Estaremos a “desumanizar” o Turismo?
Leia a opinião por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
Publituris
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Hoje em dia tudo na nossa vida funciona à distância de um click. E, sem dúvida alguma, que esta é a forma mais célere, mais eficaz e eficiente para se comunicar, comprar produtos ou contratar serviços. Até aqui tudo bem, aliás, tudo ótimo. E no que diz respeito ao turismo é sobejamente conhecida a sua relação com a tecnologia, ou melhor, a adequação desta aos processos de serviços de turismo, que em muito beneficiam a experiência do viajante.
Os avanços tecnológicos impactam positivamente a competitividade das empresas, mas ao mesmo tempo, podem contribuir para eliminar a vertente humana da atividade turística, devido à dependência de dispositivos e ferramentas que afastam o homem de si mesmo.
Estaremos então a “desumanizar” uma atividade que vive, essencialmente, de relações interpessoais, de empatia ou, como está na moda, de afetos? A tecnologia deverá contribuir para o desenvolvimento da capacitação das pessoas que trabalham no turismo, e não para as substituir, digo eu!
Hoje é possível comprar um “pacote” de férias e usufruir de todos os seus serviços sem contactar, uma única vez que seja, com um ser humano.
Desde a pesquisa pelos melhores preços, à marcação, ao pagamento, ao aluguer da viatura ou do motociclo através de uma aplicação (app), até à aula que é dada por um personal trainer virtual. Toda a relação pode ser estabelecida através de meios tecnológicos e sem intervenção humana, pelo menos de forma direta.
E até mesmo o atendimento pode ser assistido, através de chatbots, que é um palavrão que junta chat (de conversa) a bot (de robot), para definir uma ferramenta tecnológica dotada de inteligência artificial e que é “treinada” para que possa compreender a nossa linguagem e assuma qual a melhor resposta/comportamento a adotar. Ou seja, ainda que queiramos questionar algo, podemos ter a responder um assistente virtual.
E no final, talvez impelido por toda esta tecnologia, o turista vai a um site de avaliação de serviços, dos muitos que hoje existem, ou coloca um post que, num ápice, se torna viral e que ninguém questiona, mas que pode arruinar todo um trabalho, esquecendo-se muitas vezes que… errar é humano!
Esta vertente tecnológica assume maior expressão no alojamento e temos no Alojamento Local um exemplo paradigmático em matéria de relações pessoais entre o prestador do serviço e o seu hóspede, uma vez que, se por um lado é um serviço que pode, todo ele, “chegar” ao seu destinatário sem qualquer contacto humano, é a proximidade, contacto e a hospitalidade do proprietário que é mais reconhecida e valorizada por quem usufrui deste tipo de oferta.
É um facto inquestionável que na utilização da tecnologia, como aliás em muitas outras áreas, o Turismo está na linha da frente, e tal não significa que estejamos no caminho errado, ou que na minha mente impere algum tipo de resistência a esta realidade. Pelo contrário, devemos aproveitar todas as vantagens da tecnologia. Veja-se como exemplo, a importância da recolha e o tratamento de informação, em tempo real, permitindo direcionar os visitantes para locais turísticos com menor afluência ou procura, instrumentos decisivos para a gestão das cidades e das suas regiões.
Encontrar formas de equilíbrio entre as inúmeras utilidades da tecnologia e a prestação de serviços de qualidade por pessoas para pessoas é o segredo do sucesso, não esquecendo nunca, que os avanços tecnológicos nem sempre significam evolução.
*Por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP)
Artigo publicado na edição de 01 de fevereiro do Publituris.