Turismo Voluntário pode ajudar Portugal a renascer das cinzas
Por Antónia Correia, directora da Escola de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia.
Publituris
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Os fogos em Portugal queimaram mais de 400 mil hectares de janeiro a outubro, segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), prepassando uma imagem de insegurança e devastação que inviabiliza a dinamização dos distritos afetados enquanto destinos turísticos.
A Universidade Europeia realizou uma prospeção da imprensa internacional e ouviu os especialistas em Turismo que podem ajudar a desenvolver uma estratégia de recuperação dos locais mais devastados.
A imprensa internacional publicou, durante o mês de outubro, mais de 5000 notícias sobre os fogos em Portugal. Grande parte das notícias relacionam os incêndios em Portugal com os ocorridos em Espanha, diluindo de alguma forma o ónus de catástrofe nacional. Imagens de Portugal e de Espanha convivem lado a lado, com menções muito explicitas sobre o número de mortes e relacionando os incêndios com acidentes naturais decorrentes das altas temperaturas. Outras notícias exigem a prisão dos “incendiários terroristas”. A tónica da imprensa internacional é colocada no flagelo social, sendo muito poucas as imagens que denunciam a destruição de paisagens de valor único, ainda que os retratos de floresta carbonizada tenham circulado por todo o mundo. A segurança do território é também um tema pouco aflorado na imprensa e totalmente desmistificado pelos especialistas consultados.
Assim, para Metin Kozak, especialista em marketing turístico, as imagens devastadoras vão ser facilmente esquecidas, não comprometendo a conotação de destino seguro que Portugal já possui. Também Myriam Verbeke, especialista em património e cultura, defende que a destruição provocada pelo fogo dura muito pouco na memória das pessoas. No entanto, e para que as repercussões sejam minimizadas, é urgente devolver aos mercados a confiança no País. Este trabalho passa pela promoção, mapeamento de áreas seguras e o desenvolvimento da arte de bem receber, permitindo acelerar a recuperação das terras e das gentes bem como a confiança de potenciais visitantes. Por outro lado, Juergen Gnoth, especialista neozelandês em comportamento do turista e que convive com desastres naturais frequentemente, explica que a devastação dos locais afetados afasta o Turismo, mas que a criação de atrativos turísticos em torno dos desastres naturais permite potenciar de forma rápida a sua recuperação.
Desta forma, já em outros locais tambem vitimados pelas forças da natureza estabeleceram-se programas solidários de recuperação governamental e que surgem como forma de dar resposta a estas catástrofes naturais. Por isso mesmo, os planos de gestão de crise são lançados em países com maior probabilidade de ocorrência de catástrofes naturais e são desenvolvidos por grandes investigadores em Turismo, revelando as melhores formas de comunicar e lidar com a situação, reforça Simon Hudson, especialista em Turismo e Hospitalidade.
Das diferentes opiniões recolhidas pela Universidade Europeia, mais ou menos otimistas, a realidade é que a paisagem negra que impera no centro do país impõe recuperação imediata e, até à sua reflorestação, só é passível de ser visitada caso se altere o paradigma turístico e se aposte na visita solidária. Apostar no Turismo voluntário em tempo de catástrofe nacional é legítimo e adequado. Promover e incentivar o Turismo voluntário, eventualmente inserido em programas Erasmus, pode ser inclusive uma forma de acelerar a recuperação das paisagens e devolver a esperança a estas populações.
*Por Antónia Correia, directora da Escola de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia.
Artigo publicado no Publituris de 10 de Novembro.