Distribuição: os acontecimentos que marcaram 2019
O setor da distribuição teve bons resultados em 2019, mas os desafios do passado permanecem.
Carina Monteiro
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No cômputo geral, o setor da distribuição teve um bom ano, a avaliar pelos dados do BSP referidos pelo presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, durante o discurso de abertura do último congresso da associação. No acumulado até setembro, registou-se um número recorde de emissões de passagens aéreas no BSP, com um crescimento acumulado de 7,5%, o equivalente a mais de 740 milhões de euros de emissões, ou seja, mais cerca de 51 milhões de emissões face a igual período do ano passado.
TAP
Apesar destes resultados, não se pode dizer que tenha sido um ano tranquilo para as agências de viagens, que continuam a enfrentar diversos desafios, muitos deles já conhecidos do passado. A relação com as companhias aéreas, sobretudo a TAP, viu novos desenvolvimentos, sobretudo no último trimestre do ano, com a companhia a anunciar um novo modelo de distribuição, a partir de 1 de janeiro de 2020. Mediante a celebração de um acordo comercial, as agências de viagens terão acesso ao conteúdo do TAP Content Channel. Até aqui tudo bem. O problema pode estar na forma como a TAP dará o acesso a esta ferramenta. A APAVT, através de Pedro Costa Ferreira, já disse que questões como “a equidade do mercado, a igualdade de oportunidade para todos os agentes e a liberdade de escolha do consumidor” são questões que a associação não pode deixar que sejam ultrapassadas. Apesar do diálogo “intenso” com a companhia aérea, a APAVT mantém “dúvidas importantes” quanto a este novo modelo de distribuição, sobretudo no que à igualdade de acesso aos conteúdos da companhia diz respeito. “Não deveremos considerar aceitável que o acesso ao Private Channel da TAP se faça a duas velocidades, porque o mercado é só um, porque todos os players têm de ter as mesmas oportunidades, sobretudo porque os consumidores têm de ter liberdade de escolha”, sublinhou Costa Ferreira, durante o congresso da associação. O presidente da APAVT mostrou-se confiante que é possível chegar a um entendimento que beneficie ambas as partes, o que deixa antever que o tema marcará o ano de 2020.
Mas há mais vida além da TAP e o setor da distribuição em Portugal revelou-se bastante ativo ao longo de 2019 com o lançamento de novos produtos e a entrada de novos players no mercado. Foi o caso do grupo espanhol Bytour. Com um portefólio de 300 agências distribuídas por Espanha, o grupo escolheu Portugal para abrir o primeiro espaço da marca fora de portas em janeiro de 2019. Raquel Campo Grande assumiu a direção geral do projeto em solo nacional, depois de ter estado nos últimos oito anos como delegada comercial da Traveltool, em Portugal. Também em janeiro, o operador turístico LePlan, que integra o universo da Ávoris, a divisão de viagens do Grupo Barceló, apresentou-se em Lisboa. O evento marcou a entrada do operador especializado na Disney em Portugal. Por outro lado, o grupo Springwater que detém, entre outras, a TopAtlântico e a Geostar, apostou no produto dos cruzeiros, ao abrir no início do ano a primeira loja de venda exclusiva de cruzeiros em Portugal. O grupo também passou a designar-se Wamos Portugal. No que diz respeito a destinos lançados pelos operadores, a Solférias e a Soltrópico anunciaram o Egito na sua programação para o verão, o que significou a retoma de um destino conhecido dos portugueses. A Ego Travel anunciou a Gâmbia. A programação do operador turístico para aquele país tem como base a nova operação da TAP para o destino africano, que se iniciou em outubro e com três voos semanais a partir de Lisboa e do Porto.
As novidades também surgiram no campo das nomeações para cargos. Cláudio Tomé assumiu, em janeiro, a função de director-geral da EC Travel, a DMC com sede no Algarve. Esta nomeação já estava a ser preparada pelo fundador e proprietário da empresa, Eliseu Correia, há algum tempo. Também no início do ano aconteceu a saída de Gonçalo Salgado, CEO da Geostar, do cargo para “enveredar por um novo caminho profissional”. Quem também deixou o cargo de diretor-geral de uma rede de agências de viagens, neste caso da Bestravel, foi Luís Henriques. A saída aconteceu em abril. Mafalda Bravo foi nomeada country manager da Ávoris em Portugal liderando todas as empresas do grupo no mercado português. Lá fora, Greg Webb foi apontado como o novo CEO da Travelport substituindo no cargo Gordon Wilson. No seguimento desta mudança, a empresa de tecnologia para a indústria das viagens definiu uma nova estrutura a nível europeu, dividindo os clientes da empresa de acordo com as áreas de negócio e volumes de produção. Com esta nova estrutura, António Loureiro, director geral da Travelport em Portugal, passou a ser o responsável pela estratégia para os clientes com maior volume de negócios dentro do GDS no sul da Europa. Ao Publituris, o responsável garantiu que em Portugal nada se vai alterar no negócio do dia-a-dia com as agências de viagens nacionais, sendo esta apenas uma alteração na gestão interna da própria Travelport. “O negócio continua, as faces de contacto no mercado não mudam, não se alteram. A gestão interna altera-se, mas os pontos de contacto são exatamente os mesmos”, bem como a continuidade dos projetos em curso, assegurou. Na velha máxima “equipa que ganha não se muda”, o responsável referiu que “Portugal continua a ser um exemplo perfeito de sucesso na relação que a Travelport mantém com os seus clientes”.
A nível internacional, 2019 ficou marcado pela falência de companhias aéreas, inclusive a da Aigle Azur, e do gigante da operação turística Thomas Cook. A falência de companhias aéreas levou a Confederação Europeia das Associações de Agentes de Viagens e Operadores Turísticos (ECTAA) a pronunciar-se sobre o assunto. A confederação alertou para a falta de proteção dos passageiros em caso de compra apenas de bilhetes de avião, exigindo a criação de um mecanismo obrigatório suportado pelas transportadoras aéreas para proteger os passageiros contra falhas nas companhias aéreas.
O tema mereceu igualmente destaque no discurso de Pedro Costa Ferreira, durante a abertura do congresso da APAVT, com o presidente da associação a propor à tutela a criação de um Fundo de proteção aos viajantes, semelhante ao que existe para as agências de viagens e operadores turísticos, que englobe a falência das companhias aéreas.
O ano terminou com o anúncio do acordo de fusão dos grupos Globalia e Barceló, do qual surgirá um novo grupo na distribuição turística com um volume de faturação de 4.000 milhões de euros, com mais de 6 mil funcionários e mais de 1500 pontos de venda.