Opinião| A conjuntura e os PULSE REPORT

A conjuntura é definida como uma “combinação de factores e circunstâncias”, embora a definição da palavra tenha, também, na própria génese como implícita “oportunidade”, ao que nos dias de hoje se pode acrescentar a palavra “imprevisibilidade”, face à quase paralisia da actividade turistica a nível Mundial.
Nos dias de hoje, e em condições adversas de mercado em que a procura praticamente não existe, a diferença entre o sucesso e o fracasso é na maior parte das vezes medida pela capacidade/incapacidade da tomada de decisões imediadas ou a médio e longo prazo,
Assim sendo, urge monitorizar e aprofundar os conhecimentos dos mercados, detectando oportunidades, identificando necessidades não contempladas no passado, e sobretudo preparando o futuro com mais conhecimento da realidade que temos vindo a viver nos últimos meses.
O tema deste artigo prende-se com o ultimo PULSE REPORT, realizado pela Great Hotels of the Word e a GuestCentric, com o intuito de partilhar, em tempo útil e de forma sistematizada, informação sobre a evolução da conjuntura turística internacional, sentimentos e expectativas dos players da hotelaria Mundial afim de ajudar e apoiar as decisões de negócio da nossa industria, em particular, tendo em vista preparar, da melhor forma, a recuperação do sector, fortemente abalado pela actual pandemia.
O report é anunciado e comentado num evento em direto no Linkedin, organizado com os nossos parceiros da Tech Talk Travel, para o qual são convidados os CEO ou Diretores Gerais de unidades hoteleiras de referência internacional, onde são partilhadas informações e experiências de grande interesse, e que termina com um inquérito a todos os participantes.
Em finais de Dezembro teve lugar a décima edição e os hoteleiros entrevistados, partilharam entre outros tópicos, que o turismo doméstico representou em 2020 quase 50% das reservas comparado com uns meros 20% do ano de 2019.
O inquérito realçou de uma forma bem expressiva a força do canal direto: as reservas diretas ultrapassaram largamente os canais tradicionais, com o consumidor cada vez mais informado, exigente e sofisticado na hora de proceder às suas reservas.
Por outro lado, constatou-se que os hotéis nas grandes cidades foram preteridos pelos resorts e alojamentos com menos restrições fora das grandes urbes.
A nível de receita e tal como esperado, a maioria dos entrevistados confirmou uma acentuada quebra de receita e sem perspectiva de melhorias, enquanto a confiança dos consumidores não retomar, e a situação pandémica não melhorar.
Outra conclusão importante foi o reforço das medidas de limpeza e segurança na hotelaria, que se tornou um dos 3 mais importantes fatores de escolha de uma unidade hoteleira.
Em tempos de incerteza, a troca de informação relevante é de vital importância, a nivel de partilha, de hoteleiros para hoteleiros, tendo em vista uma melhor preparação para uma retoma, que embora lenta, todos desejamos.
O ponto fulcral do planeamento em marketing turístico não pode, nem deve, ser concebido apenas a pensar no imediato; terá que ter SEMPRE subjacente o futuro, daí que esta matéria assuma particular importância no campo do business intelligence.
A participação no Pulse Report é totalmente gratuita, e pode ser feita por qualquer profissional da indústria através do link.
PS – Em tempos de pandemia, não posso deixar de lamentar o falecimento de mais um Amigo e colega que muito, e bem, divulgou o nosso turismo e País no estrangeiro, como Diretor dos Centros de Turismo de Portugal – Nuno Mendes de Almeida – recordando também Carlos Lameiro, António Vieira Pereira, Ruy Alvim, José António Preto da Silva, José Manuel Ramos, Cristiano de Freitas, Manuel Barros, Cardona Dias,Martiniano Laginha e Celestino Domingues.
*Por Armando Calvão Rocha, vice-presidente da The Great Hotels of the World