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A Ucrânia: Alteração Geopolítica

“A política externa da Rússia é vista por um sistema de compensações, em que se não ganhar, também não pode perder” (Stuermer, Michael, 2008: 277).

A Ucrânia: Alteração Geopolítica

“A política externa da Rússia é vista por um sistema de compensações, em que se não ganhar, também não pode perder” (Stuermer, Michael, 2008: 277).

Luiz S. Marques
Sobre o autor
Luiz S. Marques

O enquadramento geopolítico da Europa ocidental, pós II conflito mundial, deixaria de estar subordinado à radicalização de regimes políticos através da livre integração na estrutura regional da CEE, hoje UE, sem perda de liberdade ou soberania por cada Estado-Membro.

Viria a constituir uma comunidade em segurança, segundo vários pensadores, em que a conflitualidade entre Estados deveria ser solucionada não pela força das armas, mas de forma pacífica, “numa relação de confiança”, num sentimento de “partilha de interesses comuns para a resolução de eventuais disputas”, (Deutch, Karl e outros, 1957).

Em 1995, passou a ser elaborado o Conceito Comum de Segurança, no quadro da União da Europa Ocidental, onde está inscrito no primeiro capítulo: os “Estados Europeus reconhecem que a sua segurança é indivisível com vista a promover segurança e estabilidade em todo o continente”, (ao ser estruturada oito anos depois); (UEO, Conceito de Segurança Europeia, 1).

A Rússia Democrática, pós “Guerra Fria” e o Ocidente, vieram a criar a “paz democrática”, (Doyle,1983), sem divisão, mas convergência na segurança coletiva europeia.

No seguimento da derrocada da URSS, Yeltsin veio a instituir “uma parceria construtiva”, uma estratégica com os EUA, U.E. e outros Estados, na linha da “ocidentalização”, de Pedro, o Grande, para quem a Rússia é parte integrante da Europa.

Um órgão próprio, o “Conselho Comum da NATO-Rússia”, passaria dentro deste espírito a ser aplicada à Ucrânia, já na presidência de Vladimir Putin.

As relações internacionais viriam a tomar um rumo totalmente diferente do até então seguido por Yeltsin, apesar deste o ter nomeado presidente da Rússia, segundo Shevtsova, do Centro Carnegie de Moscovo.

Essa potência diretora da Comunidade dos Estados independentes, desde 1991 (C.E.I.), sendo os seus membros denominados “Estrangeiros próximos” levou à inversão na cooperação com o Ocidente, que “guiava o Conceito de Segurança Nacional de 1997”, máxima banida do novo texto, ao passar a NATO a ser uma ameaça.

Segundo Putin, o “modelo unipolar é inaceitável”, passando a Rússia a estar dotada da “vocação cultural única”, e “localização geopolítica” privilegiada para uma liderança mundial, segundo o MNE Russo, argumentação e viria a revogar o antigo conceito.

Seria Vladimir Putin, em 1997, a apresentar a tese considerando a energia a arma para a Rússia reconquistar a posição preponderante no xadrez internacional, e paralelamente passou a desenvolver a componente económica e concentrou o poder nas empresas estratégicas, facto que o Ocidente apenas considerou no plano das suas conveniências económicas.

A Ucrânia, nação soberana onde se encontra implantado o bilinguismo, por razões históricas, apesar de nada ter sido obstado ao ser um Estado soberano e independente.

A partir de 1989, tinha sido criado um movimento Popular Ucraniano, defensor da “Perestroika”, essa “Casa Comum Europeia”, segundo Gorbachev, devendo ser integrados “os países da Europa Ocidental, Central e Oriental, bem como a União Soviética”, (Booz, Frédéric,2012:201).

A independência da Ucrânia, devidamente plebiscitada, em 1991, com 90% dos votantes, incluindo a minoria russófila declaram-se pela independência, embora a economia ucraniana, venha a constituir dolorosa lacuna para a Rússia. Essa nação soberana apesar de ser biolinguística e da diferença entre religiões, não constituem fatores impeditivos para a independência.

Notamos, que a desadequação de poder de um Estado é sinónimo de ameaça para os outros. A Ucrânia não quer pertencer ao Leste, mas a Ocidente, comunga de idênticos valores e já expressou a firme vontade.

Ao responder à força com a luta contra um inimigo invasor, mesmo com a perda gradual de soberania no espaço territorial, apesar da cooperação entre os Estados do Ocidente, apoio financeiro, armamento e proteção humanitária. Mais, ainda abriria um debate entre o conceito do futuro do Estado-nação, independente ou subordinado a um poder central, neste caso isento de vontade própria. Os refugiados ucranianos devem poder regressar em paz, conviver com turistas interessados em compreender as suas diferenças e valores. Temos esperança!

Sobre o autorLuiz S. Marques

Luiz S. Marques

Investigador do Dreams (Universidade Lusófona)
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