Pedro Machado “Incêndios de Pedrogão Grande e do Pinhal Interior: e agora?”
Leia a opinião por Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal.
Publituris
Viagens mantêm-se entre principais gastos de portugueses e europeus, diz estudo da Mastercard
Álvaro Aragão assume direção-geral do NAU Salgados Dunas Suites
Lusanova e Air Baltic lançam “Escapada ao Báltico” com voos diretos
Conheça a lista de finalistas dos Prémios AHRESP 2024
Transavia abre vendas para o inverno e aumenta capacidade entre Portugal e França em 5%
FlixBus passa a integrar aeroporto de Lisboa na rede doméstica e internacional
Aeroporto de Congonhas lança programa de incentivo a voos sustentáveis
Icárion lança programação de cruzeiros fluviais para o verão e feriados de dezembro
CEO do Pestana Hotel Group mostra-se “contra toda a taxa turística”
Turismo do Alentejo e Ribatejo une-se à APAVT para potenciar turismo regional
Tradicionalmente, o Verão é a estação do ano onde se regista o menor número de acontecimentos com relevante interesse para os media. Considerada a época de eleição de férias, para miúdos e graúdos, as empresas, associações e instituições, vêm diminuídas a sua capacidade crítica, e o tratamento de dossiers mais delicados fica numa espécie de letargia, sendo, na sua maioria, e dependendo da respetiva urgência, “empurrados” para setembro.
Em 2017 foi, no entanto, uma exceção à regra, e um Verão quente, a todos os níveis. Ainda que, maioritariamente, dominado pelo tema dos incêndios, este ano a problemática agravou-se com a tragédia de Pedrogão Grande. Em particular, no que respeita ao setor turístico, a preocupação da Turismo Centro Portugal e da Agência Regional Promoção Turística foi, desde logo, fazer o levantamento junto dos municípios, das empresas e dos empresários, dos principais danos, bem como, da informação que considerassem relevante sobre as ações por eles consideradas como prioritárias nos seus territórios, de modo a que fosse possível estruturar, de forma mais realista e eficaz, um Plano Estratégico de Ação.
Neste grupo de trabalho estiveram envolvidos, para além da Turismo do Centro, o Turismo de Portugal e a Associação das Aldeias do Xisto, tendo sido assumido, desde o primeiro minuto, a vontade de restabelecer a normalidade dos territórios atingidos, bem como, a operacionalidade por parte dos agentes económicos. Uma das principais medidas foi a de diligenciar junto de operadores nacionais e internacionais, bem como, órgãos de comunicação social, um conjunto de medidas que minimizassem os impactos negativos da catástrofe que assolou o nosso território. Neste âmbito, foi preparado um Plano de Comunicação, junto dos mercados interno e externo, bem como, um conjunto de medidas de envolvimento dos diferentes stakeholders. Destaque para a campanha “Encontre-se com o Centro”, na rede de outdoors e de muppies da TCP, com o apelo à visita a este território; o “Faça um Plano pelo Centro de Portugal”, promovido pelo TP (envolvendo conceituados realizadores portugueses); ou o suplemento “A Magia do Xisto” na Revista Visão, uma campanha lançada pelo Turismo de Portugal de apoio à revitalização do destino Centro de Portugal, ancorada na oferta da marca Aldeias do Xisto e intitulada “Coração no Centro de Portugal”.
Felizmente, as ações de solidariedade do setor multiplicaram-se. Distinguimos, igualmente, a comunicação da APAVT junto dos mercados emissores Europeus; e a missiva da ECTAA – Confederação Europeia Agentes Viagem e Operadores Turísticos, a todos os agentes de viagem e operadores turísticos europeus. Também a APAVT realizou a sua reunião de direção nas zonas mais afetadas pelos incêndios, pretendendo debater ideias e ações destinadas a promover a região, particularmente junto do mercado nacional, tentando minimizar o impacto negativo causado pelos recentes incêndios; e assim o fará a CTP, a AHRESP – Associação de Restauração e Similares de Portugal, a AHP e a APECATE, num sinal de profunda solidariedade.
Após o levantamento exaustivo de todos os empreendimentos turísticos nas áreas atingidas, a TCP, em parceria com o Turismo de Portugal, IP, a ADXTUR – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto (que gere a rede das 27 aldeias do xisto distribuídas pelo interior da região Centro), e a Comissão Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro, a realizaram uma série de reuniões, onde foram apresentadas algumas dessas medidas. Em particular, as empresas turísticas com atividade nos concelhos de Alvaiázere, Ansião, Arganil, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Góis, Oleiros, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penela e Sertã vão poder beneficiar de linhas de apoio financeiro e de medidas extraordinárias da Segurança Social, com o objetivo de minimizar os impactos dos incêndios do passado mês de junho. Isso mesmo foi transmitido a mais de meia centena de operadores que participaram nas sessões de esclarecimento promovidas pelo Turismo de Portugal, que tiveram como palco as vilas de Figueiró dos Vinhos e Pampilhosa da Serra.
Foram definidas três linhas financeiras de apoio, no valor total de 8,5 milhões de euros estão à disposição das empresas turísticas dos 11 concelhos. Sublinhe-se que os operadores de territórios limítrofes também podem beneficiar destes mecanismos financeiros, desde que demonstrem quebra na procura em relação à atividade que desenvolvem. Apoios que, pela primeira vez, não são processados através de instituições financeiras, mas sim do Turismo de Portugal, e que são concedidos pelo prazo máximo de cinco anos, com um período de carência de capital de 18 meses, não estando associados a quaisquer juros remuneratórios. Mas as empresas turísticas dos concelhos mais afetados pelos incêndios de junho também poderão contar com um regime excecional de redução e isenção de contribuições para a Segurança Social, além de um diferimento no pagamento das contribuições. Um conjunto de medidas de extrema importância para os operadores destas regiões, em particular. No entanto, será importante encontrar-se uma forma de se estender os apoios aos concelhos que, mais recentemente, também foram bastante afetados pelos incêndios.
Os resultados até ao momento, têm sido, no geral, bastante animadores. Em junho, o Centro de Portugal confirmou a tendência de crescimento dos últimos meses e registou, pelo segundo mês consecutivo, mais de meio de milhão de dormidas. E hoje, mais do que nunca, afirmamos perentoriamente que é chegado o tempo de refletir e de discutir mas, sobretudo, de agir, sobre a forma displicente como tratamos a floresta portuguesa. Parece-nos do mais elementar bom senso que o setor da economia que mais tem contribuído para a recuperação económica de Portugal – o Turismo – seja ouvido, com toda a atenção, na questão do ordenamento florestal. Uma discussão séria tem necessariamente de abordar o impacto que a escolha das espécies tem sobre a atividade turística. A floresta é um produto turístico fundamental no Centro de Portugal. Cada vez mais visitantes acorrem a esta região, pelo apelo do Turismo ativo. Vêm para se sentirem em comunhão com a natureza, para exercitarem o corpo e o espírito, através de caminhadas, de trekking, de passeios de BTT, de descidas de rios. O território do Pinhal Interior, no Centro de Portugal, está já pontilhado de “verde esperança”. Deixamos-lhe o convite, em forma de desafio: encontre-se com o seu Centro! Visite o Centro de Portugal! Porque visitar é ajudar!
*Por Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal.
Artigo de opinião publicado na edição impressa do Publituris a 1 de Setembro.