Opinião | Não quero saber do Brexit, eles que se organizem!
Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, assina todos os meses a opinião “O Olhar da Distribuição”
Publituris
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O tema é o Brexit e, como sempre, temos tido em Portugal e, valha a verdade, na Europa também, que por lá abundam académicos, políticos de carreira (?), mas sobretudo burocratas incapazes, de tudo um pouco. A certeza de que não vamos ter Brexit, a certeza de que vamos ter um ‘hard’ Brexit, comissões de acompanhamento, ‘experts’, linhas de política, e até já tivemos a comunicação de que teremos filas específicas para os britânicos nas nossas fronteiras aeroportuárias, se e quando houver Brexit.
Ora, penso que devíamos estar preocupados com outras coisas. Por exemplo, com o que fazer, porque simplesmente somos um destino, ou porque somos uma região ou porque somos um sector, ou porque somos uma empresa, porque estamos em concorrência, e não porque vem aí (vem?) o Brexit.
Por outras palavras, o tema não é o que fazer se e quando houver Brexit, o tema é, simplesmente, o que fazer, quer haja Brexit, quer não haja… difere assim tanto???!!!…
Em primeiro lugar, a economia já há muito que descontou um Brexit controlado, e isso faz com que os efeitos de um Brexit controlado pouco tenham de incertos – desde o referendo britânico que a libra já desvalorizou significativamente, reduzindo o poder de compra deste mercado emissor junto de todo o mercado euro (infelizmente para nós, durante o mesmo período, a libra valorizou quase na mesma proporção relativamente à lira turca, promovendo, desse ponto de vista, a Turquia enquanto destino turístico).
Leia-se o artigo de opinião do Mário Azavedo Ferreira, num recente Publituris, e perceber-se-á que a procura já baixou, os preços dos hotéis nos january sales já baixaram, e as vendas já foram menores (afinal, o fim de ciclo que referi no último congresso APAVT seria assim um fantasma tão irreal e um raciocínio tão absurdo?).
O que acontecerá se houver um Brexit controlado? Provavelmente não muito mais, e a Libra, por ter já descontado esse acontecimento, não trará mais instabilidade. E se não houver Brexit? Pois que será certo que a Libra recuperará de forma significativa, relativamente ao Euro. Sim… e, só para dar um exemplo, relativamente à Lira Turca também…
Dito tudo isto, havendo “hard Brexit”, “Brexit”, ou “não Brexit”,
- O problema do aeroporto da Portela (cuja solução foi anunciada, mas cujas obras não começaram), tem de ser resolvido – não serve apenas os ingleses, lembram-se?
- ii) O problema no aeroporto do Funchal (a Madeira corre o sério risco de ser carimbada como destino não credível, porque não rentável, tantas as incidências de inoperacionalidade do seu aeroporto) tem de ser resolvido;
- iii) As condições da operação turística na cidade de Lisboa têm de ser debatidas com quem lhe empresta o ar de desenvolvimento, através de investimentos de risco, os empresários turísticos;
- iv) Os eventos internacionais não podem, por questões fiscais, ser 23% mais caros em Portugal do que em Espanha (perdemos eventos todos os meses), o IVA do Golfe não pode indiciar que achamos que o Golfe é para ricos. Eu até diria de outro modo, sobretudo se acham que o golfe é para ricos (não é verdade), baixem-lhe o IVA, que muito precisamos de ricos em Portugal…
- v) Mesmo que queiram fazer filas exclusivas para os britânicos, nas fronteiras aeroportuárias, resolva-se, antes disso, as filas para… toda a gente, porque as condições em que os turistas do espaço «não Schengen» nos batem à porta, no aeroporto da Portela, devia-nos envergonhar a todos;
Falar continuamente no Brexit, adivinhar a decisão final dos britânicos, desenvolver matrizes de cenários possíveis, não resolve nenhum dos nossos problemas, ajuda a que não os coloquemos, fria e racionalmente, em cima da mesa.
Desse ponto de vista, eu não quero saber do Brexit . Eles que se organizem!…
Desse ponto de vista, gostava que nos organizássemos…
Por Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, assina todos os meses a opinião “O Olhar da Distribuição”