Memmo Hotels a dar cartas na indústria do sonho
Em Setembro, o grupo hoteleiro abre a sua terceira unidade hoteleira, o Memmo Príncipe Real, em Lisboa. A autenticidade é o fio condutor comum na sua colecção de hotéis, mas […]

Raquel Relvas Neto
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Em Setembro, o grupo hoteleiro abre a sua terceira unidade hoteleira, o Memmo Príncipe Real, em Lisboa. A autenticidade é o fio condutor comum na sua colecção de hotéis, mas as diferenças entre si são bem visíveis. Fique a conhecer de que forma o primeiro cinco estrelas da marca vai distinguir-se no mercado.
Rodrigo Machaz descarta a ideia de que a Memmo Hotels é uma cadeia de hotéis. Prestes a abrir a terceira unidade do grupo, a segunda que detêm na capital portuguesa, o director-geral explica que a marca hoteleira apresenta sim uma colecção de hotéis, todos distintos entre si, mas com uma filosofia comum: promover a autenticidade dos destinos em que cada um está inserido.
É desta forma que a Memmo Hotels, cujo nome vem de memórias, quer estar naquela que Rodrigo Machaz denomina indústria dos sonhos e não do sono, e proporcionar experiências e vivências marcantes a quem visita as suas unidades. Há nove anos abriram a primeira unidade, o Memmo Baleeira, em Sagres, com 144 quartos, na qual encontraram “um destino autêntico, que queremos dar a conhecer a quem nos visita”. Assim, o Memmo Baleeira, ‘You’ll never forget Sagres’, aposta particularmente no viajante, naquele que “vai à procura dos sabores, dos aromas dos sítios, do que é local”.
Depois de Sagres, a Memmo Hotels apostou numa entrada diferenciadora na capital portuguesa, com a abertura do Memmo Alfama em 2013. Com 42 quartos, a unidade hoteleira destaca-se por ter sido a primeira do bairro tradicional de Alfama. Seguindo a lógica de promover hotéis em destinos autênticos, Rodrigo Machaz indica que, “quando viemos para Lisboa, o que encontrámos de mais autêntico foram os bairros e, desde o primeiro dia, o nosso critério nunca foi a centralidade, nem as grandes avenidas” da cidade. Em Alfama, optaram por um projecto de boutique hotel, de pequena dimensão que se torna “mais próximo, íntimo e mais exclusivo”. O responsável admite que no início existiram dúvidas acerca de Alfama e se esta era “uma aposta certa”, pois o bairro era “longe de tudo”. Depois, com a requalificação do Terreiro do Paço e da Frente Ribeirinha, Rodrigo Machaz realça que foi criada uma nova centralidade em Lisboa e que Alfama passou a estar perto de tudo. “As verdadeiras atracções turísticas acontecem nas zonas autênticas de Lisboa, não acontecem no Saldanha, nem no Marquês, nem tão pouco na Avenida da Liberdade, acontecem na zona ribeirinha, na parte velha da cidade”, menciona.
“Se fossemos uma cadeia hoteleira, o mais fácil de tudo e provavelmente mais rentável teria sido copiar o conceito de Alfama para o Príncipe Real”
Com o Memmo Alfama, a marca hoteleira quis que a unidade tivesse “a qualidade de um hotel e o lado social dos hostels. Este foi sempre o desafio”. Rodrigo Machaz esclarece que o intuito não foi criar ali no bairro mais um hotel tradicional, que se tornaram “espaços socialmente desinteressantes”, mas sim “um hotel que tivesse a proximidade do lado social para que houvesse mais interacção entre as pessoas”. A inspiração adveio dos hostels, particularmente, “em perceber o que eles fazem de bem e porque é que os hostels eram sítios em que as pessoas se sentiam tão bem”. Ou seja, não é pelo preço dos hostels, mas pelo conceito, “que assentava numa coisa muito importante quando uma pessoa viaja: a partilha”. Para o responsável, a partilha “tornou-se obrigatório e os hotéis não partilham nada, tornaram-se espaços impessoais”. É, neste sentido, que a marca hoteleira quis tornar o Memmo Alfama num espaço de partilha.
Novo hotel
Contudo, não é o conceito do Memmo Alfama que será replicado no do Príncipe Real. “Se fossemos uma cadeia hoteleira, o mais fácil de tudo e provavelmente mais rentável teria sido copiar o conceito de Alfama para o Príncipe Real”, refere. Hospitalidade, contemporaneidade e originalidade são os três valores comuns às unidades da Memmo Hotels, que são diferentes entre si e também estão inseridas em destinos distintos.
Aqui o objectivo vai também passar por vender o bairro em que está incluído, o Príncipe Real, que tem uma arquitectura palaciana e aristocrática e que contou recentemente com uma “invasão” de gente jovem no bairro, abrindo lojas e restaurantes diferenciadores, criando uma ‘movida’ no Príncipe Real. “Em termos de potencial turístico, é enorme. Primeiro a escala humana das coisas, não estamos numa cidade enorme. Fica tudo perto”, razões pelas quais se apaixonaram os responsáveis da Memmo Hotels.
Com abertura em ‘soft-opening’ em Agosto e oficial em Setembro, o Memmo Príncipe Real é o primeiro projecto de raíz da marca, da autoria do arquitecto Samuel Torres de Carvalho, o que conferiu maior responsabilidade ao projecto. O hotel prima por ser um edifício totalmente contemporâneo num investimento total de 7,5 milhões de euros. “Se Alfama vende autenticidade e a exclusividade, é um hotel em que os clientes gostam de sentir essa exclusividade do espaço, aqui é diferente. O Príncipe Real tem tudo a ver com ’movida’, faz parte do fenómeno do bairro”, esclarece. Para Rodrigo Machaz, no novo hotel as pessoas são convidadas a conhecerem e deixarem-se levar pelo bairro e todo o seu ambiente, mas “mais do que isso, as pessoas lá de fora têm que vir para aqui”.
O Memmo Príncipe Real está a ser desenvolvido de forma a tornar-se parte integrante do bairro. “É um hotel numa Lisboa de charme, mas queremos que seja um hotel ‘lively’, com gente, com ‘movida’. Quem quiser um hotel com tranquilidade é melhor não vir para aqui que não é bem esse o registo”, atenta.
Quem entrar no hotel vai deparar-se com um edifício contemporâneo, mas será “surpreendido por um ambiente mais clássico”. “As pessoas chegam e vêem uma decoração clássica e contemporânea com apontamentos de qualidade próprias de um hotel de luxo”, completa. Um quadro do Príncipe Real – Dom Pedro V da autoria de Barahona Possollo ou um painel em estuque de Iva Viana são algumas das peças que vão estar em destaque na decoração. “Quando a pessoa entra sente que está num hotel mais clássico do que estava à espera, mas depois é uma questão de volume, a ideia é ir desconstruindo este clássico para o hotel não ficar inibidor. Aqui a ideia é ser mais descontraído”, esclarece.
Mas o que tem o hotel para oferecer? Rodrigo Machaz responde: “Vai ter uns quartos lindos, com vista única, com uma localização única, num bairro ‘upscale’”. A estas mais-valias, acrescenta-se o ‘rooftop’, onde funcionará o solário que estará disponível para os hóspedes até às 17h00, a partir daí pode ser utilizado para eventos de pequenos grupos, que têm uma paisagem de 180º sobre o centro de Lisboa.
Um dos desafios da gestão desta unidade hoteleira vai ser o restaurante. O responsável explica que, “regra geral, os restaurantes de hotel não funcionam, ou quando funcionam, é com pessoas que vêm de fora” da unidade. No restaurante do Memmo Príncipe Real a escolha recai para uma gestão própria. “Tenho o ‘spot’ para fazer o restaurante (…), e acreditamos que conseguimos e vamos fazer um espaço especial aqui”, salienta. É neste sentido que foi criada uma identidade própria do restaurante, que funcione de forma independente do resto do hotel. “Este projecto divide-se em duas áreas: a hotelaria de um lado e a restauração do outro”. Surge, assim, o Café Colonial com o ‘claim’ ‘Taste the journey’, que se vai focar também na autenticidade. “Vamos fazer um restaurante inspirado nos sabores que os portugueses descobriram pelo mundo”, adianta. Rodrigo Machaz esclarece que o objectivo passa por “pegar em produtos, técnicas, matérias-primas, não é fazer cozinha brasileira, nem moçambicana, mas sim uma cozinha em que essa partilha, não só da lusofonia, mas a partilha que os portugueses foram dando e recebendo à volta do mundo. Essa é só uma história, depois os pratos hão-de reflectir isso”. O nome Café foi escolhido com o propósito de que este seja um espaço de partilha, “de interacção, em que as pessoas estejam à vontade”. A funcionar ao pequeno-almoço para os hóspedes do hotel e ao almoço e jantar para os clientes de fora da unidade, o Café Colonial vai ter o Chefe Vasco Lello como responsável por levar os clientes nesta jornada. Este não será um restaurante de luxo nem característico de um cinco estrelas, vai primar pela “arte do equilíbrio”. O director-geral explica: “Uma comida autêntica, que os portugueses descobriram na viagem pelo Mundo, um serviço próximo, mas impecável e competente, e um ambiente e uma decoração que tenham estas características do contemporâneo e o clássico, que não seja demasiado pesado nem contemporâneo e minimalista para que a pessoa não se sinta à vontade”.
Posicionamento
Este vai ser o primeiro cinco estrelas da Memmo Hotels, mais concretamente, um hotel ‘premium’. O preço médio será a partir dos 250 euros, pois para o responsável, “na vida as coisas não são caras ou baratas, ou valem ou não valem. É o lado emocional que entra”. Fazer valer esse preço médio faz parte de todo o projecto. “Esta nossa decisão de estarmos numa oferta ‘premium’ é uma decisão pensada. Ainda não sei se vai ser o melhor negócio ou não. Certo era termos replicado o modelo de Alfama aqui. Mas em termos de grupo faz muito mais sentido termos aqui um cinco estrelas, caso contrário estávamos a fazer uma cadeia e nós não queremos construir uma cadeia, queremos que cada unidade acrescente à outra”. Segundo Rodrigo Machaz, este surge, primeiro, “porque não tínhamos, segundo, porque dificilmente achamos que vamos ter outro sítio com tanto potencial para fazer um cinco estrelas e, terceiro, julgo que se pode fazer mais a diferença no cinco estrelas, pois já há uma série de quatro estrelas bons em Lisboa e acho que os cinco estrelas têm de se reinventar”.
“Esperamos, em dois ou três anos, abrir outro Memmo dentro desta lógica, seguramente num sítio autêntico de Lisboa e com uma oferta diferenciadora”
No fundo, Rodrigo Machaz refere que, “desde o primeiro dia, era nosso objectivo a médio/longo prazo uma colecção de hotéis, ligados ao destino e que com essa colecção pudéssemos dizer Memmo Baleeira, You’ll never Forget Sagres, Memmo Alfama, You’ll never forget the authentic Lisbon, e Memmo Príncipe Real, the charming Lisbon that you’ll never forget, mas, no fim, o que queremos dizer é: Memmo Hotels, You’ll never Forget Portugal”.
Futuro
No que diz respeito ao futuro da marca hoteleira, Rodrigo Machaz avança que “neste momento, estamos a trabalhar num próximo projecto também em Lisboa”. “Esperamos, em dois ou três anos, abrir outro Memmo dentro desta lógica, seguramente num sítio autêntico de Lisboa e com uma oferta diferenciadora”, avança.