The Economist A importância do Turismo
Leia a opinião por Vítor Neto, Empresário e Gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve.
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The Economist, prestigiado semanário inglês, referência mundial para um universo económico que não brinca em serviço, editou um vídeo em que sintetiza a importância e a rápida transformação que está a envolver o setor turístico internacional. Acho oportuno referi-lo aqui porque, às vezes, um sinal vindo de fora pode ajudar-nos a refletir melhor sobre o que somos.
O conteúdo do vídeo confirma os dados de fundo e os desafios que temos repetidamente referido, mas que de uma maneira geral são subestimados por diferentes atores, que não conseguem libertar-se das prioridades de curto prazo.
Neste The changing face of tourism, o The Economist, na prática não revela nenhum segredo, apenas confirma, com a autoridade que deriva da sua credibilidade no universo empresarial, alguns dados estruturantes do Turismo. Já sabíamos que nos últimos 70 anos o número de turistas internacionais aumentou cerca de 50 vezes (de 25 para 1300 milhões). Como sabíamos que o Turismo dá um contributo de 8 triliões de dólares para a economia mundial e que representa 10% do emprego. O que o vídeo confirma é a perspetiva de que o crescimento das classes médias das economias emergentes vai contribuir para transformar o turismo mundial.
Neste momento, o maior número de turistas a nível mundial – e os que mais gastam – já são os chineses, que ultrapassaram os americanos. Chineses que em 2030 representarão 25% do turismo mundial, sendo o seu principal destino a vizinha Tailândia. Confirma também, como já sabíamos, que a Europa vai continuar a ser o primeiro destino do turismo mundial e que os seus principais clientes continuarão a ser os europeus. E isso vale também para Portugal.
A primeira ilação que retiro da divulgação deste vídeo é o seu significado: enquanto em Portugal continua a haver responsáveis políticos, empresários, comentadores que persistem em subestimar e até em ignorar o «turismo» e o seu papel no desenvolvimento económico e social, a nível internacional os atores relacionados com os grandes interesses económicos globais – como o The Economist – valorizam-no e dão-lhe a máxima atenção, apontando um futuro promissor. É que eles sabem muito bem que, entre os países com maiores receitas no turismo internacional (exportações), encontram-se os mais desenvolvidos e mais ricos do mundo. Em primeiro lugar, os Estados Unidas da América.
A segunda ilação é que em Portugal não podemos desistir da batalha cultural, ideológica e política sobre a importância e o papel do Turismo na estrutura económica nacional, e de combater superficialidades e preconceitos. Nenhum português responsável ignora que o país precisa de todos os outros setores económicos e que seria errado pensar que podemos ter sustentabilidade económica e social só com Turismo.
A terceira ilação, a mais importante, é que, sendo evidente que o Turismo internacional vai continuar a crescer e que as grandes tendências já estão apontadas, isso exige que Portugal – um pequeno mas valioso destino – num quadro de maior concorrência, tenha de se preparar para enfrentar as novas batalhas que já aí estão. E isso não se faz navegando à vista, cavalgando sucessos momentâneos em cima de conjunturas favoráveis na ilusão de sucessivos “melhores anos de sempre”.
Os dados objetivos permanentes que condicionam o desenvolvimento do Turismo são evidentes. O primeiro é a estabilidade económica, política e social dos mercados emissores e o dinamismo dos seus meios de mobilização e transporte. Exemplos recentes: as consequências já visíveis em Portugal do Brexit e da recente falência de várias companhias aéreas. Um outro dado incontornável é a ação dos nossos concorrentes diretos em ofertas, preços baixos, etc. Exemplos recentes também não faltam. Iludem-se os que em Portugal acham que basta ganhar «prémios», estar nos primeiros lugares dos «rankings» e ser «os melhores do mundo» para ter sucesso. E depois têm dificuldade em perceber porque não se cresce sempre e da mesma maneira todos os anos.
A nossa resposta permanente deve ser clara. Em primeiro lugar, termos uma oferta inovadora, de qualidade e diferenciada no país e em cada região, pensando nos potenciais setores de procura. Tudo isto no quadro de uma estratégia integrada e de uma atuação regular, coerente. O estarmos a crescer não é prova suficiente de que a tenhamos.
Repetindo o que tenho dito: esta visão exige uma clara definição de objetivos e prioridades e a afetação de meios proporcionais às reais potencialidades do país e de cada região. E, claro, uma direção política efetiva, nacional e regional. Além de questões muito urgentes. Sublinho apenas duas: é muito difícil pensar em crescer em turismo, por exemplo em Lisboa e no todo nacional, sem resolver o problema do maior aeroporto do país, cujo adiamento demonstra, como tenho afirmado, a incompreensão da importância do Turismo na Economia. E já agora podíamos acrescentar outro exemplo: os problemas da mobilidade no Algarve, o maior destino e o principal gerador de receitas turísticas do país.
A iniciativa do The Economist contribui para a valorização do turismo. Cabe a nós refletir sobre a sua concretização.
*Por Vítor Neto, Empresário e Gestor, presidente do NERA, Associação Empresarial da Região do Algarve
Publicado na edição de 17 de Agosto do Publituris.