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Análise

“Não temos de ‘repensar’ o turismo. Temos de ‘transformar’ o turismo”

Durante dois dias, a sustentabilidade do turismo e das viagens, estará sob debate em Évora. Ao Publituris, Christian Delom, secretário-geral de “A World for Travel”, admite que, no futuro, viajar será “mais caro” e que para acontecer uma transformação, será preciso que “todos avancem no mesmo sentido e ao mesmo tempo”.

Victor Jorge
Análise

“Não temos de ‘repensar’ o turismo. Temos de ‘transformar’ o turismo”

Durante dois dias, a sustentabilidade do turismo e das viagens, estará sob debate em Évora. Ao Publituris, Christian Delom, secretário-geral de “A World for Travel”, admite que, no futuro, viajar será “mais caro” e que para acontecer uma transformação, será preciso que “todos avancem no mesmo sentido e ao mesmo tempo”.

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O turismo e as viagens foram dos setores ou indústrias mais afetadas pela pandemia. Para acontecer a retoma (para alguns) ou regresso (para outros) à normalidade é preciso, mais do que saber o “quando”, saber o “como”. Nas palavras de Christian Delom, mais do que “repensar”, é preciso “transformar”. Évora será o palco de discussão para a definição do que poderá ser o futuro das viagens e turismo. E fica a certeza: pela vontade da organização, o evento de 2022 será, novamente, em terras alentejanas.

Nos dias 16 e 17 de setembro, Évora será a capital mundial do turismo. Que conclusões gostaria que saíssem desses dois dias de trabalho?
Muitas. Mas o principal objetivo já está conseguido e surge na expectativa, ou melhor, nas expectativas que o evento está a gerar.

Antes da pandemia tínhamos muito “travel bashing” [critica forte ao universo das viagens e turismo protagonizado por Greta Thunberg] e as razões para a sua existência até não eram de todo erradas, porque, sejamos sinceros, o turismo e as viagens têm impacto ambiental, social, económico, laboral. Por isso, o evento serve para criar uma consciência, ou melhor, uma maior consciência sobre os impactos do turismo e das viagens no nosso planeta, realidades para as quais havia pouca predisposição antes da pandemia.

Assim, o nosso primeiro objetivo passava por criar essa consciência e juntar todos os ‘stakeholders’ e fazer com que se aliem na transformação dos padrões existentes. A partir daqui, pretendemos que a indústria assuma compromissos para essa transformação.

A nossa expectativa é que as pessoas, a indústria, os governos, os ‘stakeholders’, as ONG, sejam capazes de assumir compromissos, tal como assumem nas assembleias da ONU.

Mas esperam ter alguma influência política, ou melhor, em decisões políticas?
Sim, claro. Influência ou impacto político, económico e no negócio. A forma como se pensa está a mudar. Estive em Cancun, na reunião do WTTC e no final percebeu-se que, CEO, indústria, governos, ‘stakeholders’, todos têm a consciência que é preciso fazer algo.

Acontece que, muitas das vezes, os profissionais falam entre si, falam para dentro do setor, da indústria, para organizações semelhantes ou seus pares. Ou seja, as companhias aéreas falam com companhias aéreas, a hotelaria fala com a hotelaria, aeroportos com aeroportos. Costumo utilizar o seguinte paralelismo: estão todos na mesma piscina, mas cada um na sua pista, sem olharem para o lado e saber o que se passa.

A solução não está numa única pista, mas na união de todas as pistas, em unir todos na mesma piscina. Porque se um ‘stakeholder’ está a mudar, mas outro não, não vai haver mudança.

O nosso objetivo final é conseguir salvar o planeta e a indústria das viagens e turismo. Tudo ao mesmo tempo. Não um em vez do outro ou um de cada vez, mas todos ao mesmo tempo.

No final existirão cinco compromissos aos quais chamamos “Espírito de Compromisso de Évora” para que exista não só a consciência, mas que estaremos, efetivamente, a andar para a frente e, principalmente, juntos.

Os diferentes impactos da pandemia
Todos sabemos que o turismo e as viagens foram fortemente impactados a partir do início de 2020. Em vez de lhe perguntar “quando” se poderá dar uma retoma, pergunto-lhe “como” acontecerá esse regresso à tão falada “normalidade”?
Bem, para isso terá de ir ao evento [risos]. Mas tem razão, em vez de perguntarmos “quando”, a questão que deve ser colocada é o “como”. O “quando” está, definitivamente relacionado com a realidade da pandemia em todo o mundo. Enquanto todos os países não recuperarem e todas as pessoas estejam vacinadas, não poderemos falar no “quando” e continuaremos a ter problemas.

Uma certeza existe: a forma como as pessoas irão viajar depois da pandemia será diferente. Por isso, teremos de perguntar “como” é que o universo do turismo e viagens irá responder e reagir.

Em minha opinião iremos ter três respostas diferentes dos três diferentes segmentos da indústria das viagens. As viagens de negócios, por exemplo, irão ser muito mais impactadas do que as viagens de lazer. E porquê? Porque na indústria da aviação e mesmo na hotelaria, a rentabilidade é medida pelas receitas das viagens de negócios, muito mais do que pela rentabilidade das viagens de lazer que são, de certa forma, complementares. Por isso, a estratégia das companhias de aviação e dos hotéis está muito mais focada em disponibilizar boas soluções para as viagens de negócios do que para os outros segmentos, ou seja, MICE e viagens de lazer.

Imaginemos que no pós-pandemia, as viagens de negócios registam uma quebra, de 10%, na sua quota de mercado? Esta quebra representará 20 a 30% nas receitas.

Ou seja, as receitas que permitiram, até então, o tipo de preços baixos praticados nas viagens de lazer será impactado. Assim, temo que as viagens de lazer não se mantenham a preços tão baixos.

Isto sem falar que não fomos, ainda, impactados pelas taxas ambientais: Mas pode ter a certeza que esta indústria sofrerá os efeitos dessas taxas. Resumindo, os preços irão subir.

 

“O evento serve para criar uma consciência, ou melhor, uma maior consciência sobre os impactos do turismo e das viagens no nosso planeta, realidades para as quais havia pouca predisposição antes da pandemia”

 

Em todos os segmentos: negócios, MICE e lazer?
Sim, em todos os segmentos. Teremos um efeito, digamos, elástico e esse aparecerá de forma rápida, porque no caso das viagens de negócios a decisão para viajar será mais tomada pelos departamentos financeiros e não pelas operações.

Claro que os comerciais continuarão a viajar, mas aquelas pessoas que se deslocavam para fazer gestão de categorias, formação, consultadoria, essas pessoas não viajarão com a mesma frequência.

Portanto, o que estamos a fazer agora (a entrevista foi realizada por via digital) será o futuro para alguns, senão muitos, segmentos da indústria das viagens?
Exatamente. E isso terá um impacto em todo o modelo de negócio. Imaginemos que, no futuro, as companhias aéreas terão nas viagens de lazer o seu grande mercado. As rotas não serão as mesmas. O que será feito dos hubs? Esses foram construídos para as viagens de negócio e não para lazer.

No caso da aviação, vamos ter aviões maiores, mais pequenos, com mais capacidade ou menos capacidade? Quanto à hospitalidade, aos hotéis, será que continuarão a ser construídos no centro das cidades ou mais nos subúrbios? Não se trata do mesmo hotel, do mesmo preço, eventualmente, dos mesmos serviços.

Mas estamos a esquecer-nos de um lado muito importante: o turista, aquele ou aquela que viaja?
Não, não me estou a esquecer. Recordo a transformação que se vive no setor alimentar de há 10 anos para cá. Quem é que há 10 ou 15 anos falava em orgânicos? Agora é possível encontrá-los em todo o lado. Quem é que se preocupava com a produção local? Agora é um “must”.

O que quero dizer com isto é que o mercado, o nosso mundo, muda muito rapidamente e a pandemia veio acelerar tudo.

Estou totalmente convencido que a procura por viagens vai estar mais focada em ter mais divertimento, mais lazer, mais segurança, mais sentido. Vamos passar a perguntar-nos a razão pela qual viajamos, como viajamos, que impacto terei no destino, o que poderei partilhar com a população local, se viajo só para descobrir ou se tenho como preocupação, também, a partilha.

Já li entrevistas em que diz que as pessoas irão viajar menos, mas por mais tempo. Como é que isto vai impactar a indústria das viagens, hotelaria, companhias aéreas, etc.?
Penso que o segmento que menos problemas terá será o alojamento, os hotéis. Até poderá ser benéfico para este segmento, porque sabemos que estadas maiores produzem margens melhores. Portanto, poderão ser boas notícias para a hotelaria.

É sabido que a localização destas ‘city trips,’ que tanto cresceram, eram possíveis porque os hotéis estavam ocupados por parte das viagens de negócios durante a semana, o que possibilitou a disponibilização de quartos e redução nos preços para as viagens de lazer aos fins de semana.

Para o MICE, no entanto, que é chave, esses eventos com milhares e milhares de pessoas vão, igualmente, sofrer mudanças, já que, com um custo bem menor, consegue até ter um alcance bem maior com o digital.

Imagine um evento com 5 ou 10 mil pessoas? Há dias estive a falar com um académico que me admitiu que, antigamente nunca se tinha pensado que um mesmo evento poderá acontecer para um público na Ásia, de manhã, e da parte da tarde para um público nas Américas. Por isso, julgo que o segmento de MICE vai ter alterações profundas no futuro.

Depois temos as viagens de lazer, porque, no fundo, falamos de turismo. Em ocasiões anteriores já tinha referido “menos viagens, estadas mais longas”. Talvez lhe juntasse a proximidade. Julgo que a proximidade regressará, não tanto como antigamente, mas as pessoas irão olhar para destinos mais próximos.

Portanto, menos viagens longas?
Dependerá se consegue pagar esse tipo de viagens. Sabemos que, cada vez mais, as pessoas têm disponibilidade financeira para viajar, principalmente, na Ásia. Mas tudo dependerá da questão económica que o mundo atravessará.

Resumindo, se antes viajávamos por cinco dias ou uma semana, passaremos a viajar por duas semanas. Se antes viajávamos por dois dias, passaremos a viajar por cinco dias ou uma semana. Não se trata de uma revolução, mas sim de uma evolução.

 

“Vamos passar a perguntar-nos a razão pela qual viajamos, como viajamos, que impacto terei no destino, o que poderei partilhar com a população local, se viajo só para descobrir ou se tenho como preocupação, também, a partilha”

 

Mudar, não. Transformar!
Admitiu que viajar será mais caro no futuro. Os impactos no ambiente farão com que, quem viajar mais, terá de pagar mais?Penso que as taxas ambientais irão aumentar, não sei lhe dizer em que medida, para que valores, mas tenho a certeza que ficarão mais caras. Quem polui mais terá de pagar mais.

Uma realidade semelhante à que o secretário-geral da ONU, António Guterres, admitia há tempos para a globalidade da indústria: quem poluir mais, terá de pagar mais.
É isso mesmo. Claro que isso dependerá sempre da vontade política e nunca será igual em todos os países, mas tenho a certeza que caminhamos por essa via.

Repare nas resoluções que saíram da Conferência ou Acordo de Paris? De certeza que as resoluções que sairão da COP 26 (26.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climática, a realizar entre 31 de outubro a 12 de novembro de 2021, em Glasgow) irão apontar nesse sentido. Aliás, não há outro caminho.

A descarbonização irá trazer uma transformação enorme, não só para a indústria das viagens e turismo, mas para tudo: transportes, produção alimentar, mobilidade, energia, etc..

Natureza Fotos de banco de imagens por Vecteezy
Com a pandemia veio, também, uma máxima que é “repensar o turismo”. O que é que isto quer dizer na verdade?
Não estou a falar de repensar, estou a falar de transformar. Nós não temos de repensar o turismo. Temos de transformar o turismo. São duas coisas completamente diferentes e com resultados e impactos diferentes. Trata-se de transformar a forma como produzimos, de distribuição, comercialização, marketing. Estou a falar de toda a cadeia de valor.

Depois temos a questão laboral. Estamos perante um setor ou uma indústria que deixou de ser, do ponto de vista profissional e de quem trabalha nela, tão promissora como outros setores. Temos de ter mais skills, mais pessoas a ficar na indústria e não pessoas a trabalhar na indústria de forma sazonal.

Agora, utilizando o termo repensar, transformar, evoluir, o objetivo terá de ser sempre o mesmo: ter pessoas a viajar!

Precisamos que as pessoas viajem, porque se não viajarem ou não tiverem possibilidades de e para viajar, falhamos.

 

“Estamos perante um setor ou uma indústria que deixou de ser, do ponto de vista profissional e de quem trabalha nela, tão promissora como outros setores”

 

Mas apontou um fator fundamental: as pessoas. Não as pessoas que viajam, mas as pessoas que trabalham na indústria do turismo e viagens. Durante este período da pandemia, milhões saíram, foram despedidas, não quiseram mais manter-se neste setor por não ser promissor, como disse, ou porque, entretanto, descobriram outros empregos mais atrativos. Será que quem saiu voltará ou será preciso (re)pensar em formar novas pessoas e de forma diferente?
Certamente. As condições de trabalho dadas pela indústria das viagens e turismo terão de ser, claramente, diferentes e melhoradas, porque todos sabemos que se trata de um trabalho duro para um rendimento muito baixo. E, na maioria dos casos, nem se trata de emprego estável, é sazonal. Por isso, também aqui teremos de ter mais e melhor sustentabilidade.

Outra questão que terá de ser analisada é a existência de planos de carreira para quem pretenda entrar neste universo. Teremos de repensar, ou melhor, transformar esta questão, de modo a chamar pessoas para esta indústria, mas dando-lhe, à partida, um plano de carreira, algo que possam seguir e com futuro.

Mas há ainda outro pormenor a ter de ser pensado: como integrar a comunidade local, a população local? Em certos e determinados países, sabemos que são os nacionais a gerir o negócio, mas há regiões onde são pessoas de outros países que fazem esta gestão. Portanto, vamos deixar que pessoas de outros países, de outras nacionalidades façam a gestão da indústria no nosso país, na nossa região, na nossa localidade? Hoje em dia, esta questão além de não ser justa, já não é aceite.

Quando referimos que a população local não aceita o turismo, não se trata somente do turista, mas de todas as pessoas que vêm de fora, sem trazer qualquer benefício para a população local. Não há um reflexo no rendimento das pessoas locais.

Portanto, neste ponto, falamos em sustentabilidade, mas laboral, social?
Sim, é outra forma de sustentabilidade. Quando falamos de sustentabilidade, falamos de sustentabilidade como um todo. Essa sustentabilidade laboral é essencial para a comunidade e, muitas vezes, o facto de se trazer pessoas de fora é vista de forma negativa e é rejeitada.

As questões relacionadas com a inclusão, a importância das mulheres na e para a indústria, tudo isso traz outras e novas perspetivas sobre e para a indústria que devem ser aproveitadas.

Sabe, o que me impressionou quando estávamos a organizar este evento, foi o facto de nunca antes termos vivido uma situação como esta, com tantas mudanças a acontecerem em tão pouco tempo.

Portanto, esta também é uma questão fundamental: como reagir rapidamente e sem fazer colapsar a questão económica e financeira não só da indústria, mas globalmente.

Mas quem julga que vai repensar, mudar, transformar-se mais rapidamente: a indústria ou o turista/viajante?
Ou os governos ou as ONG? Mas as ONG, por vezes, querem transformações demasiado rápidas e os governos querem e anunciam transformações, mas são demasiado lentos.

Sinceramente, não lhe consigo dar uma resposta. O que penso é que não quereremos que uma parte avance demasiado rápido em relação a outra. Ou seja, o avanço, as transformações terão de acontecer de forma harmoniosa, paralela. De que nos servirá se um setor ou uma indústria avance muito rapidamente, se depois não é acompanhada por todas as outras?

Se as companhias aéreas conseguirem oferecer uma solução mais amiga do ambiente, com menos emissões de carbono e todas as outras componentes da indústria das viagens e turismo não fizerem o mesmo esforço, não resultará.

O mesmo acontece com a hotelaria, com a restauração, com as agências, a distribuição, os cruzeiros. Se um avançar sem o outro ou outros, muito dificilmente teremos impactos positivos.

A população mais jovem julga, neste momento, que não estamos a dar as repostas certas no tempo certo e ao nível do que esperam.

Repare, o modelo de negócio que gere esta indústria desde o início, ou seja, há décadas, assenta no seguinte: diminuir custos para diminuir preços. Para ter preços mais baixos, naturalmente, que terá de “industrializar” os processos e ter as pessoas ao mesmo tempo no mesmo local. Este não será o padrão do modelo de negócios do turismo e das viagens para e no futuro.

Mas, em sua opinião, todas as regiões conseguirão efetuar esta transformação ao mesmo tempo?
Não. Penso que a responsabilidade dos países desenvolvidos é maior. Os outros, os menos desenvolvidos, terá, naturalmente, que avançar, mas não possuem a capacidade dos países mais desenvolvidos.

Sabe, metade do mercado do turismo “inbound” e “outbound” está na Europa. Se a Europa não mudar, quem somos nós para exigir mudanças aos outros?

Ou seja, esta transformação terá de ser liderada pela Europa e pela América do Norte?
Sim, terá de ser liderada pelos grandes. E não nos podemos esquecer que um dos maiores, atualmente, é a China.

Mas os grandes têm a obrigação de vigiar os mais pequenos e ajudá-los.

 

“As condições de trabalho dadas pela indústria das viagens e turismo terão de ser, claramente, diferentes e melhoradas, porque todos sabemos que se trata de um trabalho duro para um rendimento muito baixo”

 

Mas na indústria, quem está à frente dos grandes grupos nos mais diversos segmentos e empresas, consegue ver e tomar decisões que impactem o futuro a 20 ou 25 anos?
Sabe, tudo muda. Por exemplo, os fundos de investimento querem mudanças. Até porque, na maior parte o investimento não é feito a curto prazo, mas sim a médio e longo prazo, a 15, 20 ou mais anos. Ou seja, muitas vezes, esses investimentos têm um timing muito maior do que certos CEO que estão nos respetivos lugares.

Tenho falado com alguns ‘stakeholders’ destes fundos e o que eles me dizem é que querem saber o que está a acontecer, de modo a não cometer erros nos investimentos que fazem.

Isto deixa-me um pouco mais confortável e se conseguirmos antever que o mundo muda, as pessoas mudam, as exigências, a procura e a oferta mudam, então, estes fundos serão mais exigentes.

Por isso, volto a dizer, nós precisamos de todos, dos que pensam, dos que agem, que legislam, que regulam e, naturalmente, dos que consomem.

No final do evento vão apresentar um plano de ação com compromissos que todos deverão seguir. Esse plano já está fechado ou será discutido em Évora?
Não, não está fechado e será alvo de debate e discussão em Évora. Mas para conhecer esses compromissos terá de ir a Évora [risos].

Já falámos de sustentabilidade, na urgência de repensar ou transformar a forma como se viaja e se faz turismo. Contudo, há quem refira que a indústria das viagens e turismo também terá de mudar sob influência da digitalização. Já disse que a indústria do MICE será diferente no futuro, fruto desta maior vertente tecnológica. Portanto, que impacto terá a digitalização na indústria?
Terá uma influência enorme. Porquê? Se quisermos diminuir o desperdício, os dados ajudarão as pessoas a produzir, viajar, viver de forma mais sustentável.

Já temos os “smart destinations”, as “smart cities”. Por isso, isto será, com toda a certeza, uma forma de integrar a tecnologia na produção. E o que é mais importante é que conseguiremos “guiar” e tomar decisões ao mesmo tempo que o consumidor está a consumir. Ou seja, produzir à medida e não produzir para desperdiçar.

Também sabemos que este será um mercado cada vez mais B2C e menos B2B, que as plataformas vieram preencher e assumir um papel relevante. Temos as Airbnb, as Bookings, a própria Google e outras que estão a fazer parte desta mudança.

Veja o que aconteceu à Thomas Cook. E porquê? Porque não mudou, não se transformou.

Portanto, respondendo à sua pergunta, sim, a tecnologia tem e terá um grande impacto.

Além disso, a tecnologia ou a digitalização traz maior transparência. Ou seja, o consumidor sabe, na hora, o efeito do que está a fazer, do que pretende, do que planeia. E essa medição pode levar a mudanças, a transferências, já que poderá estar a ver que o impacto que poderá vir a ter não é do seu interesse, não só para o destino como também pessoalmente.

A importância da tecnologia e da digitalização está, aliás, espelhada no evento com uma sessão dedicada ao tema: “Better Than Good Enough Technology”

E o que se seguirá ao evento de Évora? O “A World for Travel” não se esgotará neste evento, certo?
Depois deste evento, haverá, com toda a certeza, um evento em 2022.

E onde será esse evento em 2022?
Se conseguíssemos ficar em Évora seria simpático.

Quer dizer que ainda não está decidido?
Não, isso dependerá dos nossos parceiros. Mas seria simpático continuar em Évora.

Mas entre esses dois eventos, iremos analisar e verificar o que os diversos ‘stakeholders’ irão fazer relativamente aos compromissos assumidos em Évora.

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Marina de Vilamoura International Boat Show apresenta 27ª edição na Nauticampo

Para o evento é esperada a presença de mais de 50 marcas das várias áreas do setor e cerca de 80 mil visitantes.

A 27ª edição do Marina de Vilamoura International Boat Show vai ser apresentada durante a Nauticampo – Salão Internacional de Navegação de Recreio, Desporto Aventura, Caravanismo e Piscinas, que este ano decorre entre 17 e 21 de abril na FIL – Feira Internacional de Lisboa.

O Marina de Vilamoura International Boat Show surge da organização conjunta da Marina de Vilamoura e da FIL – Feira Internacional de Lisboa, constituindo-se como um “ponto de encontro dos principais players da indústria náutica”, como referido em nota de imprensa. Desta forma, o evento constitui “uma oportunidade para dar a conhecer os principais lançamentos e novidades do setor, permitindo experienciar e testar os equipamentos”.

Integrada nas comemorações dos 50 anos da Marina de Vilamoura, a 27ª edição do International Boat Show reúne todas as tipologias de barcos, novos e seminovos (brokerage), num total de mais de uma centena de embarcações. Junta também fabricantes, representantes de marcas de acessórios, equipamentos e serviços integrados.

À semelhança dos anos anteriores, é esperada a presença de mais de 50 marcas das várias áreas do setor e cerca de 80 mil visitantes.

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Real Madrid World abre portas no Dubai

O parque temático inserido no Dubai Parks™ and Resorts conta com mais de 40 experiências e atrações, entre elas a primeira montanha-russa de madeira da região e a montanha-russa mais alta do mundo.

O Real Madrid World abriu portas no Dubai a 9 de abril, naquele que é o primeiro parque temático dedicado ao clube madrileno.

Instalado no Dubai Parks™ and Resorts, o novo parque celebra o futebol e o basquetebol do Real Madrid, com mais de 40 experiências e atrações. Aqui é possível visitar os balneários dos jogadores do Real Madrid e explorar o santuário que guarda os troféus vencedores do clube, além de várias atrações e espetáculos de entretenimento.

Este parque temático inclui também a primeira montanha-russa de madeira da região, a “Hala Madrid Coaster”, que encapsula as emoções da jornada do Real Madrid com as Taças Europeias. De destacar também a Stars Flyer, que com 460 pés de altura, é considerada “a montanha-russa mais alta do mundo”, como referido em nota de imprensa.

Os adeptos podem ainda explorar uma coleção de produtos oficiais e de merchandising do clube no Real Madrid World, onde são convidados a personalizar as camisolas do clube e outros objetos colecionáveis.

Composto por três zonas principais – Avenida dos Campeões, Praça da Celebração e Avenida das Estrelas – o Real Madrid World está aberto de domingo a quinta-feira, das 12h00 às 21h00. De sexta-feira a sábado, o parque abre às 12h00 e encerra às 22h00.

As atrações do Real Madrid World

As 40 atrações do parque incluem a White Hearts, uma exposição que celebra o passado, presente e futuro do clube, bem como a Bernabéu Experience, uma “interpretação teatral que oferece aos adeptos acesso exclusivo ao balneário, ao centro do campo e a um santuário que guarda as 14 Taças Europeias de futebol e as 11 Taças Europeias de basquetebol”.

A pensar nas famílias, o parque conta com a montanha-russa familiar Wave – La Ola e com o Campo de Treino La Fábrica, constituído por um parque infantil para visitantes de todas as idades, com bolas de futebol e equipamento de treino miniatura para as crianças praticarem a modalidade.

O Real Madrid World conta ainda com a atração “Mãos ao Alto!”, uma torre que convida os hóspedes a erguer a Taça da Vitória junto com a equipa.

Créditos: Real Madrid World

O parque disponibiliza também campos de treino e programas de futebol, onde os hóspedes com idade igual ou superior a seis anos são convidados a participar numa experiência que combina aprendizagem, trabalho de equipa e diversão, começando com uma sessão de aquecimento, seguida pela aprendizagem de alguns truques básicos, terminando com a participação num pequeno jogo baseado em equipas para mostrar as suas habilidades.

Além de espaços de alimentação, como o Hala Madrid Restaurant, o Real Madrid World oferece ainda mais de 15 conjuntos diários de espetáculos.

O passe diário para visitar o Real Madrid World está disponível online ou na entrada por 295 dirhams (AED), ou seja, cerca de 75 euros.

Leia também: Turismo do Dubai aposta no crescimento do mercado português

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Mercan adquire o Hotel Califórnia Urban Beach em Albufeira

O grupo hoteleiro investiu mais de 13 milhões de euros nesta unidade hoteleira, num valor onde já estão incluídas as obras de reabilitação do edifício. Sob gestão da AHM – Ace Hospitality Management, o Hotel Califórnia Urban Beach conta com 31 postos de trabalho.

O grupo Mercan adquiriu o Hotel Califórnia Urban Beach, localizado na Praia dos Pescadores, em Albufeira, atribuindo a sua gestão à AHM – Ace Hospitality Management, empresa pertencente ao mesmo grupo.

O Hotel Califórnia Urban Beach já está a operar sob a gestão da AHM desde o início de abril, sendo que a aquisição da unidade hoteleira foi concretizada pelo grupo Mercan no final de dezembro de 2023. Em nota de imprensa o grupo explica que, apesar da data de aquisição, “só agora, com a conclusão do período de transição, o hotel da Praia dos Pescadores passa a ser oficialmente gerido pela Mercan”.

O grupo investiu mais de 13 milhões de euros nesta unidade hoteleira, num valor que inclui as obras de requalificação do edifício. Para este hotel, que inclui piscina exterior com vista para a cidade de Albufeira, além de um spa com piscina interior aquecida, circuito de águas e serviço de massagens e tratamentos de beleza, o grupo Mercan afirma ter criado 31 postos de trabalho.

Em comunicado, o grupo refere que este investimento “reforça a confiança do grupo no potencial hoteleiro da região do Algarve”, onde já detém em desenvolvimento o Hotel Indigo Faro Ribeirinha; o Lagos Marina Hotel, Curio Collection by Hilton; o Hilton Garden Inn Lagos; o Marriott Lagos e o Hard Rock Hotel Algarve, localizado em Portimão, cuja abertura está prevista para 2026.

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Francisco Calheiros: “Cá estaremos para dar voz a todos os ramos do turismo representados na CTP”

Na tomada de posse dos órgãos sociais da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) para o mandato de 2024-2027, que teve lugar esta terça-feira na Sociedade de Geografia de Lisboa, Francisco Calheiros, presidente desta confederação, afirmou que apesar de estarem “cientes dos desafios”, vão continuar “a dar voz a todos os ramos do turismo representados na CTP com vista à defesa dos seus interesses”.

Carla Nunes

Apontando que “o país e o turismo enfrentam atualmente vários desafios internos”, nomeadamente “a decisão sobre o novo aeroporto, a privatização da TAP, a execução do PRR e questões fiscais e laborais”, aos quais acrescem a instabilidade a nível internacional, o presidente da CTP afirma que “é muito difícil fazer previsões de curto ou médio prazo, muito menos a longo prazo”.

No entanto, mostra-se seguro ao afirmar que “o turismo é valor” e que “mesmo enfrentando todas as incertezas, resiste como um dos setores que mais contribui para o país, seja através dos impostos que paga, do emprego que gera e do investimento que realiza”.

Indicando que a confederação “não representa apenas os interesses empresariais do turismo”, assumindo também “uma importância muito relevante na sociedade civil”, Francisco Calheiros afinca que a CTP continuará a “influenciar decisões estratégicas para o turismo, através de compromissos, de consensos sociais e institucionais”. No entanto, deixa um aviso: “Não contarão connosco para facilitismos”.

“Vamos continuar, neste mandato, a tudo fazer para influenciar decisões que permitam a construção de legislação mais adequada ao estabelecimento de políticas públicas cada vez mais eficientes, mais amigas do investimento e da iniciativa privada, mais propiciadoras da geração de riqueza e do fortalecimento do tecido empresarial da atividade económica do turismo”, declarou.

CTP define 11 eixos estratégicos para 2024-2027

Para o efeito, Francisco Calheiros refere que a CTP definiu “11 eixos estratégicos” de atuação, nomeadamente: crescimento, dimensão e internacionalização das empresas; transportes, com acessibilidades aeroportuárias e ferroviárias, além da privatização da TAP; promoção turística externa; fiscalidade e custos de contexto; reforma do Estado; concertação social, capital humano e sua qualificação; transformação digital; fundos comunitários, como o PRR e o PT2030; sustentabilidade ambiental; reforço do papel do associativismo do turismo e demografia.

Apesar de afirmar que todos estes eixos são importantes, o presidente da CTP destaca “o tema dos transportes, com a necessidade imperiosa de um novo aeroporto”, através de “uma decisão que tenha em conta o curto, o médio e o longo prazo”.

Refere ainda que Portugal e o turismo necessitam de “uma reforma do Estado, para que se torne mais ágil, menos burocrático e que olhe mais para as empresas” – que, acrescenta, “necessitam de pagar menos impostos e ter menos custos de contexto, assim como é necessário redefinir os apoios à internacionalização e o reforço da promoção externa do país”.

Numa nota final, Francisco Calheiros afirma que “estes são temas bem conhecidos” dos atuais ministro da Economia, Pedro Reis e do Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, que acredita que vão “delinear as políticas públicas necessárias, já que conhecem a atividade turística, os seus problemas e desafios”.

O tempo “da decisão, da execução e da implementação”

Na sua primeira intervenção pública enquanto ministro da Economia, Pedro Reis afirmou na tomada de posse da CTP que “este é o tempo da decisão, da execução, da implementação”.

No seu entender, “o desafio do país e deste Governo é a execução”, apontando que “a economia portuguesa tem desafios interessantes e oportunidades estratégicas”, como “a internacionalização, a inovação, a capitalização, o talento, o ganho de escala, produtividade e competitividade”. Neste contexto, Pedro Reis considera o turismo “como um setor estratégico” para a economia, referindo a sua “capacidade de desmultiplicação noutros setores”.

“Não sou dos que acha que temos demasiado turismo. O desafio, sim, é termos mais indústria, mais comércio e serviços, e mais agricultura e agroindústria. E verão que, se o conseguirmos, diluímos virtuosamente a nossa economia em mais setores estratégicos. Para isso precisamos de uma visão integrada e articulada da economia”, termina.

O local escolhido para a tomada de posse dos órgãos sociais da CTP para o mandato de 2024-2027, na Sociedade de Geografia de Lisboa, teve em conta o facto de ter sido aí que se realizou 1.º Congresso Nacional de Turismo, em 1936, além do 4.º Congresso Internacional de Turismo, em 1911, como referiu Francisco Calheiros.

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Hotelaria

Hoteleiros questionam aumento da taxa turística em Lisboa e pedem “transparência” na relação com o Turismo

Após a Câmara Municipal de Lisboa dar conta da pretensão de duplicar a taxa turística de 2 para 4 euros, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) mostra-se “preocupada” relativamente a uma decisão que descreve ter sido tomada “sem fundamentação e uma análise aprofundada, particularmente à luz das ações anteriores do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa (FDTL)”.

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Em nota de imprensa, a AHP afirma que reuniu a 4 de abril com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa e os participantes do FDTL, onde declara ter manifestado “a necessidade de que sejam divulgados os projetos e iniciativas apoiadas pelo fundo, exclusivamente constituído pelas receitas provenientes das taxas turísticas cobradas pelos estabelecimentos hoteleiros e pelas plataformas de alojamento local”.

No mesmo documento, a associação considera que é necessária uma atualização de um estudo realizado em 2019 sobre a perceção e os impactos da atividade turística em Lisboa: “Ao tempo, era extremamente positiva e, agora, parece ser a razão para a duplicação da taxa”, refere a AHP em comunicado.

A AHP recorda que, desde 2016, o este fundo acumulou cerca de 170 milhões de euros, direcionados para o investimento em infraestruturas turístico/culturais, além de programas de dinamização da procura, onde se incluem o apoio a congressos e eventos culturais, e o financiamento da higiene e limpeza urbana da cidade de Lisboa.

Dá como exemplos o financiamento de: 50% do Museu das Jóias da Coroa no Palácio da Ajuda; um terço do projeto do Museu Judaico; 80% do novo Cais de Lisboa e Estação Sul/Sueste; do “Pilar 7” da Ponte 25 de Abril, incluindo o viaduto pedonal e ciclável; a melhoria da experiência turística em Belém e a sinalética do Eixo Central. Refere ainda que este fundo cobriu “integralmente” as taxas da WebSummit e, ainda, todas as despesas com a sua realização, que caberiam à Câmara Municipal Lisboa. Acresce a utilização do fundo nos programas de dinamização da procura, em que se inclui o Eurofestival da Canção e a Jornada Mundial da Juventude, e a contribuição anual, de 7,6 milhões de euros, para o reforço da higiene e limpeza urbana. Como a AHP refere, “há inclusivamente freguesias, como Santa Maria Maior, Santo António ou Arroios, cujo orçamento anual já provém 10% a 15% da receita da taxa turística”.

No entanto, a associação sublinha que, dos 170 milhões de euros, estão apenas consumidos 95 milhões de euros, no período entre 2016 e 2023. Frisa ainda que “a falta de divulgação dos apoios é notória”.

Por essa razão, a AHP aponta para a “importância da transparência na utilização dos fundos turísticos provenientes da cobrança de taxas” e apela à “sua divulgação eficaz”.

“Para a AHP, é essencial que os lisboetas estejam cientes dessas iniciativas, dos recursos investidos e do retorno que o turismo tem para a cidade e para o país. Antes de se pensar em aumentar a taxa que é cobrada também aos portugueses que se alojam em empreendimentos turísticos em Lisboa, se pondere o porquê do aumento e onde é que vão ser consumidos esses novos recursos”, refere a associação.

Bernardo Trindade, presidente da AHP, afirma que “a medida unilateral e extemporânea de aumentar a taxa antes de cumpridos os pressupostos acordados é, sem dúvida, precipitada e interrompe uma relação de confiança com o setor turístico, apesar de se dizer o contrário”.

“Para além deste possível aumento, a Câmara Municipal de Lisboa está em falta com o setor turístico há vários anos. Após o aumento da taxa de 1 para 2 euros, o compromisso incluía a construção de um centro de congressos. Não estando em causa o esforço feito para identificar uma localização, o facto é que o Centro de Congressos não foi construído, ainda que a receita tenha sido cobrada. Não negamos as externalidades negativas do turismo na cidade, mas exatamente por isso vemos que estão a ser compensadas pela taxa turística. De resto, estão ainda no FDTL 60 milhões de euros para investir na cidade, em benefício de todos, residentes e visitantes. É, por isso, fundamental que este dinheiro, cobrado pelos hoteleiros da cidade de Lisboa e entregue nos cofres da câmara, não seja usado em despesas correntes, mas antes para o desenvolvimento sustentável do Turismo na cidade. É também importante saber os fins a que se destina o aumento”, conclui o responsável.

Numa nota final, a AHP mostra-se “comprometida em trabalhar em conjunto com as demais entidades que gerem o Fundo de Desenvolvimento Turístico, bem como com a Câmara Municipal de Lisboa, para garantir que as decisões tomadas em relação ao turismo da cidade sejam justas, transparentes e em benefício de todos”.

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Marriott International acrescenta 100 hotéis e 12.000 quartos ao portfólio europeu até 2026

A Marriott prevê juntar mais 100 hotéis e 12.000 quartos às já existentes 800 unidades, cerca de 150.000 quartos, 25 marcas em 47 países, na Europa até finais de 2026.

Victor Jorge

Foi no International Hospitality Investment Forum, em Berlim (Alemanha), que a Marriott International anunciou planos para adicionar cerca de 100 hotéis e mais de 12.000 quartos ao seu portfólio na Europa através de conversões de hotéis e projectos de reutilização adaptativa, até ao final de 2026. Os hotéis previstos representam mais de 40% do pipeline de desenvolvimento europeu que a empresa deverá abrir durante esse período.

Recorde-se que a Marriott International já possui mais de 800 propriedades com cerca de 150.000 quartos, 25 marcas em 47 países e territórios europeus.

“Continuamos a assistir a um crescimento significativo em toda a Europa através de oportunidades de conversão e de reutilização adaptativa, reforçando a confiança que os nossos proprietários e franchisados têm na Marriott International, uma vez que procuram reposicionar activos e maximizar os retornos”, afirmou Satya Anand, presidente, Europa, Médio Oriente e África, Marriott International.

O mesmo adiantou ainda que “as conversões oferecem aos proprietários e franchisados a oportunidade de tirar partido das nossas marcas bem estabelecidas, dos custos de afiliação competitivos, dos motores de criação de receitas da empresa e do Marriott Bonvoy – o nosso premiado programa de viagens com mais de 200 milhões de membros”.

A Marriott está a assistir a um “impulso na conversão de hotéis e em projectos de reutilização adaptativa” em países como Itália, Reino Unido, Espanha e Turquia, e em todos os segmentos de marca.

A nova marca midscale da Marriott – Four Points Express by Sheraton – estimulou oportunidades de conversão na região desde seu lançamento em 2023, tendo a Marriott lançado a marca em resposta à crescente procura dos consumidores por alojamento fiável e acessível na Europa, Médio Oriente e África.

No segmento selecionado, os hotéis Moxy, AC Hotels by Marriott, Four Points by Sheraton e Residence Inn by Marriott representam mais de 25% dos acréscimos previstos pela empresa através de projectos de conversão e reutilização adaptativa na Europa até ao final de 2026. No segmento premium, o Tribute Portfolio e a Autograph Collection representam mais de 20% das adições previstas na Europa durante o mesmo período.

A empresa também está a assistir a um aumento nas oportunidades de conversão e reutilização adaptativa no segmento de luxo na Europa, com The Luxury Collection, W Hotels, The Ritz-Carlton e St. Regis Hotels & Resorts a representarem mais de 10% das adições previstas na região até ao final de 2026.

“Estamos a assistir a um interesse significativo por parte de hoteleiros independentes, promotores e investidores que procuram tirar partido da eficiência e das vantagens de renovar e mudar a marca de hotéis e propriedades existentes”, concluiu Jerome Briet, Chief Development Officer, Europa, Médio Oriente e África, Marriott International.

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Lufthansa revê resultados para 2024 em baixa

O Grupo Lufthansa reduziu a sua previsão de lucros para o ano 2024 em quase 500 milhões de euros após o primeiro trimestre de 2024, explicando que as várias greves dos trabalhadores da própria empresa e parceiros levaram a um resultado significativamente mais fraco.

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Numa base preliminar, o Grupo Lufthansa registou uma perda de EBIT ajustado de 849 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, quando em período homólogo esse resultados foi negativo em 273 milhões de euros).

O prejuízo foi maior do que o esperado devido a várias greves, tanto de diferentes grupos de funcionários dentro do Grupo como de funcionários de parceiros, que impactaram os ganhos em cerca de 350 milhões de euros. O fluxo de caixa livre ajustado do Grupo foi positivo em 305 milhões de euros, principalmente devido à continuação do elevado rendimento dos pagamentos antecipados de bilhetes.

Assim, o Grupo prevê que o resultado operacional do segundo trimestre seja inferior ao do ano anterior.

Para o exercício de 2024, o grupo germânico prevê agora que o EBIT ajustado seja de cerca de 2,2 mil milhões de euros, em comparação com 2.682 milhões de euros no ano anterior.

“Os efeitos ainda imprevisíveis da recente escalada do conflito no Médio Oriente e outras incertezas geopolíticas colocam em risco as perspectivas para o ano inteiro do Grupo”, referem os responsáveis alemães em comunicado.

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CoStar: Pipeline hoteleiro regista trajetória ascendente no continente americano

O CoStar Group dá conta de que, à data de março deste ano, estão planeados 378,628 quartos no continente americano, mais 36% face ao período homólogo. Os Estados Unidos da América (EUA) contabilizam a maior parte dos quartos em construção no continente, seguidos pelo México, Canadá e Brasil.

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O continente americano é a única região do mundo que apresenta um aumento homólogo da atividade de pipeline hoteleiro no final do primeiro trimestre de 2024, de acordo com os dados de março de 2024 do CoStar Group.

Segundo a empresa, no continente americano estão em construção 205.998 quartos de hotel à data de março de 2024, mais 4,1% do que o verificado em março do ano passado. No planeamento final estão contabilizados 296.374 quartos, mais 6,8% do que no período homólogo, sendo que estão planeados um total de 378,628 quartos, mais 36% do que no mesmo período do ano passado.

Os Estados Unidos da América (EUA) contabilizam a maior parte dos quartos em construção no continente americano, com 156.525 quartos, seguidos pelo México (13.335 quartos), Canadá (7.603 quartos) e Brasil (5.799 quartos). No total, este continente tem sob contrato 881 mil quartos, mais 16,9% em relação ao período homólogo.

Já na Europa, à data de março de 2024, estavam em construção 172.499 quartos hoteleiros, menos 6,8% em relação a março do ano passado. Encontravam-se em planeamento final 99.744 quartos, menos 25,3% face ao período homólogo, estando planeados 160.404 quartos, mais 5,1% quando comparado com o mesmo período de 2023.

Dentro do continente europeu, a Alemanha lidera a atividade de construção neste segmento, com 28.500 quartos de hotel em construção, seguida pelo Reino Unido, com 28.423 quartos. De acordo com os dados da CoStar, a Europa tem sob contrato 432.647 quartos, menos 8,8% do que em março de 2023.

China lidera pipeline na região Ásia-Pacífico

Na região Ásia-Pacífico, e até março de 2024, encontravam-se em construção 502.610 quartos de hotel, mais 5,6% do que no período homólogo, estando em fase final de planeamento 109.926 quartos, mais 5,6% face ao mesmo período de 2023. No total estão planeados 289.041 quartos para esta região, menos 11% do que em março de 2023.

A China lidera dentro da região Ásia-Pacífico no total de quartos de hotel em construção, com 315.145 quartos, seguida pelo Vietname, com 37.113 quartos. No total, a região Ásia-Pacífico tem sob contrato 901.577 quartos, menos 0,4% face ao período homólogo.

Por fim, na região do Médio-Oriente e África, a CoStar dá conta de que, à data de março de 2024, encontravam-se em construção 110.783 quartos de hotel, menos 7,3% face ao período homólogo, estando em planeamento final 36.173 quartos, menos 20,9% em relação a março de 2023. Ao todo, estão planeados para esta região 81.316 quartos, menos 3,3% do que no mesmo período do ano passado.

No caso da região do Médio-Oriente e África, a atividade de pipeline hoteleira está focada maioritariamente na Arábia Saudita, com 42.464 quartos em construção, e nos Emirados Árabes Unidos, com 19.046 quartos em construção. No total, estão planeados para esta região 228.272 quartos, menos 8,5% em relação a março de 2023.

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Depois dos hotéis, grupo Vila Galé também aposta na produção de vinho e azeite no Brasil

Com inauguração prevista para abril de 2025, o novo Vila Galé Collection Ouro Preto, em Cachoeira do Campo (Brasil), contará com a vinha e olival como protagonistas.

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Com um vasto historial de produção de vinhos e azeites no Alentejo, o grupo Vila Galé prepara-se para testar a produção de vinho e azeite, em Ouro Preto, no estado brasileiro de Minas Gerais.

O grupo vai plantar vinha e olival na propriedade onde inaugurará, em abril de 2025, o Vila Galé Collection Ouro Preto, em Cachoeira do Campo, que será o primeiro hotel em Minas Gerais. , com inauguração prevista para abril de 2025.

Jorge Rebelo de Almeida, fundador e presidente da Vila Galé, refere que “o projeto do novo hotel evoluiu desde a conceção inicial. Identificámos um grande potencial no terreno. Agora, contaremos com 308 quartos, uma sala de convenções para 700 pessoas, atividades de enoturismo, um lago e diversas outras atrações para toda a família. Ao considerar o clima de Cachoeira do Campo, reconhecemos o potencial para a produção de vinhos e azeites, assim como fazemos em Portugal.

Quanto ao projeto vinícola em Ouro Preto, a enóloga Marta Maia, diz-se “entusiasmada por ter a oportunidade de trabalhar em terras mineiras. Temos estudado e analisado todas as possibilidades para garantir o sucesso do empreendimento, pois a viticultura aqui difere consideravelmente da nossa em Portugal. No entanto, a nossa expectativa máxima é, dentro de alguns anos brindar com um vinho produzido em Minas Gerais, com o selo de qualidade da Vila Galé”.

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Novo MSC World America navega a partir de abril de 2025 com sete distritos distintos

O novo navio da MSC Cruzeiros navegará a partir do porto de embarque de Miami, Flórida (EUA), a partir de abril de 2025, com itinerários já disponíveis para reserva e contará com com sete distritos distintos.

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O MSC World America, novo navio da companhia MSC Cruzeiros, contará com sete distritos distintos, cada um reunindo uma gama de experiências personalizadas, combinando bares, restaurantes, instalações de entretenimento e lazer.

O navio será inaugurado em abril de 2025 e a MSC revela, em comunicado, que cada um dos sete distritos possui “a sua própria atmosfera, instalações e experiências, concebidas para melhorar a experiência a bordo, permitindo que cada passageiro crie umas férias únicas e exclusivas, maximizando o seu tempo a bordo”.

Durante a temporada inaugural, o MSC World America partirá de Miami com itinerários de 7 noites para destinos nas Caraíbas Orientais e Ocidentais, com escalas na Ocean Cay MSC Marine Reserve- a ilha privada da MSC Cruzeiros nas Bahamas.

Os sete distritos do MSC World America são: MSC Yacht Club, Family Aventura, Aqua Deck, Zen Area, Galleria, The Terraces e Promenade

O MSC World America foi cuidadosamente concebido para ajudar a reduzir o seu impacto no meio ambiente. O navio funciona com LNG, um combustível de baixas emissões e está pronto para fontes de energia renováveis. A ligação de energia em terra, quando disponível, reduz as emissões, pois os motores podem ser desligados no porto. A tecnologia inteligente é utilizada em todo o navio para garantir que os passageiros possam viajar com conforto, mantendo baixo o consumo de energia e água, sendo que até as hélices foram concebidas para minimizar o ruído e não perturbar a vida marinha durante a navegação.

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