Situação “desastrosa” nas empresas de animação turística, diz APECATE
Empresas de animação turística registaram 97% de cancelamentos, sem novas reservas à vista. Associação propõe medidas extras para evitar despedimentos nas empresas.

Raquel Relvas Neto
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As empresas de animação turística em Portugal registaram 97% de cancelamentos, sem novas reservas à vista. Segundo o presidente da APECATE – Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, António Marques Vidal, “os cancelamentos, são cerca de 98% e não existem, na generalidade, qualquer pedido de novos”, classificando ainda a situação como “desastrosa”.
Ao Publituris, o responsável explica que algumas das empresas do setor tinham realizado investimentos, “com a perspectiva de uma boa época” e agora “ficam paradas”. O presidente da APECATE não antevê um período favorável para o setor da animação turística, complementando que o tecido empresarial do setor não tem “tesouraria para aguentar os próximos dois meses”.
Para fazer face a este período mais conturbado para o setor, a APECATE propõe várias medidas, entre as quais a criação de um Gabinete de Apoio Jurídico às Empresas, para o sector do Turismo, com “especialistas nas questões específicas dos seus vários subsectores – legislação do trabalho, políticas excepcionais relativas a dispensas laborais temporárias, despedimentos, indemnizações, cancelamentos, reembolsos e apoios disponíveis para fazer face à crise – para que os empresários possam dedicar-se com segurança às suas funções empresariais e dar respostas sustentáveis a uma crise que, num mundo em que os media tanto influenciam a percepção da realidade e da real dimensão dos perigos, corre o risco de um desenvolvimento sem precedentes”.
A segunda medida passa pela criação de “soluções de emergência” que permitam o “acesso imediato a um regime de lay off específico para esta situação, ao Fundo de Desemprego da totalidade ou parte dos trabalhadores, em função do ajustamento necessário da atividade da empresa, sem perda do vínculo com a entidade empregadora”.
“Esta medida, tendo em conta os salários pagos pelas empresas turísticas, permitiria aliviar a situação das empresas sem prejudicar significativamente os trabalhadores (que perderiam apenas a diferença entre o seu salário líquido e a prestação a receber do Fundo de Desemprego)”, explica a APECATE.
A nível financeiro, a associação propõe ainda outras medidas complementares às já anunciadas pelo Governo: Criação de linhas de crédito sem juros e sem reembolsos até fim da situação de crise, com prazos longos de reembolso, à semelhança do ocorrido noutras situações no sector – e.g. falência do operador Thomas Cook – e noutros sectores de actividade – agricultura, crise dos têxteis no Vale do Ave; Moratória dos Bancos em relação às amortizações e juros de todos os financiamentos contratados até ao final da crise; Moratória fiscal total e Segurança Social até ao final da crise sem prestação de garantias que os empresários não vão conseguir obter; Apoios à renovação/ reabilitação e modernização. Através de um Fundo separado, apoiar Investimentos incluindo nos mesmos verbas referentes ao pessoal interno afeto aos mesmos – e.g. Formação; Prazo do crédito fiscal dos prejuízos ilimitado; Apoio nos encargos com os recursos humanos, como a dispensa do pagamento do TSU nos meses de crise, lay off com valores preferenciais. Além de outras medidas compensadoras que, indica a associação, “evitem despedimentos nas empresas”.