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Turismo: sinais positivos incertezas

Num contexto duro e incerto, Portugal conta com uma arma positiva: pagou um enorme preço, mas conseguiu resistir aos momentos mais difíceis, demonstrando consistência estrutural e capacidade de resposta. Esta é a sua arma principal, que deve manter-se, porque a batalha não está ganha.

Turismo: sinais positivos incertezas

Num contexto duro e incerto, Portugal conta com uma arma positiva: pagou um enorme preço, mas conseguiu resistir aos momentos mais difíceis, demonstrando consistência estrutural e capacidade de resposta. Esta é a sua arma principal, que deve manter-se, porque a batalha não está ganha.

Vítor Neto
Sobre o autor
Vítor Neto

Depois de dois anos de uma “guerra” provocada pela invasão de um vírus invisível, ainda não totalmente debelado, fomos agora confrontados com uma nova guerra, com a invasão de um novo vírus, desta vez com rosto, na Ucrânia.

Estamos perante um quadro que envolve todo o planeta e que gera natural preocupação quanto ao futuro.

Com consequências nas perspetivas de vida dos sobreviventes. Sociedade. Economia. Empresas.

Para uma atividade económica e social tão específica como o Turismo, um dos setores mais relevantes da economia mundial (3.º maior setor exportador), como perspetivar a sua evolução neste quadro? Quadro em que Portugal ocupa uma posição relevante: 15.ª posição nas chegadas internacionais, 20.ª posição nas receitas externas. Sendo o Turismo um dos principais motores da sua economia.

Portugal tem de estar preparado para enfrentar estas “guerras”, começando por ter consciência do ponto em que se encontra no terreno de batalha.

A evolução do Turismo em Portugal nestes dois últimos anos não deixa dúvidas.

Desde logo, uma queda brutal em 2020 em relação a 2019: menos cerca de 75% das dormidas de estrangeiros e menos 60% nas receitas (11 mil milhões de euros).

Em 2021 verifica-se alguma recuperação em relação a 2020, mas ficando longe de 2019: nas dormidas de estrangeiros verifica-se um aumento de 53% em relação a 2020, mas ainda uma quebra de 62% em relação a 2019.

Em 2022 os dados já conhecidos confirmam a recuperação não só em relação a 2021, como a 2019.

No primeiro trimestre, nas dormidas totais verificou-se uma forte recuperação em relação a 2021, aproximando-se dos valores de 2019, com uma distância de apenas 19%.  Dados que certamente melhoraram ainda com o mês de abril, pela forma positiva como correu nas diferentes regiões e que reforçaram o otimismo em relação ao verão e resto do ano.

Nesta “guerra” anticovid depois de combates muito duros e uma resistência heroica, estamos a viver um processo de recuperação consistente, com possibilidades de sucesso.

O que confirma a consistência estrutural da economia do Turismo e do seu tecido empresarial. Não deixa de ser significativo que o Banco de Portugal, na recente divulgação da evolução da economia no primeiro trimestre deste ano, referindo-se ao crescimento do PIB, tenha sublinhado o contributo positivo da recuperação da atividade turística.

A questão que se coloca hoje ao país é muito clara: prever como vai evoluir este processo, tendo em conta as incertezas na economia e na segurança, que derivam da condicionante mundial que é a guerra na Ucrânia, que ninguém sabe como irá evoluir e muito menos quando irá terminar.

A OMT (Organização Mundial do Turismo), em documento de 25 de março, coloca abertamente a questão: “o Turismo desfruta de um forte arranque no início de 2022, enfrentando ao mesmo tempo novas incertezas geradas pela guerra na Ucrânia”. Um diagnóstico claro.

A OMT afirma explicitamente que “a confiança geral pode ser afetada e dificultar a recuperação do Turismo”. Refere-se concretamente aos impactos gerados no poder de compra dos consumidores pelo aumento do preço dos combustíveis e às inevitáveis consequências nos preços do transporte e da oferta turística.

É neste terreno de batalha que se encontram Portugal e o seu Turismo. Não há como escapar e muito menos iludir-se que a guerra está longe.

Que fazer?
Num contexto duro e incerto, Portugal conta com uma arma positiva: pagou um enorme preço, mas conseguiu resistir aos momentos mais difíceis, demonstrando consistência estrutural e capacidade de resposta. Esta é a sua arma principal, que deve manter-se, porque a batalha não está ganha.

Mantendo uma perspetiva otimista para o verão e resto do ano, Portugal não pode, no entanto, subestimar os riscos que pairam no ar em consequência da guerra na Ucrânia que, se persistir, vai agravar o quadro da economia mundial, a mobilidade dos cidadãos e, desde logo, o Turismo.

Para além da capacidade de resistir, devemos continuar a apostar na perspetiva da recuperação da atividade turística, no reforço das empresas e do emprego, na qualificação da nossa oferta, numa perspetiva setorial, regional e nacional.

Seja qual for a sua evolução, temos de ganhar esta batalha.

A economia portuguesa precisa do contributo do Turismo.

Sobre o autorVítor Neto

Vítor Neto

Empresário e ex-secretário de Estado do Turismo
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