Ryanair ameaça retirar três aviões de Lisboa se slots da TAP não forem atribuídos já no verão
CEO da Ryanair, Michael O’Leary, diz que se os slots que a TAP vai abandonar não forem atribuídos ainda este mês, a companhia aérea vai ter de retirar três aviões de Lisboa e reduzir o número de rotas em duas dezenas.

Inês de Matos
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O CEO da Ryanair, Michael O’Leary, revelou esta quarta-feira, 16 de fevereiro, que a companhia aérea poderá ter de retirar três aviões da base de Lisboa se os 18 slots que a TAP vai abandonar não forem atribuídos até ao verão, numa decisão que, segundo o responsável, vai deixar Lisboa para trás na recuperação pós-COVID.
“Enquanto a Ryanair tem vindo a crescer, a TAP reduziu a frota em 20% ou 25%, mas libertou menos de 5% dos seus slots em Lisboa e já absorveu mais de três mil milhões de euros em auxílios estatais”, afirmou Michael O’Leary, durante uma conferência de imprensa em Lisboa.
O CEO da Ryanair revelou também que os slots que a TAP vai abandonar só vão ser atribuídos em novembro de 2022 e, por isso, só vão voltar a ser usados no próximo inverno, ainda que, segundo Michael O’Leary, fossem necessários já este verão.
“Em novembro de 2022, esses slots já vão ser inúteis”, acrescentou, revelando que a Ryanair já escreveu uma carta ao primeiro-ministro António Costa a pedir a libertação imediata dos slots, que poderiam ajudar a uma mais rápida recuperação da atividade turística nacional.
De acordo com o responsável, devido à falta de slots, a Ryanair não vai crescer em Lisboa este verão, ao contrário do que deverá acontecer nas outras bases da companhia aérea low cost em Portugal, e poderá mesmo ser forçada a reduzir a operação na capital, com Michael O’Leary a revelar que a Ryanair vai colocar apenas quatro aviões em Lisboa, menos três que este inverno, reduzindo também o número de rotas em duas dezenas.
“A única razão para termos de mover estas aeronaves é porque a TAP não liberta ‘slots'”, insistiu o CEO da Ryanair, que pede que os slots sejam atribuídos ainda este mês de fevereiro, também como forma de promover a “concorrência, o crescimento e salvaguardar rotas e empregos em Lisboa”.
Lisboa é, de acordo com Michael O’Leary, o único aeroporto nacional onde a Ryanair opera que não vai contar com crescimento no próximo verão, uma vez que, além da capital, a companhia aérea vai disponibilizar em Portugal mais 15 novas rotas, passando para um total de 165, incluindo destinos como Bari, em Itália; Billund, na Dinamarca; Madeira e Paris, em França, e espera chegar aos 11,5 milhões de passageiros transportados.
Segundo Michael O’Leary, a Ryanair espera, para este verão, “uma grande recuperação do tráfego”, com destaque para Faro, que já deverá superar a operação de 2019, tendo em conta o elevado número de reservas já registado, com destaque para os mercados nórdicos, que, este verão, vão procurar o Algarve pela praia, uma vez que as viagens para as Caraíbas continuam a apresentar restrições.
Ucrânia não preocupa
O CEO da Ryanair referiu-se ainda à situação na Ucrânia, cuja ameaça russa de um novo conflito militar está a levar várias companhias aéreas a reequacionarem os voos para o país, afirmando que, no caso da Ryanair, essa questão não se põe e que a companhia aérea vai continuar a voar para Kiev, assim como para os outros destinos servidos no país.
“Não estamos preocupados, esperamos que haja uma solução diplomática”, acrescentou Michael O’Leary, considerando que a questão do seguro, que algumas companhias aéreas têm visto cancelado devido à ameaça de guerra, “não é um problema” e não devia levar as companhias aéreas europeias a cancelar os voos para a Ucrânia, como fez a KLM.
“Acreditamos que continua a ser seguro voar para a Ucrânia e os ucranianos continuam a precisar de voos para conseguirem chegar a casa”, acrescentou, garantindo que a Ryanair mantém o interesse em investir e em abrir uma base no país, caso a Ucrânia venha, no futuro, a aderir à União Europeia.