Algarve teme “incerteza” provocada pela guerra na Ucrânia apesar dos “bons sinais” da procura
Presidente do Turismo do Algarve, João Fernandes, está preocupado com o aumento dos preços que já está a afetar a cadeia de valor do turismo e alerta que “a incerteza não é boa para qualquer setor de atividade”.
Inês de Matos
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O presidente do Turismo do Algarve, João Fernandes, considera que a guerra na Ucrânia vai provocar incerteza no mercado, uma vez que está a levar a um aumento do preço da energia e da inflação, o que pode ter impacto na procura, que continua, no entanto, a apresentar “bons sinais” na região, nomeadamente em termos de reservas e preços.
“Até agora não temos sentido retração da procura, pelo contrário, estamos num processo de retoma, até com bons sinais em termos de reservas e do nível de preço praticado, o que são sinais muito animadores. Mas a incerteza não é boa para qualquer setor de atividade”, admite João Fernandes, em declarações ao Publituris.
De acordo com o responsável, “os mercados de Leste, em geral, têm pouca expressão no Algarve”, não sendo, por isso, esperado que o conflito militar tenha um impacto direto na atividade turística da região, ainda que o Turismo do Algarve tivesse já contratada uma operação desde a capital da Ucrânia, entre junho e outubro, que deveria trazer até à região 9.400 turistas ucranianos.
“Eram mercados em que vínhamos a apostar e tínhamos uma operação com Kyiv, prevista entre junho e outubro, com 9.400 lugares. Sendo um mercado exíguo para nós, era uma continuação da nossa aposta na diversificação de mercados, que estava a dar bons resultados”, explica o responsável, revelando que, dos países de Leste, apenas a Polónia tem uma maior expressão no Algarve.
João Fernandes está, no entanto, preocupado com o aumento dos preços dos “vários bens e serviços que integram a cadeia de valor do turismo”, numa tendência que já se vinha a registar e que, com a invasão russa da Ucrânia, se deverá agravar.
“Já estamos a assistir a um aumento do custo da energia que, agora, com esta guerra, e sendo a Rússia e a Ucrânia dos maiores produtores de gás de xisto, petróleo, gás natural e várias outras formas de energia, vai obviamente empolar este custo da energia, e quando isso acontece, sobe tudo o resto. Além disso, a Ucrânia é também o chamado celeiro da Europa e, portanto, vários produtos também vão sofrer um aumento, como já estamos, aliás, a perceber. Sobretudo, estamos a assistir à inflação de vários bens e serviços que integram a cadeia de valor do turismo”, afirma.
Para o presidente do Turismo do Algarve, este aumento de preços está a levar também ao aumento da incerteza quanto ao futuro, o que pode vir a ter impacto no comportamento dos consumidores e, consequentemente, também nos principais mercados emissores de turistas para a região.
“Os nossos principais mercados emissores são do Norte e Centro da Europa, não estão nas imediações do conflito, mas não sabemos o dia de amanhã e qual será o comportamento que o consumidor assumirá no futuro próximo. Por agora, não temos indicadores que a procura venha a alterar-se substancialmente, mas, do ponto de vista dos custos dos bens, serviços e energia, assim como do impacto que isso também terá nos consumidores dos nossos mercados emissores, não temos como antecipar o nível de incerteza, que é grande”, admite.