Unlock quer criar rede de hotéis boutique e abre capital a grupo estrangeiro
A sul-africana Newmark Hotels vai criar um fundo para a compra de hotéis em Portugal que serão geridos pela Unlock Boutique Hotels.
Carina Monteiro
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Miguel Velez e Adrian Bridge, proprietários da Unlock Boutique Hotels, contam agora com um novo acionista na empresa. A cadeia hoteleira Newmark Hotels, com sede na África do Sul, adquiriu um terço da empresa portuguesa de gestão de boutique hotéis e estreia-se desta forma no continente europeu.
De acordo com Miguel Velez, que mantém o cargo de CEO da Unlock, esta entrada de capital vai permitir iniciar uma nova fase de expansão do grupo que já tem no seu portefólio 10 unidades hoteleiras e seis alojamentos locais. “A Unlock vai fazer quatro anos em maio e decidimos dar continuidade à expansão da empresa para alcançar o objetivo de criar uma rede de hotéis boutique em Portugal”, afirma o responsável em entrevista ao Publituris. A decisão de abrir o capital a uma cadeia internacional começou a ser pensada há cerca de ano e meio. “Fomos abordados por diversas entidades internacionais ao longo deste período e iniciámos conversações com potenciais parceiros para a abertura de capital”, conta. A escolha acabou por recair numa empresa que tem o mesmo ADN. “[A Newmark] faz exatamente o mesmo que nós, gere hotéis boutique, tem mais de 15 anos de mercado, estando presente em vários destinos de África”, refere. O perfil da Newmark permite assegurar o entendimento do que é o negócio da Unlock Boutique Hotels, mas também traz sinergias à empresa portuguesa. “Por um lado, era importante ter um parceiro que fizesse o mesmo que nós, por outro, esta entrada da Newmark vai criar um conjunto de sinergias, e, ao mesmo tempo, vai permitir a captação de investimento internacional, nomeadamente sul-africano em Portugal, com a aquisição de hotéis que depois serão geridos pela Unlock”, explica o responsável.
No que diz respeito às sinergias, Miguel Velez destaca a promoção e o acesso a novos canais de venda. “A Newmark trabalha com um segmento de mercado do mais alto que há, vamos poder ter acesso a novos canais de venda, não replicáveis, porque são clientes da Newmark. Por outro lado, a Newmark possui representantes de vendas em todos os principais mercados externos do mundo e agora eles comercializarão o portefólio de hotéis boutique da Unlock, assim teremos presença em feiras de luxo e hotelaria mundiais”, assegura.
Fundo para adquirir novos hotéis
Se por um lado estas são as sinergias comerciais que a Newmark pode trazer à Unlock, por outro abre-se a porta para a expansão do grupo, com a criação de um fundo de investimento para a aquisição de mais hotéis, que serão administrados pela empresa portuguesa, como explica Miguel Velez: “O novo parceiro da Unlock trará capital e fundos para a aquisição de hotéis ou a conversão de antigos edifícios em hotéis, que serão geridos pela Unlock. Esta parceria servirá para ambas as empresas crescerem e marca um ponto de viragem na Unlock, que assim irá iniciar a sua internacionalização”.
O aumento do portefólio é equacionado através de vários modelos, seja por gestão total ou em regime de soft brand – modelo em que a Unlock gere um conjunto de áreas (tais como o marketing, vendas, compras, controlo financeiro e gestão de preço) ficando a gestão operacional a cargo da própria unidade. Atualmente, dois dos hotéis que integram a Unlock Boutique Hotels estão neste regime: o Sobreiras Alentejo Country Hotel, em Grândola, e o Caléway, no Porto.
Sobre quantas unidades este fundo de investimento pretende adquirir, Miguel Velez afirma que “depende das oportunidades que surgirem e daquilo que o mercado tem para oferecer em condições de negócio aceitáveis e razoáveis”. “Aquilo que posso afirmar é que estamos a ver ativos de Norte a Sul do país, desde as principais até às segundas cidades. Olhamos para destinos ou que já estão afirmados ou com potencial de afirmação. Já analisámos mais de 40 ativos”, refere o responsável.
Nesta fase, estão a ser analisadas unidades que detenham entre 60 quartos a 80 quartos. “O foco está mais à volta de unidades com 60 quartos, embora também estejamos a olhar para hotéis com menos quartos”.
Num objetivo sem prazo definido, Miguel Velez estima que a Unlock faça a gestão de 25 a 30 hotéis em Portugal. “Não temos pressa para crescer. Desde o início, nunca tivemos a tentação de integrar hotéis que não tinham a filosofia Unlock, ou cuja rentabilidade parecia pouco segura. Agora já temos escala e estamos presentes de Norte a Sul do país. Cada vez mais trabalharemos em ativos seletivos que permitam experiências únicas. Esta entrada da Newmark vai permitir começar a olhar para ativos com maior número de quartos. Não quer dizer que deixemos de estar interessados em hotéis boutique com 30 quartos, mas também nos permite começar, nomeadamente ao nível dos investimentos do fundo, a olhar para hotéis com maior número de quartos”, defende.
Sobre o interesse na aquisição de cadeias hoteleiras pelo fundo e cuja gestão seria feita pela Unlock, Miguel Velez reforça que a aposta sempre esteve centrada nos hotéis boutique independentes. “Estamos atentos às oportunidades de mercado que possam surgir, mas o nosso foco vai efetivamente para os hotéis independentes boutique. Temos tido muitas abordagens. Nestes quatro anos, rejeitámos mais de 50 hotéis por várias razões: porque não havia alinhamento das filosofias das empresas, não se enquadravam dentro do nosso portefólio ou não tinham o número mínimo de quartos. O que temos feito com as várias unidades é transformar radicalmente o negócio. Estamos a falar de unidades que há três anos faturaram, na grande maioria dos casos, menos de metade do que faturam hoje”.
2020
O ano de 2019 foi “extremamente intenso” devido à integração de hotéis já em funcionamento num curto espaço de tempo. Só no ano passado, a Unlock Boutique Hotels passou a gerir o Villa Termal Caldas de Monchique Spa Resort e os seus quatro hotéis: Hotel Termal, Hotel D. Carlos Regis, Hotel Central e Central Suites & Apartments, em fevereiro; o Caléway (Porto) e o Palacete Chafariz D’el Rei (Lisboa), em março; e o Sobreiras Alentejo Country Hotel, em junho. “Foi um ano extremamente intenso, com estas sete unidades, duas delas aberturas efetivas (Caléway e os hotéis da Villa Termal), os outros dois já estavam em funcionamento, foi só alterar a gestão”, conta.
Já este ano, o grupo prepara-se para abrir dentro de um mês o The Noble House Suites & Apartment, em Évora. O ano de 2020 promete ser igualmente trabalhoso com a integração da Newmark no capital da empresa. “Por um lado, temos um trabalho muito grande agora com a entrada deste novo parceiro de implementação e estudo de sinergias ao nível dos novos canais de comunicação e comercialização. Vamos apoiar o fundo naquilo que são os investimentos em Portugal, continuando a analisar novos ativos, estejam em funcionamento, ou ativos que tenham de ser reconvertidos ou renovados. Isto na parte que diz respeito à Newmark. No que diz respeito à vida normal da Unlock, estamos numa fase muito avançada de integração de três hotéis. É provável que durante este ano tenhamos mais duas ou três unidades a juntarem-se à Unlock Boutique Hotel em localizações como o Alentejo, Grande Porto e uma nos Açores, algumas são unidades em funcionamento outras são aberturas”, revela o responsável.