Porto e Norte prepara plano de recuperação da atividade turística
Apesar das incertezas quanto ao comportamento dos mercados e à abertura das fronteiras terrestres, aéreas e marítimas, Luís Pedro Martins acredita que irá haver um aumento da procura em territórios de baixa densidades e, nesse sentido, “o Porto e Norte tem argumentos para dar e vender”.
Carina Monteiro
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A Entidade Regional de Turismo Porto e Norte, em conjunto com a Associação de Turismo do Porto, está a concluir um plano de recuperação do turismo que será apresentado em breve e que assenta em três pilares: “Um Norte mais qualificado, um Norte mais atrativo e um Norte com maior energia”.
De acordo com Luís Pedro Martins, presidente da ERT Porto e Porto, que falava na web conferência “Porto e Norte: Preparar o Futuro”, este plano conjunto já estava a ser elaborado pelas duas entidades antes da COVID-19, mas a pandemia veio acelerar o processo. “A nossa primeira preocupação é qualificar o destino de acordo com as novas tendências e, mais do que nunca, conseguir estar na linha da frente da comunicação e da promoção, tendo em conta a concorrência de outros destinos internacionais”.
Apesar da pandemia ter parado a atividade turística da região, que registou crescimentos a dois dígitos em fevereiro, Luís Pedro Martins realça a forma como o país tem lidado com esta crise e considera que, no futuro, pode ajudar à retoma da atividade turística.
“Sabemos que a perceção que o mundo tem sobre Portugal e a forma como estamos a atravessar a pandemia é bastante positiva: um país que conseguiu resolver melhor até que os seus vizinhos e concorrentes, como criou várias estratégias para reforçar as questões da segurança sanitária. Isto vai ser muito importante na retoma”. Para o responsável da ERT Porto e Norte, também o apoio que o governo português deu durante este período da pandemia ao governo espanhol vai ter reflexo no futuro. “Temos recebido muita informação das nossas homólogas de Castela e Leão e da Galiza que este impacto vai ser traduzido num maior fluxo de turistas para Portugal”, afirma.
Também o selo Clean & Safe é visto como uma mais-valia neste período de retoma, com Luís Pedro Martins a revelar que há várias atividades que pretende obter o certificado. “Recebi apelos de setores que ainda não têm acesso ao selo, como por exemplo, os monumentos e toda a área da cultura, uma vez que estão a ser contactados pelas agências internacionais e a primeira questão para fazer a reserva do grupo é se têm o selo. Isso tem dado a origem a que as agências não façam a reserva. Sabemos por parte do Turismo de Portugal poderá ser alargado à cultura”.
Apesar das incertezas quanto ao comportamento dos mercados e à abertura das fronteiras terrestres, aéreas e marítimas, Luís Pedro Martins acredita que irá haver um aumento da procura em territórios de baixa densidade e, nesse sentido, “o Porto e Norte tem argumentos para dar e vender”. “Não estamos necessariamente só a falar de territórios de natureza, mas também estamos a falar das cidades como Porto, Braga, Guimarães, porque não as vamos comparar a outros destinos como Paris, Nova Iorque, Barcelona. Se para nós o Porto é de facto uma cidade muito importante na região, na concorrência com destinos internacionais tem a vantagem de ainda permitir umas férias bastante tranquilas”.
Por outro lado, o presidente da região de turismo prevê que a retoma da atividade turística este ano seja feita por “grupos mais pequenos, famílias essencialmente, em férias mais curtas”. A escolha recairá por “alojamentos que tenham a facilidade de fazer as suas próprias refeições ou refeições nos quartos”. As roadtrips poderão ganhar maior importância, uma vez que “as férias vão ser feitas em viatura própria”, o que pode levar à “procura de produtos transversais ao território, como sejam as estradas nacionais, a Rota do Românico”.
Tendo em conta estas tendências, Luís Pedro Martins defende que é preciso valorizar “mais do que nunca, a marca destino, sabendo que disso depende a capacidade de gestão do mesmo”. Nessa capacidade de gestão, surgem novos fatores como a segurança sanitária. “Já falámos do Clean&Safe, mas é preciso muito mais que isso. Hoje, o turista vai querer saber qual a resposta do destino em termos de prestação de cuidados de saúde. Isso não fazia parte dos nossos indicadores, mas vai ter de fazer”.
Luís Pedro Martins considera também que é necessário reconfigurar a oferta, “valorizando aqueles que, nesta fase, irão ter mais dificuldades como a restauração, a animação turística, o transporte, conseguindo agregar produto”. O responsável apela à entrada num novo paradigma, que as Entidades Regionais não estão alheias. “Teremos de fazer muito mais do que promover a oferta, vamos ter que conseguir facilitar a venda. Para isso vai ser preciso estruturar produto, fazer os chamados produtos compostos, agregar produto para facilitar a compra de quem escolhe o nosso destino”. Nesta matéria, em particular, Luís Pedro Martins revelou que as Entidades Regionais (ERT’s) estão já a trabalhar como o Turismo de Portugal para tentar criar soluções que consigam acelerar a venda. “Passará por uma grande comunicação, criação de um site específico só para isto que vai ser trabalhado diretamente entre o Turismo de Portugal e as ERT’s e que depois vamos ter de trabalhar com o setor”.
Sobre a retoma dos mercados, Luís Pedro Martins adiantou, durante a conferência, que será lançada uma campanha para o mercado interno já no dia 18 de maio, que marca a abertura da restauração. O mercado nacional será “a tábua de salvação para este ano de 2020”, considera. “Não vale a pena ter ilusões. Vai ser um ano duro, difícil para muitas empresas, mas vai ser o ano em que temos de fazer o apelo ao mercado nacional e dizer aos portugueses que, em 2020, vão redescobrir o país, outros vão descobrir pela primeira vez, e vão perceber porque é que tantos estrangeiros nos têm procurado”.
Quanto ao mercado espanhol, Luís Pedro Martins tem a expectativa que a fronteira abra depois de 15 de junho. “Estamos a fazer um trabalho muito grande com a CCDR Norte e com Castela e Leão e a Galiza em produtos tão importantes como os Caminhos de Santiago, ou a ligação do Douro-Duero.”
Já os restantes mercados internacionais só deverão regressar à normalidade para a região na Páscoa de 2021, estima o responsável. “É esta a data que temos como de recuperação de alguma normalidade aqui no território”.