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Opinião

Tecnologia para um futuro (e um Turismo) melhor para todos

A Tecnologia contribuirá para a democratização do Turismo se pensarmos que uma viagem até ao outro lado do globo, incomportável financeiramente para muitos, se pode tornar uma realidade por via da redução significativa dos custos que estes avanços permitem

Opinião

Tecnologia para um futuro (e um Turismo) melhor para todos

A Tecnologia contribuirá para a democratização do Turismo se pensarmos que uma viagem até ao outro lado do globo, incomportável financeiramente para muitos, se pode tornar uma realidade por via da redução significativa dos custos que estes avanços permitem

Tiago Rodrigues
Sobre o autor
Tiago Rodrigues

Escrevo este artigo de opinião, depois do lançamento do Livro “TURISMO E HOTELARIA FUTURELAND”, um livro que tive a honra de escrever com autores de renome nacional e internacional, como Luiz Moutinho, Nuno Abranja, Alfonso Vargas-Sánchez com os quais tive o privilégio de trabalhar ao longo dos últimos meses numa experiência altamente enriquecedora.

Esta obra, lançada no auditório do Turismo de Portugal e que apresenta as principais tendências do setor turístico e hoteleiro para o futuro no que diz respeito à tecnologia, pretende guiar os gestores e decisores na construção, melhoria ou inovação dos seus negócios assumindo-se, por isso, como sendo de extrema importância para a valorização e qualificação do setor, bem como de todos os seus profissionais e estudantes.

Pese embora tenhamos sempre tendência a olhar com desconfiança para tudo o que implique mudança e adaptação, este livro traz consigo a mensagem de que não podemos continuar a ignorar a tecnologia e todos os avanços que esta nos proporciona, “sob risco de ficarmos para trás”. Assim, ao invés da resistência com que, por exemplo, olhamos para o hoje tão badalado ChatGPT, parece-me que o “truque” face a cada uma destas inovações passa por nos reposicionarmos e colocarmos esta tecnologia ao serviço da sociedade e, neste caso concreto, do Turismo e dos turistas.

São vários os exemplos citados no livro que nos dão conta disso mesmo. A título exemplificativo basta pensarmos em situações como as da Realidade Virtual que contribuirão e muito para que o Turismo do Futuro seja cada vez mais um Futuro Inclusivo e verdadeiramente para todos na medida em que, de repente, é possível a um idoso ou alguém com mobilidade reduzida viajar até um qualquer destino ao qual já não conseguiria chegar por via dos meios “tradicionais”. Mas as mais valias não ficam por aqui. A Tecnologia contribuirá também para a democratização do Turismo se pensarmos que uma viagem até ao outro lado do globo, incomportável financeiramente para muitos, se pode tornar uma realidade por via da redução significativa dos custos que estes avanços permitem.  A Tecnologia trará também um Turismo mais sustentável, algo que pode assumir tamanha importância principalmente numa altura em que tanto se fala do aquecimento global e em que estão bem à vista as consequências do mesmo. No que concerne ao ponto de vista ambiental, se tivermos presente o impacto que o Turismo tem no que diz respeito às emissões de CO2, percebemos as consequências para as alterações climáticas. Pensemos num exemplo de uma viagem que tenha como principal motivação a visita a um qualquer museu e perceberemos rapidamente que, essa viagem que nos moldes normais teria um impacto ambiental significativo, passa a ser uma viagem “amiga do ambiente”. Claro está que esta nova realidade levantará muitas questões principalmente para quem esteja à frente dos destinos de um hotel ou tenha qualquer outro negócio físico, mas, uma vez mais, a palavra chave é adaptação a cada uma das realidades, estando certo de que continuará a haver espaço e procura para os modelos tradicionais. Obviamente que numas férias com a família, os modelos tradicionais de hotelaria continuarão a ser a principal escolha, mas quando pensamos a título de exemplo numa viagem de negócios, quantos de nós se importariam de ficar hospedados num “tech hotel” onde os únicos humanos fossemos nós e os demais hóspedes?

Importa, também, focar na importância dos dados. Nesta era em que vivemos, por muitos reconhecida como a era da informação, é fundamental transformar o Big Data em Small Data, transformando o incontrolável e infindável volume de dados gerados diariamente em dados de qualidade e com potencial de impacto, algo que é, neste momento, humanamente impossível e que, por isso, se traduz num caso em que “menos pode efetivamente ser mais”. Pensemos no potencial que podem ter no planeamento e gestão de destino informações tais como sabermos os locais mais visitados, os horários de maior afluência, os tempos de espera numa atração (em tempo real), colocando-os depois ao serviço dos turistas. E não só: várias evidências na investigação indicam que a tecnologia pode também inclusivamente ter um grande impacto nos níveis de satisfação da experiência turística. E é fácil perceber porquê: com recurso à tecnologia e, nomeadamente a um smartphone, apontado em várias investigações como tendo um papel fundamental para a satisfação turística, temos à distância, por exemplo de uma app baseada em realidade aumentada, informações adicionais e interativas que de outra forma nos seriam mais difíceis de obter. Também, por isso, não admira que a investigação reconheça as aplicações móveis como elemento importantíssimo no conhecimento do destino e consequentemente nos níveis de satisfação.

Esta e tantas outras inovações estão já no mercado, aplicadas no Turismo e em tantas outras áreas, muitas delas acessíveis a todos nós através de qualquer smartphone ou, por exemplo, à distância de uma pesquisa por voz. De resto, já em 2018 um estudo da Gartner previa que, a breve prazo, teríamos mais interações com chatbots do que com os humanos e que 85% das interações das empresas com o consumidor seriam através desta mesma via. Já parou para pensar no seu caso pessoal? E se este sistema tem vantagens para todos nós enquanto clientes que procuramos uma resposta cada vez mais qualificada e imediata tem também para as empresas já que um chatbot não adoece não tem férias e trabalha 24 horas por dia. Se pode colocar empregos em risco? Claro que pode, mas surgirão certamente muitos novos empregos para dar resposta a esta nova realidade.

Em jeito de conclusão recordo que um estudo de 2016 da Expedia indicava que, em média, um turista antes de marcar uma viagem visitava 38 sites. Se com recurso à tecnologia todos pudermos tomar uma melhor e mais rápida decisão apoiada em dados trabalhados não estaremos todos a beneficiar e a ter uma experiência melhor?

É pois, por isso, altura de aceitarmos a realidade e abraçarmos o futuro sem receios. Esse futuro passará por uma tecnologia cada vez mais avançada que traz consigo uma infindável quantidade de inovações tecnológicas que, estou certo, contribuirão para um futuro e um turismo melhores. Para todos.

Sobre o autorTiago Rodrigues

Tiago Rodrigues

Diretor de Marketing e Comunicação do Grupo PEDAGO e professor no Departamento de Turismo do ISCE - Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo
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