“O futuro do crescimento do Turismo está relacionado com a conectividade aérea, com o aeroporto de Lisboa – uma questão que tem de ser resolvida – com a capacitação das empresas e dos profissionais e com a capacidade de sermos cada vez melhores vendedores do País”, enumera Luís Araújo, Presidente do Turismo de Portugal.
A análise foi feita no âmbito do primeiro painel que inaugurou o 30.º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo, organizado pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), a decorrer esta quinta e sexta-feira, em Lisboa, e que reuniu, além de Luís Araújo, três antigos homólogos no cargo: Luís Patrão, Frederico Costa e João Cotrim de Figueiredo, numa discussão sobre o futuro do sector.
De olhos postos no amanhã, mas sem esquecer os passos dados até ao actual momento, os bons ventos na actividade turística arrancaram elogios aos oradores. “Nos últimos 10 anos, o Turismo cumpriu com todas as promessas que fez à sociedade portuguesa” , assegura Luís Patrão que atesta que o sector está melhor preparado actualmente. “Temos um Turismo mais competente e empresas mais capacitadas. O Turismo talvez seja o mais visível unicórnio da actividade portuguesa”, prossegue.
Frederico da Costa reconhece que o maior legado do Turismo de Portugal foi “saber meter debaixo do mesmo tecto a capacidade de fazer promoção turística e de acompanhar tudo o que deve ser feito no sector”. Ainda assim, o administrador das Pousadas de Portugal expressa alguma preocupação quando olha para a frente. “Estamos a desacelerar. Não vislumbro anos negativos, mas vamos ter problemas e vamos ter maior dificuldades em crescer como crescemos nos últimos anos. Estarão as empresas preparadas para isto?”, questiona.
Novo aeroporto é desafio urgente
Luís Araújo admite que apesar dos bons resultados actuais, a volatilidade do sector é uma realidade. “A actividade turística é uma maratona e é um projecto a longo prazo. Tem ciclos e vai ter momentos não tão positivos”, assegura. O aeroporto é, para o actual presidente do Turismo de Portugal, uma questão em cima da mesa e que “tem de ser resolvida” para bem do futuro do sector. “Claramente precisamos de uma nova solução,e temos de a ter o mais rápido possível”, alerta.
O administrador da ANA – Aeroportos, e também antigo presidente do Turismo de Portugal, Luís Patrão, assegura que o “aeroporto ainda tem capacidade para crescer mais alguma coisa” até que seja construído um novo . “É importante para Lisboa manter um aeroporto aqui e criar um complementar. O Montijo é a melhor solução, não é apenas a menos má”, analisa.
A solução do outro lado do rio Tejo terá, na opinião de Luís Patrão, uma importância estratégica. ” É uma forma de sermos mais organizados e melhorarmos a nossa performance. É indispensável que se marquem prazos para que as coisas sejam resolvidas”, alerta.
João Cotrim de Figueiredo não poupou críticas ao cenário actual do Aeroporto Humberto Delgado. Os problemas com a “bagagem e com a aterragem dão uma péssima imagem e podem destruir o trabalho de anos aos olhos dos turistas”, lamenta.
Enfrentar novos desafios no Turismo
Com um caminho incerto pela frente, importa alinhar estratégias e afinar direcções no Turismo e na hotelaria. “Mais do que sabermos que tipo de oferta devemos ter é preciso saber como vendemos essa oferta. Não basta ter um site e estar na booking. É preciso criar conteúdos certos, estar nos canais certos, saber a segmentação que têm, ter uma estratégia clara do que querem vender e a quem. Há muito País. Temos de fazer crescer o interior e as zonas menos turísticas, porque é esta diversidade que nos vais permitir crescer”, refere Luís Araújo.
Também a formação de trabalhadores é outra das cartas que deve estar na manga dos profissionais do sector, alerta o presidente do Turismo de Portugal. “Cabe-nos a nós investirmos nesta formação e fidelização dos recursos humanos. A formação é algo que nos vai permitir aumentar a competitividade”, garante.
Sobre o aumento da oferta hoteleira, os oradores concordam com a criação de novos projectos, desde que sejam boas apostas. “Os hotéis que têm vindo a surgir todos os anos estão cada vez mais qualificados”, aponta Luís Patrão.
No campo do alojamento local, e da grande oferta disponibilizada, João Cotrim de Figueiredo diz que “a capacidade de escolha dos turistas acaba por levar a uma uniformização dos serviços que estão a ser prestados”.
Luís Araújo é peremptório no comentário. “O que precisamos é de bom alojamento local. O alojamento local é uma resposta à procura. O que para nós é importante é trazer e conquistar esse segmento de alojamento para dentro da legalidade”, conclui.