“Temos uma oportunidade histórica para alterar a relação Litoral/Interior”
Paulo Fernandes, presidente da Agência para o Desenvolvimento das Aldeias do Xisto, defende que o país construiu a sua oferta turística de forma “muito convencional” e que, apesar do sucesso, deve agora privilegiar o trabalho em rede.
Carina Monteiro
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O presidente da ADXTUR, Agência para o Desenvolvimento das Aldeias do Xisto, Paulo Fernandes, considera que Portugal está numa fase decisiva para o processo de construção da sua oferta turística. O responsável do projeto Aldeias do Xisto e presidente da Câmara Municipal do Fundão, que falava na conferência “Centro: Preparar o futuro”, organizada pelo Publituris, com o apoio da Turismo do Centro de Portugal, defende que o país construiu a sua oferta turística de forma “muito convencional” e que, apesar do sucesso, deve agora olhar para uma forma diferente de construção do futuro, privilegiando o trabalho em rede.
“Neste momento, talvez haja uma perceção ainda mais evidente que o país precisa mais do Interior e das áreas da baixa densidade”, defende o responsável, para quem “os produtos de menor densidade e menos massificados são, seguramente, produtos mais apetecíveis pelo consumidor global e pelo mercado interno”. Isto, porque, lembra Paulo Fernandes, “esses produtos associados aos recursos mais endógenos de uma forma geral já tinham uma grande concentração no mercado interno”.
Olhando para o futuro da oferta turística no país e no Interior, Paulo Fernandes defende a existência de redes colaborativas. “Diria que, neste momento, é uma das soluções mais importantes, mesmo na conexão entre produtos de escalas diferentes. Nos últimos anos temos tentado clamar, junto do Turismo de Portugal, a necessidade dos grandes pontos de entrada do nosso país, nomeadamente dos mercados internacionais, poderem cada vez mais estender-se para outros territórios. Ou seja, alguém que entra a partir do Porto ou Lisboa estender a sua visita ao Interior.”
Esta questão já vinha a ser colocada anteriormente à pandemia COVID-19, mas agora ganha uma nova dimensão e urgência. “Este é o momento-chave para acelerarmos”, afirma Paulo Fernandes. “Para isso temos que rapidamente acelerar as redes colaborativas, pôr mais em contacto as estruturas de oferta tais como Aldeias do Xisto, Aldeias Históricas, Áreas Protegidas, Redes de hotéis, hotéis mais personalizados e construir imediatamente novo produto. Neste momento, a relação entre a dicotomia Litoral/Interior é vital e temos uma oportunidade histórica para alterar essa questão. Mas é para começar amanhã esta diversificação de construção de redes. Todos temos de ser uma rede de redes e não uma só rede”.
Paulo Fernandes defende também a construção de uma oferta que tenha em conta o setor da animação. “Temos dado muita prioridade à questão da infraestrutura, ou seja, ao aumento da oferta na perspectiva do alojamento e não temos dado a devida atenção à construção do produto compósito onde a animação também deve aparecer. É o momento certo para que, na construção dos apoios, a vertente da animação e de experiências suba para um nível de prioridade máxima”.
Este é um trabalho que deve ser feito em paralelo com aquilo que Paulo Fernandes chama de “amortecimentos”, ou seja, apoios à economia. Neste campo, o presidente da ADXTUR defende “processos muito mais longos” de amortização de créditos, porque “o capital, a massa crítica e os fluxos são obviamente menos intensos no Interior, logo precisamos de mais tempo para ter sustentabilidade na parte dos negócios”.
Outra das ideias defendidas durante a conferência centra-se na aposta na formação dos recursos humanos: “Estamos a trabalhar para capacitar os nossos agentes relativamente a este quadro de contingência, mas também gosto de pensar que vamos aproveitar o tempo para formar e criar novos produtos. Prefiro ir para uma linha mais proativa e de mais qualificação e aí há também um desafio urgente de aproveitarmos este momento para o tal upgrade do ponto vista da qualificação dos RH e com isso ajudar as empresas num sentido mais estratégico”.