WTTC quer governos mais ambicioso no combate à pegada climática
Com o lançamento da primeira pesquisa de âmbito ambiental e social, o WTTC deu o pontapé de saída para que o setor do turismo e viagens dê o exemplo no combate às alterações climáticas. Contudo, a presidente e CEO do organismo, Julia Simpson, salientou que nada se faz se a ajuda e apoio dos governos.
Victor Jorge
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O World Travel & Tourism Council (WTTC) divulgou durante a 22.ª Cimeira Global, realizada em Riade, na Arábia Saudita, novos dados inovadores detalhas referentes à pegada climática do setor global do turismo e viagens.
Pela primeira vez no mundo, esta pesquisa abrange 185 países em todas as regiões e será atualizada a cada ano com os números mais recentes.
Estimativas anteriores sugeriram que o setor global do turismo e viagens era responsável por até 11% de todas as emissões. No entanto, esta pesquisa pioneira do WTTC mostra que, em 2019, as emissões de gases de efeito estufa do setor totalizaram apenas 8,1% das emissões globais.
A divergência entre o crescimento económico do setor e da sua pegada climática entre 2010 e 2019 é uma evidência de que o crescimento económico do setor do turismo e viagens está a dissociar-se se das suas emissões de gases de efeito estufa.
Estas emissões têm diminuído de forma consistente desde 2010 como resultado da evolução tecnológica, bem como da introdução de uma série de medidas de eficiência energética nas indústrias do setor.
Entre 2010 e 2019, o PIB do setor do turismo e viagens cresceu, em média 4,3%, ao ano, enquanto a pegada ambiental aumentou apenas 2,4%.
Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC, anunciou as descobertas da Pesquisa Ambiental e Social (Environmental & Social Research, em inglês – ESR), num dos maiores projetos de pesquisa já realizado já realizado neste âmbito, dando a possibilidade ao WTTC de, pela primeira vez, relatar e rastrear com precisão o impacto que as indústrias do setor têm no meio ambiente.
A Pesquisa Ambiental e Social (ESR) mais ampla incluirá medidas do impacto do setor em relação a uma série de indicadores, incluindo poluentes, fontes de energia, uso de água, bem como dados sociais, incluindo idade, salário e perfis de género e empregos relacionados com o turismo e viagens.
Segundo o WTTC, “os governos de todo o mundo têm agora uma ferramenta para dar indicação sobre a tomada de decisão e acelerar a mudança ambiental com mais precisão”.
Nesse sentido, Julia Simpson salienta que “até agora não tínhamos uma maneira setorial de medir com precisão a nossa pegada climática. Esses dados fornecerão aos governos as informações detalhadas de que precisam para progredir em relação ao Acordo de Paris e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
“O setor do turismo e viagens está a realizar grandes progressos no sentido da descarbonização, mas os governos devem definir a as etapas de atuação. Precisamos de um foco forte no aumento da produção de combustíveis de aviação sustentável com incentivos governamentais. A tecnologia existe. Também precisamos de um maior uso de energia renovável nas nossas redes nacionais, para que, quando acendemos a luz num quarto de hotel, tenhamos a certeza que estamos a utilizar uma fonte de energia sustentável”.
“A chave é tornarmo-nos mais eficientes e dissociarmos a taxa de crescimento da quantidade de energia que consumimos. A partir de hoje, cada decisão, cada mudança levará a um futuro melhor e mais brilhante para todos”, concluiu Julia Simpson.