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Opinião

Overtourism

Vivemos uma atividade de encantamento, onde, os Governos nunca apostaram no Ministério do Turismo, mas pouco importa, porque continuaremos a vender ideias de lazer, de diversão, de bons momentos e de férias com responsabilidade.

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Overtourism

Vivemos uma atividade de encantamento, onde, os Governos nunca apostaram no Ministério do Turismo, mas pouco importa, porque continuaremos a vender ideias de lazer, de diversão, de bons momentos e de férias com responsabilidade.

Sobre o autor
Amaro F. Correia

Lancei o repto, nas redes sociais, sobre temas que merecem, no nosso dia-a-dia, maior reflexão, de todos e para todos que pensamos o Turismo: Foresight; Overtourism; Swot Framework entre outros. É importante percebermos que o debate passa pelo contraditório de opiniões e não por questões meramente informativas. A pandemia serviu e serve, ainda, numa primeira análise, para comparações extremas, dentro da atividade. Por um lado, a vertente assustadora do Covid, no turismo, permitiu que muitas empresas ficassem “a menos de zero” de um dia para o outro, em contraciclo com anos anteriores, onde assistíamos a um excesso, de vendas e de turistas nas visitas de cidade.

Na verdade, por mais que acredite que voltaremos a tempos de normalidade, na pós-pandemia, este é um tema que deve ser debatido, analisado e acima de tudo prevenido, na apresentação de soluções para o efeito do turismo de massas nas cidades, porque só assim, poderemos perspetivar novos tempos, mais equilibrados e sustentados. Overtourism, claro. Causas e efeitos? Como pode ser evitado a nível pessoal, profissional e institucional? Estou certo que, sozinho, não mudo o mundo, mas posso e tenho obrigação de contribuir para ter um mundo melhor.

O debate assenta, de um lado, nos “negacionistas” e por outro, naqueles, onde me incluo, os “Positivistas” com propostas de e para o futuro. Os negacionistas defendem que o turismo é uma “faca de 2 gumes”, ou seja, que a presença massiva de turistas em ambientes naturais, frágeis, os degrada; os animais selvagens, com visitas aos seus habitats, alteram o seu comportamento e por fim, o excesso de turistas descontrolado, não promove o conhecimento e as visitas aprazíveis. Os positivistas defendem, como mais-valia o emprego, o desenvolvimento das cidades, as trocas multiculturais intensas, a conservação do património abandonado e a preservação de animais em risco de extinção, entre outros fatores.

O fator que mais me incomoda, em Portugal, é a “saída” prematura e forçada dos residentes das cidades, que fazem com que estas, percam a identidade, trocando os mesmos, por aluguer de espaços de passagem e rotativos. Na verdade, não é só, em Portugal, mas outros países e outras cidades (Barcelona, Veneza, entre outros) sofrem do mesmo problema e tentam arranjar soluções alternativas. Outra das consequências, nos negócios tradicionais, das cidades, é o aparecimento das grandes Marcas, que fazem com que o comércio tradicional, tenha perdas significativas e irreversíveis. Obviamente, aqui, entram os decisores políticos para equilibrar (mais e o menos) para que tudo funcione na perfeição. Sou Tripeiro de Gema, incomoda-me que a minha cidade, o Porto, se torne um parque de diversões, com futuro incerto, onde poderá imperar os foguetes e os fogachos, de ocasião, onde os estrangeiros deliram e a nossa cultura vai perdendo espaço e ADN, muito próprio da cidade e das gerações passadas.

Vivemos uma atividade de encantamento, onde, os Governos nunca apostaram no Ministério do Turismo, mas pouco importa, porque continuaremos a vender ideias de lazer, de diversão, de bons momentos e de férias com responsabilidade. Viajar é uma oportunidade, merecida, de não se preocuparem com nada. Por isso existimos, mas precisamos de exigir responsabilidades aos órgãos decisores, não só para nos acompanharem “no caminho”, mas também pelo impacto que criamos nos locais que visitamos. Como? Input´s de cidadania, da consciência, da solidariedade e da interdependência do mundo (pandemia, avivou essa ideia) fará com que todos, sejamos obrigados a proteger (com o nosso comportamento) os destinos que amamos.

Recuso, liminarmente, uma análise casuística, sem contraditório, de qualquer ideia base para o desenvolvimento da atividade Turismo/Estados. Muito mais, do que negar, prefiro encontrar soluções sustentáveis, ancoradas em decisões políticas que me permitam sonhar ter um País melhor e melhores cidades. Sabemos que o efeito, do Overtourism, no mundo pode ser uma barreira real, ao conceito de sustentabilidade que tanto ouvimos falar, até porque, o investimento em Smart Cities, pelo mundo fora, é a prova que queremos viver melhor. Procurar, nesta altura, um conceito de Turismo Inteligente e a criação de conceitos onde os Estados sejam obrigados a olhar para a atividade de forma estratégica e planeada é uma exigência de todos.

Sobre o autorAmaro F. Correia

Amaro F. Correia

Docente Atlântico Business School. Doutorado em Ciências da Informação (Sistemas, Tecnologias)
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