“As rent-a-car têm zonas de operação em grande dificuldade no Aeroporto de Lisboa”
Com o Turismo a crescer a bom ritmo, as empresas de rent-a-car têm apresentado resultados positivos e isso reflecte-se na associação que representa 99% destas empresas, a ARAC – Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor. Joaquim Robalo de Almeida, secretário-geral da associação, faz um balanço positivo do último ano e traça perspectivas… Continue reading “As rent-a-car têm zonas de operação em grande dificuldade no Aeroporto de Lisboa”
Inês de Matos
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Com o Turismo a crescer a bom ritmo, as empresas de rent-a-car têm apresentado resultados positivos e isso reflecte-se na associação que representa 99% destas empresas, a ARAC – Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor. Joaquim Robalo de Almeida, secretário-geral da associação, faz um balanço positivo do último ano e traça perspectivas positivas, apesar dos desafios que pairam sobre o sector.
Como está a ser 2017 para a ARAC, nomeadamente em número de associados?
Nos últimos três anos, a ARAC vem atingindo uma nova dinâmica. É uma associação que tem uma grande representatividade e que, a nível do Turismo e também de outras actividades, é uma das associações com maior grau de representatividade, com cerca de 90% das empresas do sector. Se tivermos em consideração a frota existente em termos de rent-a-car, esta associação representa 99%. A ARAC não se limita a ser apenas uma associação que dá apoio apenas em termos de legislação, temos um leque de serviços que prestamos diariamente, como os relacionados com a documentação automóvel, porque o automóvel é a nossa matéria-prima, o sector compra cerca de 30% de todos os veículos novos que se vendem anualmente em Portugal. A ARAC deu também um salto em termos de representação internacional, fazemos parte da associação europeia do sector, que é a Leaseurope, onde temos assento nos principais comités de rent-a-car. Fazemos ainda parte dos comités que estão a negociar códigos de conduta para maior protecção do consumidor e temos na ordem do dia a transparência do consumidor. Resumindo, a ARAC actualmente passa por um período bastante positivo, com um número de associados a crescer, com a prestação de serviços a crescer e com a sua situação geral também bastante estável. Não nos podemos queixar em termos associativos.
Falando do rent-a-car, e porque é um mercado muito importante para o Turismo, como está este mercado a reagir a este ‘boom’ turístico que o País atravessa?
O Turismo é um sector demasiado importante para a economia nacional. Não se pode negligenciar o Turismo e não se podem dar ouvidos aos mercadores da desgraça, como as pessoas que dizem que temos Turismo a mais. Temos que perceber que o Turismo é o sector que mais está a ajudar nas exportações – 25% das exportações são Turismo. É o sector que mais ajudou à saída de Portugal do déficit excessivo, que mais tem contribuído para o aumento do PIB e que cria mais emprego, prevendo-se que, em 2025, represente um milhão de postos de trabalho, directos e indirectos. 2016 foi um ano de crescimento do Turismo e também do rent-a-car. A nossa frota cresceu 16% face a 2015 e a nossa frota de pico atingiu 80 mil veículos – este ano, vai atingir cerca de 90 mil – portanto, continuamos a crescer. A facturação cresceu 9%, em veículos de passageiros e rent-a-car atingimos 480 milhões de euros de facturação. As zonas de maior crescimento foram Lisboa, Porto e Açores, depois vem o Algarve. Nos Açores houve um crescimento brutal, neste momento, temos uma frota que ultrapassa as três mil viaturas e há dois anos tínhamos 1.600 veículos. Este crescimento estendeu-se também a outras regiões, como o Norte, a Madeira, o Centro e o Litoral, onde estão a aparecer pequenas empresas de rent-a-car e as grandes empresas também abriram filiais nestas regiões. O Turismo já representa, no que diz respeito ao rent-a-car, quase 70% da nossa actividade. Há quatro anos, representava apenas 40%, o grosso do negócio eram os alugueres a empresas e a particulares, neste momento é o Turismo. Em 2016, crescemos 18% face ao ano anterior em contratos de aluguer, ou seja, realizámos 2.210.294 contratos, embora o nosso act billing por dia tenha caído 7%, ou seja, os preços cobrados foram, em média, 7% mais baixos. A receita média por carro caiu devido à competitividade do destino, temos que fazer maiores volumes para obter melhores resultados. Isto é transversal a várias actividades do Turismo, os nossos colegas da hotelaria queixam-se do mesmo, há aumento da facturação mas nem por isso de resultados.
Desafios
Já este ano, a ARAC realizou a sua primeira Convenção Nacional e grande parte do debate centrou-se na relação do rent-a-car com o digital. Este é um dos principais desafios do sector actualmente?
A Convenção Nacional teve lugar em Janeiro e correu bastante bem para uma primeira edição. Tivemos a presença de 260 pessoas, o que para uma associação como a nossa foi muito positivo. No próximo ano, teremos a segunda Convenção Nacional, a 26 de Janeiro de 2018 e os temas andarão pela actualidade, como os veículos autónomos, as novas mobilidades, as novas preferências dos turistas. Relativamente ao digital, reagimos a essa realidade de uma forma muito positiva e pretendemos uma modernização, assim a legislação se adapte aos novos tempos, não podemos continuar com legislação da década de 70 do século passado. Hoje, os contratos de aluguer não são como no passado, é tudo feito apenas com o telemóvel. Por isso, os contratos têm que estar digitalizados e as assinaturas têm que estar em formato electrónico para que não aconteça o que está a acontecer nos aeroportos, em que há filas enormes de turistas à espera para receberem um carro. Isto acontece porque temos uma legislação obsoleta, em que alugar um carro é quase como fazer uma escritura de uma casa. Temos vindo a expor sucessivamente esta situação às entidades da tutela, temos tido um acolhimento muito positivo da parte dos governantes, mas a situação não desenvolve. Há muita compreensão, mas não se concretiza. Há um ano que andamos nestas conversações e ainda não temos sequer um draft de projecto. Nós mandámos o draft com a nossa proposta, mas, do outro lado, ainda não houve feedback. Teria sido muito bom que, neste Verão, essas medidas já existissem, certamente teríamos turistas mais felizes. Acredito que isto vai ser resolvido antes do final da legislatura porque precisamos disto como de pão para a boca.
Outro dos desafios para o rent-a-car é a falta de formação para profissionais, um problema para o qual a ARAC vem, há muito, pedindo solução. Qual tem sido a receptividade a estas reivindicações?
Este é um tema demasiado importante e, lamentavelmente, as escolas de Turismo continuam a recrutar alunos apenas para as áreas tradicionais, esquecendo-se das novas actividades. Esquecendo-se ou negligenciando, porque poderia ser esquecimento se ninguém tivesse falado no problema, mas nós falamos e voltamos à carga permanentemente. Já não é esquecimento, é claramente negligência face a uma actividade de grande importância para o Turismo, como o rent-a-car. É uma grande dificuldade encontrar profissionais e, muitas vezes, vamos buscar profissionais noutras áreas e, depois, temos que dar formação. Nos cursos de Turismo também não existe uma cadeira de rent-a-car, como existe em grande parte dos países europeus. A minha pergunta é: porque é que não vamos copiar o que já existe? Também não há formação de quadros superiores, nem uma pós-graduação e nós temos insistido nesta matéria, nomeadamente com o Turismo de Portugal e com a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Em Setembro, tivemos uma reunião com a Direcção da escola, em que se falou que haveria um avanço no próximo ano lectivo, já haveria até currículo. Estamos à beira do próximo ano lectivo e não há nada.
Como vê a situação actual do Aeroporto de Lisboa e qual é, para o rent-a-car, a importância de um novo aeroporto? As rent-a-car têm zonas de operação em grande dificuldade no Aeroporto de Lisboa, porque os espaços são reduzidos e as condições de atendimento estão, neste momento, desajustadas face à procura. Para muitos turistas, o primeiro contacto com o destino é através de um rent-a-car. Quando já vêm cansados da viagem e se confrontam com uma fila de uma, duas ou três horas, isso não contribui para que a primeira imagem seja positiva. Nós até tentamos minorar os problemas e, por isso, muitas empresas oferecem gelados, mas isto não pode ser o método e os nossos governantes sabem o que se passa e sabem que o rent-a-car é fundamental para o desenvolvimento do Turismo. Temos que agir rapidamente na construção de um novo aeroporto, seja qual for a solução, nós temos é que ter condições para receber quem nos procura. Felizmente o número de turistas tem aumentado exponencialmente, Lisboa é uma cidade fabulosa e o interior do país também, mas temos que melhorar a recepção dos turistas.
Novas tendências
Há também novas tendências que afectam o rent-a-car, como a sustentabilidade ambiental e os carros eléctricos. Como é que a ARAC e o sector estão a reagir a esta realidade?
Já começámos a dizer que alugamos meios de mobilidade, não são só automóveis, também já temos bicicletas a pedal e bicicletas eléctricas, scooters eléctricas, segways e outros veículos. Estes meios já estão disponíveis em algumas empresas e foram adicionados por iniciativa das empresas, que querem ter novos produtos e estão a ter uma procura bastante satisfatória. É uma forma de diferenciar a oferta e prende-se muito com a preocupação ambiental. No que diz respeito à mobilidade eléctrica, foi celebrado, no início de Junho, um protocolo entre a AMAL – Associação de Municípios do Algarve, o Turismo de Portugal e a ARAC que visa colocar o máximo de veículos verdes nesta região. A AMAL fica responsável pela instalação de dois carregadores em cada município, o Turismo de Portugal é a entidade gestora e a ARAC comprometeu-se a ser o porta-estandarte e em fornecer os meios de mobilidade verde. Posso dizer que, da parte da ARAC, a missão está cumprida, temos uma panóplia de veículos eléctricos, desde o Renault Zoe, Renault Twizy, Nissan Leaf, BMW i3 e BMW i8, alguns até já estão no Algarve, apesar de não haver postos de carregamento. Isto é algo complicado, os veículos eléctricos são substancialmente mais caros e é preciso criar apetência nos clientes, mas, se temos um veículo eléctrico e o cliente sabe que não há postos de carregamento, o cliente já não aluga esse veículo. Por isso, urge aumentar o número de postos de carregamento. Desde que haja postos de carregamento, nós forneceremos os automóveis.
Em relação ao Carsharing, como está este mercado em Portugal, uma vez que é uma oferta ainda relativamente desconhecida?
Em Portugal, este mercado ainda é muito residual, posso dizer que a oferta que existe é em Lisboa e no Porto, não existe no resto do país. Há duas empresas a operar, mas a frota total não ultrapassa as três dezenas em cada cidade, no Porto até será menor. Noutros países, nomeadamente em Itália, o Carsharing começa a ser uma tendência, há frotas com muitos carros. Em Portugal, começa agora a surgir e, há pouco tempo, a Brisa anunciou que vai operar uma empresa de Carsharing a partir do início do próximo ano, em parceria com a BMW, em Lisboa. Foi anunciada uma frota de duas ou três centenas de carros, o que, para Carsharing, é bastante. Pensamos que vai ser um produto com sucesso assim que as pessoas se adaptarem. No início, vai haver alguma dificuldade, mas isso é assim em todos os produtos.
Em Abril, a ARAC anunciou a intenção de lançar um código de conduta para associados. Porque surgiu esta necessidade e que vantagens pode trazer ao sector?
O código de conduta está em fase muito avançada, só ainda não está a ser colocado junto dos associados porque houve algumas alterações a nível europeu e porque queremos plasmar as indicações destas entidades no código. Mas, em breve, vai estar disponível no site da ARAC e noutras entidades públicas. Com este código, queremos que a clientela se sinta confortável e que os critérios utilizados pelas empresas sejam o mais transparentes e uniformes possível. Será um código de adesão voluntária, mas estamos seguros que a maioria das empresas o irá adoptar, aliás, as empresas que adoptarem o código serão identificadas com um logótipo próprio. ¶