“Temos de ajudar o turismo do nosso país a recuperar depois do duro golpe dos últimos 14 meses”
Em entrevista ao Publituris, Pedro Braga, diretor-geral Adjunto da Lisboa Feiras Congressos e Eventos, levanta um pouco do véu do que será e o que esperar da Bolsa de Viagens powered by BTL.
Victor Jorge
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Depois de alguma expectativa relativamente à realização da BTL 2021, a falta de apoio do Governo português, ao contrário do que aconteceu aqui ao lado em Espanha, levou a Fundação AIP a apostar num novo evento. Nasceu, assim, a Bolsa de Viagens powered by BTL, um evento de venda direta ao público, onde, de acordo com Pedro Braga, diretor-geral Adjunto da Lisboa Feiras Congressos e Eventos, “os visitantes poderão comprar as suas férias, os seus fins-de-semana, as suas escapadinhas”. É um regresso ao “Vá para fora cá dentro”.
A Fundação AIP decidiu adiar a BTL 2021 e avançar com uma nova iniciativa: Bolsa de Viagens powered by BTL. Que valor acrescentado traz este evento para o universo do turismo português numa altura que se avizinha a retoma e as perspetivas apontam para um verão melhor que o de 2020?
A Fundação AIP, diretamente, ou através das suas participadas, tem por fim promover, patrocinar e realizar ações que visem o desenvolvimento das atividades das empresas portuguesas, nos domínios associativo, técnico, económico e comercial, contribuindo para o crescimento da economia portuguesa.
Num momento de grande dificuldade para a economia portuguesa em geral e para o setor do turismo em particular, considerámos que era nossa obrigação tudo fazer, no sentido de contribuir para acelerar a retoma do setor através de um evento “especial” que terá particular enfoque no mercado português, na sua oferta turística diversificada e de elevada qualidade e nos “turistas portugueses”.
Nos últimos dias temos tido, felizmente, boas notícias relativamente ao regresso dos turistas internacionais, nomeadamente do Reino Unido, mas este fluxo de turistas, que é sem dúvida, muito positivo para o setor não chega de forma transversal e homogénea a todo o país e será necessário fomentar junto dos portugueses, a necessidade de contribuírem, ativamente, para a retoma do setor do turismo, “fazendo férias cá dentro”.
As empresas do setor precisam que se restabeleça um clima de confiança que permita acelerar o mais possível a retoma e para isso é fundamental que haja sinais claros para o mercado, tanto para operadores do setor como para os potenciais clientes. Da nossa parte estamos a tentar contribuir para esse objetivo.
Mas um novo adiamento da BTL não prejudica o maior evento do turismo em Portugal?
A BTL, enquanto maior evento de promoção do turismo em Portugal, tem tido um crescimento muito assinalável ao longo dos últimos anos, com especial ênfase em 2019, sendo aliás o reflexo do crescimento do setor, no período antes da pandemia. Temos a confiança de que o setor do turismo, globalmente, tem a resiliência necessária para, assim que restabelecidas as normais condições de mercado, poder retomar rapidamente o seu caminho de crescimento, contribuindo para o desenvolvimento de outros segmentos económico, e por reflexo a BTL também retomará o seu caminho de crescimento, quer pelo dinamismo que a carateriza quer pelo efeito induzido dos diferentes subsetores.
Mas era, de todo, impossível realizar a BTL neste ano de 2021?
Este ano tentámos, até ao último momento, esgotar todas as possibilidades para realizar a BTL 2021 porque consideramos que o turismo precisava de um impulso decisivo e que podia beneficiar da realização do evento. No entanto, e depois de auscultar os mais relevantes parceiros do setor público, privado e associativo, concluímos que continuavam a não estar reunidas as condições, nomeadamente de mobilidade internacional, o que é decisivo para ter os “compradores internacionais” presentes no evento, a que acresce o facto de o quadro legal de referência para este tipo de eventos e que permitiria realizar a BTL 2021, pelas circunstâncias que todos conhecemos e compreendemos, só foi implementado muito recentemente – na 1.ª semana de Maio – o que colocou também muitas limitações às empresas e outras instituições, em termos operacionais, comprometendo assim, a possibilidade de poder realizar com o sucesso que todos pretendíamos a BTL 2021.
Porque não sermos turistas no nosso próprio país?
Ao contrário do que aconteceu com a FITUR, aqui ao lado em Espanha, faltou um claro apoio do Governo português, tal como o fez o Governo espanhol, para a realização da BTL?
Em Espanha, pelo que sabemos, não foi só o Governo que se envolveu de forma decisiva para a realização da FITUR, foram igualmente as Regiões Autonómicas, os “Ayuntamientos” e os diferentes parceiros e entidades do setor público, privado e associativo (a CEOE- Confederação Espanhola de Organizações Empresariais e a CCIM – Câmara de Comércio e Indústria de Madrid) que consideraram que era imprescindível realizar a FITUR como veículo de recuperação do destino Espanha e do setor do turismo. O Governo espanhol decidiu aliás atribuir pelo prazo de três anos, o estatuto de “Evento de elevado interesse público” à FITUR, acentuando assim o seu papel de relevante ativo estratégico para a promoção do turismo espanhol.
Na Fundação AIP, tentámos desempenhar um papel agregador em ligação estreita com o movimento associativo, que contribuísse para desenvolver a economia e as empresas. Falámos com todos os parceiros do setor, auscultamos e percebemos todas as suas preocupações e limitações circunstanciais, e não foi possível reunir as condições necessárias para obter um resultado e um envolvimento semelhante ao que aconteceu no país vizinho.
Importa, igualmente, considerar qua a situação da pandemia não evoluiu da mesma forma em todos os países e que Portugal teve um processo de desconfinamento ajustado à defesa da saúde dos cidadãos, mas que não permitiu viabilizar em tempo útil a realização do evento.
De BTL a BdV
Centremos atenções na Bolsa de Viagens powered by BTL? Porquê o “powered by BTL”?
Obviamente porque em termos de “marca” o nome BTL é muito forte e face ao curto espaço de tempo que temos para organizar este evento especial, concluímos, que ao utilizar esta assinatura “powered by BTL” estaríamos a contribuir para uma maior notoriedade da Bolsa de Viagens e, ao mesmo tempo, estamos a dizer ao mercado em particular e aos portugueses em geral que, sendo um evento com características distintas da BTL, é organizado pela mesma equipa e entidade a quem o mercado reconhece capacidade e competência.
Falam de um “modelo especial”. Que modelo é esse?
Num momento reconhecidamente difícil para a economia, para as empresas e para o setor do turismo em particular e para as instituições que manifestaram interesse em estar presentes na Bolsa de Viagens, percebemos que teríamos de disponibilizar soluções “facilitadoras” que permitissem que a presença destas empresas e entidades fosse um processo simples. Assim, desenvolvemos um conceito “chave na mão” em que oferecemos uma solução integrada que permite que se focalizem apenas na venda dos seus produtos e serviços e “realizem tesouraria” que ajude ao relançamento do setor.
A Fundação AIP, neste evento especial, e como forma de apoiar as empresas e o setor do turismo, abdicou da sua tabela de preços de referência para participação neste tipo de eventos e desenvolveu soluções “Cost Effective” que permitem a participação no evento com custos substancialmente mais reduzidos.
Participar na Bolsa de Viagens permitirá às entidades presentes antecipar as suas reservas e assim conseguir uma melhor operacionalização.
Que envolvimento tiveram ou têm tido das várias entidades públicas e privadas do setor do turismo?
Independentemente de não termos a presença institucional de alguns dos parceiros do setor público e associativo, que consideram que neste modelo de evento (venda direta ao consumidor) a sua presença institucional não faz sentido, temos tido a sua colaboração e apoio na divulgação da Bolsa de Viagens junto das empresas e dos associados.
Já no que respeita a muitas das empresas que operam no setor do turismo, tem sido muito gratificante perceber que, apesar das enormes dificuldades com que se debatem, consideram que é tempo de agir e cada um tem de contribuir, na exata medida das suas possibilidades, para restaurar e acelerar um clima de confiança que permita a recuperação do setor o mais rápido possível.
Temos igualmente contado com o apoio e adesão de muitas Câmaras Municipais que, conscientes da necessidade de apoiarem as suas economias locais e as empresas da sua região na recuperação do setor do turismo e na manutenção e criação de postos de trabalho, estão a incluir as empresas e a oferta turística da sua área de influência na sua participação na Bolsa de Viagens.
Contamos ter uma oferta diversificada do setor do turismo que permita satisfazer a elevada procura que contamos ter no evento.
Quantas pessoas vão conseguir ter no evento, quantas são esperadas e que dimensão podemos esperar do evento?
Neste momento temos o Plano de Contingência do Evento submetido à apreciação das entidades de saúde competentes e, mantendo-se vigentes os critérios e regras anteriormente anunciadas, podemos ter até 2.500 pessoas em simultâneo por pavilhão.
A entrada é gratuita, mas sujeita a um pré-registo que nos permitirá gerir fluxos de afluência ao longo dos três dias do evento, contamos atingir uma presença entre os 10.000 e os 12.000 potenciais consumidores.
Vender Portugal aos portugueses
O enfoque está, claramente, no mercado nacional? Este será um evento de “hard-selling”?
É um evento de venda direta ao público, onde os visitantes poderão comprar as suas férias, os seus fins-de-semana, as suas escapadinhas. É destinado ao turismo nacional, embora isso não invalide que não participem destinos internacionais. Estamos abertos a todos os que queiram participar, desde que exista esse focus de venda direta.
Contamos ter uma oferta diversificada do setor do turismo que permita satisfazer a elevada procura que contamos ter no evento.
Este é um evento que leva à letra uma campanha antiga “Vá para fora cá dentro”?
Sem dúvida. Pensamos que é uma “missão” que temos, a de procurar ajudar o turismo do nosso país a recuperar depois do duro golpe dos últimos 14 meses. Portugal tem um potencial turístico excecional e isso é evidente pelas estatísticas, que falam por si. São prémios atrás de prémios, ainda em 2020, Portugal foi distinguido como o Melhor Destino Europeu pelo quarto ano consecutivo pelo World Travel Awards. E uma vez que todos nós estaremos um pouco condicionados na nossa mobilidade, porque não sermos turistas no nosso próprio país? É o mote que queremos transmitir.
Que feedback têm recebido por parte do setor do turismo e dos respetivos atores do mesmo?
Temos recebido um feedback muito positivo, é um setor muito resiliente. É importante antecipar o verão, é o sentimento geral, pois sabe-se que ao fazê-lo estamos a ajudar na retoma do turismo. Participar na Bolsa de Viagens permitirá às entidades presentes antecipar as suas reservas e assim conseguir uma melhor operacionalização.
Os eventos foram um dos setores mais afetados pela pandemia, com muitos a transitar para o digital, outros cancelados e/ou adiados? Acreditam numa retoma dos eventos para algo semelhante ao período pré-pandemia ou este setor, também, terá de se reinventar ou renovar?
Durante a pandemia proliferaram os eventos digitais e híbridos, algo que a Fundação AIP também fez nos eventos que organizou, o Portugal Smart Cities Summit 2020 e o SIL, Tektónica e Intercasa 2020 foram eventos híbridos, e tivemos mesmo um evento totalmente digital – O Portugal Exportador – em novembro de 2020.
Consideramos que a contribuição da parte digital é muito importante e enriquece a parte física, permitindo atingir novos targets e pensamos que, no futuro, alguma da aprendizagem realizada ao longo deste período continuará a ser utilizada quando se regressar à normalidade.
Mas o “core” da Fundação AIP, através da FIL e do CCL, são os eventos e os congressos físicos e híbridos. No caso da FIL, nas feiras, o “face to face” é imprescindível e toda a informação que vamos tendo dos nossos parceiros internacionais coincide no facto de haver um sentimento generalizado que o digital é uma ferramenta importante que nos permite chegar mais longe mas que não substituirá os eventos presenciais.
Já possuem alguma ideia de que tipo de BTL poderemos esperar em 2022?
Certamente, a BTL 2022, será um espelho das alterações que o setor atravessou e continuará a atravessar. Vai ser uma BTL diferente, não do ponto de vista quantitativo, esperamos, mas do ponto de vista qualitativo, para melhor, claro. Será a retoma, o regresso do grande evento de turismo do país, e a expetativa será elevada. O nosso objetivo é corresponder para que, no fim, todos possam dizer, “esta é a BTL que conhecemos e que tão bem representa o setor do turismo”.