Se era já uma tendência em crescimento ascendente no período pré-pandémico (consideremos até janeiro de 2020), a COVID-19 veio alavancar a importância do turismo outdoor, isto é, do turismo ao ar livre, na dinamização dos fluxos turísticos em múltiplos territórios e inclusive nos de baixa densidade populacional.

De facto, diversas instituições da indústria turística, particularmente, a Organização Mundial do Turismo (OMT), apontavam para várias tendências de mercado onde os fatores-chave de atratividade dos destinos passavam pela procura de destinos com menor concentração turística, pela ligação à Natureza e aos espaços ao ar livre, assim como pela prática de atividades radicais em terra, ar e mar/rio, caminhadas e uma maior imersão no espaço natural.

Face às tendências de mercado anteriormente elencadas, Portugal apresenta-se como um destino turístico de grande riqueza. O nosso país possui uma Rede Nacional de Áreas Protegidas composta por um Parque Nacional, treze Parques Naturais, nove Reservas Naturais, seis Paisagens Protegidas, entre outras classificações de âmbito mais regional/local. Estas áreas classificadas são detentoras de uma vasta biodiversidade e de paisagens naturais capazes de deslumbrar os visitantes e proporcionar experiências de recreio para fruição turística.

Reconhecendo a importância do turismo outdoor, o projeto “TURNOUT: Desenvolvimento do Turismo Outdoor da Região Norte de Portugal” (POCI-01-0145-FEDER-032289), desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Bragança, Instituto Politécnico do Porto, Instituto Politécnico de Viana do Castelo e pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal, procurou auscultar a realidade das Empresas de Animação Turística (EAT) face ao desenvolvimento deste tipo de turismo. Os resultados incidiram maioritariamente em três dimensões que devem ser salientadas, nomeadamente, o tipo de atividades, e ainda a oferta e perceção da procura (visitantes) face ao turismo outdoor. De uma forma resumida, as principais atividades oferecidas encontram-se ligadas ao pedestrianismo (trilhos pedestres e ecovias), BTT, canoagem, canyoning, Stand Up Paddle e rafting, sendo as principais motivações dos visitantes relaxar, desfrutar da Natureza e paisagem, experienciar atividades diferentes e socializar, através do convívio com outros visitantes/participantes.

Todavia, e para fazer face às necessidades da procura, os empresários entrevistados reportaram a falta de estruturas de apoio à realização das atividades, assim como uma maior necessidade de preservação e manutenção dos espaços naturais para um maior conforto e fruição dos visitantes. De destacar também que, apesar de o mercado doméstico ser responsável por uma grande parte das reservas/vendas de atividades, o mercado internacional tem vindo a crescer exponencialmente.

Os dados obtidos pelo referido estudo permitem-nos, assim, refletir sobre o potencial do turismo outdoor para o nosso país, enquanto um modelo dinamizador de fluxos turísticos nacionais e internacionais, gerador de receitas para as Empresas de Animação Turística, assim como para a restauração e hotelaria. Deveremos ainda salientar a importância do turismo outdoor para as regiões de interior que, com uma vastíssima riqueza natural e patrimonial veem aqui uma oportunidade para atrair um maior número de visitantes e, por conseguinte, aumentar o seu tempo de estada num país que tanto tem para oferecer, fora e dentro de portas.