A experiência das rotas mundiais e da rede de feitorias
Leia a opinião de Humberto Ferreira, colaborador do Jornal Publituris, na edição 1320, de 24 de Junho, do Jornal Publituris.
Humberto Ferreira
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Há três aeroportos com nomes de Francisco Sá Carneiro no Porto, Humberto Delgado em Lisboa, e do Papa João Paulo II em Ponta Delgada, (aliás, deveria ser o aeroporto São João Paulo desde 27 de Abril de 2014).
Há autarcas e populações que gostariam de ver nomes de outros vultos ilustres dados aos restantes aeroportos e aeródromos com voos regulares.
E a sociedade civil, perante a indiferença do poder, aponta nomes de aviadores pioneiros, intérpretes da gloriosa gesta da aviação intercontinental, ou de cientistas, inventores, médicos, empresários, industriais, agricultores, desportistas, artistas, militares, e vultos credores de confiança e respeito, que tenham contribuido para o crescimento das respectivas regiões.
OPÇÕES MENOS ESTRATÉGICAS – Deixamos em 1985 de operar paquetes, ferries, e praticamente cargueiros e petroleiros. Foi um armador grego que fretou e adquiriu o paquete Funchal para cruzeiros até morrer em 2012, criando a Classic International Cruises, em Lisboa, com cinco navios registados no Funchal, e cujos activos foram depois adquiridos pela Portuscale Cruises que durou pouco.
Mas há aeronaves a voar com o indicativo luso CS. Faltam, porém, iniciativas para atrair empreendedores nacionais e estrangeiros sobre as oportunidades do regresso de Portugal ao comércio e transporte marítimo.
PATRIMÓNIO MUNDIAL DO ALGARVE – Basta ler a imprensa regional, para sabermos o que o país deseja, e os governantes ignoram.
Na edição do Jornal do Algarve de 9 de Junho encontrei a segunda tentativa para o reconhecimento do património mundial do Algarve como PRIMEIRO CAIS do prometedor plano da GlOBALIZAÇÃO, que aproximou povos de vários continentes, graças às rotas de comércio marítimo lançadas do Algarve.
LUGAR ORIGINAL DA GLOBALIZAÇÃO – Ora, em boa hora, a Direcção Regional de Cultura do Algarve, Universidade do Algarve, e Entidade Regional de Turismo do Algarve, no início de Junho, inscreveram na lista indicativa de candidaturas de Portugal aos sítios do Património Mundial, o desejo do Algarve passar a ser LUGAR DA GLOBALIZAÇÃO.
Tendo o mundo mudado há 600 anos com a descoberta de novas rotas oceânicas, que foram promovendo a expansão do comércio e intercâmbio cultural, desde as nossas expedições, seguidas por holandeses, italianos, ingleses, espanhóis, etc.
PROJECÇÃO GLOBAL DA UNESCO – A primeira tentativa foi em 2002, quando a antiga Região de Turismo do Algarve enviou à Comissão Nacional de UNESCO a inscrição de SAGRES nessa lista. De facto a lenda da Escola de Marinharia e Cartografia de Sagres persiste. Quantos estrangeiros continuam a chegar a Sagres interessados em admirar o inexistente espólio dessa epopeia?
Não reconhecendo que o óptimo é inimigo do pioneirismo, a comissão sugeriu, em 2002, que a proposta fosse integrada num projecto mais amplo. Será desta que a UNESCO classificará o Algarve como um dos PILARES DA GLOBALIZAÇÃO?
Com a crise de 2007-2016, adiou-se para 2014 o estudo com mais concelhos: Vila do Bispo, Monchique, Lagos, Aljezur, e Silves. Inegavelmente ligados às descobertas e agora unidos.
DO DESCONHECIDO AO COMÉRCIO INTERCONTINENTAL – Dobrado o Cabo da Boa Esperança em 1488 e a chegada ao Brasil em 1500, continuou a descoberta de rotas intercontinentais pela costa oriental de África, Índia, costa meridional da Ásia e ilhas entre o Índico e o Pacfico.
Navegadores e mercadores portugueses foram pioneiros no legado de feitorias e fortalezas pelo mundo fora, entre as quais nas MOLUCAS, após a chegada de António Abreu, capitão-mor de Malaca, em 1511, e que chegou à Austrália, como ficou provado pela recente descoberta dos restos de um navio português naufragado nessa época.
A rede de feitorias portuguesas ao longo do Atlântico, Índico, e Pacífico, constituiu a rampa da globalização, como agora é designado o sistema de trocas comerciais, financeiras, culturais, e políticas, através das redes marítimas e aéreas, estas a partir de 1900.
Além das descobertas em África, Índia e Brasil, relembro as chegadas de João Vaz e Gaspar Corte Real à Terra Nova em 1471; as três expedições de Vasco da Gama à Índia, entre 1498 e 1524; de Jorge Álvares ao Rio das Pérolas e Macau, no Sudeste da China em 1513; de António Mota e Francisco Zeimoto ao Japão em 1543; sem ignorar a descoberta de Fernão de Magalhães ao serviço de Espanha em 1520, do Estreito de Magalhães entre o Atlântico e o Pacífico.
Mas a origem foi a grande expedição de 1415 de D.João II ao Norte de África, participada pelos príncipes Duarte Pedro, e Henrique (o cérebro da epopeia das expedições oceânicas entre 1415 e 1460, quando faleceu no Algarve).
Eis um resumo de histórias que as iniciativas promocionais integrando artes, cultura, exportações, turismo, etc., devem projectar para reforçar a imagem empreendedora lusa. É curioso que no Índice Global da Paz os cinco países que mais primam pela Paz são: Islândia, Dinamarca, Áustria, Nova Zelândia e Portugal. Outra boa história lusitana.
Não vou divagar sobre a falta de equidade da globalização entre grandes potências e pequenas nações. Vou vincar que o ALGARVE merece ser 16º sítio luso do Património da Unesco.