Opinião | Portugal e a Eurovisão: até sempre!
Leia a opinião de Jorge Mangorrinha, docente do Departamento de Turismo da Universidade Lusófona.
Publituris
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O País viveu com um trauma desde meados dos anos 60, mas curou-se no ano passado. Devido à vitória na Eurovisão, estas cantigas também estão, hoje, na ordem do dia e do Turismo de Lisboa. Era previsível o sucesso da organização deste Festival que, antes, nunca se quis ou se pôde conquistar. Esse sucesso, bem como a territorialização do evento, foi previsto no estudo que coordenei, no quadro da docência na Universidade Lusófona, antes de a obra-prima de Luísa Sobral (e Luís Figueiredo) ter nascido e da internacionalização do carisma de Salvador Sobral, bem como antes de a RTP imaginar ser isto possível. Não foi só Lisboa que ganhou. A Eurovisão também, pelo facto de a capital portuguesa motivar curiosidade e ser, decididamente, uma cidade de eventos e não uma cidade com eventos.
Longe está a primeira vez em que Portugal foi a jogo. Em 1964, a iniciativa teve o patrocínio do SNI, o que nunca mais sucedeu por parte dos serviços de Turismo do Estado. Lembre-se que, no ano precedente, o governo português recebeu um aviso da comunidade internacional, quando a nossa delegação foi expulsa da Conferência das Nações Unidas sobre o Turismo e as Viagens Internacionais (Roma, Setembro de 1963), por se considerar que em Portugal se violavam os princípios da Carta das Nações Unidas, devido ao confronto colonial.
Portugal na Eurovisão visava acertar agulha com a Europa, embora o Ultramar fosse o centro de gravidade da política externa portuguesa. No continente europeu, o futebol e o cinema faziam mais pelo nome de Portugal do que a música, mas importava (en)cantar lá fora. Internamente, a geografia do Turismo começou a conhecer uma transformação e passou a haver mais procura por parte dos estrangeiros, mas o ambiente internacional continuava adverso ao nosso País. Há 50 anos, precisamente no ano da criação da Direcção-Geral do Turismo e do Publituris (1968), até se levou o “Verão” português à Europa.
Mais de cinco décadas depois desse começo e com uma história em que poucas vezes a promoção turística andou de mãos dadas com a música, o Festival Eurovisão da Canção permitiu que, agora em Lisboa, o consórcio formado apresentasse uma organização distinta, a partir de uma abordagem integrada e holística, que estabeleceu uma relação clara entre a cidade e o evento. É certo que nem todos os que podiam ser integrados o foram pela RTP mas, tal como a vitória em Kiev coube essencialmente à criatividade e à diferença da canção portuguesa, também o sucesso da organização se suporta na conveniência dos comitentes e até do orgulho do público (agora mais interessado por este tema).
Há uma visão a longo prazo nesta oportunidade, que perdura para além do evento. Dos mais de 30.000 visitantes, espera-se que muitos voltem ou passem a palavra. E há, potencialmente, um efeito de apreço dos 200 milhões telespectadores, porque a grande visibilidade e a cobertura mediática contribuem fortemente para a divulgação da cidade e do país. Mesmo que parte da população portuguesa o considere “kitsch”, as oportunidades resultantes deste evento em Lisboa estão muito para além desta faceta e são um factor de dinamismo do Turismo internacional. E servem, com certeza, para uma nova abordagem destas representações e da imagem exportada, por parte da RTP e do Turismo de Portugal, designadamente.
A Universidade fez a sua parte, pioneira e até visionária.
* Por Jorge Mangorrinha, docente do Departamento de Turismo da Universidade Lusófona