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Uma inverdade repetida à exaustão não se torna verdade por mais que se insista

Todos os anos saem centenas de novos técnicos com formação académica e profissional de escolas, universidades e institutos politécnicos, e, estes sim, são a geração mais qualificada de sempre na grande área do Turismo.

Uma inverdade repetida à exaustão não se torna verdade por mais que se insista

Todos os anos saem centenas de novos técnicos com formação académica e profissional de escolas, universidades e institutos politécnicos, e, estes sim, são a geração mais qualificada de sempre na grande área do Turismo.

Sobre o autor
Bonifácio Rodrigues

Nunca exerci nenhuma atividade profissional ligada à hotelaria e à restauração, no entanto, conheço bem a área. Sou filho de profissionais da restauração e o meu primeiro jardim infantil foi entre tachos e panelas. Conheço bem a dureza da atividade e o que é exigido aos seus profissionais. Horas excessivas de trabalho, em pé, seja na cozinha seja na sala. Anos inteiros a trabalhar para ‘bem servir’ os outros. Quando a maioria da população celebra datas especiais (sejam privadas, sejam nacionais (como é o caso do Natal, só para dar um exemplo), os profissionais da hotelaria e restauração estão on duty, tal como os profissionais da saúde, os bombeiros e as forças de segurança, para garantir que a maioria dos cidadãos tenham o(s) seu(s) momento(s) de prazer. Este esforço raramente é reconhecido pelos clientes/utentes.

Vem isto a propósito da recuperação da atividade turística em Portugal (aleluia) e do argumento muito em voga (até por parte de docentes da área) de que existe falta de mão de obra qualificada em Portugal. Para irritação de muitos, devo dizer que discordo completamente desta análise da situação. Todos os anos saem centenas de novos técnicos com formação académica e profissional de escolas, universidades e institutos politécnicos, e, estes sim, são a geração mais qualificada de sempre na grande área do Turismo. Tal como os profissionais da saúde, da docência e do direito, profissões tradicionais e consideradas de ‘prestigio’ também estes, são obrigados a realizar um estágio profissional, em ambiente de trabalho real, para os capacitar para os desafios do mercado.

Sendo docente em escolas profissionais e em Institutos Politécnicos, conheço bem a qualidade dos nossos alunos e da dedicação e vontade de aprender e fazer bem, que colocam nos locais de estágio, facto comprovado pelos rasgados elogios dos orientadores profissionais.

Então, se existem tantos jovens capacitados no mercado, porquê este discurso repetido exaustivamente sobre a falta de mão de obra? Penso que a resposta é simples. O que falta são salários e contratos estáveis e não mão de obra. Evitava-se assim a fuga para fora do país e para outras atividades, destes recém-formados.

Aliás, esta necessidade urgente de um salário justo vem ao encontro dos 17 ODS-Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU*, no nosso caso o objetivo 8. De acordo com esta Organização ‘(…) A importância dos ODS da ONU refere-se à criação e fortalecimento de uma cultura de sustentabilidade e responsabilidade na humanidade, nos governos e nas empresas (…) No mundo corporativo e industrial, os ODS representam negócios mais responsáveis, eficientes, competitivos e transparentes (…) Além disso, pretende-se valorizar e defender políticas que garantam os direitos do trabalhador, como saúde e segurança no trabalho.’

Semanas atrás, os jornalistas colocaram a mesma questão ao Presidente Biden. A resposta do Presidente dos EUA, foi curta e direta ‘(…) paguem melhor’. Haja quem fale verdade.

*https://globalcompact.pt/index.php/pt/agenda-2030

Sobre o autorBonifácio Rodrigues

Bonifácio Rodrigues

Ph.D. Turismo, Lazer e Cultura, Docente na ESCAD-IP Luso | ISCE e EHT de Lisboa
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