um dos grandes problemas do Turismo é a sua transversalidade. Temos a tutela da Secretaria de Estado do Turismo, que reporta ao Ministério da Economia. Infelizmente, não temos que falar apenas com o Ministro da Economia. Temos problemas brutais do ponto de vista fiscal (Ministério das Finanças), temos problemas com os Direitos de Autor e Direitos Conexos (Ministério da Cultura), temos os problemas dos vistos (Ministério dos Negócios Estrangeiros), temos o problema vital da Segurança (Ministério da Administração Interna).
Mas houve algo que este Governo fez e que devemos aplaudir, que é a questão do SIMPLEX+. É extraordinariamente positivo e o ministro Caldeira Cabral já disse que é uma plataforma dinâmica, ou seja, terá de ser reinventado todos os anos, porque todos os anos acontecem coisas novas. De facto, o SIMPLEX+, que tinha sido descontinuado pelo anterior Governo, é algo que nos ajuda e algo palpável.
Mas então o SIMPLEX+ pode ir mais longe em termos de medidas?
Há muita coisa ainda por fazer. Por exemplo, não resolvemos nem metade do problema dos Direitos de Autor e Direitos Conexos. Conseguiu-se resolver parte do problema com a Gedipe. O que reclamamos é um balcão único que permita falar com uma identidade apenas. Em segundo lugar, o valor que se paga. Não tenho de cabeça, mas recordo que um hoteleiro de grande dimensão disse-me que tinha pago 100 mil euros no passado em Direitos de Autor e Conexos.
Mercados
O Brasil e Angola são dois mercados tradicionais para Portugal, mas com algumas dificuldades. De que forma isso pode impactar os resultados das empresas?
Não queria analisar este assunto de forma muito segmentada. Se existe uma determinada empresa que fez um investimento grande no mercado brasileiro, sim, ela vai ter problemas. Gostaria de falar mais a nível geral da diminuição de turistas quer do mercado brasileiro, quer do angolano para Portugal. Não podemos ter todos os mercados a crescer. O comportamento dos mercados foi e está a ser extremamente positivo, tivemos uma desaceleração do Brasil e Angola, mas perfeitamente justificável. Prefiro mil vezes perder clientes de um país porque ele está em crise, do que perder clientes porque vão para outros países. Estou convencido que a aposta que a TAP está a fazer nos EUA mais do que vai ultrapassar a diminuição quer de brasileiros, quer de angolanos. Parafraseando o antigo secretário de Estado do Turismo: há muito tempo que temos muita gente a fazer muitas coisas boas no Turismo. De facto, lembro-me da TAP começar a fazer o hub para o Brasil e ser muito criticada. Viu-se o que aconteceu. A TAP está a tentar replicar nos EUA aquilo que fez no Brasil. A aposta é enorme, estamos a passar para cerca de trinta voos semanais num mercado super concorrencial. Serão muito mais os fluxos dos americanos para Portugal do que vice-versa. A minha grande certeza é que em 2016 vamos ter muitos mais americanos do que em 2015. A grande esperança é que, em 2017, o acréscimo de americanos supere a diferença de brasileiros e angolanos que perdemos.
E o mercado inglês?
É uma incógnita por causa do Brexit. Em 2016, não vamos ter mau impacto dos britânicos, para 2017 não fazemos ideia, mas temos mercados a subir bastante bem.
TAP
Como é que vê esta nova TAP, com a companhia apresentar-se comercialmente mais agressiva. São boas notícias para o Turismo?
Penso que sim, não me canso de dizer que a TAP é perfeitamente determinante para o Turismo português, independentemente dos voos charters, das ‘low cost’, a TAP é muito mais importante que o restante. Foi sempre uma empresa que preocupou a CTP e que acompanhamos de perto, porque não nos podemos esquecer que somos um país periférico, 85% dos nossos turistas chegam por via aérea, e metade deles vêm pela TAP. A TAP ter sido privatizada e ser, neste momento, uma empresa muito mais agressiva comercialmente para o Turismo, em geral, e para o sector da distribuição, em particular, penso que é uma boa notícia. É uma boa notícia no sentido que vai ser mais agressiva e ao ser mais agressiva vai ter mais clientes e mais passageiros.
Por venda directa.
Não tenho neste momento os números, mas arriscaria a dizer que 80% de distribuição em Portugal é feita com a TAP. Julgo que as companhias há muito tempo que desistiram de vender directamente. É evidente que hoje em dia, por força da internet, têm mais vendas directas, mas a força da distribuição é extraordinariamente grande.
Tem alguma expectativa relativamente à abertura de rotas para novos mercados, nomeadamente a China?
A informação que temos é que muito brevemente vai haver uma linha directa para a China. Tanto Xangai como Pequim vão estar ligados a Lisboa no final deste ano ou princípio do próximo por uma companhia chinesa. Também tivemos a informação que a Coreia do Sul pretende colocar um voo directo para Lisboa. Já temos o Dubai, se começamos a ter mais uma extensão à China ou à Coreia Sul, aos quais de juntam os voos dos EUA, quase que podemos dizer que 2017 vai continuar a crescer, embora os números de 2016 sejam muito impressionantes em termos de crescimento.
O novo aeroporto em Lisboa é um tema que tem de ser trazido para a agenda outra vez?
O que tentei explicar é que este não é o tema para falar todos os dias, nem é um tema para não se falar. Vai ser preciso um novo aeroporto. Aparentemente está consciencializado que iremos fazer o ‘Portela+1’. Então, vamos por uma pedra sobre o assunto e dizer está decido, vamos abrir o concurso.
Em condições normais o aeroporto de Lisboa vai esgotar. O novo aeroporto é uma obra extraordinariamente complicada. Portanto, vamos calmamente dizer que está decidido.
Mas julga que este Governo vai tomar essa decisão?
Não sei se vai tomar, mas daquilo que nos compete, a tomada dessa decisão é uma bandeira da CTP.
Governo
As suas primeiras palavras para o actual Governo foram durante o último congresso da APAVT e não foram positivas. Qual é o balanço que faz agora da actuação deste Governo no que diz respeito ao Turismo?
Na nossa opinião, o Governo não começou bem. O caso mudou bastante de uma forma positiva, no sentido que, hoje em dia, o Governo dá imensa atenção aos parceiros sociais. Logo após as minhas declarações, o Dr. António Costa foi a uma reunião de Comissão Permanente de Concertação Social em que se fez acompanhar de seis ministros. Temos, hoje em dia, uma agenda marcada até ao final do ano, temos reuniões de Concertação Social de quinze em quinze dias, em que se debatem todos os assuntos que estão em cima da mesa.
Ressuscitaram o Conselho Estratégico para a Internacionalização da Economia (CEIE). Está outra vez a funcionar. Temos reuniões periódicas com vários membros do Governo e julgo que até tem havido alguma injustiça e incompreensão com este ministro da Economia, porque, no que ao Turismo diz respeito, estamos muito contentes com o ministro Caldeira Cabral, tem sido de uma disponibilidade total, não perde uma oportunidade para falar no Turismo onde quer que seja. Inclusive este plano estratégico que o Governo está a fazer foi apresentado pela primeira vez em Comissão Permanente de Concertação Social, o que até deixou os meus colegas de outras confederações com bastantes ciúmes.
Outra questão que nos preocupa e, tem oito meses, é que o Programa do Governo previa alterações à legislação laboral. Esse assunto irá ser discutido certamente, o que é facto é que já lá vão oito meses. Preocupam-nos alguns temas sobre a legislação laboral em geral e sobre o Turismo, em particular, algumas que nos são caras, como contratos a termo, banco de horas. Uma outra medida que vimos anunciada, na FIL, durante a última Bolsa de Turismo de Lisboa, foi um Fundo de 50 milhões. Até hoje ainda não sabemos para que são esses 50 milhões.
O que espera do próximo Orçamento de Estado (OE) no que diz respeito ao Turismo?
Que medidas espera ver inscritas no OE? Antes de irmos para as férias, o Presidente da República chamou os parceiros sociais e depois fizemos declarações à saída à comunicação social.
E disse: vamos de férias e, depois, falamos disso…
E digo a mesma coisa. Os brasileiros têm uma frase óptima: ‘Só peru esquenta de véspera’. Digo exactamente o mesmo. O OE é da responsabilidade do Governo, vamos esperar por ele. Quero esperar pelo OE e, quando o conhecermos, irei pronunciar-me sobre ele.
Mas pode dizer quais as medidas que gostaria de ver aplicadas?
O que gostaria mesmo de ver neste OE não é um aumento, é um grande aumento da verba da promoção.
Uma eterna ‘batalha’ ?
Batalha essa que eu ainda não consegui ganhar. A nossa verba é, em números simples, 50 milhões de euros. 50 milhões para pagar tudo: estruturas, publicidade, agências de comunicação. 50 milhões de euros no OE não é nada. Devia ser 10 vezes mais (isto é um exagero). A promoção não é gasto, é investimento, ou seja, tem retorno rápido. Fazemos uma mega campanha na Alemanha e no próximo ano temos mais 200 mil alemães cá. Não considera que é uma batalha perdida pedir mais verba para a promoção na medida em que os resultados têm crescido? Assistimos à alocação de verbas para as medidas activas de emprego, ou seja, à criação de emprego virtual. O que digo é que se pusermos mais de 50 milhões na promoção em vez de crescer 7%, cresce 10%, e ao crescer vai aumentar o emprego e dinamizar a economia. Aliás, é muito difícil fazer uma ligação directa entre promoção e resultados. Não é por acaso que estamos a ter mais alemães e franceses, porque o alemão era um cliente da Turquia e o francês era um cliente do Norte de África. Temos que ser mais cirúrgicos, quando acontece uma coisa como esta, devemos meter em cima da mesa uns milhões num país ou mercado que sabemos que vem.
Que outras medidas além do aumento da verba para a promoção gostaria de ver inscritas no próximo OE?
Além de um grande aumento da verba de promoção, o que gostaríamos era a reforma do Estado. Nós, empresários, e, sobretudo, os empresários do Turismo, têm feito isso nos dez últimos anos. Andamos a reinventarmo-nos todos os dias. Não podemos continuar a olhar para o Estado, para a Educação, a Justiça, a Segurança Social e continuarem rigorosamente iguais. Temos que trabalhar mais e não menos. Aí estou completamente de acordo com o meu colega António Saraiva: as 35 horas no privado é um não assunto. Temos de ser mais produtivos, o Estado faz exactamente as mesmas funções da mesma maneira há anos. Uma actividade privada que não seja eficiente, fecha. O Estado não fecha nunca. O privado fecha e, quando fecha, aparecem outros a fazer melhor que ele. Por isso, gostaríamos de ver os primeiros passos da reforma do Estado. O anterior Governo falou dele, mas não fez praticamente nada. Este Governo não tem falado muito disso e os anos vão passando. Não queremos ver cortes cegos, queremos é ver as coisas a modificarem-se. Gostaria que o IVA do Golfe baixasse. O Golfe é, de facto, um desporto de elite, mas o problema, e a opinião pública não sabe isto, é que 95% das voltas de Golfe são feitas por estrangeiros. Não critico o IVA, é um imposto que tem uma seriedade, na medida em que se não se quer pagar o IVA do cinema, tem bom remédio, não vai ao cinema. No Golfe estamos a falar de estrangeiros, que comparam o preço em Portugal com o preço na Turquia, Espanha. Por outro lado, se discutirmos a sazonalidade no Algarve, o Golfe não é jogado nas épocas altas, é jogado, sobretudo, nas épocas intermédias.
O Turismo é muito sensível à disponibilidade financeira dos portugueses. Nesse aspecto, pensa que os portugueses vão ter dinheiro para viajar dentro e para fora do País?
Ponto número um: o Turismo Interno é importantíssimo, é o mais importante de todos em peso de mercado. A fazer face aquilo que temos ouvido na comunicação social, o Sr. Primeiro-Ministro tem sido perfeitamente claro: “A nossa batalha vai no sentido de repor os rendimentos dos portugueses”. Não tenho, neste momento, razões nenhumas para duvidar do que o Sr. Primeiro-Ministro diz. Se este ano já tivemos um aumento de Turismo Interno muito razoável, se se repuserem alguns rendimentos dos portugueses, a minha esperança clara é que o Turismo Interno, à semelhança do Turismo internacional, venha a subir no próximo ano. Julgo que os portugueses em 2017 vão ter provavelmente mais dinheiro do que em relação a este ano.
Estratégia Turismo 2027
Está em consulta pública a Estratégia Turismo 2027 (ET 27), o plano que vai definir a estratégia do sector em Portugal para os próximos 10 anos, enquadrado com o próximo quadro comunitário 2021-2027. Já disse que estava genericamente de acordo com o documento. Mas acredita que é possível um compromisso a dez anos?
Voltando atrás, o anterior Governo emitiu um documento e perguntaram-me o que pensava desse documento? Não penso nada, o que me interessa saber é se o próximo Governo vai ou não pegar nele e fazer dele qualquer coisa. O que aconteceu na prática? (E não estou a criticar, estou a expor um facto) O actual Governo ignorou o documento e pôs à discussão o documento ET 2027. Na Confederação estamos mais preocupados com questões de competitividade, questões concorrenciais, abolir barreiras de longo e curto prazo. Este documento é muito mais a médio, longo prazo, embora a CTP também se preocupe com questões a médio e longo prazo, como a questão do aeroporto, que acabámos de falar. O que deveria acontecer é que o Governo deveria tentar concertar com o maior partido da oposição este documento, mas isso sabemos que não vai ser possível.
Recursos Humanos
Há quem defenda, neste momento, e para o sector da hotelaria em particular, que o Calcanhar de Aquiles é a gestão de recursos humanos, por não existir uma legislação laboral adequada à actividade. Esse é um tema para ser discutido em sede de concertação social. Que leitura é que faz deste assunto?
Consideramos que, neste momento, a legislação laboral geral é equilibrada. Não há que mexer nela. Se alguma vez viermos a mexer nela, sim, consideramos que o Turismo deve ser olhado pela particularidade da sazonalidade que tem.
O Turismo é capaz de atrair e manter os RH, sendo que a remuneração é um ponto importante?
No caso da hotelaria já começamos a ter hipóteses de progressão internacional nas cadeias portuguesas.
Há outra questão que não se pode esquecer, na hotelaria, a alimentação é dada, isso é um pagamento em espécie que é relevante.
Quando houve a discussão do salário mínimo, fiz a prospecção, e há muitas empresas turísticas que nem sequer pagam o salário mínimo, pagam acima. Normalmente os números que saem, são da hotelaria e restauração, mas o Turismo é muito mais do que isso, são companhias aéreas, aeroportos, rent-a-car. Pagamos acima. Novamente, o Turismo está a correr bem, mas vimos de uma base muito baixa, temos de ter mais anos bons para recapitalizar as empresas e pagar cada vez mais.
Funcionamento da CTP
Na última assembleia-geral da CTP, esteve em discussão a possível remuneração do presidente da CTP. Isso vai acontecer?
A CTP no passado teve presidentes remunerados e presidentes não remunerados. A partir de Janeiro deste ano deixei de ser o CEO da Springwater Tourism e passei a ser o representante da Springwater Capital, que é uma actividade que me tira um dia por mês. Como tal, desde o dia 2 de Janeiro estou a ‘full time’ na CTP.
Houve um conjunto de associados que disseram: em nossa opinião, como o presidente está, neste momento, a trabalhar em ‘full time’ na CTP, ele deve ser remunerado. Esse assunto foi levado a assembleia-geral em Junho e foi aprovado por unanimidade essa situação.
Vai acontecer?
É uma coisa que vai acontecer, ficou definido numa reunião posterior discutir-se quais as condições.
Nos últimos tempos temos assistido à proliferação de muitos negócios no Turismo. Esse aumento da actividade e diversidade de empresas reflecte-se também nos associados da CTP?
Uma das coisas que hoje em dia me dá algum prazer é que, na CTP, temos representadas, hoje em dia, praticamente todas as actividades que estão ligadas ao Turismo. Dos hotéis aos agentes, dos casinos, aos aeroportos, as companhias aéreas, o rent-a-car, que entrou há menos de um ano. E as que estão a nascer, como o alojamento local, inclusive já pediu a sua adesão à CTP e o pedido vai ser levado à próxima reunião de direcção para ser apresentado o tema.
Estamos a meio do segundo mandato da CTP. Quais são as grandes bandeiras da Confederação até ao final deste mandato?
Tenho imensas. Julgo que as coisas têm estado a correr bem. Tivemos alguns temas internos que estão ultrapassados. Hoje em dia, a CTP está mais arrumada. Tem uma estrutura profissional que funciona muito bem, comigo ou sem mim. Conseguimos algumas bandeiras como entrar no Comité Económico Social, onde não estávamos. Não percebo porque é que todas as confederações eram um Organismo Intermédio e nós não. Conseguimos. Neste momento o Turismo tem poder e como tem poder vai exercê-lo, porque somos um exemplo para as outras actividades. Quando se diz que há desemprego, o Turismo está a criar emprego líquido. Quando se diz que o investimento está a correr mal, está-se a investir loucamente no Turismo, portugueses e estrangeiros. Temos deste investimento estrangeiro nos aeroportos (Vinci), na distribuição (Springwater), a TAP, os hotéis (Minor Hotel Group).
O que queremos agora é que não haja dúvidas do poder que temos em termos de contribuir para o crescimento do produto, para a economia e para o emprego. Cada vez estarmos mais unidos com os nossos associados, cada vez temos mais comités de legislação laboral. Gostaríamos de ter a nossa Confederação cada vez mais sólida e dar passos mais certos, um bom entendimento com o poder público e conseguirmos algumas bandeiras como, por exemplo, o aumento da promoção, não mexer na legislação laboral geral e a definição do novo aeroporto. ¶