Sai um restaurante para a esquina da rua!
Leia a opinião por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
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Ninguém tem dúvidas do enorme sucesso que o Turismo tem no nosso país, e de que todos, sem exceção, dele beneficiam. Mas o que alguns nem sempre se lembram é que o Setor da Restauração e Bebidas, não só faz também parte desta importante atividade, como também representa um enorme peso para os seus excelentes resultados.
Hoje podemo-nos orgulhar de ter da melhor Gastronomia que se pratica no mundo, dos melhores e mais famosos chefs de cozinha, de restaurantes com estrelas Michelin e muitas outras distinções internacionais. Mas não nos podemos esquecer que, fora deste mundo estão milhares de estabelecimentos “anónimos”, que todos os dias lutam para sobreviver. E é aqui que começa a minha reflexão…
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), e reportando-me apenas à Restauração e Similares, em 2016 foram dissolvidas mais empresas (3.990) face às que foram constituídas (3.409), o que resultou numa redução de 581 empresas (em 2015 este saldo tinha sido positivo em 925 empresas). Já em 2017 foram constituídas 3.424 empresas e dissolvidas “apenas” 1.591 empresas. Ainda assim, cerca de metade não vingou.
E, refira-se, estes dados pecam por escassos, uma vez que não incluem a figura de empresário em nome Individual que, no Setor da Restauração e Bebidas, representa “só” cerca de 60,8% do tecido empresarial. Então o que leva a este, digamos, “fenómeno”?
Sabemos que, há umas décadas, numa altura em que o Estado começou por dispensar e pré-reformar trabalhadores de empresas públicas a troco de mais ou menos chorudas indemnizações, disparou a abertura de novos restaurantes. E este pensamento pode muito bem levar-nos à resposta que procurávamos, ou seja, existia/existe o sentimento de que, qualquer pessoa com alguma disponibilidade financeira, e mesmo sem qualquer tipo de conhecimento ou experiência na Restauração, pode abrir um restaurante e facilmente enriquecer. Ora, nada mais errado.
O negócio da Restauração e Bebidas comporta enorme complexidade e exige que na sua liderança esteja alguém com conhecimentos cada vez mais profundos, num conjunto de matérias que se irão cruzar com o seu negócio, desde a gestão, ao food cost, à área laboral, passando pelos recursos humanos, até às questões específicas da própria atividade, como é o caso das regras em termos de higiene e segurança alimentar.
É essencial dotar esses empreendedores de formação e de preparação adequadas, com conteúdos formativos específicos e obrigatórios para quem quer desenvolver e exercer a atividade de Restauração e/ou Bebidas.
E, aliado a esta componente mais técnica, devem estar também as chamadas soft skills, de que são exemplo aspetos mais pessoais / comportamentais, como a gestão do tempo, o espírito de equipa, a capacidade de comunicação, a inteligência emocional, a resiliência e a capacidade criativa para resolver problemas. E se há atividade em que as soft skills são necessárias, esta é definitivamente uma delas.
É indiscutível o contributo dessas competências para os negócios da restauração, que como sabemos melhoram, além do desempenho pessoal de cada um, o desempenho profissional, e é por isso que acredito que devem ser valorizadas e reconhecidas, com o objetivo de melhorar a performance e potenciar o desempenho dos profissionais, bem como para responder às necessidades cada vez mais exigentes dos consumidores, influenciando os níveis de produtividade e da respetiva capacidade de criação de valor acrescentado.
E depois sim, com todas as hard e soft skills reunidas, elaborar um criterioso plano de negócios e começar a aventura com os pés bem assentes na terra.
Como diz o ditame popular, só no dicionário o sucesso vem antes do trabalho mas, antes do trabalho vem também o saber, a formação e a capacitação que, seja para esta atividade, seja para qualquer outra, são essenciais para o sucesso do negócio. Digo eu…e também já dizia Confúcio que “Em todas as coisas o sucesso depende de uma preparação prévia, e sem tal preparação o falhanço será certo”.
Que saia um restaurante para a esquina da rua, mas que possa lá permanecer por longos e bons tempos, pleno de bons e muitos sucessos!!!!
*Por Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP)
Artigo publicado na edição impressa de 26 de Outubro.