APAVT: “Retorno ao mercado não é apenas lento, é assimétrico também”
Ao longo deste mês de junho, o presidente da APAVT perspetiva que, de forma “lenta e gradualmente, as agências de viagens, mesmo em layoff parcial, iniciem as reaberturas”.
Raquel Relvas Neto
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A distribuição turística foi outra das atividades económicas que foi severamente afectada pela crise provocada pela pandemia da COVID-19 e que cuja retoma da operação será ainda mais lenta do que as restantes atividades.
Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT – Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo, realça que o regresso ao mercado por parte do setor que representa “não é apenas lento, é assimétrico também”. A diversidade de negócio dos associados da APAVT exige a “necessidade de medidas diferentes para empresas ou subsectores em momentos diferentes de recuperação”. E dá como exemplo as empresas que trabalhem especialmente grupos e incentivos, que vão “continuar a vender “zero” até final do ano, e aqui só a manutenção do layoff pode salvar empresas e emprego”. Na prática, a solução lançada pelo Governo do lay-off simplificado foi, “até à data, um poderoso instrumento que permitiu à maior parte das empresas resistir ao primeiro embate, mantendo, em resposta, o emprego”, indica, constatando que no mês de abril “98% das agências de viagens não despediram colaboradores” e também em abril 80% das empresas associadas estavam em ‘lay-off’.
No entanto, para as empresas que “estão agora a retornar, tenuemente, serão mais razoáveis apoios de fundo perdido, ainda que exijam, igualmente, a participação dos empresários no esforço de recuperação”, sugere o presidente da APAVT como medida de apoio a aplicar ao setor por parte do Estado.”Em nosso entender, só mais tarde, quando a crise for “apenas” económica e não subsistirem as incertezas relacionadas com a pandemia, é que deveremos falar em novas linhas de dívida às empresas”, acrescenta.
Ao longo deste mês de junho, o responsável perspetiva que, de forma “lenta e gradualmente, as agências de viagens, mesmo em layoff parcial, iniciem as reaberturas”.
No que diz respeito à solução dos vouchers, para as agências de viagens reembolsarem viagens organizadas, e canceladas por causa do COVID-19, a APAVT considera que foi uma solução que correspondeu às expectativas da associação. Contudo, indica Costa Ferreira, “existem alguns pormenores que terão de ser acompanhados com cuidado, para que o espírito da Lei – dar tempo a toda a cadeia de valor para se regenerar, recuperar e… recuperar – não seja pervertido. Estou a falar, sobretudo, da transmissibilidade do voucher, por mera tradição”. “Teremos que ter muito cuidado, impedindo a especulação”, alerta. “A prova de que a Lei de adequou à realidade, é o clima de óbvia tranquilidade que se sente no universo dos consumidores”, sublinha.
Férias cá dentro
Em meados de abril, o primeiro-ministro, António Costa, sugeria aos portugueses para optarem por fazer as suas férias dentro de Portugal este ano, uma atitude que a APAVT admite não estar de acordo, “apesar de percebermos o momento absolutamente excepcional”. O presidente da APAVT recorda que “Portugal é um dos destinos mais competitivos do mundo, e em circunstâncias normais sairá sempre prejudicado com o “fecho” das fronteiras”. “Imagine-se que todos os países dizem o mesmo?”, questiona. “O momento nem sequer “pedia” um comentário destes”, refere o responsável, que considera que face à ausência de mobilidade internacional “bastaria que se pedisse aos portugueses para lutarem pela normalidade e não deixassem de ir de férias…”
No curto prazo, Pedro Costa Ferreira considera que é evidente que “os consumidores terão maior apetência por alojamentos de menor dimensão e por regiões de mais baixa densidade turística”. Porém, “passada a pandemia, eliminado o medo, restituída a confiança, não vejo razão qualquer para uma mudança nas preferências do consumidor”, acredita o presidente da APAVT.