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Opinião

Que papel para o turismo?

António Abrantes, Docente Universitário | Curso Turismo do ISCE e ULHT

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Que papel para o turismo?

António Abrantes, Docente Universitário | Curso Turismo do ISCE e ULHT

Sobre o autor
António Abrantes

Num momento em que decorre o exercício de descortinar como sair da presente crise SARS_CoV_2 e o de saber para onde se pretende ir e em que condições lá chegar, assiste-se a sinais preocupantes de incompreensão,  descoordenação e desinteresse quanto ao turismo. Em suma, quanto ao papel do turismo.

Todos aqueles sinais decorrem da esfera do Estado que não da iniciativa privada e das famílias e estão, actualmente, básica e  estruturalmente, centrados nas áreas da coordenação, do planeamento e das finanças, não sendo necessário somar-lhes as do ambiente ou da administração interna.

Se a primeira das áreas dá mostras de não contar com o turismo, a segunda ignora-o e a terceira persegue-o. Vai-se  distinguindo a da economia que se afadiga em salvar a face das antecedentes. Enquanto o primeiro grupo vê os turistas como barrigas-ao-sol, o último encara-os como consumidores. Com tamanha dissonância o concerto não augura uma boa nota. Antes um completo desalinho!
Valerá expressar que o turismo se tem afirmado pelos seus resultados e não pelo entendimento do Estado. Foi a sua relevância económica que impôs o seu reconhecimento pela sociedade e não pelo papel que o Estado-Nação lhe reservou.

Tendemos a crer que o meio|contexto determina a estratégia e que esta se munirá dos recursos necessários para alcançar as metas e resultados|fins, mas também não desconhecemos que, num contexto de turbulência globalizada os recursos poderão determinar a estratégia e esta, através dos resultados|fins alterar o meio|contexto. Em qualquer dos casos a estratégia é fundamental.
Atirar milhões de euros para cima do problema não é necessariamente a solução podendo, contudo, ser um meio. Dizer-se que haverá um afluxo excepcional de fundos para o turismo não significa necessariamente que sejam contribuições novas, em cima das contribuições normais do passado, ou seja, que elas sejam líquidas. Não sabemos, mas inferimos, que no afluxo extraordinário de recursos anunciados estarão duplicações e dotações  ordinárias e usuais dos organismos do turismo. Conviria, já agora, tirar isso a limpo.

É nosso entendimento que o turismo é a actividade económica que maior e melhores contributos pode (em)prestar aos pilares fundacionais da União Europeia: à coesão social e política da Europa, pelo conhecimento do outro; ao desenvolvimento económico e reforço geoestratégico da União, pelo contributo prestado ao PIB; e à coesão territorial do espaço europeu, pela distribuição de riqueza que promove. Às quais acresce, hoje, o seu contributo à  sustentabilidade do espaço europeu, pela consciência ambiental crescente dos visitantes. Dimensões, todas elas passíveis de serem transportadas e trabalhadas no plano interno.

Temos como fortemente plausível que o turismo futuro incorporará, às camadas existentes, novas preocupações  das sociedades – e por serem destas também as serão dos turistas – motivadas por tendências percepcionadas que agora se aceleram e por motivações decorrentes da consciencialização de novas dimensões da vida.

Paralelamente, os objectivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU estarão na linha da frente das políticas públicas. O turismo deverá participar e ser parte activa neste processo de criação de um espaço comum mais humano, mais equitativo e mais responsável ambientalmente.

Esperam-se, pois, alterações e reformulações nas motivações dos consumidores, dos padrões e modalidades de consumo dos turistas, e uma nova atitude da sociedade para com o planeta.

O turismo ao incorporar todas estas dimensões, pois elas decorrem do seu elemento central, as pessoas, não pode ficar à margem deste movimento.

O turismo assistirá, então, a mudanças sensíveis: no seu papel e relação com a sociedade, no estreitamento das assimetrias sociais, no esforço da irradicação da pobreza, na preservação dos recursos naturais e no contributo para uma melhor ecologia. O turismo português tem de assumir estes novos papéis e ser parte activa destas transformações.

Sobre o autorAntónio Abrantes

António Abrantes

Docente Universitário | Curso Turismo do ISCE e ULHT
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