Edição digital
Assine já
PUB

A economia como fonte de receitas

Secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP)

A economia como fonte de receitas

Secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP)

Ana Jacinto
Sobre o autor
Ana Jacinto

Nos últimos meses temos vindo a assistir a uma escalada imparável do preço da energia, incluindo combustíveis (gasolina e gasóleo), para os níveis mais elevados dos últimos três anos. Esta escalada de preços preocupa-nos enquanto cidadãos, e desespera-nos enquanto agentes económicos.

Numa fase em que ainda lidamos com muitos dos efeitos da pandemia que teima em persistir e pelos vistos a agravar-se, este é mais um entrave com que não contávamos e que vem abrandar a trajetória de alguma retoma a que começávamos a assistir.

Simultaneamente, muitas empresas já se deparam com aumentos dos preços das matérias-primas porque o custo com o seu transporte também aumentou significativamente. Como consequência, as empresas compram os produtos mais caros e têm dificuldade em repercutir no cliente final o valor que pagam a mais pelos seus produtos e serviços. Aumentar preço sem perder clientes nem sempre é uma “equação” fácil de resolver.

Atualmente, na Restauração, já se sente o aumento em muitos produtos como bens alimentares necessários para confeção de refeições. No Alojamento o cenário é idêntico e, além dos preços inflacionados, verifica-se também escassez de alguns produtos essenciais ao funcionamento dos estabelecimentos.

Até à data, a todas as medidas tomadas pelo Governo para compensar estes aumentos tem faltado eficácia para que possam dar uma resposta que leve à resolução do problema. Desde a baixa do Imposto sobre produtos petrolíferos (ISP), cujo montante acabou rapidamente por ser consumido por sucessivos aumentos; passando pela lei que cria possibilidade de fixação de margens máximas de comercialização para os combustíveis simples, e que ainda suscita muitas reservas; até à devolução de 5 euros (!) por mês durante 5 meses, sendo que para isso o consumidor terá de aderir à plataforma do IVAucher (agora também AUTOVaucher) e, cumulativamente, o posto onde abastece terá de aderir à iniciativa.

Se tomarmos como exemplo a adesão ao IVAucher, quer por parte dos consumidores, quer por parte das empresas, não será de estranhar que o Estado, mais uma vez, volte a não ter de abrir os “cordões à bolsa”.

Independentemente das razões para estes aumentos, e que não controlamos, desde logo porque até a instabilidade nos países produtores tem como reflexo direto a subida do preço do crude, logo dos preços, há uma variável onde se pode intervir para que, de forma muito célere e imediata, se consigam baixar os preços dos combustíveis.

Julgo que o cenário é suficientemente sério para justificar que o Governo lance mão da possibilidade que tem de reduzir a elevadíssima fatia – mais de 50 % – que arrecada em termos de impostos sobre os combustíveis. Por cada euro pago, mais de metade é para o Estado.

Esta é uma matéria que deveria assim ter uma atenção e uma intervenção diferente por parte do Governo – deste ou de outro que lhe suceda – para que se controlassem os efeitos negativos que toda esta situação está já a produzir na economia, e que tendem a agudizar-se caso não sejam travados.

Percebo que baixar impostos implica, numa análise direta e simplista, uma diminuição de receita, mas esta é uma medida necessária, que será compensada através do bom desempenho da nossa economia.

E como sabiamente disse o Filósofo Séneca: “A economia, por si só, é uma grande fonte de receitas”.

Sobre o autorAna Jacinto

Ana Jacinto

Secretária-geral da AHRESP
Mais artigos
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB

Navegue

Sobre nós

Grupo Workmedia

Mantenha-se informado

©2021 PUBLITURIS. Todos os direitos reservados.