Opinião | Escassez de oportunidades ou excesso de qualificações?
Leia a opinião de Ricardo Barradas, professor universitário do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (assina a coluna Economia em Ação”)
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É hoje praticamente inegável que os jovens enfrentam um mercado de trabalho bastante severo, sobretudo aqueles que procuram agora iniciar uma carreira. Na generalidade, os jovens deparam-se com a inexistência de grandes oportunidades que lhes permitam pôr em prática os conhecimentos que adquiriram durante anos. Reina a precariedade e os contratos laborais não permitem uma inserção plena na vida activa. As expectativas ficam arrasadas e para muitos a solução passa pela emigração. Em traços gerais, o país investe na formação destes jovens, os quais não conseguem devolver agora o respectivo retorno por não existirem oportunidades de demonstrarem o valor acrescentado que poderão gerar.
Várias teorias são apontadas como causas para este problema e todas elas acabam por explicar uma parte. Uns alegam que as empresas lucram pouco, dado que enfrentam maiores pressões concorrenciais e uma elevada carga fiscal, o que não deixa grande margem para efectuarem novas contratações. Outros argumentam que a rigidez do mercado de trabalho dificulta esse processo. Por um lado, as empresas não conseguem despedir os trabalhadores mais ineficientes dos seus quadros, dado os elevados custos que isso acarreta. Por outro lado, as empresas têm medo de efectuar contratações de colaboradores mais jovens, dado que futuramente poderão ter de os dispensar e com isso enfrentarem custos adicionais de despedimento. Há ainda os que reiteram que os jovens têm agora demasiadas qualificações para as necessidades do país. Várias vozes ecoam de que o país não precisa de tantos “doutores”, dado que a estrutura da nossa capacidade produtiva é caracterizada por pequenas e médias empresas que produzem produtos de baixo valor acrescentado. Ainda temos os que apontam o dedo aos sindicatos, os quais tentam proteger os trabalhadores mais antigos do sistema e, nesse contexto, promovem directa ou indirectamente uma menor protecção dos jovens. E, finalmente, existem mais uns quantos que responsabilizam o governo, dada a inexistência de políticas activas que promovam a criação de emprego. Para uns, o problema centra-se no lado da procura e na escassez de estímulos direccionados para as empresas contratarem trabalhadores mais jovens e qualificados. Para outros, o problema reside no lado da oferta e na inexistência de políticas promotoras do empreendedorismo e do auto-emprego.
Trata-se de um problema bastante complexo e que merece uma reflexão profunda, mais do que não seja porque a geração mais nova enfrenta hoje condições de vida mais difíceis apesar de ser mais qualificada e estar mais bem preparada do que a geração mais velha.
Por Ricardo Barradas
Professor Universitário
ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (assina a coluna Economia em Ação”)