“É essencial dizermos aos operadores e aos turistas que são bem-vindos aos Açores”
Romão Braz, Vice-presidente do Conselho de Administração da Finançor, considera que é importante comunicar, o mais breve possível, que os Açores estão prontos para receber turistas.
Raquel Relvas Neto
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Comunicar ao mundo o mais breve possível que os Açores estão prontos para dar o passo em frente e receber turistas a partir do mês de julho é o que vai marcar a diferença entre ter “um ano mau ou um ano horrível” para os hoteleiros e operadores da região autónoma.
Romão Braz, Vice-presidente do Conselho de Administração da Finançor, à qual pertence a marca hoteleira Azores Hotels & Leisure com três unidades em três ilhas açorianas, considera que a economia do arquipélago está ansiosa e desesperada pela reabertura do turismo na região.
O responsável, que participava na web conferência “Açores: Preparar o futuro”, uma iniciativa do Publituris com o apoio do Governo Regional dos Açores, mostrou-se satisfeito pelas medidas tomadas na região para controlar a pandemia da COVID-19, contudo, “a certa altura começou a ser em demasia porque temos de retomar a economia, estamos a ser fortemente afectados”.
Para Romão Braz é essencial, “considerando as questões de saúde, abrirmos e dizermos aos operadores e aos turistas que são bem-vindos aos Açores. Julgo que é obrigatório isto ser declarado”. “Temos que afirmar que a partir de julho as pessoas sejam bem-vindas, temos de trabalhar com os mercados que são fundamentais para os Açores”, salientou o vice-presidente da Finançor, destacando que, além do mercado doméstico, é importante conseguir-se “retomar algumas ligações com os EUA, Canadá, Alemanha, Holanda, Bélgica, Suíça”. Para tal, “temos de ter uma estratégia concreta. Temos de comunicar, não vamos esperar mais 15 dias para comunicar”.
A diferença, explica o empresário, está entre a operação de 2020 ser “um ano mau ou horrível”, refere. ” Neste momento, sonho em ter só um ano mau. Acho que ainda é possível lá chegarmos”, indica, frisando que nunca imaginou ter uma empresa com quebras de 80% nas vendas como o que se está a verificar atualmente.
“Se conseguíssemos ter julho a 30% [de taxa de ocupação] e um agosto, setembro e outubro a 40% ou 50%, no final do ano teríamos uma quebra de 65% a 70%. Este é hoje o cenário optimista para os hoteleiros. Se tal não acontecer, vamos ter uma quebra de 80%. Estou muito preocupado não só com os hotéis, mas com os rent-a-cars, com os restaurantes, com as empresas de animação turística que estão a faturar zero nestes meses depois de um longo e penoso inverno”, explicou o empresário.
Medidas
Romão Braz apontou algumas medidas que podem contribuir para atenuar os resultados negativos que o destino pode sofrer. Uma delas é a negociação de corredores sanitários com alguns países que tenham a situação controlada, além da “transparência e comunicação acerca dos vistos de saúde disponíveis”. E esclarece: “Temos de demonstrar e dar números da nossa capacidade de resposta caso aconteça alguma coisa, ou se uma pessoa adoecer cá tem de sentir que vai ser tratada de uma forma igual ao seu país, falando em termos europeus”.
A possibilidade de atribuir vales de 500€ às famílias portuguesas para utilizarem nos hotéis ou alojamentos locais de Portugal entre o período de julho a setembro, uma medida que custa 0,7% do PIB, pode ser um contributo para dinamizar o mercado interno seja no continente como nas ilhas portuguesas. Mas recordou que as medidas têm de ser bem formuladas, pois “também não podemos entrar em loucuras porque alguém vai ter de pagar a conta”.
O responsável deixou ainda uma sugestão para que os hoteleiros e operadores da região arranjarem um mecanismo para que o passageiro que faça o teste na origem seja compensado por esse investimento, “se calhar permitir gastar X dinheiro em vários serviços” no destino.
Para concluir, o empresário salientou também que é importante “ter uma estratégia para todas as ilhas”, referindo que cada conjunto de ilhas tem a sua realidade e que é a de São Miguel que vai sofrer mais nesta crise. “Comunicação clara para termos planeamento, a ATA tem de entrar rapidamente em ação, precisamos do apoio do Governo Regional para a segunda vaga de apoios e temos de garantir que em termos sanitários estamos bem e o teste à chegada é essencial”.