INE: Hotelaria triplica proveitos em janeiro mas mantém quebras face a 2020
Em janeiro, o setor do alojamento turístico registou 853,2 mil hóspedes e 2,0 milhões de dormidas, valores que indicam descidas acentuadas face a igual período de 2020 mas uma recuperação em comparação com o ano passado, segundo o INE.

Inês de Matos
No passado mês de janeiro, o setor do alojamento turístico nacional registou 853,2 mil hóspedes e 2,0 milhões de dormidas, valores que traduzem descidas acentuadas face a igual período de 2020 e que chegam também aos proveitos, segundo os dados avançados esta segunda-feira, 14 de março, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os dados do INE mostram que, em janeiro, a hotelaria nacional registou uma descida de 39,9% nos hóspedes e 38,8% nas dormidas face a janeiro de 2020, ainda antes da chegada da pandemia, apesar de, em comparação com janeiro do ano passado, quando o país voltou a estar confinado, até se terem registado subidas de 183,7% e 185,9%, respetivamente.
No que diz respeito aos proveitos, que chegaram aos 106,4 milhões de euros, incluindo 76,0 milhões de euros relativamente a aposento, a situação também é idêntica, uma vez que este indicador até triplicou em comparação com janeiro do ano passado, mas, face a igual período de 2020, apresentou uma descida de 39,1% nos proveitos totais, enquanto os proveitos relativos a aposento diminuíram 38,8%.
Os dados do INE mostram também que, no que diz respeito às dormidas, o mercado interno contribuiu com 857,7 mil dormidas e aumentou 104,5%, enquanto os mercados externos, que representaram 57,0% do total de dormidas, foram responsáveis por 1,1 milhões de dormidas (+308,7%).
Na nota que acompanha os dados, o INE explica que, “comparando com o mês de janeiro de 2020, observaram-se diminuições quer nas dormidas de residentes (-20,1%), quer nas de não residentes (-47,9%)”.
O aumento das dormidas em janeiro de 2022 foi comum a todas as regiões do país, com destaque para a capital, que concentrou 27,8% das dormidas, seguindo-se o Norte (17,7%), o Algarve (17,3%) e a RA Madeira (16,9%), face a 2021.
Já numa comparação com janeiro de 2020, “todas a regiões apresentaram diminuição do número de dormidas”, diz o INE, que sublinha, contudo, a evolução na AM Lisboa, que ficou -48,7% abaixo de igual mês de 2020.
Já as dormidas dos residentes tiveram na RA Madeira “um ligeiro decréscimo (-0,4%), seguindo-se o Centro (-13,4%) e o Alentejo (-15,0%)”, enquanto as dormidas dos não residentes apresentaram diminuições superiores a 40% em todas as regiões, com exceção da
RA Madeira (-34,1%).
Nos resultados de janeiro, o INE destaca Lisboa, que registou 402,5 mil dormidas, concentrando cerca de um terço do total de pernoitas (20,2%), ainda que, face a janeiro de 2020, se tenha verificado uma descida de 53,4% neste indicador, o que traduz quebras de -35,8% nos residentes e -57,7% nos não residentes.
De qualquer forma, o INE sublinha que, em janeiro, “o município de Lisboa concentrou 25,9% do total de dormidas de não residentes registadas no país em janeiro de 2022”.
Já o Funchal, na Madeira, que contabilizou, em janeiro, 12,8% do total de dormidas, registando 254,9 mil pernoitas, observou uma descida 31,8% face a igual mês de 2020, incluindo quebras de -0,7% nos residentes e -35,2% nos não residentes.
“Este município concentrou 19,3% do total de dormidas de não residentes registadas no país em janeiro de 2022”, refere o INE, que diz ainda que as dormidas no município do Porto (6,2% do total) totalizaram 124,4 mil e que, face a janeiro de 2020, houve uma redução de 53,8% (-27,0% nos residentes e -61,5% nos não residentes).
Em janeiro, a taxa liquida de ocupação-cama foi de 18,5%, depois de um aumento de 9,1 pontos percentuais em janeiro, valor que se soma aos 11,1 pontos percentuais de crescimento que já se tinham verificado em dezembro, enquanto em janeiro de 2020 este indicador tinha chegado aos 29,2%.
O INE diz ainda que, me janeiro, as taxas de ocupação-cama mais elevadas se registaram na RA Madeira (33,4%) e na AM Lisboa (20,8%), valores que correspondem também aos maiores acréscimos neste indicador (+19,4 pontos percentuais e +10,1 pontos percentuais, respetivamente).
Já a taxa líquida de ocupação-quarto nos estabelecimentos de alojamento turístico foi, em janeiro, de 23,8%, num aumento de 10,8 pontos percentuais, que se junta ao crescimento de 13,0 pontos percentuais registado em dezembro, enquanto a taxa líquida de ocupação-quarto foi, em janeiro de 2020, de 37,0%.
No que diz respeito aos proveitos, a AM Lisboa concentrou 30,6% dos proveitos totais e 32,6% dos relativos a aposento em janeiro, seguindo-se a RA Madeira (18,2% e 16,9%, pela mesma ordem) e o Norte (17,4% e 17,6%, respetivamente).
O INE diz ainda que, em janeiro, a evolução dos proveitos foi positiva nos três segmentos de alojamento, sendo que, na hotelaria, os proveitos totais e de aposento aumentaram 238,0% e 235,4%, respetivamente (peso de 85,9% e 83,7% no total do alojamento turístico, pela mesma ordem).
Já os estabelecimentos de alojamento local (quotas de 10,0% e 12,0%) apresentaram subidas de 175,7% e 166,9%, enquanto o turismo no espaço rural e de habitação (representatividade de 4,1% e 4,3%) registou aumentos de 146,8% e 162,3%, respetivamente.
No conjunto dos estabelecimentos de alojamento turístico, o rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) situou-se em 15,6 euros em janeiro, depois de um aumento de 120,1%, ainda que, em janeiro de 2020, o RevPAR tivesse chegado 24,9 euros. Já os valores de RevPAR mais elevados foram registados na RA Madeira (26,7 euros) e AM Lisboa (20,4 euros).
Por outro lado, em janeiro, o rendimento médio por quarto registou crescimentos de 125,7% na hotelaria, 103,6% no alojamento local e 68,4% no turismo no espaço rural e de habitação, enquanto no conjunto dos estabelecimentos de alojamento turístico, o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) atingiu 65,4 euros em janeiro, tendo crescido 20,1% (+18,0% em dezembro), já que, em janeiro de 2020, o ADR tinha sido 67,2 euros.