Opinião | Irá a Covid-19 mudar a ideia como vemos o turismo vindo da República Popular da China?
Leia a opinião de Hélder Santos, proprietário da Dynamic Hotels.
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Estamos a viver tempos nunca vividos na nossa geração e pensávamos que estas situações estavam confinadas ao Oriente, nomeadamente à República Popular da China (RPC), e faço propositadamente uma diferença entre os turistas chineses vindos da RPC e os que têm origem noutras partes do mundo.
Trabalhei em Hong Kong e viajei centenas de vezes pela RPC na minha atividade de “hotel developer” avaliando projetos ou hotéis locais para possíveis “rebrandings” por parte de marcas internacionais. Nunca foi possível encontrar um único hotel em funcionamento durante quase 12 anos que cumprisse minimamente os “standards” de segurança exigidos pelas marcas internacionais. Nesse procurement visitei também as zonas chamadas “back-of-the house” e habituei-me a verificar quase sempre uma total ausência de cuidados de higiene, sobretudo, nas cozinhas. No início estranhei, mas depois percebi que era cultural.
No final da década de 90, no dobrar do século, viajavam para fora da RPC cerca de 10 milhões de chineses, creio, sem ter ido fazer nenhum inquérito junto da China Travel Serviçe ( a entidade que atribuía os vistos de viagem para fora da RPC), que uma larga percentagem desses vistos eram de chineses das grandes cidades, nomeadamente Pequim e Xangai, outros seriam estudantes com hábitos já mais perto do aceitável pelo Ocidente e, por consequência, menos perigosos no que diz respeito ao perigo de transmissão de doenças como esta derivada, como parece ser, de vírus transmitidos por animais selvagens usados na alimentação de parte da população, creio que fora destes centros.
Actualmente viajam perto de 150 milhões de chineses de todas as partes da RPC para todos os continentes e aqui está verdadeiramente o perigo, já que os hábitos alimentares fora das cidades como Pequim e Xangai podem ser, como vemos, um perigo para o mundo. O que víamos como positivo para a economia e o turismo mundial pode ter um efeito boomerang. Wuhan é um grande centro urbano, já foi, ainda que por pouco tempo, capital da China e esta pandemia teve origem pelo que se sabe nesta cidade, e os hábitos alimentares em zonas mais rurais ou pequenas cidades são muito pouco convencionais, para não dizer outra coisa.
Queremos ter turistas chineses, mas o Governo chinês tem que fazer tudo o que é possível para que o Ocidente não comece a ter o estigma de olhar para o turismo vindo da RPC como se de lepra se tratasse. Este é um desafio À altura dum grande país como a China. Tem a palavra o Governo Central da China.
Passei a SARS em Hong Kong e nunca pensei voltar a passar por uma situação idêntica, ou pior, em Portugal. Por muito que o Governo faça, e tem que fazer mais, o rasto de destruição no turismo vai ser enorme, sobretudo ao nível das pequenas empresas. No dia em que sair este artigo já vou estar desatualizado, porque a tendência é piorar rapidamente de dia para dia.
Por Hélder Santos
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