Savoy Palace, no Funchal
2019: Atividade cresce a menor ritmo, mas oferta de alojamento continua a engordar
Este ano, os indicadores da atividade hoteleira apresentaram sinais de abrandamento.
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O ano de 2019 foi de confirmação da consolidação de resultados para a hotelaria portuguesa. Este fator mereceu destaque no discurso de abertura do congresso nacional da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), no passado mês de novembro, com o presidente Raul Martins a chamar a atenção para os indicadores da atividade hoteleira que registaram, este ano, um abrandamento no crescimento. “A taxa de ocupação nos hotéis, até agosto deste ano, caiu ligeiramente (meio ponto percentual), o preço médio, que no último ano tinha crescido 7%, até agosto deste ano cresceu, mas apenas 2%, tal como o RevPAR na hotelaria, que em 2018 cresceu 5% e até agosto deste ano cresceu, também, mas 2%”, disse o responsável na ocasião.
Mas se os resultados da hotelaria estão a crescer a um ritmo menor, o mesmo não se pode dizer do crescimento da oferta hoteleira, lembrou Raul Martins. “Desde o início do ano abriram ou reabriram 36 hotéis, de acordo com o Registo Nacional de Empreendimentos Turísticos, o que significa mais 3% de quartos e de camas. Neste momento, portanto, temos disponíveis no mercado 205.816 camas hoteleiras”, sublinhou o responsável. Nesta equação do aumento da oferta, o presidente da AHP não esqueceu o Alojamento Local (AL) e recordou que, embora tenha sofrido um abrandamento em 2019, o AL tem à data 523 mil camas em 91 mil estabelecimentos. É com esta realidade que o alojamento turístico em Portugal vai terminar o ano de 2019. Nas próximas linhas recordamos os acontecimentos que marcaram a atividade ao longo deste ano.
Aberturas
Foram muitas as notícias de aberturas de unidades de alojamento em Portugal e outras tantas que anunciaram novos projetos para os próximos anos. Há novos alojamentos que somam mais camas em alguns destinos já maduros, mas que continuam a atrair investimento. A maior abertura em 2019, em número de camas, na ilha da Madeira, foi a do Savoy Palace. O resort de cinco estrelas localizado no Funchal abriu portas a 1 de julho, com uma oferta de 309 quartos e 43 suites. O interior do hotel é uma homenagem à ilha da Madeira, sendo o projeto assinado por Nini Andrade de Silva e pela RH+Arquitectos. Ainda na ilha da Madeira abriu o novo cinco estrelas do grupo PortoBay, o Les Suites at The Cliff Bay que, como o nome indica, é uma extensão do hotel The Cliff Bay. A nova ala oferece 21 suites. O grupo Turim Hotels estreou-se na Madeira, com a reabilitação do antigo Hotel Santa Maria, que esteve em funcionamento entre os anos de 1964 e 2007. Situado no centro histórico da cidade do Funchal, a 2 minutos a pé do Mercado dos Lavradores, a unidade disponibiliza 90 quartos. Da Madeira para o continente, o mesmo grupo abriu o seu primeiro hotel de cinco estrelas. O Turim Boulevard Hotel fica localizado na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e dispõe de 100 quartos. Ainda na capital, o grupo H10 Hotels abriu a sua segunda unidade em Lisboa. O The One Palácio da Anunciada, uma unidade de cinco estrelas, fica situada num antigo palácio do século XVI a poucos metros da Praça dos Restauradores e da Avenida da Liberdade, dispondo de 83 quartos. A marca VIP Hotels abriu também uma nova unidade na cidade de Lisboa, o VIP Executive Picoas Hotel. Com 131 quartos, o VIP Executive Picoas Hotel é o resultado da conversão de um antigo tribunal numa moderna unidade hoteleira de quatro estrelas, no centro de Lisboa.
O grupo Vila Galé abriu dois novos hotéis em Portugal: o Vila Galé Douro Vineyards, uma pequena unidade no Douro vinhateiro onde a cadeia vai produzir vinhos do Douro; e o Vila Galé Collection Elvas – Historic Hotel, em Elvas, no Alentejo, que é também o primeiro projeto fruto do programa Revive. Esta nova unidade hoteleira oferece 79 quartos. No Brasil, o grupo contou ainda com uma novidade: a abertura do VG Sun Cumbuco by Vila Galé, no Ceará, cuja localização é próxima do resort Vila Galé Cumbuco. A nova unidade conta com 65 apartamentos.
A cadeia Pestana abriu igualmente dois hotéis em Portugal: o Pestana Churchill Bay, em Câmara de Lobos, com 57 quartos; e o Pestana Blue Alvor Beach & Golf Hotel, no Algarve, com 551 quartos e suites. Lá fora, o grupo deu um mais passo no cumprimento do objetivo de ter um hotel em cada capital europeia. Depois de Londres, Berlim e Amesterdão, a maior cadeia hoteleira portuguesa abriu o Pestana Plaza Mayor, com 89 quartos, em pleno coração de Madrid.
No Porto, o grupo PortoBay aumentou a sua presença com a inauguração do seu segundo hotel na cidade, o PortoBayFlores. A unidade de cinco estrelas é a 14ª unidade do grupo e tem 66 quartos.
A Sonae Capital voltou este ano a ter presença no Algarve com uma unidade hoteleira. Depois de, em 2015, ter feito a alienação da Aqualuz – Turismo e Lazer, a sociedade que se dedica à exploração do Aqualuz Suite Hotel Lagos, no Algarve, a Sonae Capital assumiu a exploração do hotel, tendo para isso adquirido novamente a empresa Aqualuz – Turismo e Lazer, Lda. A Sonae Capital venceu ainda o concurso para a instalação de uma unidade hoteleira na Estação de Santa Apolónia, em Lisboa.
Das cadeias nacionais para as internacionais, o grupo espanhol Barceló aumentou a sua presença em Portugal com a abertura de um hotel Occidental em Lisboa. Em fevereiro de 2019, foi anunciado que o NH Hotel Group ia gerir hotéis da Minor em Portugal e no Brasil, onde estão incluídos os hotéis da marca Tivoli.
No mesmo mês, o InterContinental Hotels Group comprou a marca Six Senses, por 300 milhões de dólares, cerca de 265 milhões de euros. A marca opera unidades nas Maldivas, Seychelles, Tailândia, Omã e no rio Douro, em Portugal, numa propriedade do fundo Explorer Investments.
O Doubletree by Hilton Lisbon Fontana Park foi vendido a um banco alemão. A Commerz Real, gestora de fundos do banco alemão Commerzbank, comprou o hotel DoubleTree by Hilton – Fontana Park, localizado em Lisboa, à Turismadeira SA.
2019 marca também a estreia da cadeia espanhola Casual Hoteles. A cadeia abriu o Casual Belle Époque Lisboa, com 28 quartos; e o Casual Inca Porto, com 70 quartos.
Há também uma estreia anunciada em 2019. A Hyatt Hotels anunciou a entrada em Lisboa, com a abertura do Hyatt Regency Lisbon, que resulta de um contrato de franchise com a Realtejo – Hotelaria e Turismo, S.A, empresa subsidiária da United Investments Portugal e Fibeira. O acordo alcançado vai permitir desenvolver a primeira unidade da marca em Portugal, cuja abertura deverá acontecer no final de 2020.
Esta não foi a única marca internacional a anunciar novos hotéis em Portugal. O Radisson Hotel Group anunciou a abertura de dois hotéis novos em Portugal, todos sob a marca Radisson RED, inserida numa parceria estratégica e franchisada com o promotor e operador Value One Hotel Operations. O acordo permitirá à marca estrear-se em Portugal, com o Radisson RED Lisbon Olaias e o Radisson RED Porto.
Revive
O programa lançado pelo governo que permite a concessão de imóveis do Estado para fins turísticos conhecido como Revive ganhou novos desenvolvimentos em 2019, nomeadamente uma nova vertente, com o Revive Natureza. O programa arrancou com um portefólio de 96 imóveis – na sua maioria, antigas casas de guardas florestais e antigos postos fiscais – distribuídos de Norte a Sul do país. O Revive Natureza será operacionalizado através de um Fundo Imobiliário Especial, que será gerido pela Turismo Fundos. O Turismo de Portugal irá disponibilizar uma verba de cinco milhões de euros para a recuperação dos imóveis. No que diz respeito ao programa geral do Revive, foram muitos os concursos lançados. Um dos mais concorridos foi o do Quartel da Graça, em Lisboa, que acabou por ser ganho pelo grupo SANA, com uma proposta de renda anual no valor de 1,79 milhões de euros. A MS Hotels ganhou a concessão do Mosteiro de Arouca, a Lux Mundi venceu o concurso do Quartel do Carmo, nos Açores, e a concessão do Castelo de Vila Nova de Cerveira foi adjudicada a Eurico da Fonseca. Já o Convento do Carmo, em Moura, foi adjudicado à gestora do Convento do Espinheiro (SPPTH— Sociedade de Promoção de Projetos Turísticos e Hoteleiros). Durante o ano de 2019, o Revive foi ainda um conceito exportado para outros países, nomeadamente São Tomé, Moçambique, Cabo Verde, Angola e Brasil.
Também fruto de um concurso público, o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai receber um hotel com a marca Meliá, gerido pelo grupo Hoti Hotéis. O anúncio foi feito durante este ano e resulta de uma parceria entre a Hoti Hotéis e a Mota-Engil.
Alojamento local
A Câmara Municipal de Lisboa aprovou no final de outubro o Regulamento do Alojamento Local, que traz novas zonas de contenção. No Bairro Alto/Madragoa, Castelo/Alfama/Mouraria, Colina de Santana, Baixa e os eixos Avenida da Liberdade/Avenida da República/Avenida Almirante Reis são zonas onde estão proibidos novos estabelecimentos de Alojamento Local, mas a inclusão destas três últimas zonas ao documento final gerou alguma controvérsia. O presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), Eduardo Miranda manifestou o seu desagrado com as alterações à lei: “Esta decisão apanhou todos de surpresa pois contradiz os argumentos e conclusões tanto do Estudo elaborado pela Câmara, como da proposta inicial de Regulamento, afetando profundamente a confiança dos agentes económicos e a imagem da cidade junto dos investidores”.
Quase no final do ano, o setor do alojamento recebeu uma notícia há muito reivindicava: O governo vai avançar com a proibição por via legislativa das cláusulas de paridade das plataformas digitais. O anúncio foi feito pelo ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, no congresso da AHP.
Um dos temas que inevitavelmente tem marcado os últimos anos no setor do alojamento é a aplicação de taxas turísticas pelos municípios. Nesta matéria, o ano termina com o recuo da Câmara Municipal de Fátima na aplicação da taxa turística como estava anunciado. Decisão que tem por base a possibilidade agora prevista na Lei das Finanças Locais de transferência de 7,5% do IVA da restauração e do alojamento para os cofres das autarquias, já a partir de 2020, o que originaria uma duplicação de fins.