“Não vamos deixar de ter procura por causa da abertura de outros destinos”
Em entrevista de início de ano, que ainda se espera de crescimentos expressivos, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, não acredita que o mercado inglês decresça para Portugal, apesar do Brexit estar cada vez mais próximo. Também não é expectável que Portugal perca turistas com o ressurgimento de destinos concorrentes. Quais são as expectativas… Continue reading “Não vamos deixar de ter procura por causa da abertura de outros destinos”
Carina Monteiro
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Em entrevista de início de ano, que ainda se espera de crescimentos expressivos, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, não acredita que o mercado inglês decresça para Portugal, apesar do Brexit estar cada vez mais próximo. Também não é expectável que Portugal perca turistas com o ressurgimento de destinos concorrentes.
Quais são as expectativas para 2018? Vai ser possível continuar a crescer ao ritmo que o Turismo cresceu em 2017, na casa dos 8% (hóspedes), 7,1% (dormidas) e 19% (receitas), dados até Outubro?
O nosso plano é a longo prazo. Os nossos objectivos estão inscritos na Estratégia 2027. Quanto mais depressa atingirmos esses objectivos, melhor. Penso que vamos manter algum crescimento ainda em 2018, não sei dizer quanto, e depois vamos começar a estabilizar estes crescimentos até atingir a meta dos 26 mil milhões de receitas turísticas e dos 80 milhões de dormidas em 2027. O que destaca destes resultados de 2017? Tem-se falado do maior crescimento que está ocorrer fora da época dita alta. Penso que o importante é o aumento fora das épocas altas e o crescimento nas regiões menos tradicionais, o que demonstra que estamos a conseguir estruturar produto em rede e a conseguir que as pessoas não fiquem só num local e viajem por vários locais. É nisso que estamos a apostar: crescer em épocas baixas e crescer em regiões não tão conhecidas.
O Reino Unido é o principal mercado emissor de turistas para Portugal e está com um crescimento acumulado, até Outubro, de 2%, abaixo do crescimento de outros mercados. Como é que estimam o comportamento deste mercado em 2018, sendo que estamos a caminho da saída do Reino Unido da União Europeia?
Vamos olhar para o copo meio cheio. Estamos a diversificar mercados, estamos a crescer em mercados que não eram mercados tradicionais de Portugal e estamos a conseguir chegar a segmentos que não estávamos a captar para Portugal de uma maneira coerente, como o Turismo Religioso, Enoturismo, Cycling& Walking, e o Surf também está a captar mais mercados do que tínhamos previsto antes. Ainda assim, o mercado do Reino Unido subiu, apesar de ser aquele que maior quota tem, conseguimos aumentar.
Muito pouco. 2%.
Sim, mas a base também é maior. Penso que o mercado inglês vai continuar a ser o mercado prioritário. Temos dado muita atenção ao mercado inglês.
De que forma?
Tem havido um estreitamento de relacionamento com os operadores, através de eventos que se fizeram. O relacionamento que temos também com os agentes do sector no Reino Unido tem sido cada vez mais produtivo. Graças também ao papel que a delegação do Reino Unido está a fazer. A campanha que fizemos especificamente no Reino Unido por causa da Agência Europeia do Medicamento. Têm havido algumas iniciativas que nos permitem ter confiança relativamente ao futuro em relação ao mercado do Reino Unido. Julgo que os resultados vão ser muito positivos em relação a este mercado. Também é importante percebermos o crescimento deste mercado nas outras regiões, além do Algarve. Tem sido positivo, mas claramente ainda exige um esforço relativamente à promoção das várias regiões e dos vários produtos que existem para fazer nesses destinos. É nisso que vamos apostar para os próximos anos.
Estamos a falar de que regiões?
Estamos a falar do Alentejo, do Norte, Centro, Madeira. Acredito que o mercado inglês pode ainda ter margem para crescer nestes destinos.
Os crescimentos obtidos nos mercados dos EUA, Brasil e Polónia estão a compensar os crescimentos menos expressivos em mercados tradicionais como o Reino Unido e Espanha?
Não confundamos crescimentos absolutos com crescimentos relativos. Estamos a crescer em todos os mercados. Isso é um dado adquirido. Se falarmos em crescimentos percentuais, obviamente, com uma base maior, o crescimento é menor. Creio que não é uma questão de compensação, mas sim de atingirmos um dos nossos objectivos, que era a diversificação de mercados. Obviamente, baseado numa diversificação da malha aérea, como é lógico. Considero também que é resultado da análise que existem mercados prioritários e principais, mas não podemos fechar a porta a nenhum mercado e temos de saber aproveitar as oportunidades neste tipo de mercados. Portanto, não uma compensação, há uma distribuição maior e há uma demonstração de que não podemos fechar olhos, ou não prestar atenção a mercados potenciais.
Qual é o balanço que faz da operação da Beijing Capital Airlines?
Tem corrido bem. As informações que temos da companhia são muito positivas. Estamos contentes, porque tem permitido crescer num mercado que era importante e que continua a ser importante e em vários segmentos, não só na operação turística, mas também nas reservas directas (dito pela companhia), o que significa que há uma curiosidade e um aumento de interesse pelo destino, mesmo por parte de clientes directos. O que nos faz procurar reforçar a nossa presença, do ponto de vista da imagem do País, dentro daquele mercado. Daí a importância da presença, não só nos canais digitais chineses, mas também a forma como nos apresentamos. O facto de estarmos em conjunto com a Federação Portuguesa de Futebol, em promoção no País, tem ajudado muito a alavancar a imagem de Portugal.
Estão em conversações para aumentar o número de ligações?
Acreditamos, desde o início, que há um potencial grande para aumentar as ligações, não só pelo relacionamento que existe entre Portugal e China – somos um dos países onde há mais investimento chinês na Europa – mas também por este aumento do interesse e da curiosidade por Portugal. Creio que há muito interesse em manter a operação, tanto de um lado como do outro.
Além do mercado chinês, estão a estudar ligações a outros mercados do Oriente?
Estamos a trabalhar em várias frentes, porque não podemos apostar na abertura de ligações e não apostar na segmentação, no direccionamento da mensagem que queremos passar do País para aquele mercado. Este é um trabalho em paralelo. Diria que há países em que nos estamos a focar bastante, também decorrente das viagens da Secretária de Estado do Turismo ao longo de 2017, que permitiram abrir algumas portas. Na Ásia, a Coreia do Sul, novamente com a questão do Turismo Religioso e do Turismo Cultural, pode ser um mercado muito interessante para nós. Com o Japão já tivemos em 2017 a experiência dos voos charter, que correram muito bem e vamos continuar a apostar. Estes dois países são aqueles em que temos claramente apostado mais. Mas este trabalho, mais uma vez, faz-se em paralelo e em conjunto. Não podemos querer ter ligações directas e depois a imagem do País não corresponder aquilo que queremos, ou não sabermos exactamente a quem dirigir a mensagem. O conhecimento que temos hoje desses mercados e a presença que temos na região é importante e a nossa delegação na China tem dado um apoio muito grande para estas regiões. Mas acredito que possa haver boas notícias para estes mercados em 2018.
Em suma, quais são os mercados de aposta para 2018?
Em equipa que ganha, não se mexe. Temos dado provas de bons resultados. A diversificação, o maior conhecimento destes mercados novos pode ser muito positivo. Vamos ter um reforço de algumas equipas no estrangeiro, a começar já pelos EUA, em que vamos ter uma nova delegada. Isso vai permitir-nos, mais uma vez, estando lá, segmentar um pouco mais e ir à procura de turistas que claramente não estávamos a atingir. O relacionamento com a Virtuoso tem sido muito importante no segmento de luxo. Vamos trabalhar ainda mais os produtos Cycling e do Walking no mercado americano, e o Turismo Religioso, nomeadamente o Judaico, também é um mercado que queremos trabalhar mais dentro dos EUA. Vamos continuar nesta aposta, mas não da mesma maneira que até agora. Inovando sempre e, com base no conhecimento que temos e também com base no conhecimento que existe hoje do nosso País nestes mercados, vamos aproveitar para aprofundar mais e direccionar mais a mensagem.
Olhando para as tendências internacionais do Turismo, vemos que há mercados a ressurgir, como o Egipto, a Turquia e Tunísia. Isso deve preocupar-nos?
Qualquer concorrência deve preocupar-nos, incluindo aquelas que também estão a correr bem agora. Mas uma coisa é preocupar-nos, estarmos atentos e sabermos competir com esses mercados. Quando digo competir, muita vezes não é nos mesmos segmentos e nos mesmos mercados, mas estarmos atentos e fazer com que a nossa oferta seja competitiva relativamente a esses mercados. Outra coisa, completamente diferente, é dizermos que estamos a beneficiar pela quebra ou pela redução de operações nesses destinos. Aí perdemos todos. Perde o Turismo, em geral, porque a insegurança afecta aqueles que viajam para esses destinos, mas afecta também os que viajam para os nossos. Estamos a sentir que há crescimentos nesses mercados, o que é positivo, porque é sinal que as pessoas estão a ganhar confiança no sector turístico e no sector das viagens. Essa é a mensagem principal.
Mas se estes mercados ressurgirem não vamos deixar de ter turistas por causa disso?
Não, não vamos deixar. O conhecimento que hoje existe sobre Portugal – de Janeiro até Setembro de 2017 tivemos 25 mil notícias sobre o nosso País e as várias regiões -, o facto de estarmos como destino preferencial em algumas publicações e de estarmos a alcançar este grau de maturidade, de detalhe e especificidade (saiu agora uma publicação em que somos destino preferencial nos EUA para casamentos) é muito positivo. Não é pelo facto de abrir um novo destino ou por destinos que decresceram, aumentarem, que vamos deixar de ter procura. Obviamente, que o mercado não é infinito, mas há cada vez mais pessoas a viajarem, há cada vez mais pessoas a virem para este destino.
Que impacto tem a conquista de Melhor Destino do Mundo?
Penso que traz um impacto muito positivo, principalmente do ponto de vista da visibilidade. Considero que esse foi um dos pontos muito bem trabalhados em 2017, na sequência também do trabalho efectuado em 2016. O aumento da visibilidade e do conhecimento sobre o País tem sido muito positivo. Esta circunstância de sermos o Melhor Destino do Mundo, da Madeira ser o Melhor Destino Insular, de Lisboa ser o Mellhor Destino de City Breaks, de sermos o Melhor Destino de Golfe e Praia vamos aproveitar numa perspectiva promocional e de visibilidade durante o próximo ano.
Face aos problemas de saturação do aeroporto de Lisboa e ao impacto que isso tem na chegada de mais turistas a Portugal, concorda que é preciso aumentar a estada média dos turistas em Lisboa e em Portugal?
Concordo, mas esse é um argumento com e sem aeroporto. Sempre dissemos isso. Um dos grandes objectivos é que as pessoas entrem e fiquem mais tempo, e além de ficarem mais tempo, conheçam mais do território. Daí a necessidade de haver ofertas integradas, a aposta em produtos que toquem vários pontos do País, como o Cycling & Walking, o Turismo Cultural, o próprio surf permite-nos viajar de Norte a Sul. O aeroporto é necessário. Precisarmos de um aeroporto é uma questão que penso que já é um não assunto. As coisas estão encaminhadas, os timings definidos, julgo que há interesse de todas as partes para que se chegue a uma conclusão o mais depressa possível. Turismo Interno e
Regiões
Quais são os resultados da campanha ‘Ponha Portugal no Mapa’, destinada à promoção do Turismo Interno?
A campanha foi desenvolvida depois de, durante muito tempo, não termos pensado no Turismo Interno, ou melhor, julgarmos que o Turismo Interno é um dado adquirido. Não é. O ‘Ponha o Portugal no Mapa’ foi o início de uma série de iniciativas que queremos continuar a desenvolver e que permitem mostrar o País como um todo, as várias regiões, mais uma vez, mostrando os produtos que tocam vários territórios. Correu bem, na perspectiva da visibilidade e do interesse das pessoas. Mas não é uma uma campanha que se esgote no momento, é uma campanha que tem de ser reforçada e vamos fazê-lo este ano, com esse objectivo. O Interior é uma segunda preocupação dentro do estímulo do Turismo Interno. Sabendo nós da preferência que existe do turista nacional pelas regiões não tão turísticas dentro do País, maior razão para apostarmos nestas regiões. Hoje, temos uma oferta consolidada e muito positiva nestas regiões, nomeadamente no Centro, Norte, Alentejo e Açores, que tem demonstrado esta curiosidade e apetência. Vamos continuar este ano, temos previstas algumas iniciativas, mas claramente que é algo que tem de ser mais cuidado e a que tem de ser dada atenção. Veja-se a criação da equipa do Interior dentro do Turismo de Portugal, com o objectivo de que esteja em permanente ligação com o território, com as Entidades Regionais e que permita trazer um pouco dessa experiência do território para a área da promoção dentro do Turismo de Portugal.
A região Centro está fragilizada devido aos recursos que foram destruídos neste território pelos incêndios. Vai merecer uma atenção especial?
A região Centro tem merecido uma atenção especial, não só na perspectiva de promoção. Desde o primeiro dia, uma das nossas principais actividadades foi tentar, quando este tipo de acontecimentos aconteceram, minorar o impacto dessa comunicação, porque é dramático. Ainda há pouco tempo disse: o ano de 2017 foi muito bom, mas foi muito duro, nessa perspectiva. Procurámos fazer com que a actividade económica, sobretudo o Turismo, que é tão sensível a estas coisas, não se ressentisse para o futuro e acreditamos que conseguimos, tanto que a Região de Turismo do Centro teve taxas de crescimento expressivas em 2017. Mas claramente houve uma actuação, não só na questão da prevenção e menorização dos efeitos destas mensagens no exterior. Em segundo lugar, houve uma aposta grande em produtos e regiões que, apesar de serem vizinhas, viram-se afectadas; e uma terceira linha de actuação que tem a ver com os apoios directos às empresas que foram afectadas (Linha da Apoio à Tesouraria, Linha de Qualificação da Oferta e da Valorização do Interior). Houve um trabalho que foi feito em 2017 e que vai continuar em 2018. Tanto que, por indicação da secretária de Estado e do ministro da Economia, foi criada uma equipa específica para o Interior. Ou seja, pegando no conhecimento e nas necessidades que surgiram destes eventos, tentar extrapolar isso para outras regiões e tentar fazer com que essas regiões se desenvolvam cada vez mais no sentido de uma oferta estruturada, mas nas várias vertentes: com inovação, com estímulo ao empreendedorismo, com formação e capacitação dos recursos humanos cada vez maior e mais direccionada. É uma mudança de paradigma, mas uma mudança de paradigma positiva, e que nos vai fazer crescer em todo o território. O facto de estarmos a dar atenção ao Interior e de estarmos empenhados em que haja crescimentos cada vez mais expressivos, falo não só de turistas, mas mais produto para oferecer, mais empresas estabelecidas no território, maior fixação de populações, vai ser extremamente positivo para todas as regiões, incluindo aquelas mais desenvolvidas.
Turismofobia
Como é que olha para estes fenómenos da Turismofobia que já se começam a sentir nas grandes cidades? Como é que isto se resolve?
Não podemos lutar contra as opiniões, contra os factos sim. Não podemos comparar o que não é comparável. Não podemos comparar Lisboa e Porto com cidades como Barcelona, que tem cinco vezes mais turistas do que Lisboa, na mesma área metropolitana. Isso não significa que não estejamos atentos e que não tenhamos plena consciência que a atractividade de Portugal, de Lisboa e do Porto em concreto, é também a sua autenticidade. É, por isso, que um dos objectivos da Estratégia é que as pessoas residentes nestas cidades, e falamos dos grandes centros urbanos Lisboa e Porto, estejam satisfeitas com a actividade turística e acreditem que a actividade turística traz emprego, ajuda a economia, cria postos de trabalho, mantém uma cidade mais segura, mais limpa, preserva o património. O que tem acontecido hoje em Lisboa e no Porto em muito se deve ao crescimento do Turismo nestas cidades. Isso é que tem de ser valorizado. Estamos atentos a estas questões de equilíbrio entre turistas e residentes. Foi nesse âmbito que lançámos a linha de financiamento destinada a apoiar projectos de sustentabilidade no Turismo, com 10 milhões de euros, para apoiar projectos de sustentabilidade social que se desenvolvam nestes centros urbanos. É uma demonstração de que não queremos que aconteça o mesmo que noutras cidades. Mas estamos longe de estar nessa situação.
A proposta do PS de regulação do Alojamento Local não é um sinal de Turismofobia?
Existem variadíssimas opiniões. De facto, a questão do Alojamento Local está em discussão. Passaram já alguns anos desde a aprovação da legislação sobre o Alojamento Local. Faz sentido que haja uma revisão. Confio que a revisão vai ser no sentido de não constrangir ou eliminar uma actividade que tem sido tão proveitosa para o País. Mais uma vez, tem criado emprego, tem gerado tanta riqueza para a economia em todo o território, não só em Lisboa e no Porto. Acredito que haja interesse em que esta actividade se mantenha.
Eventos 2018
Qual é o impacto da realização do Festival Eurovisão em Lisboa? E qual é a participação do Turismo de Portugal?
Claramente é um evento em Lisboa. Essa é a primeira mensagem. É um evento em época considerada quase alta, Maio. Isso não significa que não tenhamos consciência do impacto que isto tem a nível mundial, não só na Europa, veja-se a participação da Austrália, que é também um mercado que nos interessa, portanto estamos a falar de quase 200 milhões de espectadores deste evento, além da quantidade de media – estamos a falar à volta de 1500 jornalistas segundo os últimos dados – que vêm a Portugal só por causa do festival, que podem ser replicadores da mensagem daquilo que Portugal é hoje. Interessa-nos esta janela de oportunidade e temos estado a falar, desde o início, com a RTP, que é quem está a organizar o festival, para ver de que forma podemos potenciar, mais ainda, a imagem de Portugal e das outras regiões, não só de Lisboa, junto destes três segmentos: os jornalistas, as equipas concorrentes, que também podem ser replicadores da mensagem; e os 200 milhões que assistem ao evento.
Portanto, o Turismo de Portugal vai garantir que existem essas contrapartidas no apoio ao evento? Estamos a trabalhar em conjunto para que exista uma maior visibilidade do País e uma grande visibilidade das outras regiões, e não só de Lisboa.
Vamos ter o Web Summit pela última vez em 2018?
Vamos ter o Web Summit em 2018. Isso é um dado adquirido.
Devemos estar preocupados com isso?
Que a Web Summit trouxe muito para Portugal, isso não temos dúvidas. Falo numa perspectiva de visibilidade, como destino turístico, mas também numa perspectiva de crescimento do País. O nosso trabalho, dos últimos dois anos, no Turismo 4.0 tem sido também muito estimulado pelo papel do Web Summit e por esta concentração de inovadores e startups em Portugal naquela época. Considero que, também é nosso papel olharmos para outros eventos que podem ser interessantes e que estão a acontecer já em Portugal, estimulando o seu crescimento. Estamos a apoiar 63 eventos em 2018 através do nosso programa de captação de eventos. Isto é sintomático daquilo que queremos mostrar como País: um Portugal diverso, inclusivo, em que tanto se pode fazer um evento para 70 mil pessoas, como o Web Summit, como um casamento para 100 pessoas de um casal chinês. É esta diversidade e capacidade que Portugal tem de acolher todos que é importante mostrar.
Recursos Humanos
Estamos a formar recursos suficientes para a procura do mercado?
Não.
E como é que vamos resolver isto?
Essa é a pergunta de um milhão. Temos trabalhado muito, não só com as 12 escolas do Turismo de Portugal, mas também com as associações, com a Academia, o IEFP. Cada vez mais é importante percebermos que só o trabalho de todos vai permitir duas coisas: Primeiro, e é a pedra de toque para esta necessidade, é a valorização das profissões no sector, para conseguirmos atrair cada vez mais pessoas de outras áreas e de outros países até. Por outro lado, a capacitação e a formação dos recursos que já estão no sector e dos que querem entrar. Temos de jogar nos dois campos do tabuleiro. Como é isso se faz? Com todos. E quando digo com todos, é mesmo todos. Tem de haver uma mentalização de todos, principalmente na valorização das profissões.
Mas a valorização das profissões também se faz pela via monetária?
Totalmente. Mas uma coisa está ligada à outra. O facto de apostarmos na formação e na qualificação dos recursos, é também nessa perspectiva. Penso que, já há essa consciência dos empresários da importância dos recursos humanos no resultado final das empresas. Esse resultado como se vê, as receitas aumentaram pouco mais de 19% em 2017, é cada vez melhor. Portanto, se há um reconhecimento de que as pessoas têm um efeito directo no bottom line, tem que haver um reconhecimento desses empresários de que eles podem também contribuir mais para a empresa e que obviamente têm de ser melhor remunerados em determinadas situações.
Qual é o papel do Turismo de Portugal neste processo?
O papel do Turismo de Portugal é conciliar, chamar a atenção, valorizar as coisas que estão a ser bem feitas. Penso que o Turismo de Portugal, modéstia à parte, tem feito um trabalho notável, tanto que estamos na short list para ganhar o prémio Inovação da Organização Mundial do Turismo, na FITUR, a concorrer com o nosso programa de formação das nossas escolas. Mas depois temos outros programas, a abertura das escolas ao empreendedorismo, com a preparação e ajuda que está a ser dada aos empresários na área digital. Tudo isto está a contribuir e a deixar uma mensagem de que esta aposta na formação é importante.