“Este ano se fecharmos com um EBITDA de zero temos um ano fantástico”
Depois de dois meses com hotéis fechados e faturação zero, o Pestana Hotel Group prepara-se para abrir as primeiras 10 unidades de alojamento.
Carina Monteiro
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Em entrevista à revista Publituris Hotelaria, o CEO do Grupo Pestana, José Theotónio, confessa que a reabertura dos hotéis está a ser um processo mais fácil do que o encerramento, e, só não abrem mais, porque é preciso aguardar a resposta do mercado nacional. Insiste que não há turismo internacional sem aviação e que é preciso olhar com atenção para as companhias aéreas, como já estão a fazer outros destinos. O Grupo Pestana, que fechou 2019 com uma receita de 420 milhões de euros e um EBITDA de cerca de 160 milhões de euros, luta, este ano, para atingir um ‘breakeven’. Dadas as circunstâncias, isso significaria “um ano positivo”.
No próximo dia 5 de junho vão abrir 10 hotéis em Portugal, de um universo de 74 hotéis. Quais os motivos na origem da escolha destes hotéis para abrir?
Uma vez que não há voos, o que podemos testar é o mercado nacional ou, quanto muito, o mercado de fronteira para algumas unidades que têm essa procura. Portanto, as unidades selecionadas são as que têm uma preponderância grande do mercado nacional. Nas Pousadas vamos abrir em Viana do Castelo, Alcácer do Sal, Sagres e na Ria de Aveiro. Estas são geridas por nós. A estas juntaram-se duas Pousadas em ‘franchise’, em Valença e em Bragança, que também quiseram abrir. Nos hotéis, a lógica foi abrir três aparthotéis que vão funcionar em ‘self-catering’, ou seja, com serviços mínimos ao nível do F&B (Pestana Cascais, Pestana Viking e as villas do Pestana D.João II). Para testar um hotel com o serviço tradicional, vamos abrir o hotel mais pequeno que temos no Algarve, o Pestana Alvor South Beach, com 70 quartos. Neste hotel vai fazer-se o serviço tradicional de hotelaria (pequeno-almoço, almoço, jantar e todos os serviços inerentes à hotelaria).
De que fatores dependem a abertura dos restantes hotéis?
Para nós é muito fácil reabrir outras unidades, precisamos de cerca de uma semana a 10 dias. Se houver procura e se houver mercado estamos desejosos de abrir. Não vamos é abrir unidades para ficarem desertas.
Os nossos planos preveem a abertura de outros hotéis no início de julho. Um em Lisboa, em princípio o Pestana Palace, mais um no Algarve (o Pestana Alvor Praia), outro na Madeira, provavelmente o Pestana Carlton Madeira, ter um no Porto, o Pestana Palácio do Freixo, e abrir uma segunda vaga de Pousadas, que incluem Serra da Estrela, mais uma no Alentejo, Estói. Mas este plano vamos confirmá-lo em junho.
No estrangeiro qual a previsão de abertura das vossas unidades?
Há países que estão mais ou menos na fase de Portugal e há outros mais atrasados. Nos países que estão mais avançados, como a Alemanha e Países Baixos, vamos reabrir, em julho, os hotéis em Amesterdão e Berlim. Quer Londres, quer as unidades em Espanha, estão mais atrasadas. Nesses destinos existem mais restrições e com essas restrições é praticamente impossível.
Miami, provavelmente, também deverá abrir em julho. Os outros hotéis na Europa só abrirão depois de agosto e alguns em setembro. No Brasil, também nessa altura.
É possível que algumas unidades em Portugal não voltem a abrir este ano?
De certeza. Temos mercados que são muito sazonais. Por exemplo, Porto Santo e o Algarve, que funcionam geralmente entre abril e outubro. Abril e maio já estão perdidos, junho vamos ver, mas com muita pouca atividade. A partir de setembro e outubro reduz o fluxo turístico. Há muitas unidades que não vão chegar a abrir este ano em destinos como o Algarve, Porto Santo e mesmo no Porto, onde temos quatro unidades, e estamos com duas outras para abrir que só não abriram por causa desta crise. No Porto temos seis unidades. De certeza que até ao final do ano não vamos ter as seis unidades a funcionar. Se abrirmos três, será bom.
E na ilha da Madeira?
A Madeira tem uma grande vantagem. Tem uma época forte também no inverno, a partir de setembro e outubro. Se houver um ganho de confiança na aviação entre meses de julho e setembro, é possível que, enquanto algumas unidades do Algarve estejam a fechar por causa da sazonalidade, estejamos a abrir unidades na Madeira. Tem esta vantagem: funciona o ano inteiro de forma mais ou menos gradual e tem meses muito fortes no próprio inverno. É uma região onde é possível abrir unidades durante o outono/inverno, o que não acontece no Algarve ou em Porto Santo.
Já estão a receber reservas do mercado nacional?
Sim. Estamos a dar prioridade primeiro às pessoas que já tinham reservas connosco e que foram anulando. Outras que não anularam, mas que podem fazê-lo até pouco tempo antes da reserva e que têm reservas em hotéis que não vão abrir. A essas pessoas estamos a dar alternativas para os hotéis que vamos abrir. Até agora a taxa de aceitação tem sido positiva.
Temos também novas reservas, principalmente através do programa que criámos de agradecimento aos profissionais de saúde, que tem tido uma boa receção. Já temos quase uma centena de reservas de pessoal médico, grande parte delas para o mês de junho e para as Pousadas. O mercado começa a mexer. Porque é que não mexe mais? Porque ainda há alguma indefinição quanto à utilização das praias e das piscinas. Isso é fundamental para o Algarve. Sem isso, é muito difícil que as pessoas tenham confiança para começar a marcar.
Veja a entrevista completa aqui.