“Não existe paralelismo com 2008, mas ninguém sabe a magnitude e duração desta crise”
Para o ex-secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, a recuperação do setor vai depender do tempo necessário para “conter este drama de saúde pública”. A isso, há que juntar “o tempo necessário para reconstruir uma relação de confiança entre os nossos clientes”.
Carina Monteiro
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Não há semelhanças para já entre o atual momento em que vivemos e a crise financeira de 2008, que ainda todos recordamos. Não há semelhanças na sua origem, mas pode haver nas consequências que provocará. Isso só o futuro dirá.
Bernardo Trindade, que era secretário de Estado do Turismo em 2008, é desafiado a recordar a origem da crise financeira que levou o turismo a recuar em 2009.
“A crise de 2008 foi uma crise financeira, onde a sobreavaliação dos ativos, a qualidade do crédito concedido, levou a uma desconfiança brutal dos clientes no sistema financeiro. Com a consequente corrida aos depósitos, à descapitalização bolsista, obrigando os Estados a encontrarem mecanismos de salvação do sistema financeiro à escala global. Resultou também numa recessão económica, com desemprego maciço, e com a necessidade de restaurar a economia através de estímulos monetários e de despesa pública. Respondendo à pergunta, se existe algum paralelismo, diria que não porquanto nenhum de nós sabe a magnitude e duração desta suspensão nas nossas vidas”.
O ex-titular da pasta do turismo no Governo recorda a estratégia implementada na altura para reanimar a atividade turística: “No caso português com estímulos de diversa ordem: orçamentais, nomeadamente, permitindo a utilização de saldos do turismo de Portugal no financiamento de iniciativas que visavam restaurar a confiança junto dos nossos parceiros – companhias aéreas, operadores turísticos, campanhas de promoção de notoriedade do destino, bonificações de taxas de juro em linhas de crédito de apoio às empresas, prazos mais longos no reembolso do serviço da dívida. Envolvendo muita gente, setor público, setor empresarial, julgo que os números alcançados na última década tiveram alguma coisa que ver com essa abordagem”.
Sobre se as empresas turísticas estão melhor preparadas para enfrentar a crise que se adivinha depois da pandemia, Bernardo Trindade responde que “teoricamente sim, ainda que com uma dúvida: quanto tempo durará esta crise”. “Atualmente, particulares e empresas, têm a vida suspensa. Estão impedidos de criar valor. O Estado percebendo isso, procura ajudar as empresas a honrar os seus compromissos, nomeadamente junto da força de trabalho, com a simplificação no acesso ao lay-off e com a disponibilização dos recursos a tempo. Mas não nos enganemos: os recursos públicos não são ilimitados e durarão para já três meses, eventualmente prorrogáveis. Haverá um tempo em que sem ajuda e com uma recuperação mais lenta do setor do turismo e da aviação, terão de ser as empresas a arcar com esta responsabilidade”.
Para o ex-secretário de Estado do Turismo, a recuperação do setor vai depender do tempo necessário para “conter este drama de saúde pública”. A isso, há que juntar “o tempo necessário para reconstruir uma relação de confiança entre os nossos clientes”.
Para Bernardo Trindade, “será necessário mobilizar todos os nossos colaboradores para a situação que estamos a viver. Para isso será essencial falar-lhes verdade e mantê-los informados. Na responsabilidade de salvar a empresa, estarão todos convocados. Claro está que o track record criado anteriormente ajuda. Uma empresa que sempre honrou os seus compromissos com os seus colaboradores, que sempre os envolveu os seus nos momentos bons e menos bons, tem maior probabilidade de ser bem sucedida”.