Humberto Ferreira| A versatilidade do Turismo europeu por mar e via férrea
O Turiscópio por Humberto Ferreira.
Humberto Ferreira
Lufthansa faz mais concessões para aquisição da ITA
XLR8, D-EDGE e Guestcentric unem-se em evento no Porto
Antes da EuroPride em Lisboa, cidade do Porto recebe AGM da EPOA
Movimentação de passageiros nos aeroportos nacionais ultrapassa os 8,3 milhões nos dois primeiros meses
Proveitos no setor do alojamento continuam em alta em fevereiro
Albufeira marca presença na Nauticampo
Media Travel ganha torneio de bowling da Turkish Airlines e vai representar Portugal na Turquia
Alto Côa é a 11ª Estação Náutica certificada do Centro de Portugal
Grupo Air France-KLM mantém interesse na privatização da TAP
Nova edição Publituris Hotelaria: Entrevista a Elmar Derkitsch, diretor-geral do Lisbon Marriott Hotel
As viagens de longo curso são por avião ou CF de alta velocidade, mas também crescem as excursões, cruzeiros, e o que resta dos expressos europeus. Portugal é um país sem rede TGV nem projecto para converter a rede para a bitola europeia, o que afasta o padrão TGV como símbolo europeu.
VIAGENS COMBINADAS – Duvido da viabilidade da linha TGV Lisboa-Madrid e critico o descuido de Bruxelas ao travar em Espanha as ferrovias de alta velocidade. Que Europa do século XXI é esta? Portugal tem bons portos e vias férreas antiquadas. Aplaudo o êxito da ponte aérea Porto-Lisboa, aguardando pontes aéreas para a Madeira e Açores, como Espanha tem para Baleares e Canárias por ar e mar.
EXPERIÊNCIA – Assisti à apresentação dos 175 anos da AGÊNCIA ABREU na Sociedade de Geografia de Lisboa, com intervenções do presidente da secção de Turismo, doutor João Martins Vieira, e de Artur Abreu, CEO da Abreu. Ambos comprovaram o contributo das empresas marítimas com escalas de paquetes estrangeiros para a expansão do nosso Turismo. Escrevi uma breve história sobre os pioneiros de empresas de navegação e viagens quando conheci Artur Abreu. Eis o resumo: A empresa PINTO BASTO importadora de carvão e tabaco foi criada em 1771 no Porto. Em 1822 passou a agência marítima, em 1911 abriu filial em Lisboa, e em 1957 obteve alvará de agência de viagens, cuja actividade foi depois transferida à Agência Abreu. Esta abriu no Porto em 1841 com serviço para apoiar emigrantes do Norte nas complexas normas oficiais e consulares, sendo mais tarde aplicado a turistas nacionais e estrangeiros. Na década de 1960, abriu filiais de Turismo em Lisboa, Rio de Janeiro, São Paulo, etc, consolidando a sua consagração internacional. Na Gazeta dos Caminhos de Ferro e do Touring Clube de Portugal, o avanço do Turismo é reflexo da modernização de comboios e autos, ignorando paquetes, a mudança de veleiros para vapores e as epopeias de aviadores lusos. THOMAS COOK foi o primeiro agente de viagens a organizar, em 1841, na Grã Bretanha, uma excursão de comboio com 500 clientes, de Leicester para as termas de Loughborough, numa distância de 12 milhas, no ano seguinte escolheu Liverpool, seguindo-se Derby e Nottingham no Nordeste de Inglaterra, e Glasgow, Ardrossan, e Edimburgo, na Escócia, além da primeira excursão marítima num vapor ao longo da costa do País de Gales. Alcançado o nível multinacional, o grupo Thomas Cook mantém-se com sede em Inglaterra e sócios ingleses, alemães e chineses.
VIAJAR NO MAR – A minha introdução deu-se em 1947 entre Lisboa e Liverpool, a bordo do paquete Hillary, da Booth Line, agenciado pela GARLAND LAIDLEY, empresa importadora e exportadora fundada em 1776, expandida em 1855 para agência de navegação, e no século XX para agência de Turismo e logística, tendo celebrado recentemente 240 anos, investindo na logística e distribuição. Entre 1955 a 1974, integrei a equipa PINTO BASTO, representando os mais notáveis paquetes da época, tomando contacto na gestão de linhas marítimas junto dos grandes armadores italianos, britânicos, americanos e dinamarqueses, com rotas de ida e volta para a América do Norte, Central e do Sul, Austrália, etc.
SUD-EXPRESSO – Lançado em 1887 de Paris a Lisboa, pela Grande Companhia dos Expressos Europeus foi a primeira linha de expressos. O percurso foi alargado a Londres para satisfazer a procura de viajantes ingleses desejosos de experimentar novas ligações. Este fluxo seguia de comboio até aos portos de Harwich ou Dover, embarcando de ferry para Le Havre, e depois de comboio para Paris-Austerlitz, de onde partia o Sud Express para Lisboa. A inesperada procura levou o autor dos expressos europeus a combinar com os caminhos de ferro e linhas de ferries britânicos a extensão da linha mista de Londres a Paris, enquanto a empresa desistia do desvio a Madrid.
RAMO BELGA – A criação em 1872 dos expressos europeus deve-se ao belga George Nagelmackers, após a sua invenção de carruagens-cama e carruagem-restaurante nos comboios de longo curso. A rede nunca chegou a operar na totalidade, devido a casos políticos, pois previa o Nord-Express Paris-Moscovo, o Expresso do Oriente Paris-Istambul, e o Sud-Express, Paris-Madrid-Lisboa. Lisboa recebia, além do Sud-Express, os navios do Norte da Europa à América do Sul, cujos passageiros ficavam maravilhados pelos encantos turísticos da cidade e do Tejo, ao que se juntaram viajantes do Sud-Express, que descobriram a versatilidade das viagens combinadas. O Sud-Express teve extensão efémera ao Estoril, refúgio da aristocracia europeia após a guerra 1939-45, quando a linha esteve interrompida. Hoje, o Sud-Express usa o TGV Atlantique entre Paris e Hendaye, e o material da Renfe e CP entre Irun e Santa Apolónia, o novo terminal de cruzeiros no porto de Lisboa. Já não há paquetes na rota da América do Sul, mas cruzeiros nessa e noutras rotas.
PLANEAMENTO – Foi lançado na BTL o livro Planeamento e Desenvolvimento Turístico, coordenado pelos profs. Jorge Umbelino e Francisco Silva, com textos de 48 docentes e investigadores da área do Turismo. Uma edição Lidel que recomendo.