Opinião | Este é o momento…
Leia a opinião de Mário Azevedo Ferreira, CEO da Nau Hotels & Resorts.
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Fevereiro 2019, já passaram as January Sales no Reino Unido, e os números já não enganam: teremos mesmo uma redução nas vendas de hotelaria, em volume e em preço.
Nesta fase do ano, as vendas antecipadas costumam ser muito mais elevadas em quantidade, e é certo que todos fizeram ofertas Early Booking Discount mais baixas que há um ano.
Podem fazer-se inúmeras análises; depende dos destinos, depende dos mercados, depende dos segmentos, depende da estratégia… será tudo verdade, mas no final… a menos que haja um acontecimento inesperado, vamos reduzir em volume e em preço.
Após vários anos consecutivos de crescimento, vários fatores se conjugaram para tal:
• O regresso em força dos destinos ditos “inseguros”, a preços imbatíveis – devido a fatores de produção muito baixos, e apoios estatais – fiscalidade, política monetária.
• O aumento da oferta em Portugal – novos hotéis, alojamento local -, versus estagnação da procura.
• Estagnação económica nos mercados de origem, consumidores mais sensíveis ao preço.
• Instabilidade política no RU (Brexit), desvalorização da libra, adiamento decisões de consumo.
O setor privado está a fazer a sua parte; controlar custos e reduzir preços. Disputar o mercado com Turquia, Egito, Tunísia, Marrocos, e Espanha, que começou antes de nós este processo de ajustamento. Não chega sermos melhores, termos melhor produto; temos que ser concorrenciais.
Da parte do Estado, sabemos que a SET e o TP estão a fazer tudo o que podem no âmbito das suas competências – campanhas de publicidade off e online, reafectação de verbas para o RU.
Mas as empresas vão perder negócio efetivo – menor ocupação, a preços mais baixos -, e vários são os custos que aumentam – energia, segurança, salários; seriam bem-vindos alguns sinais de apoio onde mais importa: na fiscalidade.
Este é um excelente momento para o Governo reduzir o IVA no golfe – todos os dias perdemos quota para Espanha e Belek -, e permitir aos organizadores de eventos internacionais em Portugal a recuperação do IVA dos mesmos – a exemplo do que faz a Espanha, nosso principal concorrente nesse setor.
Isso sim, seriam medidas que todos aplaudiríamos e contribuiriam para atenuar as perdas de um setor que tem sido demasiado decisivo para a economia do País para que se possa arriscar a sua rentabilidade futura.
Por Mário Azevedo Ferreira, CEO da Nau Hotels & Resorts