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Victor Jorge
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Que importância possui o turismo para a cidade do Porto?
Há cerca de dez anos, dizia-se que “o Porto era o segredo mais bem guardado da Europa”. Ora os segredos servem, a maior parte das vezes, para serem revelados. E foi exatamente isso que nós fizemos: dar a conhecer o Porto. Mostrámos a cidade ao mundo. Criámos uma marca. Felizmente, agora, somos Porto. O turismo tem, para a cidade do Porto, uma importância estratégica. Diria mesmo que fundamental e de sobrevivência. O turismo não pode, do meu ponto de vista, ser encarado per si. Este setor tem, a montante, verdadeiros motores de crescimento. Daria como simples exemplos: a) O Aeroporto Francisco Sá Carneiro que, se no início da década anterior, era apenas impulsionado pelas companhias low cost, atualmente, assumiu um momento de viragem e hoje tem um valor adicional; b) O setor privado, enquanto mola impulsionadora da diversificação da oferta da cidade caracterizada pela fixação de comerciantes e “homens de negócios” que, ao longo dos séculos, a tornou num polo de atração inquestionável.
A jusante: a) A reabilitação urbana da cidade; b) O aumento da oferta ao nível do alojamento turístico, da restauração e o surgimento de micro e pequenos negócios, para acompanharem o aumento da afluência turística, traduzem-se no aumento de postos de trabalho, diretos e indiretos, qualificados e não qualificados, fruto desta dinâmica de crescimento e da transversalidade da atividade turística, a maior parte das vezes ancorada no investimento privado.
Concluindo, e ainda relativamente à importância que o turismo tem para o Porto, diria que o Porto é atualmente considerado uma das melhores cidades na Europa para visitar, viver, trabalhar, investir e beneficia de uma qualidade de vida ímpar, sendo que o turismo tem a sua quota-parte de responsabilidade neste resultado.
Está satisfeito com as políticas desenvolvidas relativamente ao turismo na e para a cidade? Se tivesse de voltar atrás, o que faria de novo ou de forma diferente no que diz respeito ao turismo na cidade do Porto?
Os resultados dos indicadores que diariamente analiso fazem-me concluir que estamos no caminho certo para a missão a que nos propusemos, pese embora me sinta sempre insatisfeito.
Como não é possível voltar atrás, importa – agora – projetar e preparar o futuro. Questões como a recuperação e a inovação do setor e da atividade turística, a mobilidade, a acessibilidade e a sustentabilidade do destino turístico estão na ordem do dia e já estamos a trabalhar nesta direção, alinhados com todas as partes interessadas. Importa assegurar que a cidade nunca perca a sua identidade e autenticidade, não obstante a elevada afluência turística e a internacionalização do destino, bem como a multiplicidade de atividades e atrações turísticas, que já vêm evidenciando alguns sinais de retoma, pese embora ainda distantes dos indicadores desejáveis.
Quais foram as maiores dificuldades sentidas durante este período e como antevê o regresso à tão desejada “normalidade” para o turismo na cidade do Porto?
Desde março de 2020, o Porto, à semelhança do resto do país e do mundo, viu a sua atividade turística estagnada devido à situação pandémica. Quanto à normalidade que já se começa a fazer sentir, tenho a consciência plena que o processo será demorado até atingirmos os níveis de 2019. Realço que esta “licença sabática” pela qual todos passamos implica momentos de reflexão e de tomada de consciência da necessidade de redefinir prioridades em termos da cidade que queremos: usufruída por todos e no seu todo, em equilíbrio e marcada pela sustentabilidade.
Questões como a sustentabilidade, overtourism, segurança, digitalização e mobilidade, estão na ordem do dia no turismo. O que está e vai ser feito nestes pontos (e outros) em concreto?
O Porto tem vindo a consolidar a sua posição como ‘smart city’, com a implementação de soluções tecnológicas nos diversos setores da vida urbana, que promovem o seu desenvolvimento, afirmação internacional, aumento da atratividade e o bem-estar de cidadãos e visitantes. Por outro lado, e atendendo ao aumento da procura turística, a cidade reinventou-se desenvolvendo diversos serviços e produtos baseados em TIC, que apoiam os visitantes durante o ciclo da sua experiência de cidade e na descoberta do destino, como a app Shop in Porto ou a Explore Porto.
Quanto ao ‘overtourism’, considero que estamos perante uma falsa questão, pelo menos a curto e médio prazo. Nos últimos 30 anos, o Porto perdeu cerca de 40% da sua população, situação que só agora começa a inverter-se. Durante essas décadas, não havia turismo “a mais” – praticamente não o havia – nem a tão propalada “gentrificação”, termo bastante utilizado por todos os que diabolizam o turismo. Apesar de reiterar que o ‘overtourism’ é uma falsa questão, já estamos a trabalhar para a dispersão dos fluxos turísticos, com a requalificação da parte oriental da cidade, uma zona que tem beneficiado de um forte investimento e da criação e requalificação ao nível das infraestruturas. Da mesma forma, o projeto do extinto Matadouro captará novos fluxos turísticos para esta zona da cidade, até agora considerada periférica. Relativamente à mobilidade, tem-se privilegiado a mobilidade suave e a rede de ciclovias, já com 55km, e em contínua expansão, ligando, inclusivamente, 210 pontos de partilha de bicicletas e trotinetes, e 520 lugares de aparcamento gratuito. No que diz respeito à sustentabilidade, a estratégia de desenvolvimento do Porto compromete-se com a sustentabilidade presente e futura do território.
Pretende-se que a cidade alcance a neutralidade carbónica até 2050 e, para isso, tem vindo a adotar soluções baseadas na natureza, requalificando e expandindo os espaços verdes públicos, permitindo combater as adversidades climatéricas e renovar zonas desfavorecidas.
Destacaria ainda os esforços que os players do setor turístico têm vindo a despender na implementação de práticas sustentáveis na sua atividade. Em síntese, e considerando a importância destas questões para qualquer destino urbano – sustentabilidade, ‘overtourism’, segurança, digitalização e mobilidade – serão áreas de intervenção que continuarão na agenda da política do Município do Porto.
O que há ainda para fazer no Porto de forma a melhorar o turismo, mas, também, a convivência entre locais e turistas?
A curto prazo, o nosso enfoque será superar este período de declínio da atividade turística causado pela COVID-19 e reabilitar a atividade económica na qual a atividade turística assume um papel de destaque. Complementar e concomitantemente estamos a qualificar a nossa oferta turística, destacando outros pontos de interesse da cidade, menos conhecidos e menos divulgados.
Um dos nossos focos principais passa por captar outros mercados e segmentos turísticos, além dos tradicionais, seduzir novos perfis de turistas, aumentar o tempo de permanência na cidade e esbater a sazonalidade, na continuidade do que já tínhamos delineado em 2019. Naturalmente, não descuro que associado ao crescimento da atividade turística está a sustentabilidade do destino e, neste caso, é fundamental para o Porto a harmoniosa relação entre residentes e turistas.
Não posso deixar ainda de realçar uma das mais recentes medidas: a criação do Mediador do Alojamento Local. Figura que tem por principal objetivo centralizar, facilitar e conciliar os interesses e necessidades dos residentes e dos visitantes que ficam alojados em estabelecimentos de alojamento local.
Paralelamente, a aposta no incentivo à digitalização e inovação da oferta para diferenciar o Porto dos destinos concorrentes e captar um turismo de qualidade, continuará a ser prioridade.