INE confirma que “2021 foi ainda marcado pelos efeitos dos constrangimentos decorrentes da pandemia COVID-19”
Segundo o INE, apesar das medidas de confinamento no 1.º semestre e no final do ano, que “tiveram efeitos negativos no setor do turismo”, a atividade turística cresceu no ano passado, ainda que tenha ficado “aquém dos níveis de 2019”.
Inês de Matos
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Apesar de alguma recuperação, o ano passado ficou “ainda marcado pelos efeitos dos constrangimentos decorrentes da pandemia COVID-19” e apresentou resultados “aquém dos níveis de 2019”, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou esta quinta-feira, 7 de julho, os resultados da atividade turística relativos a 2021.
“O ano de 2021 foi ainda marcado pelos efeitos dos constrangimentos decorrentes da pandemia COVID-19, sobretudo as medidas de confinamento no 1.º semestre e no final do ano, com efeitos negativos no setor do turismo que, apesar de ter crescido face a 2020, ano de contração sem precedente da atividade turística, ficou ainda aquém dos níveis de 2019”, resume o INE, na informação divulgada.
Ao longo do ano passado, estima o INE, o número de chegadas de turistas internacionais a Portugal deverá ter atingido os 9,6 milhões, o que corresponde a um aumento de 48,4% face ao ano anterior, ainda que, face a 2019, se verifique uma redução de 61,0%.
Por mercados, Espanha manteve o lugar de destaque enquanto principal mercado emissor de turistas para Portugal, apresentando uma quota de 30,2% do total e com um crescimento de 57,3% em 2021, seguindo-se França, com uma quota de 16,1% do total e uma subida de 46,2%.
O mercado do Reino Unido, acrescenta o INE, que representou 10,6% do total, também apresentou uma variação positiva e cresceu 24,0%, enquanto o mercado alemão, que apresentou uma quota de 8,0%, subiu 39,1%.
O INE diz mesmo que o Reino Unido, que representou 16,2% do total das dormidas de não residentes, se manteve, no ano passado, como o principal mercado emissor de turistas estrangeiros para Portugal, registando um aumento de aumentando 46,0%, ainda que, face a 2019, se continue a encontrar uma quebra de 66,5%.
Espanha, que representou 14,6% do total, foi o segundo principal mercado emissor de turistas estrangeiros, com um crescimento de 49,8%, mas uma descida de 48,4% face a 2019, seguindo-se a Alemanha, com uma quota de 12,5%, que ficou no terceiro lugar, com uma subida de 23,8%, mas que face a 2019 corresponde ainda a uma descida de 60,5%.
O ano passado trouxe também um aumento do número de unidades de alojamento em funcionamento face ao ano anterior e, segundo o INE, em julho do ano passado, estavam em operação 6.571 estabelecimentos, o que corresponde a um aumento de 20,2% face a igual período do ano anterior, ainda que se tenha mantido uma quebra face a 2019, quando estavam em funcionamento 7.155 estabelecimentos, o que traduz uma descida de 8,2%.
Os estabelecimentos de alojamento turístico contabilizaram 16,0 milhões de hóspedes, que proporcionaram 42,6 milhões de dormidas, o que traduz aumentos de 36,9% e 40,7%, respetivamente e uma forte recuperação face às quebras de 60,4% e 61,1% que tinham sido registadas em 2020.
No entanto, em comparação com 2019, “registaram-se diminuições de 45,8% no número de hóspedes e 45,2% no de dormidas”, refere ainda o INE, que diz que o mercado interno assegurou 22,5 milhões de dormidas, enquanto os externos contribuíram com 20,1 milhões de dormidas.
No caso do mercado interno, cujas dormidas corresponderam a 52,8% do total, houve um acréscimo de 33,2%, ainda que, em comparação com o ano pré-pandemia, se regista uma descida de 13,9%. Já os mercados externos, que representaram 47,2% do total, registaram um crescimento superior, crescendo 50,1% em 2021, mantendo, contudo, uma quebra de 61,1% face a 2019.
O INE diz também que a subida dos resultados foi, no ano passado, comum a “diversas regiões”, com destaque para os Açores e Madeira, onde o crescimento apurado chegou aos 125,7% e 80,0%.
Contudo, face a 2019, “registaram-se diminuições em todas as regiões, tendo sido
mais acentuadas na AM Lisboa (-56,5%) e Algarve (-46,7%)”, lê-se na informação divulgada pelo INE.
Os estabelecimentos de alojamento turístico acolheram a maioria dos hóspedes e dormidas, com o INE a indicar que 90,5% dos hóspedes e 87,6% das dormidas dizem respeito à hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação, seguindo-se os parques de
campismo (8,6% e 11,6%, respetivamente) e as colónias de férias e pousadas da juventude (0,8% em ambos).
“Em 2021, os estabelecimentos de alojamento turístico registaram 14,5 milhões de hóspedes, que proporcionaram 37,3 milhões de dormidas, refletindo crescimentos de 38,6% e 44,7%, respetivamente (-46,7% e -46,8% face a 2019, pela mesma ordem)”, acrescenta o INE.
Já a estada média situou-se nas 2,67 noites, depois de um aumento de 2,8%, sendo mais alta entre os turistas estrangeiros, onde se registou uma subida de 0,5%, para 3,17 noites, enquanto os residentes apresentaram uma estada média de 2,34 noites, depois de um acréscimo de +3,2%.
No que diz respeito a proveitos, o INE indica que, nos totais, o montante chegou aos 2,3 mil milhões de euros, o que corresponde a uma subida de 61,2%, enquanto os proveitos por aposento somaram 1,8 mil milhões de euros, também com uma subida de 62,8%.
A situação é, no entanto, menos favorável quando comparada com 2019, uma vez que se continuaram a registar descidas de 45,8% e 45,7% nos proveitos totais e por aposento, respetivamente.
Já o rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) foi de 32,6 euros, o que traduz uma subida de 43,9% face a 2020, mas uma descida de 34,1% em comparação com 2019, enquanto o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) foi de 88,2 euros, também com um aumento de 14,2% face a 2020, mas com uma descida de 1,1% face a 2019.
Viagens dos residentes também aceleram
O ano passado trouxe também notícias mais animadoras no outgoing, já que o INE diz que também as viagens dos residentes aumentaram, uma vez que “44,0% da população residente em Portugal efetuou pelo menos uma viagem turística”, o que corresponde a 4,5 milhões de indivíduos, representando um acréscimo de 5,0 pontos percentuais face a 2020 e uma “recuperação parcial da descida registada em 2020, face a 2019, em que o número de turistas diminuiu 1,4 milhões”.
No total, os turistas residentes realizaram 17,5 milhões de deslocações turísticas, o que reflete uma variação anual de 21,6%, bem acima da descida de 41,1% em 2020, sendo que as viagens em território nacional aumentaram 20,2%, quando no ano anterior tinham descido 35,7%, o que correspondeu a 16,5 milhões.
Já as deslocações para o estrangeiro alcançaram 1,0 milhão, o que significa um aumento de 48,8% e que se segue à descida de 78,1% que tinha sido contabilizada em 2020. No entanto, face a 2019, ainda se registaram decréscimos de 22,7% nas viagens em território nacional e 67,4% nas deslocações para o estrangeiro.
Cada viagem teve uma duração média de 4,7 noites, ligeiramente abaixo das 4,8 noites registadas em 2020, e as deslocações ao estrangeiro apresentaram uma duração média de 9,4 noites, o que traduz uma subida de 2,2 noites em comparação com o ano anterior e também face a 2019, enquanto nas viagens nacionais a duração foi de 4,4 noites, abaixo das 4,7 noites de 2020, mas bastante acima das 3,6 noites de 2019.
As viagens turísticas realizadas pelos residentes geraram mais de 82,6 milhões de dormidas, o que traduz uma subida de 18,4% face a 2020 e um decréscimo de 16,7% face a 2019), com o INE a indicar que a maioria ocorreu em Portugal (88,5% do total, 93,0% em 2020).
Já as dormidas em Portugal cresceram 12,6%, enquanto as ocorridas no estrangeiro aumentaram 94,1%, o que, segundo o INE, revela “uma recuperação parcial das descidas observadas no ano anterior”, quando os decréscimos chegaram aos 15,6% e 78,0%, respetivamente. Face a 2019, houve ainda descidas de 5,0% e 57,3%.
Já o alojamento em casa de amigos e familiares voltou a ser o preferido e concentrou 32,7 milhões de dormidas, o que representou 39,6% do total, num aumento de 37,8%, com o INE a indicar que “esta modalidade de alojamento prevaleceu tanto nas deslocações nacionais (39,3% das dormidas, 37,6% em 2020), como nas viagens para o estrangeiro (41,4% das dormidas, 40,2% em 2020)”.
Contudo, antes da pandemia, acrescenta o INE, o alojamento em “estabelecimentos hoteleiros e similares” predominava nas deslocações ao estrangeiro.
Já a despesa média por turista, em cada viagem, fixou-se nos 196,6 euros, “aumentando 11,6% face a 2020 e aproximando-se do valor de 2019 (-0,3%)”, sendo que, nas deslocações domésticas, os residentes gastaram, em média, 170,1 euros por turista/viagem, mais 11,8 euros que em 2020 (+35,2 € face a 2019), enquanto em deslocações para o estrangeiro o gasto médio por turista/viagem foi 628,7 euros, refletindo um aumento de 17,1% (+2,0 € face a 2019).