Operadores turísticos satisfeitos com procura para fim de ano
Os operadores turísticos, embora prudentes porque a pandemia não dá sinais de abrandamento em todo o mundo, estão satisfeitos com o nível de reservas para o fim de ano, quer para viagens internacionais, quer para as ilhas portuguesas, com o Funchal à cabeça. Mas também há procura para destinos no continente.
Carolina Morgado
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Ao contrário do ano anterior, em 2021 os principais operadores turísticos em Portugal uniram-se e decidiram oferecer ao mercado uma série de programas de viagem de fim de ano. O mercado respondeu de forma positiva e as reservas chegaram às agências de viagens, levando mesmo a que muitas partidas estivessem já esgotadas.
O próprio presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, referiu, recentemente, que os portugueses têm mantido as reservas das viagens para o fim de ano, apesar das dúvidas em relação ao que poderá acontecer num ou noutro destino, ao nível das restrições.
Alguns operadores turísticos com quem o Publituris falou – Exoticoonline, Solférias e Sonhando – mantiveram a tradicional operação charter que realizam nesta altura do ano, nomeadamente para Cabo Verde, Brasil, Funchal e Porto Santo, a Viajar Tours preferiu apenas bloquear lugares em voos regulares para destinos como o Dubai, Caraíbas ou Maldivas.
De um modo geral não há motivos para alarme, apesar das medidas recentemente impostas pelo Governo, apertando o controlo das entradas e saídas do país. Mas também é importante referir que o mercado ajustou a oferta aos níveis da procura, ou seja, não há operações loucas.
“Desmistificação” do Brasil
Segundo o CEO da Exoticoonline/ Destinos, em parceria com a Solférias e a Sonhando, o operador oferece para o fim de ano dois voos para o Brasil, Porto-Salvador e outro Lisboa-Natal-Salvador, ambos com partida a 26 de dezembro, com as vendas a correrem muito bem.
“Foi preciso que no congresso da APAVT um ex-vice-Primeiro Ministro viesse explicar que o Brasil não está tão mal”, Miguel Ferreira, Exoticoonline/Destinos
Miguel Ferreira considerou que a melhoria da situação pandémica no Brasil fez com que as vendas para o destino aumentassem. “Mas foi preciso que no congresso da APAVT um ex-vice-Primeiro Ministro viesse explicar que o Brasil não está tão mal como dizem as televisões portuguesas.
Desmistificou-se que o Brasil está, neste momento, com um nível de vacinação muito superior por exemplo aos Estados Unidos, inclusive acima da média da União Europeia, ou seja, as pessoas estão a perceber que o Brasil não é aquele país que se fala, como tivemos a oportunidade de comprovar por dados reais estatísticos. Ou seja, neste momento é um país seguro. Infelizmente, os casos vão sempre surgir.
Não conseguimos controlar uma pandemia, temos é que nos habituar viver comedidamente nesta fase”. O executivo lembrou ainda a operação para a Madeira, tanto de Lisboa como do Porto, também “com bom ritmo de venda”. Em voos regulares as atenções do operador vão para o Dubai e as Maldivas, destino agora comercializado num valor mais elevado em relação ao verão.
Por outro lado, a Destinos está com largas dezenas de ofertas de passagem de ano para o território continental.
Apesar de não estar ainda na posse de números finais, Miguel Ferreira considera que, de uma forma geral “estamos muito abaixo de 2017”. Em sua opinião, há dois fatores que ainda fazem as pessoas retraírem-se, um é a questão da segurança, e o outro é a mudança constante de regras que leva a uma falta de confiança por parte do consumidor”.
Com o fim de ano já arrumado, a Exoticoonline já está a olhar para as próximas temporadas, ou seja, a páscoa e verão. “Estou expectante. A Páscoa ainda vamos ver o caminho para depois definirmos o trajeto, e o verão espero que já haja alguma normalidade. É bom não esquecer que começámos a 13 de março de 2020 a pensar que íamos perder a Páscoa, mas que o verão seria bom, e acabámos por perder a Páscoa, o verão e o réveillon, ou seja, perdemos o ano. Achámos que era a Páscoa deste ano, não foi, o verão já estabilizou um pouco, o inverno agora está a subir, e o réveillon está nos níveis expectáveis, mas também o mercado ajustou a oferta aos níveis da procura”, sublinhou o CEO do operador.
Miguel Ferreira deu conta que se notam pedidos já para o primeiro semestre, não dentro dos volumes dos anos anteriores à pandemia. No entanto, uma coisa são os ‘bookings’, outra são as concretizações posterirores. Isto em relação aos destinos internacionais, porque o mercado doméstico já está a mexer bastante bem para o próximo verão”.
O sucesso de Cabo Verde …
Sónia Regateiro, COO da Solférias, está satisfeita com o desenrolar da procura da programação do operador turístico para a passagem de ano. “Apostámos em operações charter com outros parceiros, ou seja, quatro voos para o Funchal, dois de Lisboa e dois do Porto, Lisboa-Porto Santo, estamos envolvidos em seis voos para Cabo Verde, três de Lisboa e três do Porto, e dois para o Brasil – um Porto-Salvador e o Lisboa-Natal-Salvador”, esclareceu.
Além disso, para o fim de ano, a Solférias disponibiliza programação em voos regulares, através de bloqueios com a Emirates para o Dubai e as Maldivas, e allotments com a TAP para vários destinos.
Quando às reservas, Sónia Regateiro disse que já há “algumas operações esgotadas há bastante tempo, e outras com disponibilidade muito reduzida. Podemos dizer que as operações estão a ser um sucesso”.
“Se compararmos com 2019, nunca conseguimos programar tantos voos para Cabo Verde no réveillon como este ano, porque tivemos a vantagem de os outros mercados como a Alemanha e o Reino Unido não estarem a ocupar tantos quartos naquele país. Assim, conseguimos triplicar a operação habitual para aquele destino, passando de dois voos em 2019, para seis em 2021” destacou a COO da Solférias.
O operador turístico começou, no entanto, a preparar já a operação de verão. “Já lançámos a maior parte da programação. Está a faltar o Egito, destino onde vamos apostar no verão, tanto de Lisboa como do Porto para Hurghada. Ainda estamos pendentes em relação ao que vamos fazer com Saiidia, isto porque Marrocos é um destino que nos deixa com alguma ansiedade porque já vimos que são muito protecionistas e tomam atitude de fecho de fronteiras de um dia para o outro”.
Sónia Regateiro lembrou que “neste momento, o risco que está em cima dos operadores quando tomam a decisão de colocar uma operação charter é enorme, porque as companhias de seguros não assumem qualquer risco por fecho de fronteiras devido à pandemia. Por isso, se houver algum azar de fecho de fronteiras, quem tem que assumir o risco de reembolso e de repatriamento de todos os passageiros é o operador turístico, ou seja, todas as decisões têm que ser muito bem ponderadas”.
… e Timor-Leste
“A nossa oferta para o fim de ano é bastante vasta, temos quatro charters para a Madeira, dois de Lisboa e dois do Porto, um para o Porto Santo, dois para o Brasil, bem como com a TAP para Punta Cana e Cancun em que também tivemos vendas razoáveis”, disse José Manuel Antunes, diretor-geral da Sonhando, para realçar que “é uma oferta muito similar à que tivemos em 2019”.
O responsável garantiu que as reservas decorrem a bom ritmo, como apenas algumas disponibilidades neste momento.
“O Brasil está mais estabilizado e ajudou que o volume de reservas crescesse” sublinhou José Manuel Antunes, para realçar que “no Brasil temos um grande aliado que se chama Vila Galé, dai que 85% das nossas vendas sejam para as suas unidades de Touros, Salvador e Guarajuba. Portanto, essa parceria com o grupo hoteleiro é muito importante e leva-nos a ter uma grande confiança no produto”.
Apesar de não estar inserido na sua programação de fim de ano, o diretor-geral da Sonhando fez questão de destacar que os seus voos no dia 12 e 14 de dezembro entre Lisboa e Dili (Timor-Leste) foi um sucesso, tendo ultrapassado no dia 01 os 200 passageiros, mesmo “sem o apoio dos professores que foi fator essencial no início das operações. Isto quer dizer que já nos impusemos no mercado sem esse trampolim. E acrescentou que, “com estes números claro que vamos prosseguir no próximo ano com quatro operações, designadamente, em fevereiro, julho, setembro e dezembro”.
Sem charter, mas com ‘commitment’
A Viajar Tours centrou a sua oferta de passagem de ano “mais no Dubai e nas Caraíbas, basicamente com a Emirates, e alguns voos da TAP não só para as Caraíbas, mas também para o Funchal e Ponta Delgada, não entrando no produto charter, mas em commitments com companhias aéreas onde pudemos criar alguma diferenciação no mercado e onde tivemos um bom volume de reservas”, explicou o diretor comercial do operador turístico, Nuno Anjos.
Em relação a 2019, o responsável do operador turístico considerou que “é totalmente diferente em volume de passageiros, e também em operações charters em que tínhamos alavancado muita da nossa oferta. Este ano, por todas as circunstâncias existentes, não apostámos nesse tipo de operações”.