Governador do BdP atribui falência da Thomas Cook ao sucesso das plataformas digitais. Pedro Costa Ferreira responde
O presidente da APAVT respondeu a Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, que considera que as plataformas digitais ocuparam o espaço que, anteriormente, era ocupado pelas agências de viagens.
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Foi numa carta aberta, publicada esta terça-feira, no Jornal de Negócios, que Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), respondeu ao governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, sobre as declarações que proferiu no seminário “Qualidade de Gestão, Governação e Produtividade da Economia”. Na ocasião, Carlos Costa, citado pela Lusa, considerou que a falência do operador turístico britânico Thomas Cook é a “demonstração do sucesso” das atuais plataformas digitais de marcação de voos, hotéis e carros de aluguer.
“A falência da Thomas Cook é a demonstração do sucesso do ‘booking’ [plataforma digital] e de todas as outras plataformas que ocuparam o espaço que, anteriormente, era ocupado por eles [agências de viagens]. Hoje, quem trabalha com agências é, basicamente, o setor do ‘corporate’”, disse Carlos Costa.
“Que V. Ex.ª seja convidado para um seminário sobre qualidade de gestão, depois do desempenho que se lhe conhece na regulação bancária (já agora, será que a falência dos inúmeros bancos ocorrida em Portugal, e no mundo, significa que, hoje, já ninguém vai a um banco?), será uma opção legítima de quem o convidou. Que se permita tecer comentários absolutamente inaceitáveis sobre um sector, o das agências de viagens, presume-se que enquanto governador do Banco de Portugal, já nos parece uma aberração sem qualquer sentido ou justificação”, começa por escrever Pedro Costa Ferreira.
Estabelecendo um paralelismo entre a Banca e o que sucedeu à Thomas Cook, o presidente da APAVT escreve que “falências, sobretudo de um grande grupo internacional (lembramo-nos de nomes de alguns maiores que a Thomas Cook, ligados ao sector bancário…), são expressão relativamente comum da recente globalização económica e alteração das bases do negócio” e, quando estas ocorrem, “não significa que os respectivos sectores estejam acabados, apenas expressam o natural funcionamento da economia de mercado”.
Em dois anos, lembra Pedro Costa Ferreira, “faliram trinta e seis companhias aéreas. Significa isto que estamos no limiar de… deixarmos de poder levantar voo?”, questiona. “Ainda recentemente, abriu falência a importante plataforma digital, a Amoma, indo fazer companhia a tantas outras que, entretanto, desapareceram, como é o caso da Terminal A, de tão má memória no mercado português. Antevê também, por causa disso, o terminus das plataformas digitais? Quiçá o fim das viagens? Do mundo?”, volta a questionar.
“A Thomas Cook faliu por inúmeras causas, internas e externas. Não se inclui nestas o facto de já ninguém entrar numa agência de viagens para comprar umas férias”, defende o presidente da APAVT e justifica porquê: “Desde logo porque as agências de viagens, para vender lazer, não precisam que os clientes lhes entrem pela porta dentro, por incrível e estranho que possa parecer a V. Ex.ª. Sim, as agências de viagens são um dos principais utilizadores de tecnologia e, sim, também vendem de forma digital”.
No final do artigo, Pedro Costa Ferreira recorda que o setor das agências de viagens “é dos mais regulados, tendo um fundo de protecção do cliente que se tem demonstrado bem mais efectivo do que o equivalente no sector bancário (onde os clientes andam nas ruas a pedir o dinheiro de volta!…). Sim, senhor governador do Banco de Portugal, amanhã os clientes voltarão a entrar, física ou digitalmente, nas nossas agências, mesmo depois da quebra da Thomas Cook. Arriscaríamos, sobretudo depois da quebra da Thomas Cook”.
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