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O turismo e a esperança na gestão da informação

A gestão da informação está associada com o uso da informação, na forma como pessoas e organizações lidam com a aquisição de informação a partir de uma ou mais fontes, como a registam e armazenam e como a informação é distribuída e comunicada para aqueles que dela necessitam.

O turismo e a esperança na gestão da informação

A gestão da informação está associada com o uso da informação, na forma como pessoas e organizações lidam com a aquisição de informação a partir de uma ou mais fontes, como a registam e armazenam e como a informação é distribuída e comunicada para aqueles que dela necessitam.

Sobre o autor
Luís Borges Gouveia

Vivemos tempos de exceção. Desde logo, pela saída de um evento global como a pandemia que paralisou essencialmente as relações sociais e os movimentos físicos de pessoas. Precisamente, aqueles que quase são a base do negócio de turismo, que é o de prover boas experiências em contexto diferenciado do que habitualmente é o espaço social de quem está ou viaja, seja em trabalho ou lazer, seja para aprender ou mesmo para esquecer. Ora, precisamente para esquecer foram os últimos dois anos que marcaram um período de perda, em que a resiliência foi o foco – manter a situação existente, esquecendo o não negócio e os custos de manutenção e reposição em uso das diferentes infraestruturas e aparatos que proporcionam as tais boas experiências.

Com o foco ainda na resiliência e recuperação do tempo perdido, na esperança da retoma, assistimos a um novo desafio. Um desafio que exige uma ainda maior renovação e, desta vez, não apelando à resiliência, mas sim a uma mudança efetiva. É que os custos associados são hoje de outra ordem – nomeadamente os associados com a energia e que implicam transportes, logística, conforto e muitos dos custos escondidos associados com as tais boas experiências. Assegurar que sejam providas necessidades do aqui e agora, no tempo certo e da forma adequada, com custos competitivos e partilhados, é hoje bem mais desafiante do que o era num contexto, mesmo após pandemia, de continuidade do agora já saudoso ano de 2019, no contexto nacional.

A questão do conflito militar com que somos confrontamos, é um evento tão ou bem mais perturbador do que a própria pandemia. Não é agora um inimigo comum, algo que pode ser mitigado por uma vacina, que mobiliza todos os seres humanos e que permitiu uma resposta quase global alinhando interesses com poucos confrontos de partes (além das primeiras respostas isoladas para aquisição de materiais, vacinas e, principalmente equipamentos de proteção ou outros conexos). O que acontece agora é o uso da força entre grupos de pessoas, o que divide e torna bem mais imprevisível qual e quando será o desfecho da situação, bem como os custos reais associados, sendo que se percebe já serem muito significativos. Desde logo e mesmo não diretamente implicados no conflito, o impacto económico direto (aumento dos custos de energia) e indireto (aumento da inflação) prometem que sermos resilientes será uma má opção, pois o retomar à forma inicial, isto é, o negócio como habitual, não será mais sustentável.

Temos assim, uma sequência de dois eventos significativos que nos exigem, inicialmente, resiliência e, agora, transformação. É precisamente este o tempo de transformação e de preparação de uma resposta que se quer inclusiva e não disruptiva para o sector. Ironia, pois essa transformação terá mesmo de ser disruptiva em práticas e processos, mas não nos atores, nem nos espaços ou no essencial da oferta.

Estamos assim perante um desafio digno dos nossos tempos: único, significativo e que requer inovação, mas com o cuidado de sermos diversos, inclusivos e sustentáveis. Considerando a sustentabilidade nos seus três pilares: económico, ambiental e social.

O desafio é agir. Construir uma prática que equilibre resiliência e transformação. Que inove em práticas e processos e que permita a transformação do sector e do negócio no turismo, implicando o conhecimento que permite melhorar a ação e inovar, com capacidade de prover as boas experiências num processo de renovação que promova, por si, custos partilhados, maiores margens, mais diversidade e um maior retorno por unidade de esforço.

Então, qual o ponto comum? Como fazer para comungar do esforço conjunto que proporcione uma melhoria de capacidades, uma maior e mais diversa oferta e uma eficiência nos recursos que tenha em consideração a escassez e a necessidade de resposta a um ambiente mais complexo, volátil e competitivo? Terá de ser em grupo e de forma colaborativa.

O primeiro passo é o caminho do digital e da partilha de informação que viabiliza soluções conjuntas e/ou integradas, entre diferentes atores. Independentemente de competirem, de serem parceiros ou associarem valor de modo distinto às boas experiências, nos públicos a que o sector se propõe dar resposta.

O que é defendido é que o digital e as tecnologias de informação e comunicação, sem um prepósito e sem pessoas, dificilmente proporcionam valor para as pessoas – essas e outras que possam beneficiar das boas experiências. O ponto de integração do uso e exploração do digital para o sector terá que ter em consideração a gestão da informação.

A gestão da informação está associada com o uso da informação, na forma como pessoas e organizações lidam com a aquisição de informação a partir de uma ou mais fontes, como a registam e armazenam e como a informação é distribuída e comunicada para aqueles que dela necessitam. Tão importante é ter, como não ter demasiada informação, pelo que a sua eliminação ou arquivo se traduz em aspetos tão importantes como os restantes enunciados.

Deste modo, aliar o digital à gestão da informação proporciona um espaço que equilibra para pessoas e organizações uma oferta integrada que potencia a partilha de custos e de esforços, mantendo informados todos, inclusive quem usufrui das boas experiências. Uma realidade com informação mais integrada proporciona não apenas menores custos, como torna mais flexível a mudança e gera externalidades que permitem de um modo mais facilitado a existência e partilha de dados e informação com custos marginais bem menores e a emergência de novas práticas e aplicações.

Num tempo em que se propõe um paradoxo: manter a escala humana do tempo para as boas experiências, como as que se pretendem oferecer, mas que exigem o recurso ao digital que possui e exige uma escala tempo nada humana para operar. Só uma gestão da informação aliada ao digital é que proporciona este equilíbrio.

Sobre o autorLuís Borges Gouveia

Luís Borges Gouveia

Professor Catedrático na Universidade Fernando Pessoa
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